O Rock in Rio, maior festival de música do Brasil, ensina os meandros na qual a política conduz o país.
Suas linguagens refletem parte do sistema, mesmo que o rock pareça lutar contra o sistema, ou que políticas se posicionem a favor de artistas.
O fato do Brasil ter uma de suas maiores vertentes e representantes na música sertaneja, e seus players e atores do mercado se escorarem no Governo — Municipal, Estadual e Federal –, ou que muitos roqueiro de hoje em dia sejam mais conservadores do que o atual Papa, diz muito sobre o cenário.
Ninguém vai a shows de rock para aprender algo. As pessoas vão para se lembrarem de algo que elas já sabem e sentem no fundo de suas almas.”
BRUCE SPRINGSTEEN
O rock é um estilo que se recusa a morrer, cadáver insepulto insistente.
O que interessa no rock vem de sua matriz negra, gay e contracultural, e não da apropriação misógina que o gênero sofre desde os anos 1970.
Parte do rock – exatamente a parte que atrai o “orgulho roqueiro” – virou uma ortodoxia, chata e despida de curiosidade, como toda ortodoxia.
O Brasil, apesar das influências discutíveis no meio, comemora o Dia do Rock.
Não existe nada mais brega.
Quando o rock virou assunto do Programa da Fátima Bernardes, dá para ver o que o estilo se tornou e o tipo de gente que comemora o tal dia.
Descanse em paz.
O ultimo choque que o rock causou no Brasil foi em 2018, quando Roger Waters, ex-Pink Floyd, se apresentou por aqui. O Brasil, definitivamente, é um lugar estranho.
O rock não é relevante politicamente por aqui desde os anos 70, mas vem um dos seus grandes dinossauros e ainda consegue fazer barulho mais alto do que os fascistas tupiniquins.
O rock não incomoda mais nem a mãe da gente, mas parece que Roger Waters ainda consegue chutar a bunda de extremistas e analfabetos musicais. Fala direto a um público que vem se tornando mais e mais reacionário a cada ano.
Arte tem que causar algum desconforto, senão é só entretenimento.
É disso que se trata o rock. O resto é Coldplay e Maroon 5.
Hoje, três ou quatro empresas controlam alguns dos maiores eventos musicais do mundo. Além do Lollapalooza, a Live Nation é dona do Bonnaroo, do Austin City Limits e do festival de música eletrônica EDC. A AEG Live é dona do Coachella, do Stagecoach e do Desert Trip. A SFX é dona de dois imensos festivais de música eletrônica, Tomorrowland e Electric Zoo, e comprou 50% do Rock in Rio. Isso foi o que o jornalista André Barcinski levantou em 2016. Vai saber como está agora.
Uma pena o jornalismo musical agora morto e enterrado não ter forças para soltar uma revista grande e com reportagens de fôlego sobre esse rolê.
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O rock é como o latim, é uma língua moribunda, velha, está acabada e realmente não tem mais nada a dizer. Caras em bandas de rock se vestem como se quisessem consertar seus eletrônicos. É como se eles estivessem falando uma língua oculta e é assim que deveria ser. Tem ironia, inteligência, criatividade, sexo e perigo. Você tem rappers tomando ácido e ficando loucos no palco, magros, cobertos de tatuagens, cabelo colorido maluco, roupas de grife, alguns deles usam vestidos… Não há mais um símbolo sexual no rock branco, porque não há sexo nele. É muito solipsista, introspectivo, é tudo eu, eu e eu. O rock está morto.”
BOBBY GILLESPIE
PRIMAL SCREAM
Os jovens do mundo não estão nem aí pro rock porque rock é a música de gente velha. Tudo que apela ao bom gosto dá sono.
O rock, aquele surpreendente, aquele que parece ter passado dos sons de instrumentos sem o filtro do senso comum e óbvio, sem o medo do novo ou do confronto, não mais existe.
Mesmo músicas ultra produzidas pelo marketing de laboratório de gravadoras, que entregam sempre o mesmo pop disfarçadinho de rock que pretende perigo e rebeldia, não engana mais como antigamente. Quem é especialista em enganar, bem, é obrigação de todos saberem. A nossa e velha e boa política.
1985
Há 35 anos, o Brasil fazia seu primeiro Rock in Rio.
E há 35 anos, o Brasil também estava em crise financeira e política.
Eleições diretas só em 1989, e esse angu aqui ó: o primeiro presidente civil desde o Jango teria que ser entre o Paulo Maluf — o que deixou a galera egressa da Arena, ACM, Marco Maciel e Aureliano Chaves tão raivosos que resolveram inventar o PFL, que se aliou ao PMDB para lançar Tancredo Neves e José Sarney como vice.
A eleição entre esses nomes foi na manhã do primeiro dia de apresentação do Rock in Rio, 11 de janeiro de 1985.
A economia, paralisada pela letargia e pau mole do comando da área, não andava nem decolava.
Igual como agora.
Rock in Rio 1, 1985
O Rock in Rio tem início pelas mãos do empresário brasileiro Roberto Medina. Originalmente organizado no Rio de Janeiro, de onde vem o nome, tornou-se um evento de repercussão mundial desde sua primeira edição.
O primeiro de todos aconteceu entre 11 e 20 de janeiro de 1985, em um terreno de 250 mil metros quadrados, próximo ao Rio Centro, em Jacarepaguá.
Os integrantes do Iron Maiden estavam na turnê World Slavery Tour 84/85, do disco Powerslave (1984), e tocaram para inacreditáveis 350 mil pessoas.
A banda foi a única estrangeira a fazer um único show, ao invés de dois.
O show foi incluído na versão em DVD do vídeo Live After Death.
Ozzy Osbourne veio promover seu disco de 1983, Bark at the Moon.
O contrato de Ozzy incluía uma cláusula proibindo-o de comer qualquer tipo de animal vivo no palco, em referência ao famoso episódio lendário no qual Osbourne decapitou um morcego a dentadas em um show de 1982 — na verdade, um fã atirou uma galinha no palco, e Ozzy a recolheu com vida e a deu para um de seus roadies.
Todos os integrantes do Queen concordam em qualificar aquela apresentação como uma das cinco mais emocionantes do grupo, e Freddie Mercury considerou a execução da canção Love of My Life como a melhor jamais feita pela banda.
Na época, o grupo inglês estava na turnê do disco The Works.
Rod Stewart, Scorpions, Yes e Whitesnake também marcaram presença. A banda liderada por David Coverdale foi chamada às pressas para o festival, no lugar do Def Leppard, que cancelou a participação devido aos atrasos na gravação do álbum Hysteria (que seria lançado em 1987), e tudo piorou com o grave acidente sofrido pelo baterista Rick Allen na noite do Ano Novo de 1985, quando teve o braço esquerdo amputado.
Em 11 de janeiro de 1985, 300 mil pessoas viram as apresentações do:
Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Erasmo Carlos, Ney Matogrosso
Em 12 de janeiro de 1985, 250 mil pessoas viram:
George Benson, James Taylor, Al Jarreau, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Ivan Lins
No dia 13 de janeiro de 1985, 110 mil pessoas assistiram o
Rod Stewart, Nina Hagen, The Go-Go’s, Blitz, Lulu Santos, Os Paralamas do Sucesso
No dia 14 de janeiro de 1985, 30 mil pessoas assistiram:
James Taylor, George Benson, Alceu Valença, Moraes Moreira
No 15 de janeiro de 1985, 250 mil pessoas viram:
AC/DC, Scorpions, Barão Vermelho, Eduardo Dusek. Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
No dia 16 de janeiro de 1985, rolou com 180 mil pessoas:
Rod Stewart, Ozzy Osbourne, Rita Lee, Moraes Moreira, Os Paralamas do Sucesso
E no dia 17 de janeiro de 1985, 70 mil pessoas viram:
Yes, Al Jarreau, Elba Ramalho, Alceu Valença
No dia 18 de janeiro de 1985, 250 mil pessoas assistiram:
Queen, The Go-Go’s, Eduardo Dusek, Lulu Santos, The B-52’s, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens
No dia 19 de janeiro de 1985, 280 mil pessoas viram:
AC/DC, Scorpions, Ozzy Osbourne, Whitesnake, Erasmo Carlos, Baby Consuelo e Pepeu Gomes
E no dia 20 de janeiro de 1985, 200 mil pessoas assistiram:
Yes, The B-52’s, Nina Hagen, Blitz, Gilberto Gil, Barão Vermelho
Rock in Rio 2, 1991
Em 1991, o líder negro da África do Sul, Nelson Mandela e o Papa João Paulo II visitaram o Brasil, que via o piloto Ayrton Senna conquistar seu terceiro título mundial de Fórmula 1, após chegar em segundo lugar no Grande Prêmio do Japão, em Suzuka.
O presidente do Brasil era Fernando Collor de Melo, o primeiro eleito diretamente depois do período de ditadura militar, uma figura construída pela Globo.
Ele ainda demoraria a executar seu Plano Collor, que quem foi vítima sabe muito bem o que é — bater onde tem dinheiro nunca falha, e no caso, foi tungar o dinheiro da poupança da geral.
O enorme sucesso do Rock in Rio fez Medina promover, entre 18 e 26 de janeiro de 1991, o Rock in Rio 2.
Graças a participação nesta edição, o Faith No More começou a ter popularidade por aqui e não tardou para a banda voltar ao país meses depois para uma mini-turnê. A banda também conheceu o Sepultura, com quem o vocalista Mike Patton gravou a canção Lookaway, presente no disco Roots (1996).
O FnM estava na turnê do disco The Real Thing.
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Mas as estrelas naquela época não eram outros senão os caras do Guns N’ Roses.
Eles estavam bombando que nem os postos de petróleo do Iraque na Guerra do Golfo, que estava rolando na época. Foi a banda mais aguardada do evento e se apresentou em dois shows, com várias músicas inéditas incluídas no set list, e que depois fariam parte do repertório dos álbuns Use Your Illusion I e Use Your Illusion II no final do ano.
Teve Sepultura, que vinha numa pegada de repercussão mundial e passava por um grande momento da carreira, mas tiveram apenas 30 minutos de palco.
Quem levou a bronca foi o Lobão, vaiado e atacado com copos e garrafas. Pra piorar/melhorar, ele ainda traz a bateria da escola de samba Mangueira. Tsc. Nem Freud explica.
O Titãs tocou e sua apresentação marcou o fim da turnê do disco Õ Blésq Blom.
Teve INXS, A-ha, Information Society, Judas Priest promovendo o disco Painkiller, o Megadeth com seu recém nascido Rust In Peace, o Queensryche, o Billy Idol duas vezes – substituindo o ex-Led Zeppelin Robert Plant, que cancelou em cima da hora por causa da Guerra do Golfo em protesto.
E para quem reclama hoje do Justin Timberlake, o Rock in Rio 2 trouxe o New Kids On the Block para os shows.
Rock in Rio 2/Faith No More/From Out From No
Rock in Rio 3, 2001
Passados dez anos, veio o Rock in Rio 3, nos dias 12 a 14 e 18 a 21 de janeiro de 2001. Ano emblemático, e como sempre uma odisseia no espaço da política brasileira. 2001, ano ímpar, por isso sem eleição, um pré-Lula na cadeira presidencial, esperando FHC sair.
Mesmo sem ser um ano eleitoral, a sucessão presidencial ganhou espaço, apesar de o presidente Fernando Henrique Cardoso passar o ano tentando evitar a antecipação da discussão.
Apostando em um possível candidatura, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, voltou ao PMDB, e Anthony Garotinho, governador do Rio, entrou para o PSB. O ano de 2001 termina sem o governador eleito de São Paulo Mário Covas (PSDB), morto em 6 de março em decorrência de um câncer de bexiga. Tinha 70 anos.
Nesta ocasião, os organizadores do festival Rock in Rio decidiram construir uma nova “Cidade do Rock”, e estrearam as denominadas tendas alternativas onde realizaram-se concertos paralelos aos do palco principal, coisa que virou corriqueira nos eventos de música.
O Red Hot Chili Peppers estava em plena turnê promocional do disco Californication e contava com a volta do guitarrista John Frusciante. Teve 250 mil pessoas pulando, teve invasão de arquibancada e pista, teve briga, teve saudações em português do Kieds e Flea.
O Iron Maiden, que excursionava nas asas do disco Brave New World, fez um show intenso e memorável, o qual foi registrado em CD e DVD intitulado Rock in Rio em 2002.
O Ex-Judas Priest Rob Halford cantou novas canções e velhas da antiga banda a qual pertencia.
Rock in Rio 3/Judas Priest,Rob Halford/Breaking The Law
Neste ano, o Guns N’ Roses – leia Axl e Dizzy – fazia seu primeiro grande show da banda desde 1993.
O guitarrista Robin Finck afagou a nossa brasileirice mandando Sossego do Tim Maia.
Teve Foo Fighters, ainda com Dave Grohl experimentando grande público na condição de frontman de banda, que promovia seu disco There is Nothing Left to Lose, editado em 1999.
De atrações internacionais ainda tiveram Silverchair, R.E.M., Oasis e a Britney Spears.
Sepultura com o novo álbum Nation e vocalista Derrick Green vieram e ele enfrentou seu primeiro grande evento.
Pato Fu tocou; Ira! & Ultraje a Rigor tocaram juntos como Recreio dos Bandeirantes – destaque para um cover de Should I Stay Or Should I Go do The Clash. As duas bandas promoviam um álbum ao vivo; Capital Inicial foi chamado.
Teve Cássia Eller mostrando os seios durante um cover de Come Together, dos Beatles, e ela cantou com Nação Zumbi e ainda homenageou Kurt Cobain cantando Smells Like Teen Spirit.
E teve a Sandy, com 17 aninhos, e Junior como os menores de idade no Rock in Rio III.
Esse foi o line-up completo de 2001:
Rock: Papa Roach, Iron Maiden, Rob Halford, Sepultura, Deftones, R.E.M., Foo Fighters, Barão Vermelho, Cássia Eller, Guns N’ Roses, Oasis, Ira!, Ultraje a Rigor, Queens of the Stone Age, Sheik Tosado, Neil Young, Engenheiros do Hawaii, Red Hot Chili Peppers, Silverchair, O Surto e Pavilhão 9.
Pop: Sting, James Taylor, Beck, Fernanda Abreu, Pato Fu, ‘N Sync, Britney Spears, 5ive, Sandy & Júnior, Aaron Carter, Sheryl Crow, Dave Matthews Band, Kid Abelha, Capital Inicial.
MPB: Daniela Mercury, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Moraes Moreira, Elba Ramalho e Zé Ramalho.
Rock in Rio 4, 2011
O ano de 2011 foi o começo da Era Dilma. O novo partido do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSB, se vende como uma legenda que “não é de direita, de esquerda nem de centro“, o que atraiu todo tipo de ratazana dos esgotos em busca de uma brecha à regra de se conhecer política ou não, dando início a corrosão de entendimento de posição política que se veria por durante toda a década.
As redes sociais começavam a bombar, e inclusive já rolavam protestos contra os políticos.
As Jornadas de Junho de 2013 estavam na porta do rabo.
A luta de quase 14 anos de José Alencar contra um câncer na região abdominal terminou em março. O vice-presidente da República (2003-2010) morreu aos 79 anos, depois de 17 cirurgias, dezenas de sessões de quimioterapia e tratamentos experimentais.
O empresário mineiro foi o braço direito de Lula para conversar e ir aonde não tinha trânsito.
Mais 10 anos depois e mais Red Hot Chili Peppers de novo.
O Rock in Rio 4 de 2011 teve grandes bandas de rock e heavy metal, como os irascíveis caras do Motorhead e Metallica.
O evento trouxe RHCP com seu recente álbum I’m With You e suas dezenas de hits, encerrando de modo sensacional com Give It Away.
Mas foi o Slipknot que fez o melhor show, barulhento e lotado. Corey Taylor mandava com tal potência a platéia que a fazia sentar para depois pular.
A vibe estava tão favorável que DJ Starscream chegou a pular da estrutura da house mix (lugar onde ficam os técnicos de som), de uma altura de quase 4 metros de altura para o público o segurar.
O Corey Taylor tocou duas vezes, uma com o Slipknot e outra com sua primeira banda, o Stone Sour. A mulherada que não conhecia o cantor não conseguia entender como que eles eram a mesma pessoa.
Motorhead tocou músicas do disco The World Is Yours e também ofereceu Going To Brazil (editada no disco 1916), que fala da primeira turnê que o grupo fez no Brasil, em 1989.
O guitarrista brasileiro Andreas Kisser tocou guitarra junto de Phil Campbell na música Overkill, que fechou a apresentação dos ingleses.
Sepultura também voltou e promovia o álbum Kairos. O show foi encerrado com a participação de Mike Patton (do Faith No More) cantando Roots Bloody Roots com Derrick Green.
Metallica, Evanescence, System of A Down, Guns N’ Roses tocaram vários de seus clássicos. Estes dois últimos debaixo de forte chuva. Inclusive o sr. Axl Rose mais parecia os clássicos turistas de ocasião naquele mítico episódio do Pica-Pau nas cataratas do Niagara, pois vestia um casaco amarelo igual aos personagens.
A representação dos coxa creme ficou por conta do Maroon 5 e Coldplay.
De pop a organização botou no palco: Rihanna, Shakira — que cantou uma com Ivete Sangalo — e Katy Perry.
Este foi o line-up completo:
Rock: Metallica, Motörhead, Slipknot, Coheed and Cambria, Gloria, Korzus, The Punk Metal Allstars, Angra, Sepultura, System of a Down, Titãs, Móveis Colonais de Acaju, Ed Motta & Andreas Kisser, The Gift, Red Hot Chili Peppers, Stone Sour, NX Zero, Mike Patton/Mondo Cane, Matanza, Cidadão Instigado, Júpiter Maçã, Guns N’ Roses, Evanescence, Detonautas Roque Clube, Pitty, Os Mutantes e Xutos & Pontapés.
Pop: Rihanna, Elton John, Katy Perry, Os Paralamas do Sucesso, Rui Veloso, The Asteroids Galaxy Tour, Capital Inicial, Marcelo Yuka, Cibelle, Karina Buhr, Amora Pêra, Tulipa Ruiz, Nação Zumbi, BNegão, Tarja Turunen, Stevie Wonder, Jamiroquai, Kesha, Janelle Monáe, Afrika Bambaataa, Paula Lima, Joss Stone, Shakira, Lenny Kravitz, Jota Quest, Marcelo D2, Buraka Som Sistema, Mixhell, Céu, Cidade Negra, Coldplay, Maroon 5, Maná, Skank, Frejat, Tiê, Jorge Drexler, Arnaldo Antunes, The Monomes, David Fonseca, Marcelo Camelo, The Growlers, Emicida e Snow Patrol.
MPB: Claudia Leitte, Milton Nascimento, Maria Gadu, Mariana Aydar, Bebel Gilberto, Sandra de Sá, Milton Nascimento, Marcelo Jeneci, Curumin, Baile do Simonal, Diogo Nogueira, Ivete Sangalo, Martinho da Vila, Monobloco, Pepeu Gomes, Zeca Baleiro, Erasmo Carlos e Tom Zé.
Jazz: Esperanza Spalding e João Donato.
Rock in Rio 5, 2013
Ah, 2013.
O ano das Jornadas de Junho, uma série de protestos em quase todas as mais de 5 mil cidades do Brasil contra “tudo que está aí“.
Sem uma bandeira clara e com pautas difusas, como uma timeline esquizofrênica de Facebook, nascia aqui o fascismo que daria vida a todo tipo de político. Jair Messias Bolsonaro, então deputado federal há quase 30 anos, sem relevância nenhuma, e 5 anos depois comandando o Brasil, deve muito a 2013 e seus contextos políticos.
Os eventos e razões dos protestos até hoje são analisados e nunca chegam a uma conclusão, um anátema ainda a ser destruído.
A disputa presidencial de 2014 começou já em 2013 e os protagonistas do adiantamento do calendário eleitoral foram o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva.
O desembarque do presidenciável e presidente do PSB do governo Dilma e a entrada da ex-senadora no partido concentraram todos os holofotes no segundo semestre do ano, formando a autointitulada “terceira via” na corrida presidencial.
Depois dos protestos, Dilma convocou governadores para um ‘grande pacto’ pelo Brasil. Deu em nada. Novos partidos: PROS e Solidariedade são criados para disputa em 2014, mas o TSE rejeita criação da Rede, partido de Marina. Quase oito anos depois da revelação do mensalão, Dirceu, Genoino, Valério e outros réus se entregam à PF.
Muito rock’roll pra cabeça nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ou não.
O headliner do primeiro dia do Rock in Rio 2013 foi a Beyoncé (!), precedida de Ivete Sangalo (!!), Maria Rita (!!!) e Orquestra Sinfônica Brasileira (!!!!). Eu disse que 2013 era esquizofrênico, não disse? O dia também teve Living Colour e David Guetta — tudo a ver, só que não.
Muse foi a atração principal do segundo dia. Também teve Florence and The Machine, Thirty Seconds to Mars, Marky Ramone – o sobrenome dispensa apresentações – , Offspring, Capital Inicial, uma atrocidade chamada Viva a Raul Seixas com Detonautas, Zeca Baleiro e Zélia Duncan.
No domingo, teve o Justin Bieber do futuro no presente, Justin Timberlake.
Teve a cantora R&B, a Alicia Keys.
Teve a Extremamente Fácil Jota Quest.
Teve o George Benson + Ivan Lins, um veterano de Rock in Rio.
Teve Kimbra + Olodum.
Teve o Nando Reis + Samuel Rosa.
No dia 19, o Metallica fechou a noite.
Alice in Chains com o Jerry Cantrell pra substituir o Layne se apresentaram e seguraram a bronca bonito. O papa das trevas comandou o vocal no Ghost B.C., que têm os sem nomes nos instrumentais.
Sepultura entrou com Tambours du Bronx, Rob Zombie, Sebastian Bach, Almah e Dr. Sin.
O Rock in Rio 5 teve o Show das Poderosas = Bon Jovi no mesmo dia de Mallu Magalhães.
Teve Nickelback e Matchbox 20.
E um Ben Harper perdidaço.
Teve Bruce Springsteen no festival.
Antes dele, John Mayer, fugido do dia açucarado anterior e infiltrado indevidamente aqui.
Skank, uma banda com vários hits chicletes na boca do povo. Lenine tocou.
Teve Gogol Bordello + Lenine.
Teve Ivo Meirelles + Fernanda Abreu + Elba Ramalho.
Teve Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Roberta Sá. Pepeu Gomes tem uma vasta contribuição pro rock brazuca.
O melhor sempre por último.
O último dia do Rock in Rio 2013, domingo 22, foi de heavy metal.
No palco principal, Slayer começa quebrando tudo. Sonzera demais, guitarras e bateria no talo. Logo depois entra os Backstreet Boys de pedaleira, o Avenged Sevenfold. Os caras parecem o Ken da Barbie com unhas pintadas de preto.
Rock in Rio 5/Avenged Sevenfold/Nightmare
O AX7 abriram para a melhor banda de rock da história.
Iron Maiden foi o headliner que fechou o Rock in Rio 2013.
A banda britânica é espetacularmente coesa, toca muito bem e o Bruce ainda canta como nunca.
O pacto com o capeta deve ter sido forte, pois nada explica tanta vitalidade ainda no Iron Maiden. Como bônus, ainda estavam por lá o Helloween, Destruction e Krisiun. Zé Ramalho tocando com o Sepultura, André Mattos com o Viper. O Dj Marky discotecando.
Line-up do Rock in Rio 2013:
Rock: Metallica, Ghost, Sepultura, Rob Zombie, Roy Z, Almah, Hibria, Iron Maiden, Avenged Sevenfold, Slayer, Helloween, Destruction, Krisiun, Andre Matos e Viper, Living Colour, Vintage Trouble, Muse, 30 Seconds to Mars, The Offspring, Detonautas Roque Clube, Marky Ramone, Autoramas, Alice in Chains, República, Dr. Sin, Sebastian Bach, Bon Jovi, Nickelback, The Gift, Bruce Springsteen, Gogol Bordello e Kiara Rocks.
Pop: Beyoncé, David Guetta, Angélique Kidjo, Selah Sue, Jesuton, Flávio Renegado, Orelha Negra, Florence + The Machine, Capital Inicial, BNegão, Justin Timberlake, Alicia Keys, Jessie J, Jota Quest, Kimbra, Nando Reis, Aurea, The Black Samba, Matchbox Twenty, Frejat, Ben Harper + Charlie Musselwhite, Grace Potter and the Nocturnals, Donavon Frankenreiter, Mallu Magalhães, John Mayer, Phillip Phillips, Skank, Fernanda Abreu e Lorenzo Jovanotti.
MPB: Ivete Sangalo, Maria Rita, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Ivan Lins, Olodum, Afroreggae, Lenine, Ivo Meirelles, Elba Ramalho, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Roberta Sá, Orquestra Imperial e Zé Ramalho.
Rock in Rio 5/Bruce Springsteen
Em agosto de 2013, a edição americana da revista Rolling Stone elegeu o show de Bruce Springsteen como o melhor espetáculo do mundo.
A última vez que ele tinha vindo para cá era 1988. Na quarta-feira, 18, a cidade de São Paulo recebeu a primeira apresentação de Springsteen, e no sábado 21 o Rock in Rio.
Além de abrir a apresentação com Sociedade Alternativa, de Raul Seixas — assim como fez em SP — o músico tocou o disco Born in the USA (de 1984) na íntegra. Como frontman, Springsteen foi impecável.
Correu de um lado para o outro do palco, desceu para saudar a plateia diversas vezes, convidou fãs para subir ao fez todo o pacote para um grande show de arena.
Rock in Rio 6, 2015
Em 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de setembro de 2015 rolou a sexta edição brasileira do Rock in Rio, no Parque dos Atletas, Barra da Tijuca.
Ela marca o trigésimo aniversário do festival, que parou a cidade e trouxe momentos incríveis para quem estava lá. E para quem estava vivo no Brasil.
Reeleita, a presidenta Dilma Rousseff tomou posse à frente de seu segundo mandato em 1º de janeiro de 2015. Mal sabia ela que veria chuvas de notas falsas de dólares sobre o presidente da Câmara dos Deputados, ratos circulando em comissões do Congresso Nacional, um senador preso e operações da Polícia Federal em gabinetes de parlamentares. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da Câmara em votação em primeiro turno. Com 267 votos recebidos, Cunha comandaria a Casa por dois anos.
E foi um dos responsáveis por tirar Dilma da cadeira da presidência.
Por conta da Lava Jato, que já atuava há um ano no cenário político.
Cunha apareceu na lista de políticos investigados sob suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras e acusou o governo de “orquestrar” denúncias contra ele.
Negou tudo em depoimento à CPI da Petrobras, mas o STF abriu inquérito para investigar contas do parlamentar na Suíça e decretou o sequestro de R$ 9 milhões pertencentes a Cunha no exterior. O deputado, então, rompeu formalmente com o governo Dilma.
Pela primeira vez desde 1937, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou em 7 de outubro de 2015, por unanimidade, a rejeição das contas de 2014 do governo Dilma Rousseff.
Com isso, o tribunal apresentou sua recomendação ao Congresso Nacional, a quem cabe, de fato, aprovar ou não as contas do governo. Para os ministros, a presidente descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal. Era o asfalto para a estrada do impeachment.
Quando o PT decide votar contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética, ele aceita no mesmo dia o pedido de abertura de processo de impeachment de Dilma (eram um total de 34 pedidos de impeachment, mas o escolhido foi do jurista Hélio Bicudo).
Enquanto Brasília pegava fogo, Rock in Rio 6 acontecia com OneRepublic, Queen + Adam Lambert, os franceses do Gojira , o duo Royal Blood, os farofeiros do Mötley Crüe, Metallica, Os Paralamas do Sucesso, Elton John, Rod Stewart, CPM 22, Hollywood Vampires, o Queens of the Stone Age, o System of a Down, o De La Tierra Groove, Mastodon, Faith No More, Slipknot, Lulu Santos, Sheppard, Sam Smith, a Rihanna, Cidade Negra, A-ha, Katy Perry, Ira! + Rappin’ Hood + Tony Tornado Rock, Lenine + Nação Zumbi + Martin Fonds, um tributo a Cássia Eller, o Noturnall + Michael Kiske Heavy, Angra + Dee Snider + Doro Pesch, os caras do Ministry + Burton C. Bell e o Korn.
Alice Caymmi + Eumir Deodato, a Baby do Brasil + Pepeu Gomes, John Legend, o Halestorm, o Lamb of God, Deftones, Moonspell + Derrick Green, o Nightwish, o deus das guitarras Steve Vai + Camerata Florianópolis, os irmãos Suplicy do Brothers of Brazil, o Erasmo Carlos + Ultraje a Rigor Rock, Sérgio Mendes + Carlinhos Brown Bossa, Suricato + Raul Midón Rock Brasil, Al Jarreau e outros.
Rock in Rio 6/Slipknot/Duality
Rock in Rio 7, 2017
O primeiro ano pós-impeachment.
O primeiro ano de Michel Temer no cargo.
O país foi impactado por uma tragédia no dia 19 de janeiro: a queda de um avião em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, que levava entre os seus ocupantes o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. Relator da Lava Jato na Corte, caberia a ele homologar e liberar o conteúdo das dezenas de delações de executivos da Odebrecht.
Em um áudio gravado por Joesley Batista (dono de uma das maiores empresas do Brasil e do planeta, a JBS, que cuida de carne), no Palácio do Jaburu, onde entrou com um nome falso, pelo subsolo, e em um encontro fora da agenda de Temer, o presidente da República aparece dizendo a seguinte frase: “Tem que manter isso, viu?” — relacionando pagamentos que o empresário continuasse a fazer em troca do silêncio do ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB), e do doleiro Lúcio Funaro, que teria operado recursos em favor de Cunha e de outros políticos do MDB.
O impacto disso ainda é sentido hoje, com a esfacelação de apoios políticos e traições na velocidade da luz. Aécio Neves e Eduardo Cunha são cadáveres políticos hoje em dia.
E falando em cadáveres vivos…
De 15 a 24 de setembro de 2017 rolou o Rock in Rio 7. No Parque Olímpico do Rio de Janeiro, Barra da Tijuca.
Rolou Maroon 5, Fergie, Justin Timberlake, Guns N’ Roses, The Who, Red Hot Chili Peppers, Aerosmith, Bon Jovi, Shawn Mendes, 5 Seconds of Summer, Alicia Keys, Fall Out Boy, 30 Seconds to Mars, Walk the Moon, Tears for Fears, Def Leppard, Incubus, The Offspring, Alter Bridge, Alice Cooper, CeeLo Green, Pet Shop Boys, Jota Quest, Capital Inicial, Skank, Titãs, Ivete Sangalo e vários outros.
O destaque desta edição do Rock in Rio: Nile Rodgers.
Nile Rodgers foi também produtor de alguns dos álbuns mais marcantes dos anos 80, como Let’s Dance (1983), de David Bowie, Like a Virgin (1984) de Madonna e Notorious (1986), do Duran Duran.
Trabalhou com Diana Ross, Michael Jackson, Mick Jagger e centenas – centenas mesmo – de outros artistas. Depois de lançar Le Freak, Nile Rodgers voltou a reinar no pop com sua participação no álbum Random Access Memories, do Daft Punk. Ele foi co-autor de três faixas do disco, incluindo o ultrahit Get Lucky.
Rock in Rio 8, 2019
A última edição de um Rock in Rio começou no último fim de semana de setembro de 2019, dentro do Parque Olímpico do Rio de Janeiro.
A política no Brasil 2019 simplesmente DISPENSA APRESENTAÇÕES.
Este foi o line-up do festival, feito em setembro e outubro do ano passado:
No dia 27: Drake, Ellie Goulding, Bebe Rexha, Alok, Seal e Xenia França, Mano Brown & Bootsy Collins.
No dia 28: Foo Fighters, Weezer, Tenacious D, CPM 22 + Raimundos, Whitesnake, Titãs e Ana Cañas, Edi Rock & Érika Martins, Detonautas & Pavilhão 9, Charlie Brown Jr.
No dia 29: Bon Jovi, Dave Matthews Band, Goo Goo Dolls, Ivete Sangalo, Elza Soares, Plutão Já Foi Planeta & Mahmundi, Vintage Culture, Flausino e Sideral.
No dia 3 de outubro: Red Hot Chili Peppers, Panic! at the Disco, Nile Rodgers & Chic, Capital Inicial, Rael, Agir, Baco Exu do Blues & Rincon Sapiência, Emicida & Ibeyi, Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Jaloo e Lucas Estrela, Francisco, el Hombre & Monsieur Periné.
No dia 4: Scorpions, Iron Maiden, Helloween, Sepultura, Slayer, Anthrax.
No dia 5: P!nk, Black Eyed Peas, H.E.R., Anitta.
No dia 6: Muse, Imagine Dragons, Nickelback, Os Paralamas do Sucesso, King Crimson, Lulu Santos & Silva, O Terno & Capitão Fausto.
Encerremos essa matéria com o melhor, de novo ele, Nile.
/// LINE-UP. A matéria, por óbvio, não relacionou todos os artistas que se apresentaram em todas as edições do Rock in Rio, apenas os que julgou mais relevantes a título de informação. A foto usada para a matéria é uma arte promocional do line-up do primeiro Rock in Rio.
Obrigado por ler até aqui!
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