Pole Position é um desenho animado de ação e aventura lançado em 1984, e mesmo com apenas 13 episódios, teve um impacto significativa na cultura pop. Ele foi inovador ao introduzir tramas mais sofisticadas em produtos infantis, popularizou a técnica de animação da rotoscopia e foi uma das primeiras séries de desenhos animados a serem baseadas em um videogame.
E como grande parte da produção na época, contou com uma música de abertura feita pelo músico israelense Shuki Levy, artista que faz a maioria das trilhas sonoras em tantos desenhos animados dos anos 80 e 90 que eles com certeza fazem parte da infância para quem os assistiu sem eles saberem.
O desenho de Pole Position tem uma das melhores aberturas dos desenhos animados e sua música marcante é um chiclete-clichê de synth pop oitentista de primeira, que já entrega todo o mood da série: dinâmica, atraente, moderna e jovem.
O jogo no qual foi baseado o desenho foi um dos mais famosos de sua geração. Pole Position, produzido pela softhouse Namco, simulava uma corrida de F-1, no que consistia em um carro concorrendo contra diversos veículos numa série de competições.
O que era um sucesso para os videogames não era uma boa premissa para um desenho animado, então, os produtores tiveram que criar personagens e aperfeiçoar mais a história.
Com isso ganhamos as aventuras dos 3 irmãos Darret — Tess, Dan e Daisy — a procura do pai desaparecido, ao mesmo tempo que ganham a vida de 2 jeitos: pilotos em apresentações acrobáticas com carros e agentes de uma organização secreta contra o crime.
O desenho tratava então de mostrar eles nas mais variadas missões, onde recebiam a ajuda das verdadeiras estrelas do seriado: dois computadores falantes, Wheels e Rodão, que ajudavam a controlar os veículos que dirigiam.
Pole Position, o desenho animado
A indústria de desenhos animados americanos dos anos 1980 teve um impacto significativo na cultura pop em várias formas, incluindo nos quadrinhos e no cinema. Além disso, a estética dos desenhos animados dos anos 80, incluindo a ênfase em cores brilhantes, personagens e ambientes altamente estilizados e designs criativos relacionados ao mundo da tecnologia (que experimentava uma revolução do analógico pro digital) também influenciaram a produção de filmes de ação ao vivo e efeitos especiais.
Em 1984, a indústria de desenhos animados americana estava em plena expansão, com diversas produções populares sendo exibidas na TV e nos cinemas. Algumas das séries animadas de maior sucesso na época eram Os Smurfs, Transformers, He-Man e os Mestres do Universo, She-Ra, a Princesa do Poder, G.I. Joe: A Real American Hero (mais conhecido como Comandos em Ação, no Brasil), Os Jetsons, Os Flintstones, Super Amigos e DuckTales: Os Caçadores de Aventuras. Essas séries foram amplamente assistidas e amadas pelo público, e algumas delas ainda são lembradas e apreciadas até hoje.
Pole Position, o desenho animado, foi lançado em 1984, apenas dois anos depois que a Namco tinha publicado o game. A deia era que um impulsionasse o outro, ainda que eles não tenham nada em comum, já que o videogame era apenas uma corrida de Fórmula 1.
A trama de um rapaz e uma moça que usavam carros especiais equipados com tecnologia avançada para combater o crime e resolver mistérios atraiu uma nova audiência de jovens fãs, que puderam acompanhar uma obra mais sofisticada, cheia de tramas de espionagem, suspense e corridas ao som do melhor synth pop dos anos 80.
Na nova história apresentada para o desenho animado de Pole Position, temos os irmãos Darret a procura do pai, desaparecido após uma explosão durante uma corrida. Entre suas apresentações como dublês e disputas nas pistas, no “Show de Acrobacias Pole Position”, Tess, Dan e Daisy combatem o crime (!) trabalhando para uma organização secreta chamada…Pole Position (bela maneira de se manter secreta, hein?).
Para ajudá-los, contam com 2 veículos de alta tecnologia, dotados de inteligências artificiais. Um se chama Roadie (a tradução adotada no Brasil foi “Rodão”, talvez para criar um trocadilho com a pronúncia no inglês original) e o outro é Wheels (esse sim seria “rodas”, numa tradução correta, mas preferiram deixar como no original).
Um Ford Mustang 1965 vermelho e preto leva Wheels, o mais formal das IAs. Ele foi o primeiro a ser criado, por isso mesmo acha que já está velho demais para toda essa ação, piada recorrente no seriado, além de ser o computador mais reclamão. Ele é o parceiro de Tess, a líder do trio, algo inovador no contexto oitentista da cultura pop.
Tess era inteligente e sagaz, ao contrário do irmão Dan, esquentado e impulsivo. É ele quem faz as acrobacias mais arriscadas nas apresentações. Rodão está no carro que pilota, um modelo original da Pole Position, um protótipo Coupe azul de linhas futuristas, e era mais irônico e engraçadinho.
Eles “moram” em uma enorme carreta que também serve de garagem para os dois carros. Tess divide a direção com Dan na maior naturalidade, óbvio. Vários episódios mostram uma animação mais moderna e com efeitos, graças aos efeitos computadorizados da época.
Rodão e Wheels eram o grande charme da série, e seus “módulos“, caixas de CPU das IAs, podiam ser removidos dos painéis e transportados. Esses módulos ficavam na parte do painel acima do câmbio e tinham telas onde eles apareciam com os rostos desenhados, conversando com os pilotos. Eles apresentavam diversos recursos, como esquis-aquáticos, jatos que faziam os veículos até flutuar, armamentos e outras bugigangas.
Todos eles atuavam sob coordenação do Dr. Zachary Darrett, tio dos irmãos Darret, que pegou os jovens para criar depois da morte do irmão.
Havia também a mascote do grupo, um bicho estranho chamado Faísca (Kuma, no original), meio gato meio macaco, que não desgrudava de Daisy.
Antes de cada episódio, tínhamos uma abertura que resumia o mood da série de modo nada menos que perfeito.
A canção-título é de Shuki Levy, um músico israelense-americano. De He-Man (1983) a She-Ra (1985), de Inspetor Bugiganga (1983) a Jayce e os Guerreiros do Espaço (1985), de Galaxy Rangers (1986-1989) a X-Men (1992-1997), ele foi o cara que povoou sonoramente a infância e adolescência de quem assistiu desenhos animados nos anos 80 e 90.
A lista é longa e praticamente impossível de reproduzir. Seus primeiros trabalhos foram as adaptações americanas dos animes Mitsubachi Mâya no bôken e Time bokan (1975), e a primeira produção americana foi Sectaurs (1979).
Levy foi um pioneiro no uso de sintetizadores e tecnologia digital para criar música, e suas trilhas sonoras ajudaram a popularizar o uso de música eletrônica na indústria cinematográfica e de televisão.
O músico também fundou a Saban Entertainment, uma empresa de produção de televisão que criou muitas séries populares na década de 1990 a partir de obras originalmente japonesas, sendo a mais famosa os Power Rangers.
O trabalho de Shuki Levy teve um impacto significativo na indústria de desenhos animados e na música, influenciando a forma como a música é criada e usada na televisão e no cinema.
Suas trilhas sonoras memoráveis ajudaram a definir a infância de muitas pessoas ao redor do mundo e seu legado continua a inspirar e influenciar músicos e criadores de mídia até hoje.
Seu trabalho pode ser encontrado em desenhos animados como Mulher-Aranha (1981), a adaptação americana de Urusei Yatsura (1982), a versão animada de Punk Brewster (1985), as versões baixa-violência dos ícones brucutus Rambo (1986) e Robocop (1988), a série animada mais famosa do Homem-Aranha (1994), Hulk (1996) e dezenas de outros. Ele lançou vários singles de músicas autorais no mercado musical francês também.
O Internet Movie Database dá 167 créditos de composição, 55 de trilha sonora, 36 de música e muitos outros para Levy.
Além de fazer a música da maior parte dos trabalhos citados pelos outros profissionais que trabalharam em Pole Position (veja logo abaixo), Shuki também fez as músicas, escreveu e dirigiu séries dos tokusatus (seriados japonesas live-action com personagens em aventuras contra monstros malignos) adaptados pela Saban (empresa de Haim Saban, seu parceiro nas composições musicais também) para o mercado americano, como a já citada franquia Power Rangers (foi ele quem escreveu Go Go Power Rangers, música mais icônica da série), além de dirigir Masked Rider (argh) e VR Troopers (arrghh!). É. Ninguém pode ser perfeito mesmo.
A música-tema
(parte falada: From now on/Like your parents were/You are the secret force of Pole Position)
They’re movin’ real fast
They’re the only ones
Who can get there on time
(parte falada: Let’s go Dan, okay sis’)
They’re never too far behind
They’re always fighting crime
(parte falada: It’s stunt time, Dan/Ready when you are, Rhodie)
Undercover
And facing adventure
In the danger zone
Pretty soon
They’ll be off on a mission
Come and watch them go!
(parte falada: Hydrofoil mode, Rhodie/Hydrofoil engaged dan)
Pole position! What’s behind this stunt show
(parte falada: hovercraft, quick!/Anything you say tess!)
Pole position! Only their uncle knows!
Pole position! Just sit back and watch them go-oo-oh
Hey-o hey-o hey-o hey-o hey-o
Ainda no mundo da música em Pole Position, a voz original de Wheels é do músico Melvin Franklin, que cantou na banda The Temptations (1960-1994), uma das bandas mais clássicas de R&B, soul, funk psicodélico e soul da gravadora Motown Records, nos EUA. É impossível que você não tenha ouvido a canção My Girl deles.
O single de My Girl foi lançado em 1964, foi um estouro de vendas e é parte do disco The Temptations Sing Smokey (1965).
A dublagem no Brasil também merece destaque. Feita pelo estúdio Herbert Richers, do Rio de Janeiro, Pole Position teve as vozes de Armando Braga em Dan; Guilene Conte era a Daisy; Tess era Ângela Bonatti; o Dr. Zach Darret era Dario Lourenço; e os carros eram interpretados por Márcio Simões como Rodão, e Francisco José como Wheels.
Os desenhos animados de aventuras com carros foram pioneiros em usar personagens como veículos para vender brinquedos, roupas e outros produtos. Isso levou a um aumento significativo no uso de merchandising (product placement, termo americano para a veiculação da marca na própria mídia (no caso, dentro do próprio desenho animado).
Para criar desenhos animados de alta qualidade, muitos concepts de carros utilizaram tecnologia mais avançada, como animação por computador e desenhos gerados com mais frames de animação.
Isso permitiu que os estúdios criassem obras mais realistas e emocionantes. E essas aventuras com carros geralmente apresentavam histórias mais complexas e elaboradas do que os desenhos animados anteriores. Isso aumentou a importância da narrativa.
Antes dos anos 80, a maioria desses desenhos animados infantis eram voltados para crianças em idade pré-escolar e tinham um estilo de animação mais simples e infantil. No entanto, com o sucesso de desenhos animados como Speed Racer (1967-1968) e Transformers (1984-1987), os estúdios de animação começaram a investir em produções mais complexas, com tramas elaboradas e personagens mais desenvolvidos, e Pole Position foi reflexo de tudo isso.
Os desenhos animados de aventuras com carros também ajudaram a estabelecer a prática de produzir desenhos animados baseados em brinquedos e outros produtos licenciados, uma estratégia de marketing que continua a ser usada até hoje.
Além disso, esses desenhos ajudaram a estabelecer a popularidade dos heróis adolescentes, que lutam contra o mal enquanto enfrentam as pressões e desafios dessa época da juventude. Esses personagens foram particularmente populares entre os jovens espectadores e ajudaram a mudar a percepção dos desenhos animados como algo exclusivamente para crianças.
O imenso sucesso do seriado live-action A Super Máquina (1982-1986) com certeza foi uma das influências. A história acompanhava Michael Knight (David Hasselhoff), que trabalhava para uma fundação misteriosa e utilizava um carro inteligente chamado KITT (Knight Industries Two Thousand) para lutar contra o crime.
Embora os dois programas tenham características semelhantes, como os carros avançados e uma trama de ação, eles são independentes um do outro e não compartilham personagens ou história.
A série de Pole Position é uma produção franco-americana, co-criada pelo produtor francês Jean Chalopin e produzida pela empresa americana de animação DiC Entertainment e japonesa MK Company. A ideia original de Pole Position, segundo um dos criadores, o escritor Michael Reaves, era mostrar os Darret viajando o mundo atrás de pista do pai desaparecido, um espião de carreira bem misteriosa.
Jean Chalopin foi o produtor executivo de outros desenhos de sucesso, como O Inspetor Bugiganga (1983-1985), Kissyfur (1985-1986), Popples (1986-1987) e Jayce e Os Guerreiros do Espaço (1985) — todos com música de Levy — entre dezenas de outros.
Para Jayce, Shuki Levy foi com um heavy metal pop muito bem feito.
Michael Reaves, além de escrever Pole Position, também trabalhou em diversos episódios de Batman: A Série Animada (1992-1995) — simplesmente a melhor obra do Homem-Morcego fora dos gibis –, Caverna do Dragão (1983-1985), Tartarugas Ninjas (1988-1990), o inovador Gárgulas (1992-1996) e os filmes Batman: A Máscara do Fantasma (1993) e Batman – O Mistério da Mulher Morcego (2003), além de dezenas de outros. Seu primeiro trabalho foi em um episódio de A Poderosa Isis (1975), um spin-off da série do Capitão Marvel (o da DC Comics).
Outros escritores da série foram Marc Scott Zicree, Ted Pedersen, Rowby Goren e Chuck Lorre. Esse úlltimo também escreveu diversos outros desenhos animados, como Defensores da Terra (1986-1987), que reunia diversos personagens famosos das tiras de quadrinhos, como Flash Gordon, Fantasma e Mandrake (a produção estreou junto com Pole Position).
Ele ficaria famoso mesmo ao criar o seriado Two and Half Men (2003-2015), co-estrelado por Charlie Sheen, uma das séries mais celebradas da TV.
O character designer dos personagens de Pole Position é Jesse Santos, um artista filipino. Outra influência significativa de Pole Position foi a popularização da rotoscopia, técnica em que os animadores desenham os personagens sobre cenas filmadas de atores reais, criando animação com movimentos muito realistas e fluidos.
O uso extensivo da rotoscopia em Pole Position ajudou a estabelecer um novo padrão de qualidade para a animação de desenhos animados de ação e aventura.
O mechanical designer da série (para os veículos e equipamentos hi-tech) foi de Shinji Aramaki, que também fez o mesmo em M.A.S.K. (1985-1986) — Levy, Reaves, Lorre e Chalopin trabalharam aqui também –, As Novas Aventuras de He-Man (1990-1991) — Levy, Reaves, Lorre e Chalopin trabalharam aqui também, o que é uma pena, pois é uma obra bem ruim do He-Man –, o anime Wolf-s Rain (2003-2004), o filme animado do anime Naruto O Filme: A Grande Missão! Salvar a Princesa da Neve (2004) e dezenas de outros.
Para M.A.S.K., Shuki Levy foi com um power pop muito legal.
Ele também fez a arte do filme animado Appleseed – Ex Machina (2007), o qual também dirigiu, igual Fullmetal Alchmist: Brotherhood (2009-2010) e Blade Runner: Blecaute 2022. Aramaki dirigiu recentemente Blade Runner – Black Lotus (2022).
Os 13 episódios de Pole Position:
1- O Código (The Code)
O primeiro episódio é cheio de ação, com um agente renegado da Pole Position, Greg Dumont, antigo casinho de Tess, dando uma canseira nos irmãos quando é contratado por um criminoso para roubar os códigos de controles do Rodão e Wheels. Mas nem tudo é o que parece.
O encerramento do episódio é tão fora do padrão que merece ser visto por si só, um exemplo de destaque feminino sem igual na época.
2- O Desaparecimento de Pandora (The Canine Vanishes)
Na Florida tem uma cadela chamada Pandora que carrega uma importante vacina, e a equipe da Pole Position precisa protegê-la.
3- A Galinha que Sabia Demais (The Chicken Who Knew Too Much)
Um tesouro escondido cujo segredo está nas mãos de um arqueólogo e um…frango.
4 – Estranhos no Gelo (Strangers on the Ice)
Um satélite cai em uma montanha e a equipe tem que chegar lá primeiro antes de espiões industriais. O Wheels quase morre aqui, quando o carro estava prestes a cair em uma ribanceira, mas Tess o salva. Dan começa a fraquejar na hora de dirigir depois de uma manobra que deu ruim com seu carro, bem inovador ao mostrar a fragilidade de um protagonista assim.
5 – A Corrida (The Race)
A Pole Position tem que participar de uma corrida para descobrir mais sobre um contrabando de chip, que está escondido dentro de um videogame.
6- Os Quadros Cortados (The Thirty-Nine Stripes)
Dentro de um museu, um quadro pintado esconde o diagrama de um chip avançadíssimo. Foi assim que um espião em um “país inimigo”. Qual será, hein? anos 1980, Guerra Fria, algum palpite?
7 – O Rapto de Faísca (The Thirty-One Cent Mystery)
Uma trama inusitada envolvendo um ídolo de diamante roubado e escondido dentro das feições de Thomas Jefferson, no Monte Rushmore, no estado da Dakota do Sul, aquele onde foram esculpidos as feições de alguns presidentes dos Estados Unidos. Destaque para tietes no show da Pole Position. Dan pensou que as meninas o queriam, mas era de Tess quem elas curtiam.
8 – Disque M para Mágica (Dial M for Magic)
Em uma estranha cidade, os irmãos se veem nas mãos de um perigoso ilusionista. Zoltan, em busca de uma grande quantidade de ouro enterrado. O título faz referência direta a um clássico do suspense do cineasta Alfred Hitchcock, Disque M para Matar (1954).
9 – O Caso do Ursinho (The Bear Affair)
Um ursinho de pelúcia é a primeira pista de um mistério envolvendo o engenheiro Joe Curry, o criador das IAs de Rodão e Wheels. Vemos também aqui os talentos de Tess como mecânica.
10 – Pega Ladrão! (To Clutch a Thief)
Dan e Tess vão para Beverly Wood, a cidade onde nasceram, participar de uma festa de carnaval típica que acontece em intervalos de 25 anos. Tess é a Rainha da Festa, mas uma família ressentida causa problemas com o fato dela ter sido escolhida.
11 – O Segredo (The Secret)
Uma mina de ouro em uma cidade afastada controlada por um xerife corrupto é o problema a ser resolvido pelos irmãos. Primeira vez que um perigo real envolvendo um agente da lei é mostrado na série.
12 – O Quebra-Cabeça (Shadow of a Trout)
O Dr. Zach desaparece sem deixar pistas, e a equipe do Pole Position tem que descobrir o que houve. É o primeiro encontro “ao vivo” deles, ocasião que os irmãos descobrem a condição especial física do tio (quer saber mais? assista a série, ué).
13 – O Maremoto (The Trouble with Kuma)
O último episódio de Pole Position é sobre uma misteriosa ilha tropical onde vive o cientista Dr. Mark Lungo, o criador de Faísca, que está sendo ameaçado por ladrões, interessados em suas pesquisas.
No Brasil, Pole Position foi exibido entre os anos 1980 e 1990 pelo SBT, dentro de vários programas infantis da emissora. A última vez foi no Sábado Animado, entre 1997 e 1998.
O WildBrain Studios conseguiu os direitos de veiculação da série e disponibilizou de graça o desenho animado de Pole Position no YouTube. Veja os 13 episódios.
Pole Position, o videogame original
O início da década de 1980 teve uma explosão de interesse relacionada aos videogames. Além da venda de aparelhos e cartuchos, o mercado resolveu explorar tudo que a repercussão de alguns jogos poderia oferecer em termos de lucro.
Foi por isso que em 15 de setembro de 1984 a emissora CBS estreou a versão animada de Pole Position, para capitalizar ainda mais o sucesso do game.
Infelizmente, isso ocorreu logo depois do o crash de 1983, quando a indústria ruiu sob o peso de lançamentos desenfreados de uma imensa quantidade de jogos sofríveis, o que exauriu a capacidade de consumo do mercado.
Mesmo com a chegada do console caseiro de 8-bits da Nintendo, o Nintendo Entertainment System, ou simplesmente NES (ou “Nintendinho“, como ficou conhecido no Brasil), dito o salvador da indústria, o derivado animado Pole Position não sobreviveu aos impactos do crash e foi cancelado após 13 episódios.
Pole Position, o jogo da Namco, foi um dos mais importantes games da Era de Ouro dos Videogames. O game foi um imenso sucesso no Japão e foi o arcade mais popular do mundo em 1983.
Nos EUA, permaneceu no Top 5 até 1985. Além dos sistemas 2600, 5200 e 8-bits do Atari, Pole Position foi lançado para os videogames Intellivision (Mattel), Vectrex (GCE) e os computadores DOS, Vectrex, ZX Spectrum, Commodore 64 e VIC-20 , TI-99/4A e BBC Micro (bastante popular no Reino Unido).
Ele foi o primeiro a ter traçados reais nas pistas, baseadas em circuitos verdadeiros, onde o jogador controla um carro de Fórmula 1. Ele tem que terminar a corrida de estreia entre 57 e 120 segundos para se qualificar para as próximas etapas — algo inédito para a época.
Uma vez que vence, entra em uma disputa com outros 7 carros em um campeonato. Pole Position também foi um dos primeiros jogos a usar uma placa de som personalizada para fornecer efeitos sonoros realistas, e estabeleceu uma série de convenções para jogos de corrida que se tornaram padrão na indústria, como o uso de uma perspectiva em primeira pessoa e uma interface de usuário que mostra informações de corrida, como tempo de volta e posição atual.
O jogo de Pole Position usou até merchandising de produtos como cigarros (algo proibido e mal-visto hoje em dia).
Os gráficos são bem coloridos, usam algo pseudo-3D, visão em terceira pessoa, esquemas de paralaxe de linhas e formas para criar sensação de profundidade com pontos que se distanciam e se aproximam etc.
Pole Position foi criado pelos designers Shinichiro Okamoto e Kazunori Sawano, que, na época, tomaram para si a missão de tentar fazer o game de corrida mais realista possível.
Sawano produziu Galaxian (1979), o primeiro da Namco, inivador jogo de “navinha” e o primeiro a trazer música-tema para a indústria e Time Crisis (1997), um dos melhores games de tiro (de pistola( dos videogames (lançamento exclusivo dos arcades e PlayStation, console de 32-bits de estreia da Sony), que introduziu a mecânica de se esconder abaixando o personagem.
Já Okamoto fez Tank Battalion (1980) antes de Pole Position e se notabilizou depois com o RPG Tales of Phantasia (1995), lançamento exclusivo para o Super Nintendo (console de 16-bits da BIG N) — um dos melhores já feitos para o console, que já tinham vários –, bem como outros Tales of.
A Atari fez bastante propaganda do game na época com toda essa sofisticação trazida. Ele o vendia como “unbelievable driving realism“, “um realismo de direção inacreditável”, em tradução livre. A Atari confiava tanto no game que fez propaganda de Pole Position até na MTV.
O sucesso de Pole Position ajudou a expandir a cultura dos videogames para além dos jogadores mais hardcore, atraindo um público mais amplo e ajudando a tornar os videogames uma forma de entretenimento mais mainstream. E isso que explica a chance dele aumentar seu escopo no desenho animado, se livrando das amarras para entregar algo mais criativo.
Essa mistura de profissionais interessados em subverter o formato da narrativa de desenho animado, expandindo temas para além do campo infantil, é o que joga destaque em cima do que Jean Chalopin e Michael Reaves fizeram com Pole Position.
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