Yoshi’s Island, também conhecido como Super Mario World 2: Yoshi’s Island, lançado em 1995, é um dos melhores games de plataforma 2D do Super Nintendo, e com certeza um dos grandes jogos da indústria de videogames.
Sua jogabilidade de design limpo na tela e controle absoluto do personagem em movimento, com dezenas de opções de ação e centenas de segredos espalhados em 54 fases enormes e 6 estágios bônus são garantia de diversão por meses.
Trata-se de um dos grandes exemplos de poder de síntese da Nintendo, e de como ela é uma força criativa sem igual. Extraiu mágica de pixels de 16-bits em uma aventura de revezamento de Yoshis para entregar Mario e Luigi, ambos nenéns, para seus pais.
Seu toque particular de desenho feito à mão faz parecer que estamos nas páginas de um livro cheio de flores, borboletas, moedas e um lindo céu azul ou laranja de entardecer.
Yoshi’s Island completou 25 anos de lançamento no dia 5 de agosto de 2020.
E poucos dias depois desse anivérsário, um anúncio muito esperado pelos fãs de videogames no Brasil ocorreu — a Nintendo oficialmente anunciou a sua volta ao país, ainda neste ano.
A saída oficial da Nintendo ocorreu em janeiro de 2015, na época em que o console Wii U era o carro-chefe da softhouse. O momento foi estranho para muitos profissionais da área, players do mercado, e para todos os gamers brasileiros, pois se via parcerias com redes de fast food para fornecimento de brindes e lançamento de títulos como Bayonetta 2 e a versão 3DS de Super Smash Bros. em grandes varejistas.
Na época, a empresa Gaming do Brasil representava oficialmente a “Big N” — e suas declarações a respeito da saída foram de “desafios no ambiente local”.
Desde 2018, os títulos da Nintendo são vendidos oficialmente por aqui por meio de cartões-presente disponíveis em grandes lojas de departamentos e pelo marketplace dedicado da companhia, chamado apenas de Loja Nintendo.
Aos poucos, a empresa também se aproximou dos grandes eventos da indústria de videogames do Brasil, como a Brasil Game Show.
A Nintendo patrocinou a área de cosplayers da BGS 2018, e contou com um dos maiores estandes da feira na BGS 2019, com direito à presença de Luigi’s Mansion 3, um de seus principais exclusivos na época, e o remake de Link´s Awakening, disponíveis para testes antes de seu lançamento oficial.
Agora, a novidade é o Nintendo Switch, que chegará oficialmente no Brasil em 2020, quase três anos depois de seu lançamento.
A chegada do aparelho foi confirmada por meio de publicação no perfil oficial da marca no Twitter, único canal de comunicação da empresa por enquanto.
É justo comemorar a volta da Nintendo e focar um especial em Yoshi’s Island, para explicar sua importância e lugar no mercado.
O jogo vendeu mais de 4 milhões de cópias em todo mundo, se tornando o sétimo jogo mais vendido do SNES. O jogo foi produzido por Shigeru Miyamoto, o criador de Mario, e Takashi Tezuka atuou como um dos diretores do jogo.
Por muito tempo, Yoshi’s Island foi o último jogo 2D em console caseiro do Mario, até New Super Mario Bros. Wii ser lançado, 14 anos depois.
E é mais do que justo posicionar o game como uma das obras-primas da indústria de videogames.
Super Mario World 2: Yoshi’s Island
1995
Super Nintendo
Super Mario World 2: Yoshi’s Island saiu em agosto de 1995 no Japão, e em outubro de 1995 nos Estados Unidos.
O jogo, apesar de se chamar Super Mario World 2, na verdade é o primeiro game de Mario, pois é com Yoshi com que jogamos, e sua missão é nada mais nada menos que levar o bebê Mario até seus pais.
Koopa, que também é um bebê birrento, mas já maligno, consegue antever, graças ao seu feiticeiro chamado Kamek, que os dois irmãozinhos serão uma pedra no sapato em seus planos.
Kamek manda seus corvos atacarem a cegonha que levava os irmãozinhos Mario e Luigi para os pais, mas ele pegam apenas Luigi.
Mario cai dos céus, nas costas seguras do Yoshi verde que todos conhecemos, e numa reunião com outros Yoshis, todos decidem enfrentar Koopa, salvar o Luigi do sequestro e entregar os bebês são e salvo, em um esquema de revezamento entre eles.
O jogador controla somente o Yoshi, que deve levar Mario mas costas através de seis mundos.
Cada mundo é uma parte especial da ilha dos Yoshis, mostrada em um gráfico inacreditável na abertura do games.
E cada um desses mundos é uma cartela com 8 fases acessíveis de forma progressiva, com mais uma secreta e um bônus. Tudo isso é mostrado em uma interface gráfica com um visual desenhado a mão, um novo estilo à série, que se torna feito algo de riscos de giz, lápis de cor, aquarela e reproduções mais fiéis de natureza e cenário em certas partes, um incrível trabalho de arte 2D em sprites.
Além disso, os gráficos do jogo possuem efeitos especiais feitos pelo microchip Super FX 2, que traz polígonos 3D para o jogo em vários momentos.
A jogabilidade de plataforma side-scrolling em 2D permite uma variedade de movimentos com o Yoshi, como pulo, vôos por alguns segundos, uma “linguada” que pode transformar a maioria dos personagens engolidos em ovos, ataques com esses mesmos ovos, nado, transformações em bolhas mágicas específicas, entre muitas outras atividades.
Cada nível coloca o jogador com um diferente Yoshi colorido, que não influi na jogabilidade. Ao fim de cada fase, outro Yoshi pega o Mario e continua a jornada.
Yoshi também pode comer melancias, que permitem que ele possa cuspir sementes, ou inimigos flamejantes, que permite deixá-lo cuspir fogo.
Um elemento de ataque, hoje clássico nos games de Mario na Nintendo, é o ground pound, que é um ataque no qual o personagem pula e cai fortemente no chão.
Esse ataque surgiu em Yoshi’s Island, e era usado para destruir caixas, forçar pedaços de madeira que bloqueiam o caminho e destruir certos tipos de chão.
Com efeito, o domínio do personagem em tela é absoluto com o controle do SNES, ele responde a tudo que você faz de maneira incrível e rápida.
Os danos em Yoshi não fazem mal ao dinossaurinho — salvo queda em lava ou espinhos — mas o Mario sai das costas, e flutua em uma bolha.
Se em 10 segundos não for resgatado, os corvos de Kamek aparecem e levam embora o bebê, e é game over, uma vida a menos.
Itens em forma de estrelinhas pulantes com um “1” desenhado em cima, podem tornar os 10 segundos em 30. Essa contagem é o único elemento subjetivo que aparece na tela de Yoshi’s Island — ela é livre de qualquer outra informação.
Não há tempo contando nas fases, então é possível descobrir todos lugares secretos e segredos das fases, e eles são muitos.
Fora terminar com 30 segundos intactos, é preciso coletar 20 moedas vermelhas e cinco flores para atingir 100% em uma fase. Só assim a fase secreta e o bônus é liberado.
A jogabilidade com os ovos é fundamental nas dinâmicas, pois podem atingir inimigos, nuvens que viram itens, destruir obstáculos e até mesmo pegar moedas e flores.
O ovo verde é um é um ovo normal. Já o ovo amarelo dá uma moeda se o jogador acertar em um inimigo.
O ovo vermelho dá duas estrelas se acertar em um inimigo.
O ovo brilhante de vermelho dá uma moeda vermelha se acertar em um inimigo — atenção nisso!
E em alguns momentos, Yoshi tem ovos gigantes, que se cair no chão depois de disparado, transformam todos os inimigos da tela em estrelas.
A produção de Yoshi’s Island
De acordo com Shigeru Miyamoto, um dos designers e executivos de game mais importante da Nintendo, Yoshi’s Island estava em desenvolvimento há quatro anos, de uma maneira bastante curiosa.
O que vimos no produto final é quase outro game, pois cerca de 70% foi alterado quando Miyamoto viu que ele estava parecido demais com Super Mario World.
Pedidos do setor de marketing também pesavam, pois a Nintendo estava com todos os holofotes graças a Donkey Kong Country, um dos jogos emblemáticos do SNES, um feito inacreditável da softhouse inglesa Rare, em gráficos e jogabilidade sensacionais para um console de 16-bits.
Yoshi’s Island tinha obrigação de “superar” o DK, uma franquia, aliás, de Miyamoto. E com efeito, de maneiras diferentes, Yoshi e o Mário bebê conseguiram.
Seu design único é impressionante mesmos nos dias de hoje, do mesmo modo que o DK da Rare.
Alguns veículos afirmam que parte do trabalho em tornar Yoshi’s Island parecido com Donkey Kong Country permaneceu em algumas partes do game, como na introdução, onde vemos modelos 3D dos personagens.
Muito se diz de rusgas, competição e ressentimento entre Shigeru Miyamoto e a Rare, mas alguns jornalistas e veículos insistem que isso é mais uma lenda de bastidores do mercado.
De qualquer maneira, a Rare inseriu Yoshi e Mario (o adulto) no estilo 3D CGI, em uma uma breve aparição no final de Donkey Kong Country 2: Diddy’s Kong Quest, também de 1995.
Aliás, esses modelos gráficos do dinossauro, do encanador e do macaco foram usados posteriormente em outros games, como Super Mario RPG (1996), um game feito com duas mãos — a Nintendo e a Square, clássica produtora de RPGs, dona da franquia Final Fantasy.
Yoshi’s Island terminou 1995 como um dos jogos mais vendidos do ano, junto com já citado Diddy’s Kong Quest e o RPG magnífico Chrono Trigger, da Square.
Yoshi’s Island e os
jogos do Mario
Em termos cronológicos e de cânone, Yoshi’s Island deveria ser o primeiro game da série Mario.
Mas a Nintendo é conhecida por dar pouco valor para as histórias dos seus jogos em ligações com outros, por isso, faz pouco sentido se os conectarmos — o exemplo da cronologia confusa de The Legend of Zelda é emblemático.
A força da Nintendo está na singularidade de seus jogos, o poder individual deles. E Yoshi’s Island é um gigante nesse quesito.
De qualquer maneira, a linha do tempo dos lançamentos dos jogos principais da franquia é a seguinte:
Super Mario Bros. (1985)., Super Mario Bros.: The Lost Levels (1986), Super Mario Bros. 2 (1988) e Super Mario Bros. 3 (1988) para o console Nintendo 8-bits, o popular Nintendinho, como é chamado pelos gamers brasileiros. Super Mario World (1990) e Super Mario World 2: Yoshi’s Island (1995), para Super Nintendo. Super Mario 64 (1996), para Nintendo 64. Super Mario Sunshine (2002), para Gamecube. Super Mario Galaxy (2007), New Super Mario Bros. Wii (2009) e Super Mario Galaxy 2 (2010), para Nintendo Wii. New Super Mario Bros. U (2012), Super Mario 3D World (2013) e Super Mario Maker (2015), para Nintendo Wii U. E Super Mario Odyssey (2017) e Super Mario Maker 2 (2019), para Nintendo Switch.
Nos consoles portáteis, tivemos Super Mario Land (1989) e Super Mario Land 2: 6 Golden Coins (1992) para Game Boy, New Super Mario Bros. (2006) e Super Mario 3D Land (2011) para Nintendo DS, e New Super Mario Bros. 2 (2012) para Nintendo 3DS. Para celulares, finalmente a Nintendo se rendeu e fez em 2019 o game Super Mario Run.
Como Yoshi’s Island
criou sua própria franquia
Yoshi’s Island foi tão bem no mercado de videogames que gerou uma série de continuações, para tentar continuar o hype criativo que fez no mercado, com diferentes resultados de sucesso.
O game voltou a aparecer parcialmente em contextos de fundo de tela e jogabilidade em algumas edições de Tetris Attack, um game de puzzle da Intelligent Systems, e publicada pela Nintendo.
Em 1997, Yoshi’s Story saiu para o console Nintendo 64, com gráficos turbinados em forma de espécie de madeiras metalizadas e plásticos texturizados, em um jogo curto e confuso, com muitos reaproveitamentos do anterior, com apenas Yoshi, sem o Mario.
Em materiais de divulgação, chegou a ser chamado de Yoshi’s Island 64. Depois do N64, ele saiu para o Virtual Console do Wii (2007) e do Wii U (2016) — o Virtual Console é o serviço online da Nintendo para seus consoles, uma forma de fazer downloads de jogos da empresa e outras softhouses direto para os aparelhos.
Em 2002, Super Mario World 2: Yoshi’s Island ressurgiu completo para o portátil Game Boy Advance, com o título Super Mario Advance 3: Yoshi’s Island.
Mais seis fases secretas foram adicionadas para cada mundo, além de novas vozes e efeitos sonoros para o dinossauro do game, vindos diretamente de Mario Kart 64 e Yoshi’s Story.
Essa versão foi lançada para o Virtual Console do portátil Nintendo DS em 2011, e para o Wii U em 2014.
Yoshi’s Universal Gravitation, conhecido como Yoshi Topsy-Turvy nos EUA, foi um jogo de 2004 lançado para Game Boy Advance, desenvolvido pela Artoon, e publicada pela Nintendo.
É o Yoshi e Mario em jogos de puzzle nos contextos do dos cenários e designs de Yoshi’s Island.
Em 2005, mais um game similar, com Yoshi Touch & Go, para o Nintendo DS, que usava gráficos similares aos de Yoshi’s Island para por o Yoshi e o bebê Mario em partidas de puzzle e aventura, uma das primeiras experiências de desafios a usar as duas telas do portátil da Nintendo.
Sua direção de arte serviu de base para um banho de loja no remake de Super Mario World 2: Yoshi’s Island em 2006 para Nintendo DS, feita pela empresa Artoon, intitulado Yoshi’s Island DS.
Além de ter os bebês Wario, Peach e Donkey Kong no jogo (totalmente à revelia do enredo), o design das fases foram alterados, e muitos deles não são exatamente os mesmos vistos no SNES.
Versões de Yoshi Touch & Go e Yoshi’s Island DS foram lançadas para o Virtual Console do Wii, em 2015.
Yoshi’s New Island (2014) foi o mais próximo que se aproxima em jogabilidade e design do original, em um misto de Yoshi’s Island com Yoshi’s Story bastante harmonioso, com uma trama que reconta os eventos da história.
É um jogo que permanece exclusivo para quem tem um portátil Nintendo DS. No mesmo ano, saiu Yoshi’s Woolly World, jogo solo de Yoshi, com um mundo feito de lã e outros tecidos, com uma sensação mágica de como Yoshi’s Island provocou em 1995.
O jogo é do Nintendo DS, e em 2017 saiu para o Virtual Console do Wii U. O mais recente jogo do dinossaurinho é Yoshi’s Crafted World (2019), do Nintendo Switch, que também usa lãs e panos para construir um novo mundo de aventuras para Yoshi, de novo sem o Mario.
Hoje em dia, se você quiser jogar a versão original de Yoshi’s Island de Super Nintendo, pode procurar um Super NES Classic Edition, console especial lançado pela Nintendo em 2017, e que tem o jogo na memória, ou assinar o serviço do Nintendo Switch Online, que em 2019 disponibilizou o game.
/ REFERÊNCIAS. Super Mario World 2: Yoshi’s Island foi referenciado em uma infinidade de outros games da Nintendo. Como Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars, que tem Kamek como um dos inimigos. Em Super Smash Bros., os movimentos de Yoshi são derivados de Yoshi’s Island e de Yoshi’s Story.
Em Paper Mario, o chefão Raphael the Raven retorna. Em Super Mario Sunshine, o cenário de uma parte da fase Pinna Park tem o mesmo estilo gráfico do Yoshi’s Island.
Em Mario Kart: Double Dash!!, a pista Baby Park é totalmente inspirada nos gráficos também. Outro game de corrida, Mario Kart Arcade GP 2, tem as pistas Yoshi Park 1 e Yoshi Park 2 como referências óbvias em estilo. Em Super Smash Bros. Brawl, tem uma fase inteira de Yoshi’s Island, com até as músicas.
/ NINTENDO NO BRASIL. A parceria da Nintendo com o Brasil vem dos anos 90. Em 1993, a Nintendo criou uma joint-venture com a Gradiente, empresa de eletrônicos que já trazia clones do Nintendinho para o mercado do país, e a Estrela, uma das maiores fabricante de brinquedos.
O Brasil assim se tornou o primeiro país do mundo a ter uma representante oficial da softhouse japonesa.
Assim, as fitas de Super Nintendo e Nintendinho traziam um selo da Playtronic, a empresa criada pelas três, o que identificava o produto nacional da Nintendo. Isso causou algo curioso, pois o Nintendinho foi estabelecido oficialmente em nossas terras depois que o Super Nintendo foi lançado, já que o mercado de clones do console 8-bits da empresa já estava enraizado no mercado com profundidade.
/// VHS. Um dos materiais promocionais mais legais do game foi a fita VHS chamada Yoshi’s Island – A Magical Tour of Yoshi’s Island, vendida apenas no mercado americano,
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