As primeiras temporadas do começo de Game of Thrones são as melhores de toda a série, e figuram entre os grandes momentos que o formato de seriado TV já entregou para o mercado de cultura pop, desde que essa linguagem foi criada.
A qualidade narrativa, cimentada em cima do talento literário do escritor americano George R. R. Martin, criador dos livros no qual a série se baseou, foi o toque de Midas necessário para que gelo, fogo e sangue fossem os ingredientes necessários para essa explosiva novela de brigas familiares, romances impossíveis e mortes atrozes.
Há três bases narrativas para acompanhar em Game of Thrones neste começo. Uma é o esfacelamento e jornada pessoal dos irmãos Stark, depois que a família é aniquilada pelos Lannisters, a Família Real, junto com os Baratheon.
As duas, por sua vez, estão em meio a uma guerra civil dinástica interna entre várias outras famílias e parentes concorrentes pelo controle dos Sete Reinos, que compõe o continente de Westeros, onde se passa a história.
A outra base está ligado a isso, pois acompanhamos a ambição de uma jovem garota, a filha exilada de um rei louco deposto 15 anos antes (também em uma guerra civil), que deseja vingança e retomar seu trono por direito.
Alheio a tudo isso, há o terceiro elemento, que afeta a todos: a ameaça crescente das criaturas sobrenaturais conhecidas como os Outros, que acrescenta um toque de terror trash B a uma produção bastante sofisticada, mezzo medieval mezzo fantasia — também temos dragões aqui afinal.
O misto de histórias complexas, personagens multifacetados e politicamente incorretos conquistou público e crítica, uma fórmula garantida pela inovação que canais de TV americanos como HBO, AMC e FX promoveram na indústria dos anos 2000, um movimento que começou com o seriado OZ (1997-2003) da HBO.
O série de livros A Song of Ice and Fire é conhecida no Brasil como As Crônicas de Gelo e Fogo, mas a série de TV manteve o nome de Game of Thrones, o título do primeiro livro da Crônica (aqui traduzido como A Guerra dos Tronos).
Martin também escreveu três contos derivados e algumas novelas que consistem de resumos dos livros principais. Grande fã de quadrinhos de super-heróis (com direito a carta publicada numa revista quando criança), história medieval e cultura pop, Martin começou a desenvolver a ideia de Game of Thrones em 1991, mas o começo desse épico só acontecer em 1996. Originalmente concebida para ser uma trilogia, a série consiste em 5o volumes publicados, com mais dois planejados (risos).
O primeiro livro é o Game of Thrones, lançado em 1996; o segundo é A Clash of Kings, de 1998; o terceiro foi A Storm of Swords, publicado em 2000; o seguinte foi A Feast for Crows, lançado em 2005; e o mais recente livro das Crônicas de Gelo e Fogo foi Dance with Dragons, publicado em 2011, quando teve início a série de TV.
Ainda faltam mais dois serem publicados, sempre adiados por Martin.
No começo da série de TV de Game of Thrones, em 2011, tínhamos nas telinhas também a estreia de Homeland, série de guerra e espionagem, do canal Showtime.
Um ano antes, o canal estreou a série dramática de contrabando, passada na época da Lei Seca dos EUA, Boardwalk Empire, sem contar a maconheira Weeds (há 6 anos) e o serial killer de criminosos Dexter (há 5 anos). Foi a HBO (dona de Game of Thrones) quem provocou o começo do incêndio atômico televisivo com a já citada OZ, em 1997, série criminal passada dentro de um presídio. A série seguinte foi a libertadoramente sexy e autocentrada Sex and The City (1998); a rotina da família e da máfia em Sopranos (1999) — a melhor obra audiovisual já feita no mercado; a série policial imunda e humana The Wire (2002); a brilhante e morta série de velho oeste Deadwood (2004); e a épica e profana Roma, de 2005. Quando vemos a família Stark e Lannister rumo ao caos e escuridão em Game of Thrones, a AMC já passava Breaking Bad, série criminal e de espiral humana há 3 anos; os mortos-vivos de Walking Dead já estavam há 1 ano na telinha; e o mundano e mentiroso Mad Men ia para sua quinta temporada. No FX, os Filhos da Anarquia alastravam o crime em cima de motos há 4 temporadas.
O que todas essas séries tem em comum?
A excelência de produção e inventividade afiada e ousada para roteiros, situações e protagonistas amorais, difíceis e odiosos, com os quais os níveis de ligação tendem a ser impossíveis, mas que com a narrativa correta, oferecem a melhor das perspectivas para que nós mesmos pensemos a respeito do que são, fazem e agem.
Essa linguagem inovadora mexeu com as bases mais profundas do modo de contar histórias no audiovisual. Boardwalk Empire, nascida no mesmo ano que Game of Thrones, viu o herói do cinema dos anos 1970, o cineasta Martin Scorcese, assinar o contrato para ser produtor executivo da série e dirigir o piloto.
O diretor de cinema Steven Soderbergh, o contraponto do indie no rolê, estava logo atrás.
Como o jornalista e escritor Brett Martin descreve em seu livro Homens Difíceis, a ambição de seriados como Sopranos (criada pelo showrunner — termo em inglês, exclusivo do mercado americano, para o responsável pelo projeto como um todo, desde o roteiro até a finalização — David Chase), The Wire (criada pelo showrunner David Simon) e Mad Men (criada por Matthew Weiner, um dos roteiristas de Sopranos) alcançavam níveis inéditos dramáticos na TV. Seus 12 ou 13 episódios configuravam uma forma própria de arte, bem distante de seriados que, também ótimos, como Arquivo X, mas que operavam em mood longo e engessado.
Esses seriados se tornaram em pouco tempo uma forma artística típica americana na primeira metade do século XXI, equivalentes ao que os filmes de Scorcese, Robert Altman — Nashville (1975), Short Cuts – Cenas da Vida (1993), Prét-à-Porter (1994), Assassinato em Gosford Park (2001) — Francis Ford Coppola — O Poderoso Chefão (1972), A Conversação (1974), Apocalypse Now (1979) — e outros representaram na Nova Hollywood dos anos 1970, ou ao que livros de John Updike — As Bruxas de Eastwick (1984), Pai-Nosso Computador (1986) — , Philip Roth — O Complexo de Portnoy (1969), Pastoral Americana (1997), Casei com um comunista (1998), A Marca Humana (2000) –, e Norman Mailer — Os Nus e os Mortos (1984), Os Exércitos da Noite (1968), A Canção do Carrasco (1979) — tinham sido nos anos 1960.
Game of Thrones, o seriado de TV, foi criado pelos showrunners David Benioff e D. B. Weiss.
A série foi transmitida originalmente pelo canal HBO entre 17 de abril de 2011 até 19 de maio de 2019 nos Estados Unidos.
Ao longo de oito temporadas e 73 episódios (alguns com mais de 1h de duração), Game of Thrones pega emprestado grande parte do enredo dos primeiros cinco livros de Martin, com diversas liberdades criativas, cortes, adaptações e invencionices.
Foi uma das mais caras produções feitas para televisão, filmada em locações do Canadá, na Croácia, na Islândia, em Malta, em Marrocos, na Espanha, na Irlanda do Norte, na Escócia e nos Estados Unidos.
O Destrutor faz um resumo das oito temporadas de Game of Thrones e, neste começo, abordamos as quatro primeiras temporadas da série, que coincide de serem as melhores da obra como um todo, com destaque especial para a quarta.
A Primeira de Sua Temporada
Toda a dimensão de alcance de poder e influência da família Stark e Baratheon é construída na primeira temporada de Game of Thrones, assim como o esfacelamento da longa amizade entre os líderes das famílias, Eddard Stark (Sean Bean), mais conhecido como Ned, que governa o Norte do continente de Westeros em nome do rei Robert I Baratheon (Mark Addy), o governante dos Sete Reinos, formalmente denominado Robert da Casa Baratheon, o Primeiro de Seu Nome, Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, o Senhor dos Sete Reinos e o Protetor do Reino.
Os dois são velhos camaradas, amigos de infância, irmãos de armas, e Robert não tem ninguém melhor em mente para a posição de Mão do Rei, o conselheiro militar e estratégico mais próximo na hierarquia da Corte.
O primeiro episódio já começa com o que veremos pela maior parte de Game of Thrones: um cadáver. No caso, de Jon Arryn (John Standing), em um velório. Ele era o Senhor do Ninho da Águia, Senhor do Vale, Protetor do Leste e o chefe da Casa Arryn.
E serviu como a primeira Mão do Rei Robert até morrer em circunstâncias misteriosas. Jon, Robert e Ned foram criados juntos no Vale, e eram grandes amigos.
E a morte de Arryn é um dos catalisadores de todos os eventos trágicos que acometerão todos os presentes em Game of Thrones.
Os filhos de Ned e Catelyn Stark (Michelle Fairley) — ela é da Casa Tully — são Robb (Richard Madden), o mais velho, a ruiva certinha e dondoca Sansa (Sophie Turner), a pequena rebelde Arya (Maisie Williams), o esperto Brandon (Isaac Hempstead-Wrigh) e o caçula Rickon (Art Parkinson).
Sob os cuidados de Ned ainda está Jon Snow (Kit Harington), um filho bastardo seu com uma mulher não-revelada na série (o sobrenome para bastardos de famílias tradicionais são proibidos, por isso a eles são dados nomes de características da região, logo, por estar no Norte, é Snow, “neve” em português).
E ainda há Theon Greyjoy (Alfie Allen), filho de um opositor, criado desde pequeno na Família Stark, graças a uma antiga tradição de assegurar paz entre as famílias com os cuidados e bem-estar de um filho dos seus inimigos.
O pai de Theon é Balon, o Rei das Ilhas de Ferro, que fica na costa leste de Westeros. Ele e sua família pouco se esforçaram para ajudar Robert Baratheon a se tornar Rei, quando esse iniciou o que ficou conhecido como A Rebelião de Robert, que buscava derrubar a monarquia dos Targaryen e do Rei Louco, como era chamado informalmente Aerys II Targaryen, em uma guerra que envolveu todas as forças militares de todas as Casas e famílias de Westeros.
Robert é casado com Cersei Lannister (Lena Headey), e tiveram três filhos: Joffrey (Jack Gleeson), Myrcella (Aimee Richardson, nesta e na segunda temporada) e Tommen (Callum Wharry, nesta e na segunda temporada).
Jamie Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) é irmão gêmeo mais novo de Cersei, e é da Guarda Real, e com efeito, foi quem matou o Rei Louco no clímax (de muitos) dos acontecimentos da Rebelião de Robert, o que lhe deu o popular apelido de “Regicida“.
Ele e Cersei são mais ligados do que podemos imaginar, como comprovamos no final do primeiro episódio de Game of Thrones, e como dolorosamente Brandon comprova, para sempre.
O líder da Casa Lannister é Tywin Lannister (Charles Dance), antigo Mão do Rei de Aerys II Targaryen, e que depois de uma série de contratempos e desgostos, se revoltou contra ele e conspirou contra o Rei Louco.
Depois de ter Cersei e Jamie com sua esposa Joanna, ainda tiveram Tyrion Lannister (Peter Dinklage).
Nascido anão, matou a mãe no parto, e trouxe enorme desgosto para Tywin e sua casa, a mais rica e uma das mais poderosas de Westeros, apenas pela infelicidade de ter nascido desse jeito. Mas indo na contramão do óbvio, é a falsa pequenez de Tyrion que se mostrará a mais letal das armas em Game of Thrones, quando o jogo de vai e vem de quem vai sentar no Trono de Ferro de Westeros e governar os Sete Reinos começar.
As dinâmicas familiares, intrigas da Corte e políticas das sombras permeiam a maioria dos episódios da primeira temporada, e junto com as desgraças que acometem os Starks, vemos a inacreditável jornada de irmã submissa quase escrava de Viserys Targaryen (Harry Lloyd), a loirinha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke).
Os dois são filhos do Rei Louco (o filho mais velho, Rhaegar, foi morto em batalha pelo próprio Robert, durante a Rebelião), e conseguiram escapar para Essos, o outro continente do mundo conhecido, antes de serem assassinados.
Ajudado por aliados à seu nome e Casa, Viserys alimenta o sonho de voltar para Westeros e retomar o trono.
Mas para isso precisa construir um exército, e usa a própria irmã como intercâmbio sexual em um casamento com um poderoso líder militar de Essos, Khal Drogo (Jason Mamoa), chefe de mais de 40 mil dothraki, um dos povos mais guerreiros desse mundo, nômades loucos por cavalo, selvageria, sangue e mortes.
E é a trajetória de Daenerys de se tornar uma das principais peça de Game of Thrones, ao ascender das chamas — literalmente — no último episódio, que iremos acompanhar em paralelo às maquinações dos Lannisters em ficar no trono e o suplício dos Starks.
O último episódio também marca o nascimento dos três dragões de Daenerys.
A morte do mundo como o conhecemos em Game of Thrones.
A Segunda de Sua Temporada
Se antes Stannis Baratheon (Stephen Dillane), irmão do Rei Robert, era só mencionado, nesta ele aparece de vez.
Dado os terríveis e fatais acontecimentos da primeira temporada — Rei Robert morrendo depois de ser quase dividido ao meio por um javali, e Ned Stark, decapitado depois de confrontar Cersei a respeito da real paternidade de seus filhos — ela teve Joffrey, Myrcella e Tommen com seu próprio irmão, Jaimie –, o começo do inferno apenas teve sua primeira chama em Game of Thrones.
Com Bran aleijado depois de ter flagrado Jaimie e Cersei transando (no primeiro episódio da primeira temporada), sem seu marido assassinado, e com suas duas filhas prisioneiras do novo rei , o jovem Joffrey Baratheon (Lannister, né), Catelyn Stark se vê numa perigosa teia de eventos.
Ela é levada a crer que Tyrion Lannister tentou matar Bran, graças a uma adaga de propriedade de Petyr Baelish (Aidan Gillen), mais conhecido como Mindinho, um importante político da Corte, responsável pelas finanças da Coroa, e que se provará bem mais letal e perigoso do que seu apelido (referência à região do nascimento).
Catelyn vê seu filho mais velho, Robb, ter que assumir o protagonismo da Casa Stark, e junto com outras Casas do Norte, não deixarão a morte de Ned passar em branco.
O Jovem Lobo (símbolo de sua Casa) é proclamado Rei do Norte, tamanho empenho de seus súditos, e a divisão que a coroação de Joffrey provocou.
Provando que a família é uma desgraça, o tio dele, Stannis, também reivindica o Trono de Ferro, assim como o Baratheon mais novo, Renly (Gethin Anthony) — e os dois irmãos também não se bicam.
Junto a essa toda movimentação, ainda temos Daenerys em sua longa trajetória de ascensão ao poder em Essos, escalando o tortuoso caminho de se tornar soberana. Ela já está cheia de lições, como (não) tão difícil decisão de deixar seu irmão Viserys morrer de forma horrenda pelas próprias mãos de Khal Drogo.
Logo, há cinco pretendentes ao Trono de Ferro, e a série Game Of Thrones começa a justificar seu nome, e um verdadeiro jogo de tronos permeia todos os episódios da temporada.
As jovens Arya e Sansa viram o pai perder a cabeça — literalmente –, e perigam perder a sanidade dada a situação que se encontram.
Sansa é mantida prisioneira por Joffrey, que irá se casar com ela, mais para legitimar sua primazia do Norte, do que por amor. Arya fugiu para os cantos escuros e imundos de Porto Real, e com seu mood e design de menino imundo, tem mais chances de passar despercebida do que a graça e beleza que Sansa exala naturalmente.
Guardas e todos procuram a guria, e não fosse a intervenção de um misterioso homem chamado Jaqen H’ghar (Tom Wlaschiha), Arya já estaria morta em Harrenhal, onde acabou ficando prisioneira de soldados Lannisters.
Eles não a reconheceram como a menina Stark, mas estavam procurando bastardos do Rei Robert, a fim de eliminar qualquer ameaça de reivindicação ao trono. Isso provoca uma série de infelizes mortes de bebês na série, já que Robert era um putanheiro de marca maior.
Por falar em morte, é uma situação que Sansa considera todas as vezes que está com Cersei e Joffrey, que judiam da menina, agora aterrorizada pela quebra de seus sonhos, como se casar com um príncipe, já que agora o seu se mostra moleque dos mais sádicos — foi ele quem pediu a cabeça de Ned, e em certo momento obriga a menina a ver ela estocada em uma lança.
Theon Greyjoy até tenta se manter fiel ao seu “irmão” Robb, mas quando finalmente retorna para seu verdadeiro pai, Balon, nas Ilhas de Ferro, para buscar seu apoio e somar forças ao exército do Jovem Lobo, ele fica dividido pela dicotomia de lealdades de casas e paternidades, e faz a pior escolha de sua vida, e que em breve vai se tornar uma das mais miseráveis de toda Westeros.
Jon Snow já não pode fazer mais nada por syua família, já que está juramentado à Patrulha da Noite desde os primeiros episódios da primeira temporada.
Trata-se de uma ordem militar que se dedica a vigiar a Muralha, um enorme paredão de gelo no extremo norte do continente de Westeros, supostamente criado milhares de anos atrás para impedir a invasão de seres fantásticos chamados Caminhantes Brancos, malignos humanoides azuis.
Alvo de lendas com o passar dos milhares de anos, os seres são tratados como fantasia pelo povo de Westeros.
Com efeito, a Muralha serve de obstáculo para que Selvagens, pessoas que vivem além da muralha, invadam e pilhem as terras do norte, e hoje pouco é lembrada pelos senhores e lordes do mundo.
Mas houve um tempo em que a Patrulha ostentava 19 castelos ao longo dos quinhentos quilômetros da Muralha, com mais de 10 mil homens entre eles. Apenas Castelo Negro, a base da Patrulha da Norte, comportava 5 mil, com seus cavalos, servos e equipamentos.
A ordem militar aceita qualquer homem, de qualquer Casa ou casta social, até mesmo criminosos. Quem faz o juramento, tem que esquecer para sempre que tem família e abdica de constituir uma, para se dedicar apenas à ordem.
E Snow assim o fez, já que como bastardo, nada teria a “ganhar” nas eventuais heranças da Casa Stark. Jovem habilidoso com a espada, gentil e enérgico quando necessário, e dono de imenso respeito e honra pelos bons costumes, Jon bem que tenta ir para Porto Real vingar seu pai Ned e ajudar seu irmão Robb, mas decide ficar e honrar o juramento que fez, ainda que isso o destroce por dentro.
E ajuda é tudo que Robb precisa no momento, ainda mais quando deixa seu coração e outra coisa mais falar mais alto que o bom senso, ao se casar com Talisa Maegyr (Oona Chaplin), uma jovem que conheceu nos campos de batalha dos exércitos Stark vs Lannister, jogando no lixo um acordo de casamento costurado por sua mãe com Walder Frey (David Bradley), um velho avarento com mais filhos que areia na praia, e que não vai perdoar o Jovem Lobo por não desposar uma de suas trocentas filhas.
Enquanto isso, Tywin toma a atitude mais inteligente e coerente dos Lannisters a nomear, muito a contragosto, Tyrion como Mão do Rei, o que alinha e acalma de certa maneira o jeito caótico e maligno do Rei Joffrey de governar.
É aqui que vemos toda a perspicácia e sagacidade do anão em manobrar pessoas, manipular eventos e sair de enrascadas.
Buscando apoio de Renly Baratheon contra os Lannisters, Catelyn conhece uma guarda pessoal dele, a cavaleira Brienne de Tarth (Gwendoline Christie), bem como a esposa do auto-proclamado Rei, e que ao fazer aliança com a Casa Tyrell ao se casar com Margaery Tyrell (Natalie Dormer), reuniu o maior exército de cem mil anos já visto no continente.
É quando também vemos que a magia existe no mundo de Game of Thrones. Stannis Baratheon tem uma bruxa a seus serviços: Melisandre (Carice von Houten), uma sacerdotisa vermelha da religião de R’hllor, o Senhor da Luz.
Ela é conselheira de Stannis durante sua campanha para assumir o Trono de Ferro, e para sumir com um de seus rivais — no caso, Renly, seu próprio irmão — dá a luz um espectro das sombras (saído de lá mesmo), sob os olhares aterrorizados de Sor Davos Seaworth (Liam Cunningham), também conhecido como O Cavaleiro das Cebolas, um antigo contrabandista que agora serve como Mão do Rei para Stannis.
E esse espectro mata Renly, diante das impotentes Catelyn e Brienne. Esta, sem seu Rei, decide ir embora com a Lady Stark, e a maior parte do exército de Renly migra para Stannis. Margaery Tyrell se prova uma das mais espertas e flexíveis da série, e parte rumo aos Lannisters, então seus inimigos, para costurar um novo acordo — um casamento com ninguém menos do que o outro rei, Joffrey (para alívio de Sansa).
Stannis reúne tudo isso e parte enfim para Porto Real, onde quer matar todos os Lannisters — cunhada e sobrinhos — e se sentar no Trono de Ferro.
Ele e seus barcos com homens — poucos, depois de uma gigantesca explosão de fogo vivo em pleno mar, graças a um plano de Tyrion para enfraquecer o inimigo — desembarcam na região chamada de Água Negra em Porto Real e tem uma batalha intensa contra o Exército Lannister e a Guarda Real.
Ele chega perto da vitória, mas tem que bater em retirada quando o lado perdedor recebe o reforço de Tywin Lannister e os homens do Exército Tyrell, que salvam Cersei e Tommen no último minuto (Myrcella agora vive em Dorne, na Casa Martell, em uma manobra de Tyrion para apaziguar os ânimos entre as famílias).
E nesta temporada já temos vislumbres e acenos ao fim da série de Game of Thrones. Daenerys tem sonhos com a Sala Real do Trono de Ferro destruída, com neve caindo lá dentro.
E é na neve que Samwell Tarly (John Bradley-West), o melhor amigo de Jon na Patrulha da Noite, perdido em um ponto perto da Muralha, comprova que as lendas são reais: os Caminhantes Brancos realmente existem, e não só isso, junto com eles, vêm os mortos.
A Terceira de Sua Temporada
Ela começa em contradição com o final da segunda, o que diz muito sobre o lore (mitologia criativa) de Game of Thrones como um todo.
Com Sam praticamente entregue aos mortos, ainda mais com um Caminhante Branco em pessoa do seu lado, era para ele ter virado carne moída. Mas ele surge correndo pela neve e consegue escapar com vida.
O confronto dos Lannisters e Starks foram intensos na temporada anterior, e os Leões (símbolo da casa) perderam feio para Robb, o Jovem Lobo. Eles têm em mãos até mesmo Jaimie em pessoa, mantido em cativeiro a contragosto dos aliados dos Starks, já que o melhor espadachim de Westeros matou muitos parentes e amigos deles.
Chega um momento que os pesos de decisões exigem mais do que Robb Stark consegue suportar, e ele fica esmagado pelas obrigações e deveres.
Sua mãe libertou Jaimie para ter suas filhas de volta, e para aplacar a fúria dos lordes que perderam seus filhos e homens nos confrontos contra o Regicida, se obriga a deter sua mãe em seus aposentos.
Para levar Jaime em segurança até Porto Real, Catelyn escalou Brienne para fazer sua segurança, mesmo que ele queira matar a cavaleira a todo momento. Ela bem que tenta manter o desgraçado vivo, mas é incapaz contra o grupo de Locke (Noah Taylor), ligado a Roose Bolton (Michael McElhatton), o líder de sua Casa, aliado aos Stark.
Formado pela ralé mais imprestável de Westeros, eles capturam a dupla, e iam currar Brienne até a morte, não fosse a intervenção de Jaime,que os convence que ela é mais valiosa viva e intacta como potencial resgate em dinheiro por sua família.
Mas sua lábia de nada vale com gente que gosta de dor e sofrimento, e Locke só fica contente quando mutila o cavaleiro Lannister, ao decepar sua mão sem mais nem menos.
Em Essos, Daenerys já dá mostras de sua “loucura”, quando trata com mestres escravagistas para conseguir controle de um exército de Imaculados, garotos eunucos treinados na arte militar e que são verdadeiras máquinas de lutar.
Sandor Clegane (Rory McCann), um dos lutadores mais ferrenhos de toda Westeros, com o nada amistoso apelido de Cão, de meio semblante horrivelmente queimado, grosso como um cavalo, um dos cavaleiros mais próximos dos Lannisters, guarda-costas do Rei Joffrey.
Ele matou na primeira temporada o filho do açougueiro amigo de Arya, o que criou uma improvável relação entre os dois de ódio. Cheio de verdades duras e pragmatismo, e vazio de falácias e covardia, Cão abandonou Porto Real durante a Batalha da Água Negra, quando descobrimos seu insuperável medo do fogo, uma terrível lição que seu violento irmão, Gregor Clegane, lhe deu quando criança.
Mais conhecido como Montanha, ele é um dos homens mais altos, corpulentos e fortes de todo os Sete Reinos, e é um cavaleiro parido de algum inferno de tormento e dor, as duas únicas coisas que consegue dar para as pessoas. Foi interpretado por três atores em Game of Thrones: Conan Stevens (temporada 1), Ian Whyte (temporada 2), e a partir da próxima, por Hafþór Júlíus Björnsson.
Arya conseguiu escapar de Harrenhal, mas ela acaba cruzando o caminho do Cão, que perambulava por ali também.
Ele tem a ideia de levar a menina para Robb e pedir um resgate, mesmo que a menina queira abrir sua garganta na primeira oportunidade. Mas a dupla é encontrada pela Irmandade Sem Bandeiras, um bando de foras-da-lei que trabalham contra os interesses dos Lannister na época da Guerra dos Cinco Reis.
Eles são liderados por Beric Dondarrion (David Michael Scott na 1ª temporada e Richard Dormer nas restantes) e Thoros de Myr (Paul Kaye), dois dos personagens mais legais de Game of Thrones.
O sobrenome Clegane pesa demais para o grupo, e eles decidem que Cão deve pagar pelos crimes da família — o Montanha já estava sendo acusado de vários crimes humanitários e saques desde a primeira temporada, quando Ned Stark era o Mão do Rei –, e um julgamento é estipulado, um julgamento por combate, uma das tradições mais legais da série, e que já tínhamos visto antes na segunda temporada, quando Tyrion teve o mercenário falastrão e bonzão Bronn (Jerome Flynn) lutando por sua vida no Ninho da Águia.
É um dos grandes momentos de Game of Thrones a luta de Beric e Cão, e também descobrimos aqui a força do Senhor da Luz, que pode trazer à vida os mortos, intactos como eram em corpo e mente, ao contrário dos Caminhantes Brancos.
Tor têm o poder da oração e já ressuscitou seu amigo Beric seis vezes. E com a vitória de Cão, Beric renasce para sua sétima vida.
A inserção de Olenna Tyrell (Diana Rigg) é uma das mais sensacional jogadas desse jogo de trono em Game of Thrones. Uma macaca velha, uma cobra idosa, senhora dona de diálogos afiados e visão tão longa que alcança a Muralha, tamanha a antecipação que consegue das coisas.
Além de amarrar o Rei Joffrey com sua neta Margaery, tenta casar Sansa Stark, agora solta — mas ainda prisioneira — com Loras Tyrell (Finn Jones), herdeiro da Casa Tyrrel, uma das mais ricas dos Sete Reinos, um dos melhores cavaleiros de toda Westeros, antigo amante de Renly, e agora aliado dos Lannisters (estava com Tywin na vitória em Água Negra), para ter controle do Norte e de Porto Real ao mesmo tempo.
Mas Tywin se mexe logo, e articula para Cersei casar com Loras, e Tyrion casar com Sansa, para desespero da menina.
Um dos episódios mais chocantes de toda a série de Game of Thrones está nesta temporada, quando vemos Robb e Talisa — a essa altura já grávida –, acompanhados de Lady Stark, Catelyn, no castelo de Walder Frey, onde ele os espera para um jantar e um escrutínio, já que o Jovem Lobo jogou no lixo o acordo de se casar com uma de suas filhas.
Todas as cenas são carregadas de tensão, e Catelyn antevê a tragédia quando nota que Roose Bolton está de cota de malha para um simples jantar.
Walder simplesmente massacra Robb e seus homens, e mata Talisa esfaqueada na barriga, em uma chocante e carniceira traição. O velho não se importa nem de salvar uma de suas filhas, que Catelyn consegue capturar e ameaçar sob o fio de uma faca. As duas morrem com as suas gargantes cortadas.
E nem é o fim da temporada ainda. Ainda vemos mais um passo da ascensão de Daenerys Targaryen rumo ao seu pleno poder, quando liberta uma cidade de escravos, e começa a saborear a idolatria que governantes experimentam.
Pra lá da Muralha, Jon Snow e seus companheiros de Patrulha da Noite são emboscados por um grupo de Selvagens, e poucos restam vivos dos dois lados.
Ele e nós conhecemos a incrível Ygritte (Rose Leslie), uma linda selvagem ruiva bocuda e sanguinária, que faz o tonto bastardo se apaixonar perdidamente ao longo do convívio forçado que são obrigados a fazer para sobreviver na neve.
Jon acaba conhecendo os 19 clãs de selvagens — que se auto-intitulam Povo Livre — e com efeito, permanece com eles por algum tempo, mais com Ygritte na verdade, por motivos e segundas intenções óbvios.
O líder que conseguiu reunir os 19 clãs (que se odeiam) é Mance Rayder (Ciarán Hinds), um antigo patrulheiro que mudou de lado, ao perceber as contradições do mundo e da vida. Tormund (Kristofer Hivju) é outro bom personagem que a série entrega, um selvagem bonachão com sangue nos olhos e sem papas na língua.
A narrativa faz Jon permanecer com eles até que num momento oportuno ele os abandona, para completo desapontamento de Ygritte, arrasada por perder seu homem, com quem aceitaria até abandonar o Povo Livre.
O fim melancólico do casal ainda reserva muitas lágrimas futuras. A terceira temporada de Game of Thrones escolhe repetir o final da primeira, de novo com Daenerys poderosa em meio a seus dragões — e ao povo escravo que libertou, demonstração direto de seu carisma popular como eventual governante.
A Quarta de Sua Temporada
Arya começa sua vingança contra todos que a prejudicaram, em uma longa lista de nomes a matar, que só cresce a cada momento.
Ela de novo presencia um Stark trucidado, quando viu o cadáver sem cabeça de Robb, montando em um cavalo — no lugar estava a cabeça do “seu” lobo, Vento Cinzento, no lugar, quando Cão a levou para o Castelo de Walder Frey.
O homem então decide fugir dali e ir para o Vale de Arryn entregar a menina para a tia Lysa, a viúva de Jon Arryn (Kate Dickle), irmã de Catelyn.
No caminho, ela recupera sua espada Agulha, feita ainda em Winterfell, o Lar dos Stark, lá na primeira temporada. Ela a toma de Polliver (Andy Kellegher), um soldado dos Lannister, que a tinha roubado em Harrenhal.
A cena é uma das melhores da série, com Cão contra Polliver e a rapa dentro de uma pousada.
Brandon e Rickon Stark permaneceram em Winterfell durante as temporadas anteriores, mas com a traição do “irmão”, Theon Greyjoy, que tomou o castelo em seu nome, eles viram suas vidas correndo cada dia mais perigo, e fogem dali, com a ajuda de Hodor (Kristian Nairn), um criado, limitado intelectualmente, dos Stark, e Osha (Natalia Tena), uma selvagem que encontrou abrigo entre a família deles.
O quarteto decide ir atrás de Jon Snow, lá no Castelo Negro, em busca de proteção. Durante vários episódios anteriores, Bran parece desenvolver estranhos poderes, ao entrar no campo de visão de corvos e de seu lobo “pessoal”, Verão, e até mesmo de outros lugares e situações.
Neste ponto, assim como aconteceu com Daenerys, vemos Bran enxergando a Sala do Trono de Ferro destruída, e sombras de imensons dragões em cima de Porto Real.
Comprovando a extrema ousadia e qualidade de Game of Thrones, o segundo episódio da quarta temporada já entrega um impacto nuclear, com a agonizante morte do Rei Joffrey, depois que ele toma um gole de bebida envenenada, durante o casamento com Margaery.
Tyrion é implicado diretamente na morte do jovem por Cersei, e para “ajudar” o anão, Sansa consegue arrumar uma chance para finalmente fugir de Porto Real, graças a uma artimanha de Mindinho.
Temos um vislumbre do que pode ser o grande vilão da série, com a aparição do Rei da Noite, o líder dos Caminhantes Brancos, em uma visão com Bran.
Ele tem a ajuda dos irmãos Meera (Ellie Kendrick) e Jojen (Thomas Brodie-Sangster). Eles são filhos do Lorde Howland Reed, um antigo amigo e aliado de Ned Stark, e o garoto parece ter poderes similares ao de Bran.
A dupla encontrou Bran, Rickon, Hodor e Osha já na terceira temporada, mas é aqui que vemos que todos estão em uma inevitável jornada própria rumo ao mistério.
Craster (Robert Pugh) é um homem odioso, que mora perto pra lá da Muralha, um selvagem que é um relutante aliado da Patrulha da Noite.
Ele já aparece na segunda temporada, mas é nesta que descobrimos que seus filhos homens, que ele tem com suas próprias filhas, são dados para os Caminhantes Brancos — o que talvez explique a “criação” desses, já que não são necessariamente zumbis reanimados.
Vemos inclusive o que parece ser o Rei da Noite apenas encostando um dedo no neném, o transformando, como notamos pela mudança de cor de seus olhos para um azul maligno.
Em um combate perto desse local, Bran chega a estar poucos metros de seu irmão Jon, mas sela seu destino ao abandonar o local sem abordá-lo, e finalmente partir rumo à origem de seus estranhos poderes, aceitando as orientações de Jojen, que fala sobre sua inevitável transformação em Corvo de Três Olhos.
Bran assim corta para sempre sua relação com o mundo conhecido. Essa temporada também entrega uma das melhores lutas da série, quando Jon vai matar rebeldes da Patrulha que tomaram posse do lar de Craster, em especial seu confronto contra Karl Tunner (Burn Gorman).
Daenerys tem a chance de vir finalmente para Westeros e tentar retomar o Trono de Ferro, mas decide cortar a relação de poder imediato a favor de governar, em uma intrincada dinâmica de equilíbrio de conquistas para agradar escravos recém-libertados e mestres relutantes em perder o status quo.
Jaime realmente gosta de Brienne, apesar de estarem em lados opostos. Ele permite que ela saia em segurança atrás de Sansa, para cumprir o juramente que fez para Catelyn de proteger suas filhas, e ele até mesmo dá uma armadura completa pra ele.
Não bastante isso, o Lannister maneta dá sua espada para a mulher — a antiga Fazedora de Víúvas, feita a partir de Gelo, a espada de ação valiriano de Ned Stark, tomada dele após sua morte. Brienne a re-rebatiza de Cumpridora de Promessas e parte, com uma nítida e insuspeita tensão sexual entre ambos.
Montanha começa a aparecer bem mais agora em Game of Thrones, e logo descobrimos que é uma parte importante do passado dos Lannister, Targaryen e Martell, quando o Rei Louco ainda estava vivo.
Aliás, ele é uma das grandes adições ao seriado, eclipsada pela sensacional estreia da Casa Martell, na forma de Oberyn, (Pedro Pascal), o irmão mais novo de Elia Martell, a esposa do Príncipe Rhaegar Targaryen, o herdeiro de Aerys II, o Rei Louco. Ela e Rhaegar tiveram dois filhos, a pequena Rhaenys e o neném Aegon.
Quando a Rebelião do Robert explodiu, eles tiveram um destino dos mais terríveis. Rhaegar combateu Robert Baratheon em pessoa durante a batalha travada entre os exércitos rebelde e real no Ramo Verde do Tridente, sobre o que posteriormente ficaria conhecido como o Vau Rubi, localizado nas Terras Fluviais, uma região central mais ao sul de Westeros.
Enquanto isso, em Porto Real, Elia, Rhaenys e Aegon foram vítimas do Montanha — que junto com Tywin Lannister, invadiram a cidade, a saquearam, e traíram o Rei Louco para depô-lo — Jaime o matou pelas costas. Para acabar com a família de vez, Montanha estuprou e matou Elia, e trucidou as duas crianças.
A Casa Martell é de Dorne, a região mais ao sul de Westeros, terra mais desértica do que outras, protegidas por montanhas, com um povo guerreiro e de modos libertinos, ao mesmo tempo com mais liberdade e direitos do que os conservadores do resto do mundo conhecido.
Rebeldes, se recusam a aceitar alianças com facilidade, e o arranjo do casamento de Rhaegar Targaryen e Elia Martell visava unir as duas Casas/Regiões.
Tudo bem que esperar para concretizar uma vingança depois de quatro temporadas passadas parece inverosímel — isso sem contar o “tempo real” da cronologia, que dá o quê? uns 15, 20 anos? –, mas ter Oberyn na série é um aumento de qualidade em uma série que já estava ótima.
Charmoso, bom jogador, bissexual, lutador habilidoso e afiado com as palavras, Oberyn chega em Porto Real no lugar do Príncipe Doran (Alexander Siddig), seu irmão mais velho e Regente de Dorne, convidado para o Casamento Real.
Ao mesmo tempo que sente asco do povo de Dorne, já que eles estão com sua filha, Myrcella, Cersei aproveita que o idealizador disso, Tyrion, está com a corda no pescoço, com suas acusações de ter matado Joffrey ainda valendo, e decide promover um julgamento para se ver livre dele o mais rápido possível.
De novo Tyrion apela para um julgamento por combate, e Oberyn vê nisso uma oportunidade de começar a vingar sua irmã Elia e seus sobrinhos. Ele aceita ser o Campeão de Tyrion e luta contra o Montanha, no melhor dos cenários montados.
Ágil e liso como uma cobra (seu apelido é Víbora Vermelha), Oberyn desvia facilmente dos golpes poderosos e perigosos, mas muito lentos, que Montanha desfere. É mais um dos grandes momentos de Game of Thrones neste ainda começo da série.
A luta incrível é ganha por Oberyn, que só poderia perder para uma pessoa em todo o mundo: ele mesmo.
E é o que acontece. A cena de morte é uma das melhores em toda a história do entretenimento pop. Tyrion agora não tem mais escapatória, e será executado.
Jaime sente pelo irmão, mas Cersei e Tywin só querem matá-lo, provando que os Lannisters realmente não prestam.
A eles se juntam outros podres que descobrimos no que pode ser a melhor temporada desde o começo de Game of Thrones: como que essa guerra toda começou. Lisa tramou a morte de Jon Arryn, seu marido, influenciada por Mindinho, a qual ama desde jovens.
Mas Petyr é a mais diabólica das cobras, e só queria o poder do Ninho da Águia e o controle do Vale. Ele beija Sansa de propósito na frente de Lisa, para provocar a mulher, e não tarda para armar uma emboscada e jogá-la na Porta da Lua, uma abertura no chão do castelo Ninho da Águia, que fica quilômetros acima do nível do mar — o local é um dos mais intransponíveis de toda Westeros.
Sansa deveria mudar o nome para Sonsa, já que defende em conluio o que Mindinho fez, ao imaginar que é preferível ele do que ficar sem nenhum amigo ou aliado por perto.
Petyr parece ter desenvolvido uma estranha atração por Sansa, ainda que não de cunho sexual explícito (por enquanto), já que ela é filha de seu maior amor, Catelyn, o qual nunca se concretizou.
O que se define é a verdadeira face de Jorah Mormont (Iain Glen), um dos cavaleiros mais próximos de Daenerys, que se mostra um traidor a serviço de Lorde Varys (Conleth Hil), o Mestre dos Sussurros, O Aranha, o chefe eunuco do “departamento” de espionagem dos Sete Reinos, um cara tão elástico que serviu a todos os Reis que botaram a bunda no Trono de Ferro — do Rei Louco, Robert, Joffrey e agora Tommen.
Varys sabe que a menina Targaryen tem potencial de problema futuro, e mantém uma de suas “aranhas” nela, um “passarinho” — Jorah, no caso, que assim o faz para conseguir perdão real por seus crimes de escravidão.
Ele fugiu de uma sentença de morte de ninguém menos do que Ned Stark, e desgraçou o nome de sua família, Mormont, uma Casa do Norte, para tristeza de seu pai, o lorde Jeor (James Cosmo), o Lorde Comandante da Patrulha da Noite, chefe de Jon Snow, morto covardemente por Karl na temporada anterior.
Jorah não contava literalmente se apaixonar pela garota-dragão desde o começo da primeira temporada de Game of Thrones, mas seria impossível a situação de espião ser contornada. Daenerys lhe poupa a vida, mas ordena que nunca mais apareça ou será morto.
Lá no Norte, os Selvagens unificados de Mance Rayder avançam para destruir Castelo Negro, e (de novo) temos uma excelente cena de combate, com destaque especial para Grenn (Mark Stanley), um dos melhores amigos de Jon Snow, e outros patrulheiros, contra um Selvagem Gigante (!).
A dramática cena só é superada pela triste e inevitável despedida sangrenta de Jon e de Ygritte, com certeza um dos momentos mais dolorosos desde o começo de Game of Thrones.
Os episódios 04×08 e 04×09 são simplesmente obrigatórios. Bran Stark e seus companheiros, Hodor, Jojen e Meera Reed (nessa altura já sem Osha e Rickon, que foram para Casa Umber, aliado dos Stark, para permanecerem escondidos e em segurança), atravessam a Muralha perseguindo uma visão. Jogen é morto em um ataque de zumbis e Caminhantes Brancos.
Meera nada pode fazer, mesmo com a ajuda das Crianças da Floresta, fantásticos seres humanoides, aparentemente metade animal/vegetal, que auxiliam o agora trio para chegar numa árvore, onde encontram um homem velho que se chama Corvo de Três Olhos.
Ele é o repositório de acontecimentos passados, e Bran aprenderá o que deve com ele. Apesar de ser forçado demais uma menina, um moleque aleijado e um gigante limitado intelectualmente sobreviverem, é isso que acontece.
As Crianças da Floresta foram os primeiros habitantes do Continente de Westeros, e quando os Primeiros Homens chegaram — vindos de Essos — uma guerra se iniciou pela posse de terras.
Cão consegue levar Arya para o Ninho da Águia no Vale de Arryn, apenas para descobrir que a tia da menina também morreu. A garota fica no pé do portão de (um dos) castelo do lugar, e a um passo de reencontrar a irmã Sansa, mas não rola.
No caminho de volta, ainda pensando o que fazer, ela e Cão se deparam com Brienne e Podrick Payne (Daniel Portman), jovem bonachão, antigo criado de Tyrion, e agora escudeiro da moça.
la pede que Arya acredite nela, que ela é uma enviada de sua falecida mãe, e que vai protegê-la. Mas ela ostenta uma armadura e uma espada Lannister, que não passa despercebido por Cão, que não tem um fio de paciência para escutar qualquer explicação.
E ainda neste começo de Game of Thrones, temos mais uma luta sensacional, com Brienne superando um dos guerreiros mais casca-grossa de todo o mundo.
Em Porto Real, Jaime liberta seu irmão da prisão, a revelia do pai e da irmã, provando que há alguma coisa que pode ser chamada de bondade entre os Lannister, mesmo que seja entre família.
Mas essa sensação é destroçada em uma das cenas mais emblemáticas de toda a série, quando Tyrion confronta seu pai, Tywin, que iria executá-lo em algumas horas.
O diálogo dos dois, antes do anão matar o velho na hora em que ele estava cagando, é um dos grandes momentos de Game of Thrones.
Antes, o pequeno Leão teve que amargamente matar sua antiga amante, a prostituta Shae (Sibel Kekilli), presente desde a primeira temporada.
Ele realmente amava a mulher, mas ela é uma das mais pragmáticas da série — veio para Porto Real disfarçada como criada real para ficar perto de Tyrion, se tornou amiga de Sansa, mesmo com essa “casada” com ele, e aceitou permanecer nas sombras.
Mas quando o anão foi preso, ela não hesitou em avançar para cima de Tywin para manter seu conforto dentro do castelo real. A dor de Tyrion ao ver ela na cama de seu pai foi demais, e que teve que ser pago em sangue na visão dele.
Varys também se envolve na fuga de Tyrion, e o manda para Essos, decidindo ir junto também. O destino? Daenerys Targaryen, que eles enxergam agora como potência na disputa pelo Trono de Ferro.
É para lá também que Arya decide ir, agora livre de Cão, deixado agonizando em cima de uma pedra, e recusando ir com Brienne. A garota Stark decide que também não irá para o Norte, nem tentar ver Jon Snow.
Ela embarca para Essos, graças a uma moeda que Jaqen H’ghar lhe deu, e vai atrás dele em Bravos, uma das cidades mais importantes desse continente. Daenerys abole a escravidão em Essos, mas seus dragões lhe causam grandes problemas fazendo-a tomar decisões difíceis.
O final da quarta temporada de Game of Thrones é semelhante ao final da futura (e última) oitava da série, e diz muito sobre o que a série se tornou.
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