Como qualquer editora de quadrinhos de super-heróis, a Marvel Comics tem muitas versões alternativas de seus heróis e vilões, e Alex Summers, o Destrutor, herói mutante dos X-Men, não é exceção.
Criado pelo roteirista Arnold Drake e o artista Don Heck em X-Men #54 (1969), o Destrutor surgiu com seu icônico uniforme algumas edições depois, na arte de Neal Adams, e desde então tem feito parte do line-up dos X-Men.
A Era do Apocalipse (1995-1996), da Marvel, envolvendo os quatro títulos relacionados aos X-Men, não foram os primeiros a tratar do tema, mas foi com essa saga que elas se tornaram populares nas HQs de super-heróis.
E poucos integrantes dos X-Men podem dizer que já tiveram um universo inteiro dedicado às suas aventuras, mas Alex Summers, o Destrutor, dentre as dezenas de mutantes e milhares de personagens da Marvel Comics, conseguiu exatamente isso.
A série Mutant X (1998-2001) foi conduzida pelo escritor Howard Mackie e os artistas Tom Raney, Cary Nord, Ron Lim e Tom Lyle, ainda que nada tenha de extraordinário, mostrou a força de Destrutor enquanto personagem.
Vamos dar um pequeno paronama sobre essas duas versões do Destrutor nas HQs e suas (pequenas) participações nos desenhos animados e filmes dos X-Men.
Destrutor e a Era do Apocalipse
A primeira versão alternativa do Destrutor nos quadrinhos ainda é da mais famosa e a mais querida entre as megassagas dos quadrinhos de super-heróis, a Era do Apocalipse (1994-1995), que remodelou todas as revistas X da Marvel Comics durante 4 meses.
Até mesmo outros personagens do Universo Marvel aparecem modificados aqui — todos os humanos, ao menos.
A saga foi concebida pelos escritores Scott Lobdell e Mark Waid, com arte do desenhista brasileiro Roger Cruz e Steve Epting, sendo o ponto zero da história a edição especial X-Men: Alpha #1 (1994).
A Terra da Era do Apocalipse é o Universo 295 da Marvel, um mundo devastado por Apocalipse, já que Charles Xavier nunca fundou os X-Men para detê-lo.
O Professor X foi morto inadvertidamente pelo próprio filho, David Haller, o Legião, que na verdade tentava matar Erik Magnus Lensherr, o futuro vilão Magneto. David voltou no tempo para isso, e os X-Men foram atrás para detê-lo, sem sucesso.
Com a morte de Xavier, Apocalipse se viu livre para dominar o planeta, e teve caminho aberto para aniquilar a raça humana nas Américas.
A raça mutante agora é a predominante e uma união de países europeus deseja realizar um ataque nuclear para frear o avanço das tropas de Apocalipse.
Todos os mutantes tiveram outros caminhos aqui. Alguns se tornaram heróis de fato, outros foram mortos e outros se tornaram vilões terríveis.
É o caso de Alex Summers, o Destrutor, que junto de seu irmão, Scott, o Ciclope, é um dos asseclas mais fiéis do Senhor Sinistro, um dos Cavaleiros do Apocalipse.
Alex é um dos chamados Prelados, abaixo apenas dos Cavaleiros e do próprio Apocalipse na hierarquia governamental e terror do tirano.
Vale citar que a despeito do absoluto desprezo que tem pelos seres humanos, Alex tem um envolvimento romântico com Scarllet, uma humana ruiva que cuida de uma das poucas boates que ainda sobrevivem nos EUA.
Ela surgiu em Wolverine e Destrutor – Fusão, minissérie de 1988, escrita por Walt Simonson e sua esposa, Louisie, com artes pintadas dos artistas Kent Williams e Jon J. Muth.
O Destrutor do Universo 295 é um vilão ressentido por ser preterido em detrimento do irmão por Sinistro e o próprio Apocalipse. Ele é impiedoso e não pensa duas vezes antes de matar qualquer um que fique em seu caminho.
Essas histórias foram mostradas no título Factor X, escrita por John Francis Moore, com arte de Steve Epting.
Ele morre em X-Men Omega, o especial que encerra a saga Era do Apocalipse. Ele mata o próprio irmão Ciclope e é morto por Wolverine, que na Era do Apocalipse se chama Arma X.
Mas não seria a última vez que veríamos o Destrutor da Era do Apocalipse, já que o escritor David Lapham e o artista brasileiro Renato Arlem em Age of Apocalypse #13, um título especial da Marvel de 2012 a 2013 que retomava o Universo 295, em aventuras com uma X-Force liderada por Wolverine, ambos do Universo 616.
Pra variar, esse Destrutor, que foi renascido pelo Logan/Arma X (que agora era uma espécie de um novo Apocalipse, chamado de Arma Ômega) é morto pelo Logan/Wolverine do Universo 616, da continuidade regular da Marvel Comics.
Depois de finalizada a saga da Era do Apocalipse, depois de muitas aventuras e uma queda para a vilania (graças a manipulação do Fera Negro, um sobrevivente da Era do Apocalipse no Universo 616), Alex Summers, em sua última aventura com o X-Factor, acaba sendo jogado em um mundo paralelo na última edição do título, X-Factor #149 (1998), escrita por Howard Mackie.
Lá, ele descobre uma realidade de heróis e vilões bem diferentes dos quais conhecia.
É a deixa para Destrutor estrear em seu primeiro e único título solo na Marvel Comics no título chamado Mutant X #1, de outubro de 1998, com roteiros do mesmo Mackie.
Aqui tínhamos o “espírito” de Alex Summers, do universo regular da Marvel Comics, o Universo 616, que sobreviveu aos eventos finais de X-Factor #149, tomando conta do corpo do Destrutor da Universo-1298.
Nesse mundo, ele era líder dos Seis, o grupo de heróis de maior prestígio dentre todos os outros.
Todos os personagens dos X-Men e da Marvel estão bem diferentes de suas versões regulares, em mais um replay do que já tínhamos visto em Era do Apocalipse.
Ele era casado com Madelyne Pryor, tinha um filho, e comandava uma equipe formada por Bloodstorm, uma Tempestade vampira, Brute, a versão deles do Fera, Fallen, a identidade macabra de Warren Worthington III, o Arcanjo deles, e Ice-Man, o Homem de Gelo desse mundo.
A babá do filhinho de Madelyne e Alex era a Elektra. A revista Mutant X durou 32 edições, e mesmo em um mercado mesmo saturado como estava os anos 90 com os quadrinhos de super-heróis, chegou até ao novo século, em 2001.
Alex Summers acaba retornando ao Universo 616, e fica em coma até ser acordado na Escola Xavier. O roteirista Chuck Austen usa o herói no line-up dos X-Men que escrevia na época, a partir de The Uncanny X-Men #412 (2002).
Um ano depois, o Destrutor do Universo 1298 reaparece na revista dos heróis Exilados, em um arco em Exiles #28-30, também escrita por Chuck Austen, e desenhada por Clayton Henry.
Esse Alex Summers — que sempre foi maligno — ficou “adormecido” dentro do Alex Summers 616 até ele acordar e se recuperar completamente, deixando Destrutor mais uma vez em um conflito interno mental terrível.
A equipe dos Exilados, que são mutantes e super-heróis de diferentes realidades paralelas que têm como objetivo arrumar eventos cronológicos, lutam contra esse Destrutor, até o líder da equipe, o Timebroker, em pessoa, eliminar o Alex Summers do Universo 1298.
Vale dizer que aqui é estabelecido que Alex Summers do Universo 616 é considerado um “nexo de realidades”, o que explica suas aventuras no Universo 1298.
Destrutor Ultimate
Vale citar ainda o Destrutor do Universo Ultimate, da Terra 1610. Criado pelo escritor Brian Michael Bendis e o desenhista David Finch em Ultimate X-Men #43 (2004), Alex Summers aqui é mais velho que Scott, contrariando a ordem de nascimento dos irmãos no Universo 616.
Apesar de também ser mutante e ter os mesmos poderes de absorver radiação cósmica e disparar rajadas de plasma, esse Destrutor pouco participou das aventuras dos X-Men. Com efeito, ele foi mostrado como antagonista dos heróis, como membro da academia de mutantes de Emma Frost.
Destrutor em animações
Na televisão, o produto mais proeminente dos X-Men foi a animação que a Fox produziu em 1992, completamente baseadas nos designs criados por Jim Lee em seu run na revista. Destrutor apareceu como líder do X-Factor no episódio #41 da terceira temporada, chamado Cold Comfort (“Fria Revolta”).
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Outros cinco episódios do desenho animado tem Destrutor e o resto dos membros do X-Factor em aparições pontuais, sem envolvimento com as tramas apresentadas.
Outra animação dos X-Men foi produzida em 2003, chamada X-Men Evolution, com os mutantes mostrados bem mais jovens. Aqui, Alex Summers é um jovem surfista de 16 anos no Hawai (local de nascença do personagem nas HQs), e aparece em seis episódios da série.
Ele reluta em se juntar aos X-Men, mas tem uma relação bem mais tranquila com Scott. Apenas no fim do seriado ele se junta à equipe.
Destrutor nos videogames
No mundo dos videogames, a softhouse japonesa Capcom, famosa pelos seus jogos de luta e porrada, parceira de longa data da Marvel em games, principalmente no uso dos X-Men (o primeiro jogo da parceria, contudo, foi do Justiceiro), nunca usou o Destrutor, nem mesmo em alguma cameo.
A primeira aparição do herói em algum games foi no obscuro X-Men II: The Fall of the Mutants, publicado em 1990 pela Paragon Software para computadores DOS, Commodore 64 e Amiga.
Trata-se de um adventure game de péssima qualidade, que usa o arco da Queda de Mutantes das HQs. Foi o último game da produtora, que faliu em 1991. O game conta com o line-up dos X-Men “Australia”.
O jogo X-Men: Mutant Academy 2, produzido pela Paradox Development e distribuído pela Activision para o console Playstation, da Sony, em 2001, foi um jogo de luta onde Destrutor era um dos lutadores disponíveis.
Seu design vem diretamente da fase maligna Destrutor do X-Factor/Howard Mackie.
Em 2002, X-Men: Next Dimension (o nome alternativo para X-Men: Mutant Academy 3) também tinha Destrutor em suas fileiras.
O próximo game do Destrutor seria X-Men Legends, um RPG de ação com visão isométrica, lançado em 2004 pela Raven Software/Activision para o GameCube, da Nintendo, o N-Gage, celular da Nokia especializado para games, PlayStation 2 e o Xbox, da Microsoft.
Os jogadores podem controlar um dos 15 personagens X-Men, combinando-os em um grupo de quatro personagens controlados pelo computador. Destrutor não é um deles, e é caracterizado como um vilão.
A sequência do game foi X-Men Legends II: Rise of Apocalypse, lançado em 2005 para GameCube, N-Gage, PlayStation 2, PSP (console portátil da Sony), Xbox, aparelhos celulares e PCs. Destrutor ainda é um vilão e não dá para jogar com ele.
Em 2009, é lançado Marvel: Ultimate Alliance 2, game da Activision, continuação para o RPG de ação Marvel: Ultimate Alliance.
O jogo é de 2009 e adapta arcos famosos da Marvel Comics, como Guerra Secreta e Guerra Civil, e Destrutor aparece no game. Pra variar, é vilão e não dá para jogar com ele.
O jogo foi desenvolvido por diferentes empresas: Vicarious Visions (PlayStation 3 e Xbox 360), n-Space (Nintendo DS, o console portátil da Nintendo, PlayStation 2 e Wii, da Nintendo) e Savage Entertainment (PSP). Destrutor é exclusivo das versões para PS3 e Xbox 360.
Marvel Super Hero Squad Online é um massively multiplayer online — MMORPG — de temática mais infantil, produzido pela American Studio Gazillion para PCs e lançado em 2011.
O jogo de turnos Marvel: Avengers Alliance originalmente surgiu em redes sociais, desenvolvido pela Playdom em parceria com a Marvel Entertainment e o Disney Interactive Studio Group em 2012.
Dois anos depois, foi disponibilizado para celulares. Destrutor era um dos personagens disponíveis.
No jogo de briga de rua do Deadpool, feito pela Activision e lançado 2013 para PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One e PCs, Destrutor é referenciado em uma cena de ataques de clones do personagem.
Em 2013, Lego Marvel Super Heroes, jogo de ação e aventura desenvolvido pela TT Games e publicado pela Warner Bros. Interactive Entertainment para o PlayStation 3, Xbox 360, Wii U, PlayStation 4, Xbox One e PCs, mostram Destrutor como herói e personagem jogável em conjunto com outro personagem.
A aparição mais recente de Destrutor nos games aconteceu em 2019, quando apareceu como personagem jogável, via DLC, em Marvel Contest of Champions, um game de luta para celulares feito pela Kabam, que existe desde 2014.
Alex Summers, o Destrutor, nos cinemas
Alex Summers apareceu três vezes no cinema nos anos 2010, quando a Fox tentou renovar a franquia com um novo elenco de atores e line-up de heróis, em uma proposta ousada de navegar entre as décadas de formação do grupo, com variados graus de acertos e erros nessa trajetória.
Em X-Men: Primeira Classe (2011), o ator Lucas Till deu vida nas telonas ao Destrutor. Alex é mostrada como um jovem atormentado e sem controle pleno de seus poderes, e é recrutado por Magneto e Professor Xavier em uma prisão nos anos 1960, onde estava por ter machucado alguém.
Não há referência alguma de seu parentesco com Scott Summers, o Ciclope, que nem aparece no filme.
Alex aceita se juntar aos X-Men e é parte importante do grupo, ao ajudar no conflito entre o Clube do Inferno, para salvar o mundo da destruição na crise de mísseis entre Cuba, União Soviética e Estados Unidos.
Destrutor retorna de forma mais reduzida em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014), quando é mostrado em alistamento militar durante a Guerra do Vietnã nos anos 1970.
Alex é visto em Saigon, onde faz parte de um regimento de soldados mutantes, supervisionados na surdina por Bolivar Trask, vilão recorrente dos X-Men nos filmes da Fox, e relacionado diretamente à origem do Destrutor das HQs da Marvel Comics.
Mística salva o grupo, mas depois Destrutor some do filme e não é esclarecido seu destino.
Em X-Men: Apocalipse (2016), Destrutor está trabalhando em uma corporação executiva no Nebraska, fora da vida de super-herói, quando descobre que tem um irmão mais novo, Scott Summers, em uma inversão de papéis das HQs.
Alex leva o garoto a Escola Xavier, e assim Ciclope se junta à equipe, no começo dos anos 1980. Infelizmente, durante o ataque de Apocalipse à mansão, Alex destrói o equipamento de rastreamento Cerebro antes do vilão por as mãos nele, mas aparentemente é morto na explosão que se segue, sem que Mercúrio consiga salvá-lo.
Foi a última aparição do herói, que está ausente em X-Men: Fênix Negra (2019), o último filme da franquia, ainda produzido pela Fox, e lançado pela Disney, que já tinha comprado a empresa.
/ DESTRUTOR NA TV DO BRASIL. Para encerrar, é preciso dizer que poucas HQs aparecem em matéria de TV. O vídeo abaixo é uma reportagem do Jornal de Vanguarda, da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão, em 1989.
Além de Wolverine & Destrutor: Fusão, da Marvel Comics, a jornalista comenta também sobre a graphic novel de Rocketeer, HQ autoral de Dave Stevens, que se tornou um dos quadrinhos independentes americanos de maior sucesso do mercado. Virou filme da Disney em 1991, o primeiro longa de super-herói da empresa, estrelado por Jennifer Connelly.
/ SOLARIS. O visual do mutante japonês Shiro Yashida, dono de poderes flamejantes atômicos, é um dos mais icônicos da saga da Era do Apocalipse. Criado pelo desenhista Joe Madureira, o design de Solaris foi tão impactante que foi trazido até para a continuidade regular.
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