ANDOR | Quando os fins justificam os meios em Star Wars

Andor Star Wars

Andor, a série mais recente de Star Wars produzida pela Disney, dona da franquia de guerra espacial desde 2012, é o melhor produto já feito desde o longa-metragem Rogue One (2016) na Casa do Rato.

E ambos estão mais que ligados, já que Andor é uma prequel, passada 5 anos antes dos fatídicos eventos do filme. Tony Gilroy, escritor de vários filmes de espionagem e política, esteve na produção das duas, sendo que é o criador do seriado Andor.

Tempo é o tema de Andor de certa maneira, e que é a base de Star Wars, uma longa mitologia espacial que percorre milhares de anos contando diversas histórias em várias mídias, a maioria delas envolvendo os Jedi e os Sith, duas “ordens de guerreiros” antagônicos que usam a Força, um poder natural que emana de todos os seres vivos têm neste universo e que pode ser usada de diversas maneiras.

E mesmo sem Jedi ou Sith, a Força é poderosa em Andor, que escolhe sabiamente se afastar da dicotomia dessas duas ordens, e trabalha no chão sujo e grosseiro de seres comuns em uma sociedade ditatorial e opressora.

Andor Star Wars
O espaço cinza impera em Andor, que nunca faz escolhas fáceis, ou moralmente corretas, como esta cena, que já ganha logo de cara a audiência. Uma das primeiras cenas do primeiro episódio

Mais que uma série de ação, Andor é sobre espionagem no(s) mundo(s) de Star Wars, algo já rascunhado em projetos anteriores que nunca saíram ou deram certo, mas que aqui funciona muito bem.

Ao misturar espionagem, política e ação suja e críptica em meio a alta burocracia e vigilância de um colosso estelar de hierarquias e comandos, com o Imperial Security Bureau (ISB) sendo a cabeça principal dessa hidra, a série ganha em sensação de perigo, opressão, sufocamento e raiva.

Andor Star Wars
O logo do ISB e da ainda não-nascida Aliança Rebelde
Andor Star Wars
Poster promocional de Andor, a melhor série de Star Wars já feita

O ISB é uma agência de operativos secretos do Império, e para Andor, não poderia ter antagonista mais incrível.

E sacrifícios pessoais e atitudes drásticas com fins justificando os meios são as ferramentas dos dois lados a serem usadas nesse guerra terrível por quem deseja derrubar a tirania.

No tempo que se passa Andor, o Império Galáctico já domina o universo de Star Wars há uns 15 anos. Sua mão pesada e castradora impede qualquer liberdade de pensamento e contestação. Mas quanto maior a repressão, maior a revolta.

Andor Star Wars
O Serviço Secreto do Império

Não é o caso de Cassian Andor, que apenas quer viver sua vida (pobre e pequena) longe de problemas. Mas quer o destino (Força?) que ele se envolva com rebeldes, que estão a ponto de serem de fato Rebeldes, a força que irá lutar contra a tirania imperial, a ponto de construir algo muito maior que suas próprias vidas, a futura Aliança Rebelde.

Na famosa frase do poeta romano Ovídio, em sua coleção de poemas epistolares Heroides (escritas antes de Cristo), temos a famosa frase “os fins justificam os meios”, frase que é síntese dos “heróis” de Andor. E ela se mostra verdadeira desde a primeira cena do seriado, com Andor fazendo o que deve para sobreviver, mesmo que seja moralmente questionável.

Andor Star Wars
O ator mexicano Diego Luna é Cassian Andor

A arma de Cassian é uma pistola Bryar, vinda diretamente do jogo de videogame Star Wars: Dark Forces (1995), atualmente parte da continuidade Legends de Star Wars, o antigo cânone da franquia, pré-Disney, que depois da compra, criou uma nova continuidade canônica, se livrando assim da maior parte do peso de mais de 30 anos de séries animados, livros, HQs e videogames que aumentaram a mitologia de Star Wars, o chamado Universo Expandido.

Foi em Dark Forces, um jogo de tiro estilo Doom (feito assim para pegar carona nele inclusive), que parte dos roubo dos projetos da Estrela da Morte foram mostrados pela primeira vez, e que Rogue One refez.

Antes de Andor usar a pistola Bryar, a arma já tinha aparecido no videogame Star Wars: Battlefront (2015), já canônico pela Disney.

Capa do jogo de tiro Star Wars Dark Forces

A mitologia Star Wars, depois da trilogia de filmes de George Lucas nos anos 1970/1980, teve décadas de produção de diversos livros, séries animadas, HQs e videogames do Universo Expandido. Todas elas contavam histórias próprias e interligadas entre si, antes ou depois dos filmes principais dos anos 70/80 e dos anos 2000.

Uma parte da timeline da continuidade Legends em Star Wars

Rogue One é o prelúdio de Star Wars – Uma Nova Esperança (1977), o primeiro filme da saga Star Wars dirigido pelo próprio George Lucas, e um dos primeiros produtos de alto orçamento para o novo cânone. Fez um enorme sucesso em 2016.

Cassian Andor junto de Jyn Erso (Felicity Jones)
Um dos posteres de Rogue One
Andor Star Wars
Uma das timelines mais recentes da continuidade canônica d Star Wars, já com Andor incluso

A série de Cassian Andor foi anunciada no final de 2018, inicialmente capitaneada pelo showrunner (figura executiva no jargão televisivo americano, cargo próprio de lá) Stephen Schiff, que tem uma série sensacional no longo currículo, The Americans (2014-2018).

Ele também escreveu Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme (2010), continuação do clássico oitentista, e Lolita (1997), uma das adaptações mais famosas do livro de Vladimir Nabokov.

Um produtor e escritor muito bom, mas sem qualquer bagagem nessa galáxia, muito, muito distante. Mas com a vinda de Tony Gilroy, tudo mudou. E com certeza para melhor.

Andor e Tony Gilroy

Tony Gilroy é Andor, como se nota facilmente pela bagagem que ele trouxe à série. Ele escreveu filmes como Advogado do Diabo (1997), com Keanu Reeves, Charlize Theron e Al Pacino (esse como um dos diabos mais famosos das telonas) e a trilogia de espionagem Identidade Bourne (2002), Supremacia Bourne (2004) e Ultimato Bourne (2006). Esses três filmes foram inovadores e revolucionaram o gênero de ação nos cinemas — e outros filmes escritos por Tony na mesma época carregam a mesma cinética e estilo, como Michael Clayton (2007) e Duplicidade (2009), filmes que, aliás, também foram dirigidos por Gilroy.

Ele ainda escreveu os filmes Intrigas de Estado (2009) e Beirute (2018), esse no qual também foi diretor. Em TV, ele foi consultor da premiada série House of Cards (2013-2018), em 26 episódios.

Andor Star Wars
Tony Gilroy

No universo de Star Wars e Andor, Tony Gilroy surge já com Rogue One em andamento (!).

O filme, dirigido por Gareth Edwards sofria com as alterações de roteiros. A história original de John Knoll e Gary Whitta já tinha sido revisada por Chris Weitz, mas ainda não era considerada boa.

Apenas com Tony Gilroy que o filme andou, ficando bem diferente do que já tinha sido mostrada inclusive em trailers, que têm varias cenas que não entraram no corte final.

Arte promocional de Rogue One com uma das cenas que não entraram no corte final do filme

Ou seja, o que Tony escreveu, foi rearranjado para caber em Rogue One, e inclusive ele dirigiu algumas delas.

E qualquer coisa que tinha sido feita antes, no produto final, a despeito do que poderia ter sido, ficou bom. Tão bom que Rogue One só perde para o melhor filme da franquia, Star Wars – O Império Contra-ataca.

STAR WARS O IMPÉRIO CONTRA-ATACA | 40 anos sob o império de melhor filme da saga

Em Andor, temos Diego Luna como Cassian Andor, o protagonista, que já conhecemos de Rogue One. Ele é acompanhando por um elenco afiado e estelar como a franquia, a começar com Stellan Skarsgård como Luthen Rael, um empresário mercador de antiguidade que é muito mais do que aparenta, e Genevieve O’Reilly como a senadora Mon Mothma.

Andor Star Wars
Luthen se mostra um dos personagens mais interessantes em Andor e no universo Star Wars

Luthen é o personagem mais dramático e com peso na série, já que tem que realizar o trabalho sujo, custe o que custar. Ele lidera os planos dos rebeldes e procura ajuda até de Saw Guerrera (Forest Whitaker, já visto em Rogue One), um dos mais ferrenhos e terríveis inimigo do Império.

Saw Guerrera é amigo de Luthen. OU seria aliado relutante?

Mothma já conhecemos na trilogia original da franquia (interpretada por Caroline Blakiston), uma das líderes da Aliança Rebelde, mas com Genevieve já (não) aparecendo em Star Wars – Episódio 3 – A Vingança dos Sith (2005), ainda como senadora, em uma cena deletada, e Rogue One (2016), já como figurona entre os Rebeldes, fora dezenas de games e séries.

A senadora Mon Mothma

Mothma e Luthen são as duas forças motrizes que tentam construir uma rebelião contra o Império. Ela muito mais, dada sua posição na alta política imperial.

E ela tem muito a perder nas escolhas que faz e não faz, como vemos em One Way Out (01×10), quando ela se encontra com o banqueiro do crime Davo Sculdun (Richard Dillane). É esse tipo de situação que borra completamente a fronteira entre o bem e o mal.

Andor Star Wars
Mothma e Vel (Faye Marsay). Elas são primas e tentam construir uma rebelião que se sustente

A senadora é casada com Perrin Fertha (Alastair Mackenzie), e aparentemente vivem apenas para a filha Leida (Bronte Carmichael).

Não apenas diálogos e situações, temos elas aliadas a boas escolhas narrativas e de montagem. A série tem no décimo episódio — são 12 ao todo — esse episódio que sintetiza Andor para Star Wars.

Só a fuga da prisão em Narkina 5, que já seria interessante o suficiente para segurar o visual e curiosidade da fuga, mas ele ainda amarra em outra cena tão poderosa quanto.

Andor Star Wars
A fuga da prisão é uma das sequencias mais legais do seriado

A justificativa de Luthen em usar todos os recursos e armas possíveis para derrotar o Império.

Luthen e o Supervisor Lonni Jung (Robert Emms) que, descobrimos aqui, é um agente rebelde infiltrado no Império, tem uma conversa sensacional a respeito de sacrifício.

Desisti de ter paz interior. Fiz da minha mente um espaço sem sol. Eu compartilho meus sonhos com fantasmas. Eu acordo todos os dias com uma equação que escrevi 15 anos atrás da qual só há uma conclusão. Estou condenado pelo que faço.

Minha raiva, meu ego, minha falta de vontade de ceder, minha ânsia de lutar, me colocaram em um caminho do qual não há escapatória. Eu ansiava por ser o salvador contra injustiças sem contemplar o custo, e quando olhei para baixo, não havia mais chão sob meus pés…

Qual é meu sacrifício? Estou condenado a usar as ferramentas do meu inimigo para derrotá-lo, incendeio minha decência pelo futuro de outra pessoa, incendeio minha vida para fazer o nascer do sol que sei que nunca verei…

e o ego que deu início a toda essa luta nunca terá um espelho, uma plateia ou a luz da gratidão.

Então “o que eu sacrifico”?

Eu sacrifico a minha vida

– Rael, Luthen

Luthen entrega um dos mais poderosos diálogos de Star Wars em Andor

O núcleo de vilões é outro deleite, com atores caindo muito bem em seus papéis. O Major Partagaz (Anton Lesser), líder do Imperial Security Bureau (ISB), a oficial Dedra Meero (Denise Gough), da mesma organização, e novato Syril Karn (Kyle Soller), que deseja acima de tudo ascender na burocracia do Império.

Denise Gough se mostra incrível e irascível como a oficial Dedra. Uma autêntica nazifascista

Partagaz profere cada palavra que diz com intenção lógica e precisa, sem nenhum espaço para contestação.

Dedra mostra o poder da ambição na escalada imperial, ainda mais com o resultado de análises inteligentes e esforço redobrado nos serviços.

E Syril compartilha da mesma vontade, ainda que se mostre mais humano, a ponto de ser um vilão que mora com a mãe (!).

O Major Partagaz lidera os oficiais do ISB

O Imperial Security Bureau (“Departamento de Segurança Imperial”, em tradução livre), também chamado de Imperial Security Office ou Imperial Secret Service, é, com efeito, o Serviço Secreto do Império. Portanto, não há inimigo mais bem posicionado para os futuros Rebeldes.

O ISB está na procura de Andor e de alguém a quem nomeiam “Eixo”, que lidera as ações rebeldes

O ISB é uma agência secreta de agentes imperiais, com recursos de inteligência e poderio militar à vontade. Como Partagaz mesmo diz, o objetivo da ISB não é segurança. É tratar a doença e os sintomas, encontrar os germes (Rebeldes) e matá-los antes de crescerem e saírem para fora do corpo (Império).

Foi uma grata surpresa o ISB ser escolhido para aparecer em Andor, já que a organização já existia há bastante tempo em Star Wars.

Ela surgiu no livro Imperial Sourcebook, escrita por Greg Gorden, publicada pela editora West End Games como parte do projeto literário de RPG Star Wars: The Roleplaying Game, em 1989.

O ISB já tinha aparecido no livro de RPG de Star Wars, lançado em 1989

E tal agência se mostra como uma de várias outras, todas sob o guarda-chuva da Commission for the Preservation of the New Order (COMPNOR), ou “Comissão para Preservação da Nova Ordem”.

Se é possível que a Disney traga mais da obra?

Tudo depende de como Andor vai tratar esse submundo sombrio de intrigas políticas, espionagem e rebeldia.

Mon Mothma no Senado Galáctico
O visual da série é bem legal e entrega detalhes de maquinários que passam rápido demais nas telonas

O chão sujo e a espionagem política de Star Wars em Andor

Em um dos primeiros rascunhos do roteiro original de Rogue One, John Knoll tinha estabelecido fazer ligações com algo que seria da Star Wars: Underworld, mostrando o Diretor Orson Krennic como um agente duplo, servindo ao Império e também aos Rebeldes, como contato direto de Jyn Erso, uma heroína relutante, e Willix Cree, chefe da Imperial Security Bureau.

A ideia foi retrabalhada por Gary Whitta e Tony Gilroy a limou por completo.

Todo esse mood sombrio e terrível, nos submundo criminoso, nas cúpulas de espionagem e missões de agentes secretos, já tinha sido rascunhada em uma série de TV que seria produzida nos anos 2000.

Star Wars: Underworld era para ser uma série live-action que se passaria no período após Star Wars – Episódio 3 – A Vingança dos Sith e Star Wars – Episódio 4 – Uma Nova Esperança (exatamente a mesma que Rogue One cobre um pouquinho).

George Lucas já disse em entrevistas que teve 50 scripts produzidos, além de designs e artes conceituais feitas, mas o projeito nunca saiu disso.

Parte da obra foi mitigada em outros trabalhos, que também não viram a luz do dia, como o videogame cult Star Wars 1313, que seria um jogo de aventura que se passaria no submundo criminal de Star Wars, e contaria a juventude de Boba Fett e como ele adquiriu seu status de caçador de recompensas renomado.

No mundo mecanizado de Coruscant, o planeta-capital do Império/República, o nível 1313 é o local mais perigoso e onde a escória do universo se esconde. O jogo foi anunciado na E3 2012.

Coruscant, a capital imperial e da galáxia

Em dezembro de 2015, a presidente da Lucasfilm, Kathleen Kennedy chegou a dizer que os conceitos do game Star Wars 1313 eram sensacionais, juntamente com os rascunhos iniciais de Star Wars: Underworld, e que isso poderia ser melhor aproveitado em projetos futuros.

O tal nível 1313 chegou a aparecer em um episódio do seriado animado Star Wars – Clone Wars, com a Jedi Ahsoka Tano visitando o local.

Andor tem um carinho especial por Bix Caleen (Adria Arjona), a qual ajuda sempre que pode.

Ele foi criado por Maarva Andor (Fiona Shaw) ainda bastante jovem, quando levado de seu planeta natal. As duas são o eixo que move Andor, o que fica explícito no episódio final, com o rapaz usando o destino de uma para dar jeito na outra.

Bix tem uma relação bem íntima com Andor

O discurso de Maarva inflama os residentes de Ferrix, o planeta que ela e Andor fixaram moradia. Ela atinge até Luthen, que junto com Vel (Faye Marsay) e Cinta (Varada Sethu), ex-colegas de Andor assalto ao planeta Aldhani, estavam ali para matar o cara, a fim de que nenhuma ponta solta restasse sobre o que aconteceu no planeta Aldhani.

Andor também é sobre mães, como se vê com Andor e Maarva, Mothma e Leida, Syril e Eeedy (Kathryn Hunter).

E é nesse balé das palavras que só uma mãe pode fazer que uma revolução começa. A ação atinge seu ápice com Brasso (Joplin Sibtain), o jovem Wilmon (Muhannad Bhaier), as filhas de Ferrix (companheiras de Maarva em uma espécie de clube social do lugar) e até B2EMO (Dave Chapman), o simpático robôzinho, muito afeiçoado à Maarva e Andor, dando início a uma revolta contra o Império.

Sobra até para Dedra e Syril, que tem que salvar a oficial da morte certa. O final tem um quê de anticlimático por não ser épico como os carnavais das outras séries, mas funciona exatamente do jeito que deveria.

A rebelião nasce da cultura, da música, do encadeamento e união dos comuns, de cidadãos simples, mostrado de modo metafórico na cerimônia de enterro de Maarva. O Império só vê ferrugem na engrenagem social onde pisam, mas há mais.

Andor Star Wars
A cerimônia fúnebre de Maarva faz explodir a rebelião

Destaque para o manifesto escrito por Nemik (Alex Lawther), outro colega de Andor no assalto a Aldhani, que finalmente descobrimos aqui em detalhes um trecho que já justifica todo o hype da série.

Haverá momentos em que a luta parecerá impossível. Eu já sei disso. Sozinho, inseguro, diminuído pelo tamanho do inimigo.

Lembre-se disto, a liberdade é uma ideia pura. Ocorre espontaneamente e sem instrução. Atos aleatórios de insurreição estão ocorrendo constantemente em toda a galáxia. Há exércitos inteiros, batalhões que nem imaginam que já se alistaram na causa.

Lembre-se de que a fronteira da Rebelião está em toda parte. E mesmo o menor ato de insurreição empurra nossas linhas para frente.

E então lembre-se disto: a necessidade imperial de controle é tão desesperada porque é tão antinatural. A tirania requer esforço constante. Ela quebra, ela vaza. A autoridade é frágil. A opressão é a máscara do medo.

Lembre-se. E saiba disto, chegará o dia em que todas essas escaramuças e batalhas, esses momentos de desafio terão inundado as margens da autoridade do Império e então serão demais. Uma única coisa quebrará o cerco.

Lembre-se disso: tente.”

A criação de Tony Gilroy se equipara à Rogue One, e podemos ver aqui em Andor o que ele realmente conseguiu fazer no filme spin-off de Star Wars, de modo muito mais evidente.

Também reparem na brilhante combinação do design de produção de Luke Hull, a trilha sonora de Nicholas Britell e dos figurinos de Michael Wilkinson — diferente das outras séries live-action de Star Wars, em Andor temos a construção de cenários práticos sempre que possível.

Andor Star Wars
Um piloto imperial entrando em seu TIE-Fighter

Tudo em harmonia, sendo que o CG mais escancarado fica a cargo apenas na espetacular cena pós-créditos, quando descobrimos o que Andor e os outros prisioneiros produziam em Narkina-5 e sua função.

Andor é a Força viva da criatividade em Star Wars.

Andor Star Wars

 

/ CATALYST. Se Rogue One é uma prequel de Uma Nova Esperança, o livro Catalyst: A Rogue One Novel é a prequel do filme, mas pouco conversa com a série de Andor em Star Wars. O livro escrito por James Luceno, lançado em 2016, logo junto com o filme, e trata muito mais de outro núcleo do filme. No caso, a complexa relação dos amigos Galyn Erson, um cientista dos mais proeminentes e Orson Krennic, um militar imperial que alcançaria um dos postos mais elevados do ISB, o de Diretor.

Estrela da Morte

/ OBI-WAN KENOBI. A série se passa uns 5 anos antes de Andor na complexa cronologia Star Wars de filmes, séries animados, live-actions, livros, HQs e videogames integrados.

De uma premissa poderosa, que trataria o reencontro de Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker como Darth Vader, a obra foi decepcionante em todos os sentidos. Mas algumas cenas foram memoráveis, como Darth com a máscara partida, o primeiro vislumbre de semblante desfigurado.

Grande momento da série, quando temos um vislumbre da cara desfigurada de Darth Vader
Obi Wan encontra um Clonetrooper mendigo

/ O LIVRO DE BOBA FETT. Esse caso foi pior ainda. Transformaram o mais notório caçador de recompensas da galáxia em um mafioso bonzinho. Enorme potencial desperdiçado. A volta do personagem foi esperada por anos, desde que ele “morreu” no segundo filme da franquia em 1980, e a série O Mandaloriano, em sua segunda temporada, o trouxe, com enorme expectativas do que viria. Veio nada.

Ao menos teve um bom confronto com outro caçador de recompensas, Cad Bane. A série é uma das maiores decepções na mão da Disney com Star Wars, um erro criativo monstruoso de construção de personagem, de legado e mesmo com aparições do Mandaloriano (Pedro Pascal), Ahsoka (Rosario Dawson na versão live-action!) e até o próprio Luke Skywalker (Mark Hammil, rejuvenescido por computador).

Um dos momentos mais esperados de Star Wars, o retorno de Boba Fett

Há boas cenas no seriado de Boba Fett, mas alterar a essência do personagem se mostrou um erro
O personagem derivado, Mandaloriano, se mostra bem mais interessante
Cad Bane, um dos mais temidos caçadores de recompensas da galáxia, tem um duelo de faroeste bem legal com Boba Fett

/ CHERNOBYL. Provavelmente a melhor série dos anos 2010, Chernobyl, lançada pela HBO em 2019, teve três atores que também estão em Andor: Stellan Skarsgard, Alex Ferns e Robert Emms.

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