THERE CAN BE ONLY ONE | Highlander – O Guerreiro Imortal vive para sempre

Luta de espadas, combates grandiosos, cenas épicas, temática urbana com elementos históricos e de fantasia, cenários deslumbrantes, trilha sonora marcante do Queen e dois guerreiros inesquecíveis são apenas alguns legados que o filme Highlander – O Guerreiro Imortal (1986) deixou para sempre na cultura pop.

Numa época sem super-heróis e superproduções de fantasia no cinema, Highlander era um hub inacreditável desse temas trabalhando a favor de uma história de amor e encontro ao destino que funciona à perfeição.

É o épico e o mundano, a fantasia e o urbano, em pleno funcionamento uníssono como um tipo de mágica, frase clássica de Connor MacLeod (Christopher Lambert) no filme, que gerou uma série de continuações no cinema, séries de televisão, desenho animado, livros e quadrinhos, mas é o primeiro filme que vive eternamente.

Highlander - O Guerreiro Imortal
Connor e Heather. Highlander – O Guerreiro Imortal no fundo é uma história de amor através de centenas de anos
Highlander - O Guerreiro Imortal
Connor MacLeod

Lançado nos cinemas em 1986, essa produção inglesa tem direção de Russell Mulcahy, em cima de um roteiro de Gregory Widen.

A direção estilosa, a amplitude de cenários de tirar o fôlego, graças a um visual estonteante atemporal que abraça dos campos e montanhas escoceses a uma surreal selva de pedra de Nova York, somados a um dinamismo até então estranho para os takes e tomadas, tornam Highlander – O Guerreiro Imortal divertido e funcional até hoje.

Acompanhamos ação, aventura e amores em 1536, 1541, os anos 1600, 1783, os anos 1940 e 1985 (época atual no filme).

Highlander - O Guerreiro Imortal
Um dos posteres mais usados de Highlander – O Guerreiro Imortal

Os guerreiros formados pelos personagens de Christopher Lambert, ator nascido americano mas criado na Suíça, que só falava alemão e francês, e que aprendeu inglês (!) para este filme, Sean Connery, que com seu sotaque escocês carregado interpretou um egípcio (!!) espanhol (!!!), e um divertido vilão espadachim medieval monstruoso metaleiro (!?) vivido por Clancy Brown, marcam mais pontos ainda a favor do longa-metragem.

Alguns dos temas abordados derivam do período gótico romântico, e os reflexos da filosofia de encontrar Deus na natureza — muitas vezes chamado de sublime — são diretos em conceitos apresentados no filme, como as locações naturais em cenários de tirar o fôlego e o Prêmio dos Imortais ser a consciência de pensamentos de todo mundo e de tudo, assim sendo completo com a natureza.

Highlander - O Guerreiro Imortal
Um dos melhores protagonistas do cinema
Highlander - O Guerreiro Imortal
Cenários exuberantes
Highlander - O Guerreiro Imortal
Inimigos diabólicos
Highlander - O Guerreiro Imortal
Mais cenários exuberantes

Connor MacLeod nasceu nas “terras altas” escoceses (o termo highlander vem daí) no século XVI, e depois de ser morto em batalha, descobre ser herdeiro de um poder incrível de imortalidade, que compartilha com outros seres humanos espalhados pelo mundo.

Um espadachim espanhol, Ramírez — outro imortal –, se torna seu mentor e o instruí na mitologia dos imortais, seres que devem duelar uns com os outros, em busca de um prêmio máximo chamado…Prêmio.

Em 1895, nas ruas de Nova York, em lutas contra Kurgan (Clancy Brown), descobriremos do que se trata tal Prêmio.

Acompanhe essa jornada em texto aqui com o Destrutor com a maravilhosa trilha sonora do filme, produzida e executada pelo Queen, uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.

Highlander - O Guerreiro Imortal
There can be only one!

Highlander – O Guerreiro Imortal
(Highlander, 1986,
de Russel Mulcahy)

spoilers

O filme começa com uma narração (que em breve saberemos que se trata de Ramirez) sobre quem são os imortais, e logo as canções do Queen entram em cena.

A espetacular abertura é em Nova York, 1985, um passeio aéreo estonteante sobre o público de um combate de luta-livre, no Madison Square Garden, um dos lugares para realizações de eventos mais célebres dos Estados Unidos — a luta é com os wrestlers profissinais da vida real Greg Gagne, Jim Brunzell, Sam Fatu, Michael Hayes, Terry Gordy e Buddy Roberts, interpretando eles mesmos, em gravações no Brendan Byrne Arena.

A câmera só termina seu passeio quando para no foco de Connor MacLeod, o personagem de Christopher Lambert.

A cena só foi possível graças a invencionices do profissional de filmagens Garrett Brown, que criou um sistema de estabilização de câmeras –ele é o inventor da Steadicam.

Highlander - O Guerreiro Imortal

Um corte gigantesco para trás no tempo é feito, e somos jogados em meio a uma guerra sangrenta nas terras altas da Escócia, centenas de anos atrás, em um contraste com a luta fake de wrestling que vemos.

Na saída do evento de luta-livre, MacLeod encontra um misterioso homem engravatado no estacionamento, o francês Iman Fasil (Peter Diamond).

Ambos parecem se conhecer de longa data, e carregam espadas (!), e Connor chega a dizer “espere” para ele, mas uma luta tem início.

O desfecho é terrível para Fasil, que é decapitado sem cerimônias por Connor, que parece absorver estranhas energias que fluem do cadáver, que afetam todos os carros e equipamentos elétricos no local. MacLeod opta pode deixar a espada para atrás e foge dali para não ser capturado pela polícia.

Highlander - O Guerreiro Imortal
O primeiro duelo de Connor é com Fasil

O longa de Mulcahy nos joga para 1536, onde vemos Connor e os outros membros do Clã MacLeod em luta contra homens do Clã Fraser.

Um homem aterrorizante aparece, Kurgan (Clancy Brown), que diz ser o último de sua tribo, e parece conhecer mais de Connor do que ele mesmo. Ele luta com Connor, que não consegue superá-lo, e assim, Kurgan o atravessa com sua espada.

Mas ele não tem chance de decapitar o rapaz. Tudo isso é revelado em tela por um intenso flashback pelos olhos de Connor, nascido em 1518, em Glennfinnan, Escócia, e que em 1985 se apresenta com o nome de Russel Nash.

Highlander - O Guerreiro Imortal
Para um imortal, tudo começa com sua “primeira morte”

Quem também vemos que está vivo é Kurgan, introduzido sem cerimônias como um motoqueiro metaleiro saído de algum inferno, e que tem uma espada nada prática montável. Muitas de suas aparições são bem pontuadas com as inserções de músicas do Queen.

Brenda Wyatt (Roxanne Hart), uma especialista em metalurgia antiga, é contratada pelos forenses da polícia novaiorquina para estudar a espada que Connor deixou no local do assassinato de Fasil.

Atraída pela figura de Nash/Connor, ela começa a se envolver com ele, até que Kurgan os ataca. O filme só não termina aqui pois um helicóptero da polícia aparece e afugenta o enorme guerreiro metaleiro medieval infernal.

De volta a 1536, vemos que a ressurreição de Connor deixa todos apavorados em seu povoado e clã, mais ainda sua companheira Kate (Celia Imrie).

Todos acham que ele está com Lúcifer, e prestes a ser linchado, é salvo pelo único amigo que lhe restou, seu primo Angus Macleod (James Cosmo), que o põe para correr dali.

Afastado de tudo e de todos, Connor reinventa sua vida como ferreiro, ao lado de uma nova companheira, Heather MacDonald (Beatie Edney).

Highlander - O Guerreiro Imortal
Connor encontra o amor com Heather

A chegada de Juan Sánchez-Villalobos Ramírez (Connery), um espadachim estiloso vindo da Espanha, com uma linda katana (espada japonesa) na bainha, é marcada por seus ensinamentos para Connor, para ele entender quem ele realmente é.

O rapaz pertence a uma seleta seita de homens (não é mostrada mulher) imortais, que não podem morrer — a não ser se forem decapitados –, e que devem lutar contra a morte um contra o outro em determinado momento, no que é chamado de “The Game“, “O Jogo“.

 

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Connor aprende tudo que precisa sobre a mitologia dos imortais com Ramírez, seu mentor, um dos personagens mais cool dos cinemas

Mas Ramírez se mostra amigo, e com efeito, se torna um mentor de Connor, preferindo construir uma boa relação com ele.

Os imortais podem sentir a proximidade uns com os outros também. No final, quando poucos restarem, todos ele se sentirão atraídos para um determinado local, e o último ganhará o Prêmio, o poder que todos os imortais almejam.

Connor não se interessa por isso, e prefere ficar com Heather, a despeito de Kurgan ainda estar a procura dele.

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Todas as regras de duelos e inevitáveis combates até a morte — os imortais não são imunes à decapitação — são ensinadas por Ramírez

O espanhol é camarada e bem-humorado, e revela outros segredos dos imortais, como uma tradição de nunca lutar em solo sagrado, que eles não podem ter filhos, e que o “quickening“, palavra intraduzível para o português, algo como “tremor”, é o que ocorre depois que dois imortais lutam e um deles perde a cabeça — literalmente.

Todo o poder e conhecimento do imortal decapitado é transferido para o outro, e foi isso que vimos na luta de Connor com Fasil. “The quickening” é um termo médico não-oficial em inglês, que designa os primeiros sinais de vida de um neném dentro do útero.

No fim, como Ramírez faz questão de frisar, “there can be only one“, “só pode haver um“, e se esse um for Kurgan, a humanidade vai mergulhar nas trevas.

Highlander - O Guerreiro Imortal

Highlander - O Guerreiro Imortal
Um dos treinamentos com as mais belas paisagens do cinema acontece em Highlander – O Guerreiro Imortal

As cenas de treino de espadas de Connor com Ramírez são grandiosas em meio a cenários de tirar o fôlego, em um mood de guerreiro escolhido muito legal de acompanhar.

Não demora muito para que Kurgan apareça, e luta com Ramírez, já que Connor não estava no local no momento.

O confronto com todos os clichês oitentistas, como fuga tropeçando, coisas caindo do teto providencialmente e erros de espadas.

Ambos destroem com seus golpes a “torre-castelo” onde Connor construiu seu refúgio com Heather.

O desfecho é terrível, para Ramírez e Heather. Connor chega e encontra tudo destruído, e vê o cadáver sem cabeça de seu amigo, mas Heather ainda está viva.

Ela morre de velhice junto com Connor, que agora sem ninguém, vaga pela Terra, empunhando a katana de seu falecido mentor.

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Connor com as atuais mulheres de sua vida: Brenda, que fica fascinada com ele, e sua filha adotiva, Rachel

As transições de cena nesta parte são intercaladas por Russel Mulcahy com outras passadas durante a Segunda Guerra Mundial, onde Connor salva uma pequena garota judia de soldados alemães.

Ela é Rachel (Sheila Gish), que em 1985 é a secretária de meia-idade, a filha adotiva de Russel Nash/Connor Macleod.

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De volta para a Nova York oitentista, Connor se reúne com um antigo amigo imortal, Sunda Kastagir (Hugh Quarshie), e eles conversam e bebem juntos à amizade, prevendo que um desfecho definitivo está para acontecer, sem desejar lutar um contra o outro.

Brenda descobre a verdadeira identidade de Nash, e Connor e Kurgan discutem dentro de uma igreja, onde o escocês tinha ido acender uma vela para Heather, como faz todas as centenas de anos de sua longa vida.

Mas como já dito, lá eles não podem lutar. O gigante diz que já destruiu Kastagir em um beco (mostrada em uma cena bem anticlimática) e que eles são os únicos imortais que restam.

Na hora de se despedirem, temos um sensacional sequestro executado por Kurgan contra uma velhinha ao som de mais uma música do Queen, uma versão bem mais rock n´roll de New York, New York.

Highlander - O Guerreiro Imortal
Um dos momentos WTF do filme

Vale ressaltar que na hora que Kurgan decapita Kastagir, um fanático por armas, patrulhando as ruas em busca do assassino caçador de cabeças de NY, aparece do nada e metralha o guerreiro metaleiro.

Ele é interpretado pelo ator Christopher Malcolm, um dos pilotos Rogue da Aliança Rebelde, visto em Star Wars, Episódio V: O Império Contra-Ataca (1980).

Cheio de esperar, Kurgan rapta Brenda, e exige que Connor cumpra o destino dos imortais em uma luta final.

Highlander - O Guerreiro Imortal

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Kurgan, o guerreiro medieval diabólico motoqueiro headbanger mais foda da cultura pop, na grande batalha final de Highlander – O Guerreiro Imortal

A luta final em Highlander – O Guerreiro Imortal se dá no topo de um prédio em meio a chuva, raios e trovões, e depois segue para um galpão abandonado e vazio, o que garante para Russel Mulcahy que construa um fim épico, com boas cenas de luta, com direito a tudo, até piadinhas.

Quando Connor finalmente consegue matar Kurgan, lhe arrancando a cabeça, vemos ele ganhar o Prêmio, com a famosa frase do filme, “There can be only one“/”só pode haver um”.

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O Prêmio é dado para Connor MacLeod

Rajadas intensas de energia destroem o local, e espectros demoníacos (?) se agitam em torno dele, até ele finalmente ganhar o poder de entendimento universal para ajudar a humanidade, já que agora, ao que parece, ele pode ler as mentes de todo ser humano da Terra, e sentir o que estão sentindo.

Vemos depois de tudo Connor e Brenda caminhando pelas terras altas da Escócia, ao mesmo tempo perto e longe de seus dias de Highlander – O Guerreiro Imortal.

Highlander - O Guerreiro Imortal
Brenda e Connor

Connor e se torna, enfim, um mortal, para viver seus restos de dias com Brenda.

Como se faz um imortal no cinema?

Gregory Widen escreveu o roteiro logo que saiu da faculdade de cinema, com uma inspiração clara no filme Os Duelistas (1977), longa-metragem de Ridley Scott, com caras em duelos de espada, e viagens que fez pela Escócia e a Torre de Londres, onde viu exposições de armaduras antigas.

Mas há diferenças de seu script e o que vemos em Highlander – O Guerreiro Imortal, que deveria ser muito mais sombrio, violento e seco.

Connor nasceria em 1408, e ainda viveria com seus pais. Ele seria prometido para uma moça chamada Mara, que o rejeita quando descobre que ele era um imortal. Ele não seria banido, e treinaria com Ramírez, um espadachim de fato da Espanha, nascido em 1100.

Kurgan era chamado de Knight (“cavaleiro” em inglês) nos tempos antigos e nos atuais de Carl William Smith, e em vez de um headbanger sádico, seria um assassino silencioso de sangue-frio.

E a identidade moderna de Connor seria Richard Tupin.

A visão de Widen para Connor era um cara sério e sorumbático, com o peso de centenas de anos de perdas em cima de si, sem nenhum senso de humor, e nada ficou mais longe disso do que o Connor MacLeod de Christopher Lambert.

E Knight deveria ser vidrado em apenas cumprir seu objetivo de matar Connor, a ponto de se torturado por ter apenas esse objetivo, bem longe do mood psicótico motoqueiro que vemos no longa.

Outros elementos originais do roteiro de Widen indicavam que os imortais podiam ter filhos, inclusive com Connor com uma esposa de 70 anos (!) e dois filhos de 50 (!!)– ao longo de sua existência, o imortal já teria tido 37 filhos (!!!).

Não há menções de rajadas de energia ao se decapitar um imortal, nem Prêmio. E quando Connor mata o Knight, o escocês apenas sente uma breve dor lancinante, para logo depois sentir que existem ainda outros imortais por aí, implicando que O Jogo no roteiro de Widen continuaria.

Isso serviria de plot criativo para as diversas continuações que o filme Highlander – O Guerreiro Imortal gerou, já que o final de Russel Mulcahy para seu longa é definitivo e não permite brechas.

Widen também escreveu Cortina de Fogo (1991), grande filme de bombeiros com grande elenco, e Anjos Rebeldes (1995), uma das maiores thrillers sobrenaturais com anjos no cinema.

Kurt Russell estava escalado como Connor MacLeod, e só não seguiu em frente por conta de sua esposa, a também atriz Goldie Hawn, que insistiu para ele desistir e estrelar Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986), de John Carpernter, um dos longa mais clássicos de aventura e ação dos anos 1980, e um dos mais divertidos da carreira do diretor.

Outros atores considerados foram Michael Douglas, Ed Harris, Sam Shepard, David Keith, Kevin Costner, Scott Glenn, Sting (sondado também para a trilha sonora), Mickey Rourke, Peter Weller, Mel Gibson e William Hurt.

Christopher Lambert ganhou o papel quando o diretor Russel viu uma foto sua como Tarzan no filme Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (1984).

Ele nem quis saber que Lambert nem falava inglês, sua aparência era perfeita para o que Mulcahy tinha em mente.

Lambert treinava o idioma por quatro horas de manhã e tinha treinamento com espadas por quatro horas à tarde — seu treinador foi Bob Anderson, o dublê de Darth Vader nos três filmes da trilogia clássica de Star Wars.

Mulchay é um diretor que se notabilizou com a direção de inúmeros videoclipes de artistas como Duran Duran, Elton John, Fleetwood Mac e muitos outros (o primeiro foi Baby, Please Don’t Go, do AC/DC, em 1976).

No cinema, foi responsável pela continuação de Highlander – O Guerreiro Imortal, e filmes de ação B trash/mainstream, como Resident Evil 3: A Extinção (2007) e O Escorpião Rei 2: A Saga de um Guerreiro (2008), além de direção para seriados, como Lobo Adolescente (2011-2017) e 13 Reasons Why (2020).

Ele quase dirigiu Rambo III, mas brigou com Sylvester Stallone com duas semanas de filmagens, e abandonou a produção.

As filmagens aconteceram em locações na Escócia, Londres e Nova York, e a luta final deveria ter sido no topo da Estátua da Liberdade.

A cena de abertura seria diferente também, durante uma partida de hóquei no gelo, da National Hockey League. Mas a NHL vetou pelo teor violento do longa em si, que acabaria atrelado ao esporte de alguma maneira.

Cortes orçamentários também impediram Russel de criar tudo que queria. A batalha final, depois de Connor arrancar a cabeça de Kurgan, incluiria um dragão de energia saindo do cadáver (!), com o elmo de caveira do guerreiro, e MacLeod teria que lutar com ele antes de receber o Prêmio.

O castelo usado como lar por Connor e Heather é um lugar real: trata-se do centenário Castelo Eilean Donan, do Clã Mackenzie, localizado na costa oeste da Escócia.

Ironicamente, ele foi local de diversos combates, e as cabeças dos inimigos derrotados eram fincadas em lanças na estrada do castelo.

Dizem até que o fantasma de um soldado espanhol decapitado assombra o lugar, que foi usado para diversas outras filmagens de cinema, como O Mistério do Lago (1996),  Armadilha (1999), que também tem Sean Connery no elenco, e 007 – O Mundo Não é o Bastante (1999).

Um dos posteres de Highlander – O Guerreiro Imortal para o mercado oriental

Highlander – O Guerreiro Imortal saiu para o formato DVD em 1997, 10th Anniversary Edition, com diversas cenas inéditas e sem censura.

Em 2001, o mercado australiano lançou a edição 15th Anniversary, com mais material inédito ainda.

Em 2002, Highlander foi relançado mais uma vez, dessa vez em edição dupla: Immortal Edition, com todos os materiais extra lançados até então e mais, incluindo um CD bônus com as músicas do Queen.

Em 2009, uma edição em blu-ray do filme foi lançada, e essa é a versão mais recente disponível no mercado.

Alguns dos materiais não-revelados incluem filmagens e fotos perdidas, mas algumas dessas edições ainda trazem algo novo, como uma foto de Kurgan contra outro imortal em Nova York, Yung Dol Kim, que é um guarda em um prédio de negócios na cidade.

Ele lutaria com duas espadas contra o vilão. Essa filmagem está perdida para sempre, pois o depósito onde estava guardada pegou fogo e tudo foi destruído.

Um frame da filmagem perdida de Highlander – O Guerreiro Imortal, com Kurgan enfrentando outro imortal no filme

A trilha sonora eterna do Queen

O fato de Mulcahy ser egresso da indústria de videoclipes ajudou muito o mood da trilha sonora de seu Highlander – O Guerreiro Imortal, mas a estrela brilhante do Queen, banda inglesa que pode com tranquilidade pegar para si o título de uma das melhores bandas de rock de todos os tempos, joga uma luz eterna sobre o longa-metragem.

A direção rápida e cortante de Russel e o preenchimento sonoro das cenas com as canções de Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon e outros são um deleite audiovisual. Estranhamente, a trilha sonora oficial do filme nunca foi lançada, logo, o disco A Kind of Magic do Queen é considerada a trilha oficial.

As trilhas incidentais do longa-metragem foram conduzidas por Michael Kamen, e as músicas em si por conta do Queen, que não foi a primeira opção dos produtores, já que a banda britânica de rock neoprogressivo Marillion estava acertada para fazer a trilha sonora, mas conflitos de agenda de turnês impediram que a banda realizasse o serviço.

O guitarrista Steve Rothery adorou o filme depois que assistiu e se diz arrependido de não ter feito o trabalho.

Outros nomes considerados foram os cantores David Bowie e Sting, e a banda new wave Duran Duran — para quem Russel Mulcahy já tinha feito videoclipes como Planet Earth, My Own Way, Lonely in Your Nightmare e a clássica Save a Prayer, entre outras.

Queen

Quando os cara do Queen foram contratados, e eles viram algumas das filmagens, se inspiraram mais ainda a criar as canções.

O guitarrista Brian May, por exemplo, fez Who Wants to Live Forever depois de ver cenas de Connor com Heather. O álbum A Kind of Magic contém várias faixas do filme, algumas delas com arranjos diferentes.

Seis das noves canções do álbum foram trazidas do filme: Princes of the Universe, Gimme the Prize (o tema de Kurgan, inclusive com alguns diálogos dele), One Year of Love, Don’t Lose Your Head, Who Wants to Live Forever, e claro, A Kind of Magic, com um mix diferente da trilha sonora de Highlander.

As outras três, que não aparecem no filme, completam o álbum: Pain Is So Close to Pleasure, Friends Will Be Friends e One Vision — esta usada para a trilha do filme Águia de Aço, a divertida cópia B de Top Gun. Hammer to Fall toca em uma cena do filme, mas é uma música do disco anterior do Queen, The Works (1984).

Em 1995, algumas das músicas do filme apareceram no CD Highlander: The Original Scores, com mais cinco trilhas incidentais criadas por Michael Kamen, e outras seis criadas por Stewart Copeland para a sequencia do filme, e mais quatro de J. Peter Robinson, que fez a trilha do terceiro longa.

Um tema rearranjado do comecinho de The Quickening, de Kamen, foi usado para a introdução do logo da New Line Cinema durante os anos 1990 e 2000.

Os integrantes da banda criaram muitas das canções baseadas em suas cenas favoritas do longa.

Brian May escreveu Who Wants to Live Forever vendo as cenas de Connor e Heather, e Roger Taylor escreveu A Kind of Magic quando viu Connor salvando a pequena Rachel dos nazistas, quando ele diz para a menina “It’s a kind of magic“.

A breve inserção musical de New York, New York, na cena de Kurgan e a velha, jamais foi lançada — não tem nem no álbum. A canção Gimme the Prize (tema do Kurgan) é a favorita do diretor Russel Mulcahy, que não gosta de heavy metal, uma música que Brian May, Freddie Mercury e John Deacon odiavam.

As canções A Kind of Magic e Princes of the Universe foram usadas na série de TV que Highlander – O Guerreiro Imortal gerou, apenas mais um dos vários produtos que veremos da franquia.

Highlander – O Guerreiro Imortal
Forever na cultura pop

No mesmo ano do lançamento do filme, já saiu um videogame de Highlander – O Guerreiro Imortal, um jogo de ação publicado pela Ocean Software para os computadores ZX Spectrum, Commodore 64 e Amstrad CPC, em um movimento que ainda não era usual na indústria cruzada de mídias do entretenimento.

Por ser de 1986, os gráficos são primários e vale apenas por uma curiosidade. Depois do lançamento do filme Highlander – O Guerreiro Imortal, uma novelização foi feita por Garry Kilworth (Garry Douglas), lançada em 1988.

O livro detalha mais a fundo a relação de Heather com Connor, e a camaradagem desse com Kastagir.

O livro também mostra mais do passado de Kurgan — seu treinamento com um árabe imortal chamado The Bedouin, sua luta com um mongol imortal e como ele adquiriu sua espada montável.

O livro também informa que a “primeira morte” de Kurgan ocorreu em 970 Antes de Cristo, quando seu pai esmagou sua cabeça com uma pedra.

Depois que deixou seu mentor, em torno de 410 Depois de Cristo, se juntou a bandos de vândalos, góticos e visigodos em ataques contra Roma.

Chegou a lutar contra e com os hunos, ao lado de Átila, em torno de 453. Se especializou em espalhar o terror como Kurgan, com tártaros no Deserto de Gobi e a antiga Turquia, bem como assaltos vikings e com as hordas de Genghis Khan.

O final é mais extenso também, com mais um adeus de Connor para Rachel. Ele e Brenda montam um antiquário na Escócia, e Connor chega a visitar os antigos locais onde enterrou Heather e Ramírez.

Highlander 2: A Ressurreição (1991)

Em 1991, Russel Mulcahy cometeu um dos maiores erros de sua vida, e dirigiu Highlander II: The Quickening, traduzido aqui como Highlander 2: A Ressurreição.

Estamos no ano de 2024, um futuro fodido sem camada de ozônio, em que a Terra sobrevive a duras penas graças a um escudo anti-radiação, construído por um agora idoso Connor MacLeod. Virginia Madsen faz Louise, o par romântico de Connor nessa bomba — ela também fez testes para o papel de Heather em Highlander – O Guerreiro Imortal.

O roteiro do longa de Russel dá uma origem das mais estúpidas para os Imortais, ao dizer que são extraterrestres dimensionais de um mundo chamado Zeist (!?), e um antagonista, Katana (Michael Ironside), que resolve fazer uma vingança contra Connor depois de milhares de anos, sem nenhuma razão. Por exigência de Christopher Lambert, que adorava Sean Connery, a trama ressuscita Ramírez sem cerimônias, apenas para o personagem retornar.

Aliás, Highlander 2: A Ressurreição só existe por conta da amizade dos dois, já que Lambert queria trabalhar de novo com Connery. O roteiro tem três créditos em tela, e o próprio Lambert reescreveu partes do script.

Russel saiu da première do longa com 55 minutos de exibição, tamanho seu desgosto. Ele considerou até usar o pseudônimo Alan Smithee, termo-pseudônimo usado por diretores de cinema que não querem o crédito pelo trabalho, mas que por força jurídica das normas da indústria cinematográfica, devem aparecer. Mas seu contrato não permitia nem isso.

Highlander 2: A Ressurreição é tranquilamente um dos piores filmes do cinema. Uma versão extendida, Renegade, feita por Russel, com diferentes cortes e adições de novos diálogos, tenta consertar a trama: agora os imortais não são aliens, e sim uma raça de humanos que dominam uma ultra-tecnologia que existiu na aurora dos tempos da humanidade, sem registros conhecidos então.

Não adianta.

Nada se salva em Highlander 2: A Ressurreição.

Highlander: A Série (1992-1998)

Highlander – O Guerreiro Imortal teve uma continuação direta para a TV, em um seriado estrelado por Adrian Paul

Para manter os direitos da franquia depois do monumental fracasso do segundo filme, os produtores tiveram que correr com outro produto menos custoso, e uma série de TV foi planejada.

Christopher Lambert recusou o papel de ser o protagonista, e Adrian Paul foi o escolhido para ser Duncan MacLeod, outro imortal, nascido décadas depois de Connor ter sido banido de sua vilarejo escocês.

Para amarrar a mitologia com o primeiro filme — que teve diversos pontos ignorados — Lambert aceitou aparecer no episódio-piloto, The Gathering, que depois teve Duncan como protagonista até o fim da série, que durou seis temporadas, com 119 episódios ao todo.

Alguns personagens de apoio para Duncan foram a ladra imortal Amanda (Elizabeth Gracen) e o imortal milenar Methos (Peter Wingfield).

O episódio de estreia da segunda temporada, The Watchers, estabelece que existe uma seita de humanos que registra os atos e duelos dos imortais, e confirma que Connor matou Kurgan em 1985, mas que o Prêmio não foi dado a ele, pois ainda existem muitos imortais pelo mundo.

A série de TV trouxe diversas estrelas para participações especiais, como a roqueira Joan Jett, a rainha do trash B (e antes pornô) Traci Lords, “RowdyRoddy Piper, antigo wrestler e que protagonizou Eles Vivem (1988), de John Carpenter, um dos filmes mais anárquicos do mainstream americano, e até Ron Perlman, ator que trabalhou em filmes como O Nome da Rosa (1986), Hellboy (2004/2008) e a série Filhos da Anarquia (2008-2014).

Highlander 3: O Feiticeiro (1994)

Highlander 3 é considerado a sequência verdadeira de Highlander – O Guerreiro Imortal 

O fracasso do segundo filme deveria ter enterrado os imortais para sempre nas areias do tempo, mas o sucesso da série de TV deu novo fôlego insuspeito para a franquia Highlander, e a ideia de aparecer nas telonas do cinema foi revivida.

Os planos iniciais do terceiro filme ainda eram seguir o que foi estabelecido no segundo, com Connor treinando rebeldes em Zeist para derrubar os governantes tiranos do planeta. A ideia foi descartada logo de cara devido ao fracasso de público, crítica e vendas.

Highlander III: The Sorcerer, também conhecido como Highlander: The Final Dimension, e aqui chamado de Highlander 3: o Feiticeiro, teve direção de Andrew Morahan, outro profissional de videoclipes (muitos do Guns N’ Roses), com a volta de Christopher Lambert como Connor, dessa vez lutando contra Kane (Mario Van Peebles), um imortal que estava preso dentro de uma caverna até 1994 — logo, ele que é o último imortal a ser batido.

O longa não tem relação nenhuma com a série de TV, a não ser que ambos são continuações do primeiro filme.

Brenda morreu em um acidente de carro em 1987, e agora Connor vive no Marrocos, com um filho adotivo, John.

Seu novo interesse amoroso é a dra. Alex Johnson (Deborah Kara Unger), a atriz mais bonita a aparecer em toda a franquia.

O terceiro filme ignora tudo que foi estabelecido em Highlander II, ainda que esse aí se passe 20 anos depois desta trama.

O novo “mentor” de MacLeod é Nakano (Mako), um japonês imortal, que fez um papel similar em Conan, o Bárbaro (1982) e Conan, o Destruidor (1984). Andrew queria retomar o mood sensacional na trilha sonora, com o próprio Guns N’ Roses fazendo as músicas, mas Axl Rose recusou se Mario estivesse no elenco.

Trata-se de uma das lendas do cinema que até hoje não tem explicação.

Highlander 3 é tratado como a verdadeira continuação do Highlander – O Guerreiro Imortal, e o que vemos nas telonas difere de alguns pontos do roteiro, que se passaria durante os séculos XVII e XVIII, com direito até a Connor matar Jack, O Estripador (!).

 

Deborah Kara Unger, uma das atrizes mais bonitas do cinema, estrela o terceiro filme de Highlander

Ainda no assunto do Guns, o final de Highlander 3: O Feiticeiro se passa em uma fábrica muito similar ao visto no clímax de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991), de James Cameron. Uma das músicas desse filme é You Could Be Mine, uma das melhores obras do Guns N’ Roses, e que foi dirigida por Andrew.

Highlander: A Série Animada (1994-1996)

No mesmo ano que o terceiro filme de Highlander estava nos cinemas, e que o seriado de Duncan MacLeod/Adrain Paul passava na TV, uma série em desenho animado foi lançada, provando a força eterna da franquia.

Levemente baseado nas premissas apresentadas em Highlander – O Guerreiro Imortal, a trama mostra que a passagem de um grande meteoro causou um apocalipse na Terra.

Connor MacLeod e os outros imortais juram parar O Jogo para ajudar a reconstruir o mundo, mas um deles, Kortan, se recusa, e deseja o Prêmio mesmo assim. Ele derrota e arranca a cabeça de Connor em uma luta, e se torna o lorde conquistador do que restou da Terra.

Centenas de anos depois, no século XXVII, o jovem Quentin é morto defendendo seu Clã Dundee, e renasce, para descobrir ser o último descendente dos MacLeod, profetizado por Connor antes de sua morte. Junto com outros Imortais, ele quer ajudar a garantir a preservação dos conhecimentos da humanidade para reconstruir tudo.

Ele é treinado por outro imortal, o espadachim Don Vincente Marino Ramirez, velho amigo de Connor e irmão de Juan (!).

Juntos lutam contra Kortan, que domina uma Terra que é uma mistura de escombros pós-apocalítico, medieval e urbano rústico, com direito até a criaturas mutantes e fantásticas zanzando por aí. Foram duas temporadas com 40 episódios ao todo.

As inspirações para a produção foram o jogo de RPG da Nintendo Legend of Zelda (1989) e os desenhos animados He-Man e os Defensores do Universo (1983) e Capitão Planeta (1990), e apesar de bastante infantil — aqui os imortais cedem o “quickening” por vontade própria, sem que precise perder a cabeça, claro — apresentava dilemas morais interessantes com inimigos e aliados com tons de cinza.

Highlander: The Last of the MacLeods (1995)

Outro videogame de Highlander só foi aparecer quase 10 anos depois do primeiro, com Highlander: The Last of the MacLeods, um jogo de ação e aventura desenvolvido pela Lore Design Limited e publicado pela Atari Corporation exclusivamente para o console de 64-bits fake Atari Jaguar CD, um dos consoles mais fracassados dos anos 90.

Highlander: The Raven (1998–1999)

No último ano que a série de TV live-action de Highlander ia ao ar, um produto spin-off foi lançado, Highlander: The Raven, com a ladra imortal Amanda (Elizabeth Gracen) como protagonista. O seriado teve apenas uma temporada, com 22 episódios, e os produtores apostaram no carisma da personagem Amanda, uma das mais populares da série principal.

Highlander 4: A Batalha Final (2000)

Os produtores da franquia decidiram criar um novo final para a série live-action de Highlander, mas dessa vez em um longa-metragem, chamado Highlander: Endgame (2000), aqui conhecido como Highlander 4: A Batalha Final, o que leva a um entendimento errôneo de continuidade — como se a mitologia já não estivesse bagunçada com tantas timelines.

Este filme é uma continuação da série de TV, e não deveria ter a numeração “4”, já que não é a continuação do terceiro longa.

Christopher Lambert e Adrian Paul retornam para seus papéis de Connor MacLeod e Duncan MacLeod, respectivamente.

Jacob Kell (Bruce Payne) é um imortal maligno que surge ignorando todas as regras. Ele mata Rachel, a filha adotiva de Connor, explodindo o antiquário que era dos dois em Nova York.

Desiludido com a vida, Connor se refugia em uma fortaleza conhecida como Santuário. Dez anos mais tarde, Kell encontra o local, e Connor tem que juntar forças com Duncan para derrotar o vilão.

Connor, realmente cansado de tantas lutas, exige que seu parente pegue sua força, seu “quickening“, pois sabe que ele conseguirá derrotar Kell.

The Methos Chronicles (2001)

Um ano depois, a franquia se reduziu para uma série animada em formato Flash (!) na pré-história da Internet, em 2001.

Ganha pontos pelo pioneirismo. Trata-se de The Methos Chronicles, com a voz do personagem Methos (Peter Wingfield), o velho imortal de 5 mil anos da série de TV. Foram oito episódios produzidos onde ele relembra situações de sua vida de imortal.

Highlander (2006-2007)

A editora Dynamite Comics lançou uma série de HQs de Highlander – O Guerreiro Imortal, 20 anos depois do lançamento do longa

A primeira série de HQ de Highlander só foi aparecer em 2006, em 13 edições escritas por Brandon Jerwa e Michael Avon Oeming e desenhadas por Lee Moder, com capas de Gabriele Dell’otto — este e Oeming são veteranos de quadrinhos na Marvel e DC.

As histórias mostram aventuras pós-Highlander – O Guerreiro Imortal e lida com a continuidade da série de TV, com Connor e Duncan aparecendo nas histórias. Os quadrinhos foram publicados pela Dynamite Comics.

As capas foram assinadas por Gabriele Dell’otto, dono de excelente traço e arte

Os quadrinhos, pra variar, cria seu próprio lore e timeline. Por exemplo, os imortais na HQ continuam envelhecendo após a “primeira morte” — eles só param de envelhecer quando recebem o primeiro “quickening” de outro imortal que matam.

Isso implica que depois que Connor foi empalado por Kurgan na Escócia, sua idade evoluiu normal junto a Heather, até quando encontra Ramírez e ele é morto por Kurgan, e mesmo depois disso.

Só então que ele encontrou outro imortal e o matou, em algum momento, já que ele não está idoso ao lado de Heather em seu leito de morte.

Highlander: A Origem (2007)

Passados sete anos, a franquia ressurge em carne e osso e espadas mais vez, dessa vez em um formato de telefilme, produzido para o Sci Fi Channel. Highlander: The Source, chamado no Brasil de Highlander: A Origem, que continua os eventos da série de TV e do Highlander: Endgame.

Dezenas anos de futuro, a Terra vive um pesadelo e violência e caos. Duncan MacLeod, de novo Adrian Paul, e um grupo de aliados, procuram no que restou da Europa Oriental uma lendária Fonte de Imortalidade, que dá poder aos imortais (!).

Ela é vigiada pelo Guardião (Cristian Solimeno), um imortal com habilidades sobre-humanas.

A intenção dos produtores era contar toda a verdadeira mitologia dos imortais com mais filmes, mas Highlander: The Source foi extremamente mal-recebido, arrancando a cabeça de qualquer planos disso.

Highlander: The Search for Vengeance (2007)

No mesmo ano, saiu finalmente uma obra boa com a marca: um anime, como são chamados os desenhos japoneses. Highlander: The Search for Vengeance foi lançado em 2007, dirigido por Yoshiaki Kawajiri (Ninja Scroll, Vampire Hunter D: Bloodlust), em cima de um roteiro escrito por David Abramowitz, o mesmo de Highlander: The Series, Highlander: The Raven e Highlander: The Source.

A produção foi do Madhouse Studio, um dos estúdios de animação mais renomados na indústria. A trama foca em Colin MacLeod, que “morreu” em 125 Depois de Cristo, na Roma Britânica, quando descobre que é um imortal.

A despeito de seu sobrenome, ele não é um MacLeod de fato, dado a ele em homenagem depois de uma batalha contra homens do Clã MacLeod. A “terra sagrada” aqui é o Stonehenge, o círculo de pedras misterioso localizado na Inglaterra, e que realmente não tem explicação até os dias de hoje.

O antagonista de Colin é Marcus Octavius, líder das forças militares de Roma, e quem instrui Colin na mitologia dos imortais é o espírito de um velho druida, Amergan.

A história de Highlander: The Search for Vengeance segue até o ano de 2187, em um futuro pós-apocalíptico em Nova York.

No melhor dos mood anime, Highlander: The Search for Vengeance é estiloso, violento e sexy, além dos imortais apresentarem um nível de superforça e supervelocidade, característicos dos heróis de animação japonesa.

Highlander: Way of the Sword (2007-2008)

Mais quatro edições de quadrinhos foram produzidas pela Dynamite, com eventos pré-Highlander – O Guerreiro Imortal, dessa vez sem ligações com a série de TV, e nem mesmo com o que foi estabelecido na HQ anterior.

A minissérie foi escrita por JT Krul e desenhada por Carlos Rafael.

Highlander: The Game (2008)

Em 2008, Highlander teria um game produzido pela Squaresoft, uma das mais renomadas e poderosas produtoras de videogame da indústria, dona de Final Fantasy, o maior RPG (role playing game) de todos os tempos.

Seria um jogo de ação com toques de RPG baseado em elementos da franquia, com previsão de ser publicado para os consoles PlayStation 3 (Sony) e Xbox 360 (Microsoft), além de PCs. Foi anunciado em 2008, e em 2010 oficialmente cancelado.

Highlander Origins: The Kurgan (2009)

A Dynamite Comics ainda lançou em 2009 Highlander Origins: The Kurgan, escrita por Brand Jerwa e desenhada por Carlos Rafael, que mostra mais do passado do guerreiro. Foram apenas dois números.

Highlander: The American Dream (2017)

Highlander - O Guerreiro Imortal 
O produto mais recente de Highlander – O Guerreiro Imortal é de 2017, uma série de HQs criada pela editora IDW Publishing

Esses quadrinhos, dessa vez publicados pela editora IDW Publishing, são o material mais recente de Highlander na cultura pop.

Escrita por Brian Ruckley e desenhada por Andrea Mutti, a HQ tem 5 edições e mostra Connor MacLeod durante a Guerra Civil Americana, sua vida nos anos 1950 em Manhattan, e até pouco antes dos eventos de 1986 em Nova York.

 

Os direitos cinematográficos de Highlander são uma zona pior que o segundo filme.

Quem distribuiu Highlander – O Guerreiro Imortal foi nos cinemas foi a Thorn EMI, empresa do ramo desde os anos 1960, e que estava falindo no ano de lançamento do filme, em 1986.

A Cannon Group, uma das produtoras mais picaretas — e produtivas — do mercado de cinema assumiu a firma, e inclusive tem logo deles em Highlander já.

Um ano depois, a Weintraub Entertainment Group assumiu os negócios, com o curioso nome de HBO/Cannon Video, numa mistura do canal sinônimo que seria excelência em seriados de TV e da produtora com excelência em filmes B.

Em 2008, a Summit Entertainment adquire os direitos de filmes deles, e em 2012, a Lionsgate compra a Summit, se tornando a responsável por novos produtos.

Em 2016, o StudioCanal, companhia irmã da Universal Music, adquiriu a porção Thorn EMI e também entrou no rolo.

Highlander - O Guerreiro Imortal 
Highlander – O Guerreiro Imortal uniu a HBO e a Cannon, um dos casamentos mais improváveis do entretenimento audiovisual

De qualquer maneira, um reboot de Highlander está nos planos, de acordo com a imprensa especializada.

Rumores indicam algo no tipo de John Wick (2014), até com Henry Cavill (Superman, Witcher) como um possível protagonista — seria Connor?

O perfil BossLogic, que cria artes fictícias da cultura pop, fez até uma ilustração com o ator já.

O que é certo é que Highlander tem um tipo de mágica que o torna imortal.

/ RAMÍREZ. Um dos mais estilosos guerreiros criados para o cinema. Em Highlander – O Guerreiro Imortal, Sean Connery é um imortal egípcio chamado Tak-Ne, nascido em 896 Antes de Cristo.

Ele viveu um tempo no Japão quando tinha 357 anos, onde foi esposo de Sakiko, filha do Lorde Masamune, que lhe forjou uma espada katana.

Depois ele seguiu para a Espanha, onde assumiu o atual nome, Juan Sánchez-Villalobos Ramírez. Quando Ramírez encontrou MacLeod, em 1541, ele tinha 2.437 anos de idade.

Highlander - O Guerreiro Imortal 
Juan Sánchez-Villalobos Ramírez

/ MASAMUNE. O nome real de Masamune é Goro Masamune, um renomado ferreiro e forjador de espadas no Japão, que viveu em algum momento da época do Xogunato Tokugawa — uma ditadura militar feudal estabelecida no Japão por Tokugawa Ieyasu (primeiro líder desta era), governada pelos xoguns (grande general) da família Tokugawa no período de 1603 a 1868.

O nome do período é também conhecido Período Edo, em homenagem a cidade de Edo (atual Tóquio).

As espadas forjadas por Masamune são muito citadas na compilação Kyoho Meibutsu Cho, um catálogo criado pela família Honami em 1714.

As espadas Masamune se tornaram célebres na cultura pop, e são citadas em incontáveis mangás (quadrinhos japoneses), filmes, seriados, videogames e HQs de super-heróis americanos.

Highlander - O Guerreiro Imortal 

/ O PRÊMIO. As palavras de Connor MacLeod quando recebê o Prêmio: “I have the power! Aye, the quickening that empowers me! I feel everything! I know… I know everything! I am everything!“.

Connor nasceu em 1518, e adquire e imortalidade em 1536, quando tinha 18 anos, após ser “morto” por Kurgan.

Quando recebe o Prêmio, Connor MacLeod tinha 467 anos de idade.

 

Christopher Lambert

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