Raymond Cruz é um ator americano que com certeza você já deve ter visto em seriados e filmes policiais, dramas criminais, ação e mistério por aí.
Seu rosto tipicamente latino serviu para o template genérico de personagens militares e criminosos em uma quantidade imensa de obras audiovisuais. São quase 100 produções desde 1987.
Nascido em Los Angeles, California, nos Estados Unidos, em julho de 1961 (está com 61 anos atualmente), de pais mexicanos, Cruz criado no nas ruas dos bairros Maravilla e Barrio South Gate, ele desde cedo se viu no meio de gangues e viu o primeiro morto (com um tiro de cabeça) aos 12 anos de idade.
Seriados como Arquivo X, Star Trek: Deep Space Nine, Nova York Contra o Crime, CSI, 24 Horas, Nip/Tuck, Meu Nome é Earl, e com destaque para Breaking Bad e Better Call Saul, e filmes como Fúria Mortal, Perigo Real e Imediato, A Rocha, Alien 4 – A Ressurreição e Dia de Treinamento tiveram Raymond Cruz como um militar ou um criminoso, às vezes até mesmo como os dois ao mesmo tempo.
O site IMDB dá 92 créditos de atuação para Raymond Cruz até esta matéria, que passará nas mais importantes pequenas participações dele, a maioria trabalho de coadjuvante mesmo, mas que valem a citação. E claro, os grandes filmes em que ele teve uma participação mais robusta.
Seu primeiro filme foi a comédia Cinderela às Avessas (1987), mas depois ele já começou a entrar no âmbito policial-criminal, em um episódio da série Cagney & Lacey e (1988) e no militar em Vietnam War Story, ambas de 1988.
Fez mais filmes e séries, e os mais famosos na época foram um episódio da série A Hora do Pesadelo: O Terror de Freddy Krueger (1990) e o filme Gremlins 2: A Nova Geração, ambos de 1990.
Em 1991, Raymond emplacou duas pérolas que não poderiam ser mais distintas: Fúria Mortal, o 4º filme do ator e artista marcial Steven Seagal, e Voltar a Morrer, uma comédia dramática dirigida e estrelada por Kenneth Branagh, com Emma Thompson, Robin Williams e Andy Garcia.
No ano seguinte, 1992, Raymond participa das comédias românticas Quando a Festa Acabar, com Sandra Bullock, e o Cão de Guarda, com Jack Nicholson, Ellen Barkin e Harry Dean Stanton; um filme policial para TV, Horas Violentas, com Dennis Hopper e Anne Archer.
Em 1992 temos também mais um filme com Seagal, A Força em Alerta, com Tommy Lee Jones, Gary Busey e Damian Chapa. Seagal é o cozinheiro Casey Ryback, o único que pode deter um grupo terrorista que domina um navio cheio de armas. Raymond Cruz faz um dos soldados amigos de Casey.
Marcados Pelo Sangue (1993), tem Raymond e Damian junto com Benjamin Bratt. É um filme baseado na vida do poeta Jimmy Santiago Baca, que foca nos meio-irmãos, Paco e Cruz, e em seu primo mestiço, Miklo.
Em 1994, finalmente Raymond Cruz tem o seu papel de maior destaque até então: Perigo Real e Imediato.
Raymond Cruz & Perigo Real e Imediato
O filme adapta o livro de mesmo nome de Tom Clancy, com a desventuras de Jack Ryan, um agente da CIA (agência secreta americana de espionagem), interpretado por Harrison Ford. Trata-se do terceiro filme já do agente secreto.
O primeiro foi Caçada ao Outubro Vermelho (1990), com Alec Baldwin como Ryan, dirigido por John McTiernan, e o segundo foi Jogos Patrióticos (1992), dirigido por Phillip Noyce e com Ford no papel principal.
Seguindo mais de perto o livro de Clancy, o diretor Noyce posiciona Ryan agora como diretor da CIA, e ele se vê envolvido a contragosto no meio das politicagens da alta cúpula governamental contra um cartel do tráfico de drogas na América do Sul.
Raymond Cruz é Chavez, um dos soldados contratados pelos Estados Unidos para uma incursão black ops contra os traficantes, em uma missão que dá toda errada por causa da interferência indevida de Washington.
Os vilões são o lorde das drogas Ernesto Escobedo (Miguel Sandoval), baseado diretamente no famoso traficante Pablo Escobar, e James Cutter (Harris Yulian), do Conselho de Segurança Nacional da Presidência.
O roteiro foi escrito por Donald Stewart (co-autor também dos outros dois roteiros), Steven Zaillian e John Millius (Magnum 44, Apocalypse Now e Conan, o Bárbaro).
Chavez se torna um dos pilares da narrativa na segunda metade do longa, e vale citar a pequena atriz Thora Birch, aqui como a filhinha de Ryan.
Raymond Cruz volta a trabalhar com Benjamim Bratt aqui, e Anne Archer está no filme também (ela estava com Cruz em Horas Violentas).
Perigo Real e Imediato é o mais bem sucedido Jack Ryan no cinema, com 215 milhões de dólares em caixa.
Depois desse filme, Raymond Cruz fez um marginal em um episódio da série Chuck Norris: O Homem da Lei (1995) e no ano seguinte um militar no divertido o filme de ação A Última Ameaça, dirigido por John Woo, com Christian Slater e John Travolta, um dos filmes mais desencanados do diretor taiwanês em Hollywood.
Em 1996, Raymond Cruz fez o drama jornalístico Íntimo e Pessoal, com Robert Redford e Michelle Pfeiffer; no mesmo ano, interpretou um militar em O Substituto, com Tom Berenger, sendo o segundo em comando na trama.
Também é de 1996 outro dos grandes sucessos do qual Raymond Cruz participou. Estamos falando de A Rocha, de Michael Bay.
A Rocha
Francis X. Hummel (Ed Harris) é um general aposentado da Marinha dos EUA altamente condecorado que deseja mais do que o governo deu para soldados mortos em operações clandestinas.
Ele apreende um estoque de VX, uma poderosa arma química, e assume a antiga prisão na Ilha de Alcatraz, na baía de São Francisco, com 81 turistas como reféns.
Uma equipe de elite de fuzileiros navais (SEAL da Marinha), com o apoio de Stanley Goodspeed (Nicolas Cage), um especialista em química do FBI, e um ex-fugitivo de Alcatraz, o agente secreto britânico John Patrick Mason (Sean Connery).
Todos eles têm que correr contra o tempo, já que Hummel ameaça soltar o VX caso não executem sua exigência por dinheiro para a família dos soldados mortos — detalhe: o dinheiro vem de um fundo escuso do Exército com vendas ilegais de armamentos.
O thriller dirigido por Michael Bay tem um ritmo acelerado com um elenco de primeira, com cenas espetaculares de ação. O filme foi produzido por Don Simpson e Jerry Bruckheimer, parceiros de Bay em sua trajetória explosiva e carnavalesca nos cinemas.
Raymond Cruz, apesar de não aparecer creditado, interpreta o sargento Rojas no longa, como parte da equipe renegada de Hummel.
Cheio de cenas de ação e tiroteio, é o segundo filme de Michael Bay, um ano depois dele ter feito Bad Boys (1995). Ele veio da indústria de videoclipes, com trabalhos anotados para artistas como Tina Turner, Lionel Ritchie, Meat Loaf e outros.
Isso explica a linguagem cinética que Bay imprimi aqui, com cenas e takes bem legais, como o flare, uma luz ofuscante em cena, que se tornou uma “assinatura”, e closes (que Ed Harris odiava). Tudo isso funciona, apesar da correria do roteiro e conveniências de gibis de super-heróis. O impasse mexicano perto do final é uma cena com certeza é marcante.
Esse mood ficou tão exacerbado em sua carreira que beira o insuportável, mas a Rocha é um produto bem redondo que resume o talento de Bay. Tanto que o longa tem uma edição pela Criterion, prestigiado selo de mídia física que lança filmes consagrados.
Se o termo é exagerado para A Rocha não sabemos, mas ele está lá.
Quentin Tarantino, assim como Raymond Cruz, não é creditado no filme, mas foi o celebrado escritor e diretor quem fez o roteiro, junto com Jonathan Hensleigh e Aaron Sorkin. Até hoje A Rocha é o filme favorito de Michael Bay.
E não deixem de reparar: Sean Connery interpreta um velho agente secreto britânico, em uma clara referência ao seu icônico James Bond, da franquia cinematográfica 007.
David Morse, que interpreta o Major Tom Baxter, não consegue lançar a arma química aqui em A Rocha, mas ele o faz em 12 Macacos (1995), graças ao seu papel de Dr. Peters, o louco cientista apocalíptico do filme de Terry Gilliam.
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Vale ainda citar o ator Michael Biehn no mesmo mood de Raymond Cruz. Biehn faz em A Rocha o Comandante Anderson, líder dos fuzileiros que tentam deter Hummel, sendo a 5ª vez que fez um papel militar.
O primeiro aconteceu em O Exterminador do Futuro (1984), como o soldado da resistência Kyle Reese, filme icônico da ficção científica e ação, dirigido por James Cameron; Aliens, O Resgate (1986), a ótima sequência do filme original de Ridley Scott, com Biehn como um Fuzileiro Naval, outro filme dirigido por Cameron; também um militar que enlouquece em O Segredo do Abismo (1989), mais um de James Cameron; e Comando Imbatível (1990).
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Depois de A Rocha, Raymond Cruz participou de um episódio da série Arquivo X (1993-2016), o El Mundo Gira (04×11, 1997), onde ele interpreta alguém que acaba se tornando um…chupa-cabra?!
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Um filme de TV, A Última Conquista (1997), também tem Cruz, uma produção com o ator Tom Selleck em um roteiro baseado numa novela de Elmore Leonard, consagrado escritor de romances policiais e thrillers, muitos dos quais foram adaptados para o cinema.
O ano de 1997 também marca outra grande produção de Raymond Cruz, o errático Alien 4 – A Ressureição.
Alien 4 – A Ressurreição
Mesmo após o encerramento definitivo em Alien 3 (1992), a produtora Fox queria mais aventuras da tenente Ellen Ripley, interpretada pela inesquecível Sigourney Weaver. A atriz não queria retornar de jeito nenhum para a franquia, mas um caminhão de dinheiro da Foz fez ela repensar a ideia.
O roteiro nos joga 200 anos a frente da timeline estabelecida anteriormente. Ellen é clonada a partir de materiais genéticos encontrados na prisão de Fiorina Fury, onde ela tinha morrido, e temos nosso filme.
O roteiro de Joss Whedon faz dela agora um híbrido humano e alien, com todos as benesses de superpoderes e nada das deficiências. Ou assim ela pensa, já que ela é a 8ª tentativa de clonagem, e o diretor Jean-Pierre Jeunet fará questão de mostrar as outras.
Alien 4 – A Ressureição é uma aventura de super-herói (Joss dirigiria os dois primeiros filmes dos Vingadores para a Marvel Studios no começo dos anos 2010) e brinca com a super Ripley, que agora tem um grupo de mercenários para chamar de sua turma.
E verdade seja dita, os personagens são bem legais mesmo. Temos Elgyn (Michael Wincott) como líder desses mercenários espaciais, sua amante Hillard (Kim Flowers), o irascível Johner (Ron Perlman), Vriess (Dominique Pinon) e sua cadeira de rodas estilosa, Christie (Gary Dourdan) e…por que diabos ele se mata!?
E claro, a estrela ao lado de Weaver, a androide Call, interpretada pela musa Winona Ryder.
Os “vilões”, além dos aliens (que também foram clonados junto com Ripley), são o General Perez (Dan Hedaya) e os cientistas Wren (J.E. Freeman) e Gediman (Brad Dourif). Brad teve uma inesquecível participação em Brinquedo Assassino (1988), onde interpretou o criminoso Charles Lee Ray, ninguém menos que o boneco e protagonista Chuck em pessoa.
Raymond Cruz em Alien 4 é Distephano, um dos soldados (ah, vá) do Sistemas Unidos Militar, a organização que está por de trás das clonagens de aliens no filme.
Ele é traído por seus superiores e se alia à Ripley e os mercenários, sendo de grande ajuda para (parte) do grupo sobreviver à matança que os aliens promovem — de 64 pessoas (androide e clones juntos), só sobram 4.
Distephano só aparece no segundo ato, quando as coisas começam a dar errado. Na novelização, seu personagem é mais aprofundado. Ele é o primeiro a matar um alien logo na abertura do livro, e a razão dele ter embarcado numa missão escusa militar é mais bem explorada.
Mais pra frente, quando junto dos mercenários em sua nave, Betty, ele discute com Johner sobre a possibilidade de se juntar ao grupo.
Vale dizer que Jean-Pierre só dirigiu Alien 4 pela promessa da Fox produzir um filme que ele queria muito fazer, e que saiu mesmo: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001).
Raymond fez criminosos em dois episódios das séries policiais 413 Hope St. e O Desafio, e e no episódio The Siege of AR-558 (07×08, 1998) de Star Trek: Deep Space Nine (1993-1999), retornou ao espaço como um soldado.
Em 1999, Raymond Cruz filmou Um Drink no Inferno 2: Texas Sangrento, uma sequencia para o mercado de vídeo do filme original de Quentin Tarantino.
Em 2000, fez um criminoso em um episódio da série Nova Iorque Contra o Crime e dois episódios de Harsh Realm, seriado criado por Chris Carter, o mesmo de Arquivo X, mas que não deu certo.
No mesmo ano, a Fox lançou o videogame Alien Ressurection, um jogo de tiro em primeira pessoa desenvolvido pela Argonaut Software e lançado exclusivamente para o PlayStation, console de 32-bits da Sony. Podíamos jogar com Ripley, Call, Christiee e Distephano, sendo que o soldado tinha dublagem do próprio Raymond Cruz, assim como era dele a narração do game.
Em 2001, Raymond Cruz teve um pequeno papel em um filme impressionante, Dia de Treinamento, dirigido por Antoine Fuqua, escrito por David Ayer e estrelado por Denzel Washington e Ethan Hawke.
Os dois interpretam com maestria dois tiras que acabam por mostrar todas as facetas do lado humano e pernicioso da profissão de policial, em especial para o personagem de Hawke, o novato Jake, que sofre nas mãos de Alonzo, papel de Denzel, que lhe deu o Oscar de Melhor Ator em 2002 (Ethan foi nomeado também, mas não levou).
Raymond Cruz interpreta Sniper (não-nomeado), que junto com Moreno (Noel Gugliemi, que tem mais de 200 filmes em que interpreta personagens latinos quase sempre chamados Hector) e Smiley (Cliff Curtis), fazem um trio de criminosos dos mais sacanas e intimidadores do cinema.
Quando Jake se vê sozinho em um jogo de cartas com os três, abandonado pelo seu “parceiro” Alonso, a tensão da cena é tão sólida como um tijolo. Cruz faz um bandido implicante cheio de gracinhas ridículas e que parece que a qualquer momento vai explodir em fúria.
Em 2002, Raymond Cruz fez Efeito Colateral com Arnold Schwarzenegger , com o vilão do filme sendo Cliff Curtis
Arnold interpreta um bombeiro que tem a esposa e filho mortos em um ataque terrorista e vai atrás de vinganças. Raymond interpreta um bombeiro amigo de Arnold. E o filme tem a maior porcentagem de atores latinos quando de seu lançamento, já que são terroristas da América do Sul.
Ainda no âmbito de terrorismo, Cruz fez mais um bandido em 2003 em dois episódios da inovadora série 24 Horas. Foram nos episódios 02×20 e 02×22 (Day 2: 3:00 a.m.-4:00 a.m. e Day 2: 2:00 a.m.-3:00 a.m., respectivamente).
Cruz faz o criminosos Rouse, que é morto por Jack Bauer (Kiefer Sutherland).
No mesmo ano, Raymond retorna ao universo de Jornada nas Estrelas ao dublar um soldado no game Star Trek: Elite Force II, jogo que tem narração do ator Patrick Stewart., o Capitão Picard da série A Nova Geração.
No mesmo ano, Cruz fez 3 episódios da série The Division e o filme Meu Nome é Modesty Blaise (2004), clássica personagem dos anos 1960, uma agente secreta que não deixa devendo em nada para um James Bond.
A protagonista é Alexandra Staden, e é baseado nos primeiros anos de Modesty, que começa como um ex-chefa do crime que se tornou agente secreta. A produção é de Quentin Tarantino.
Modesty Blaise nasceu nos quadrinhos criado pelo artista Peter O’Donnell em 1963, na Inglaterra, com vários desenhistas fazendo a personagem, com destaque para Jim Holdaway.
Em 1966, Modesty Blaise já tinha um filme, dirigido por Joseph Losy, com a lindíssima Monica Vitti no papel principal.
Em 2005, Raymond estrelou mais um filme, o drama Garotas sem Rumo, com Anna Hathaway, Bijpu Phillips, Joseph Gordon-Levitt e Channing Tatum, onde duas meninas se envolvem com o submundo criminoso latino.
É nesse ano que ele começa a interpretar o policial Julio Sanchez na série Divisão Criminal (2005-2012).
Cruz fez episódios de Estética (2006), CSI e Meu Nome é Earl, todos de 2007. Até que chegou 2008. O ano de estreia de Breaking Bad.
Raymond Cruz & Breaking Bad
Uma das melhores séries de todos os tempos, Breaking Bad (2008-2013) foi criada por Vince Gilligan, roteirista que já tinha lapidado parte de seu talento na produção de Arquivo X (1995-2002) — aquela Harsh Realm que Raymond fez também teve produção dele.
Breaking Bad é um filme estendido em 5 temporadas, uma comédia de humor negro no meio de uma narrativa criminal em espiral com a história do professor de química Walter White (Bryan Cranston), que descobre que morrerá de câncer de pulmão em breve.
Desesperado para deixar sua família com dinheiro antes que parta, ele acaba no mundo do tráfico de drogas de metanfetamina, ao fazer uma inusitada parceria com um aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul).
Enquanto professor ridicularizado na escola e broxa com sua jovem esposa, Walt começa a perder cabelo ao mesmo tempo que cria uma persona criminosa, Heinsenberg, e faz seu lado mais agudo surgir como um espectro assustador.
Junto com Pinkman, se tornam criminosos e assassinos disposts a tudo para levar adiante a construção de um império de drogas em Albuquerque, no Novo México, EUA.
É divertido, bem-humorado, violento, sagaz, com cenas e takes criativos em roteiros bem pensados, que ajudam no crescimento dos personagens, que raramente terminam do jeito que começam.
A jornada de Walter White é extraordinária. De um homem bom e humilhado com apenas 2 anos de expectativa de vida (terrível e atroz), ele se transmuta em outro ser, tornado terrível por uma série de acontecimentos consequentes de suas escolhas, para tentar sobreviver a esses percalços.
No episódio Crazy Handful of Nothin’ (01×06), White conhece Tuco Salamanca, um perigoso traficante de drogas interpretado com maestria por Raymond Cruz. Ele já tinha espancado Jesse e lhe roubado a metanfetamina que tinha levado para vender.
A cena é particularmente poderosa pois mostra o quanto White poderia ser esperto — é aqui que ele apresenta sua alcunha de Heinsenberg — , ao criar uma uma explosão no meio das fuças de Tuco e seus capangas.
Claro, Tuco não fica nada atrás, como podemos comprovar em suas atitudes psicopatas. Nunca mais a série teria o nível de periculosidade que Raymond entregava em cena, a não ser talvez pela presença de Gus Fringe, o grande vilão da série.
Tuco não se intimida com nada e não demora a montar em cima de White e Jessie. Ele exige mais drogas que o combinado e chegar a sequestrar a dupla para fazerem drogas no México.
Em Grilled (02×02), Tuco é morto (com muito custo e ajuda de Walter e Jesse) por Hank Schrader (Dean Norris), em uma das grandes cenas da série. Destaque aqui para o carro do vilão, um Pontiac LeMans 1970 tunado e irado, usado na cena como paralelo do corpo agonizante de Tuco.
O Tuco de Raymond foi tão bom, mas quanto tempo um fusível dura antes de queimar? Acontece, fazer o que.
Alguns dos melhores momento em Breaking Bad resultaram de pura sorte no processo de escolher o elenco. Por outro lado, às vezes momento que pareceriam ruins se tornaram bons momentos no programa. Um bom exemplo é o fato de que Tuco, vivido por Raymond Cruz, tornou-se rapidamente indisponível para nós como ator. Ele seria nosso vilão por toda a segunda temporada. Infelizmente para nós – porque nós adoramos trabalhar com ele e o personagem – Raymond Cruz se tornou fixo na série de TV The Closer (o já citado Divisão Criminal), por isso ficou indisponível para nós. Então nós tivemos que lhe dar uma grande morte e tirá-lo de cena.”
Vince Gilligan
O episódio Grilled também marca a primeira aparição de Don Hector Salamanca (Mark Margolis), o tio “meio” vegetativo de Tuco, e outrora grande lorde das drogas de Albuquerque e região. Ele tomaria o lugar de Tuco como ameaça na segunda temporada da série. Foi aqui também que White é mostrado careca pela primeira vez.
White tirou o nome Heisenberg em referência ao físico alemão Werner Heisenberg, que assim como White, também era um professor com câncer. Ele ficou famoso por ter formulado complexas equações matemáticas para determinar (mais ou menos, graças à imprevisibilidade da mecânica quântica) a posição das partículas que formam o átomo.
Isso fundamentou o Princípio da Incerteza, criado em 1927 por Werner, e até hoje usado em mecânica quântica.
Raymond Cruz reprisou seu papel de Tuco em outros três episódios da primeira temporada de Better Call Saul (2015-2022), série spin-off prequel de Breaking Bad, protagonizada pelo advogado picareta Saul (Bob Odenkirk).
Na série, descobrimos seu verdadeiro nome, Jimmy McGill, e muitas das origens, personagens e relações pessoais do mundo criminal de Albuquerque, anos antes de Walter White decidir traficar metanfetamina.
Aqui na Esquire (link), uma entrevista de 2015 com o ator, por conta de seu retorno em Better Call Saul. Entre muitas curiosidades, ele revela que trabalhou 4 anos em uma funerária, portanto quebrar ossos humanos para ele não era novidade. Ele comenta também da dificuldade de atuar (“é sempre estar se machucando em cena“).
O seriado Divisão Criminal foi tão bom que deu ao ator várias indicações e prêmios pela sua atuação. A série gerou um spin-off, Crimes Graves (2012-2018), e Julio Sanchez, personagem de Raymond Cruz em Divisão Criminal, foi trazido para essa série.
Nos anos recentes, Raymond Cruz fez os filmes A Maldição da Chorona (2019), um terror com a linda da Linda Cardellini, e os dramas Milagre Azul (2020) e My Dead Dad (2021).
Cruz filmou também Six Feet, um filme que vai tratar sobre a pandemia de Covid-19 em um hotel em que os residentes têm que ficar de quarentena. A produção está em em pós-produção, com previsão de lançamento em 2023.
É um dos raros trabalhos em que Raymond Cruz está no poster promocional.
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