BILL WITHERS | 127 horas de soul na América dos anos 1970

O cantor americano Bill Withers era considerado uma lenda do soul no mercado artístico americano. Compositor das próprias canções, Withers atuou no meio musical de 1970 a 1985.

Juntando todo seu incrível trabalho — 8 álbuns irrepreensíveis — é possível entender a excelência com quem é tratado. 

Bill morreu no dia 30 de abril de 2020, aos 81 anos, em decorrência de complicações cardíacas.

Bill Withers
Bill Withers

Ain’t no sunshine, 1971

A canção é o primeiro hit de Bill Withers, e foi inspirado no filme Vício Maldito (1962), em uma trama sobre um casal que sofre com a desgraça do alcoolismo.

William Harrison Withers Jr. fez grandes canções como Ain’t No Sunshine, Use Me, Lean On me, Lovely Day, Grandma’s Hands, Just the Two of Us e outras.

O sucesso de Ain’t No Sunshine nas versões de Michael Jackson e do duo britânico Lighthouse Family (na trilha sonora do filme Um Lugar Chamado Notting Hill) é autoexplicativo.

O hit, presente no primeiro álbum, lançado em 1971, ganhou uma infinidade de outras versões, até brasileiras.

Lovely day, 1977

When I wake up in the morning, love
And the sunlight hurts my eyes
And something without warning, love
Bears heavy on my mind

Then I look at you
And the world’s alright with me
Just one look at you
And I know it’s gonna be
A lovely day

Caçula de seis irmãos na pequena cidade de mineração de carvão de Slab Fork, West Virginia, foi na Marinha que Bill começou a desenvolver seu gosto musical.

Dispensado em 1965, se mudou para Los Angeles no ano seguinte, com apenas U$ 250 nos bolsos, quando iniciou uma carreira musical.

Tendo que trabalhar em companhia aérea e produzir fitas demo por conta própria, Bill construiu seu nome a duras penas nos clubes noturnos e boates de LA.

Ao conhecer o executivo de black music Clarence Avant, da Sussex Records, assina os quatro primeiros álbuns da carreira. Com a Columbia Records, gravaria outros cinco de estúdio.

Bill Withers

Depois que gravou seu primeiro álbum, com quase 40 anos de idade, o Just as I Am, em 1971, Bill teve o reconhecimento que merecia: ganhou o décimo quarto prêmio Grammy pela melhor música R&B, a Ain’t No Sunshine.

Ganharia outros Grammy em 1981 e 1987, quando nem trabalhava mais com música. Voz e um violão era o que bastava para construir a sonoridade de seus discos.

Arranjos minimalistas e uma voz poderosa com tons baixos são o pano de fundo para letras sobre amizades difíceis, relacionamentos quebrados, cidades vazias de significado e, claro, de políticas na América dos anos 1970.

Just the two of us, 1981

Canção feita em parceria com o saxofonista Grover Washington Jr., um dos grandes nomes do smooth jazz.

O cantor estava em um cenário de riqueza incomparável na época. A primeira metade dos anos 70 tinha grandes artistas em atividades, como Al Green, Billy Paul, Donny Hathaway, Patti Labelle e Chaka Khan.

O soul acústico de Bill Withers tem lugar merecido no imaginário cancioneiro americano.

Não é exagero dizer que Bill está entre os grandes do soul no meio dos anos 1970, ao lado de Aretha Franklin, Stevie Wonder, Marvin Gaye, Curtis Mayfield, Isaac Hayes, James Brown, entre outros.

Bill Withers

O uso do violão nas composições e melodias — ponto fora da curva para o estilo de soul — aumentavam a envergadura de seu trabalho, com um vozeirão e grandes músicos na banda como suportes técnicos que enriqueciam o conjunto da obra.

Não é a toa que artistas como Kanye West, 2pac, Will Smith, Maroon 5, Sheryl Crow e Keith Urban usam de alguma maneira as canções em suas músicas ou mesmo em re-interpretações.

Bill construiu uma amizade com o cantor Gilberto Gil, de quem virou amigo e fã quando tocaram no Festival Midem, na França.

Ao ouvir o som de acordeão, ficou impressionado com o que os músicos brasileiros conseguiram tirar do instrumento.

Quando Stevie Wonder o introduziu ao Hall da Fama do Rock and Roll, há quatro anos, o ex-marinheiro saiu com essa: “I see it as an award of attrition. What few songs I wrote during my brief career, there ain’t a genre that somebody didn’t record them in. I’m not a virtuoso, but I was able to write songs that people could identify with. I don’t think I’ve done bad for a guy from Slab Fork, West Virginia.”

Os álbuns de Bill Withers

Bill Withers não lançava um novo álbum desde 1985. A cronologia de seus trabalhos é esta:

1971: Just as I Am (Sussex)
1972: Still Bill (Sussex)
1973: Live at Carnegie Hall (Sussex)
1974: +’Justments (Sussex)
1975: The Best of Bill Withers (Sussex)
1975: Making Music – (Columbia)
1976: Naked & Warm (Columbia)
1978: Menagerie (Columbia)
1979: ‘Bout Love (Columbia)
1981: Bill Withers’ Greatest Hits (Columbia)
1985: Watching You, Watching Me (Columbia)
1998: The Best of Bill Withers – lovely day (Sony Music Entertainment)
2005: Lovely Day: The Very Best of Bill Withers (Legacy)
2007: Best of (2007)

Lean on me, 1972

“Às vezes em nossas vidas todos temos dor
Todos temos tristeza
Mas se formos sábios
Sabemos que sempre há o amanhã”

Lean On Me é uma das mais gospel das músicas de Bill, e famosa por ser cantada nas cerimônias de posse dos presidentes americanos Barack Obama e Bill Clinton.

É o único single de sua carreira a alcançar o primeiro lugar das mais escutadas nos Estados Unidos, e frequentemente é alvo de cover de diversos artistas. Um hino sobre a amizade, e que ganha um novo significado com os tempos de crise de pandemia do Covid-19.

/ NEXO. Essa matéria do cantor, feita por Camilo Rocha para o Nexo Jornal, é obrigatória.

Bill Withers
Bill Withers na arte de Bill Sienkiewicz

curadoria e textos: tomrocha (twitter e instagram)
jornalista, estrategista de conteúdo e escrevedor de coisas escritas.

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