PROWLER | Como o Iron Maiden se tornou sinônimo do heavy metal com um punk

O Iron Maiden entrava para o salão das grandes lendas da música de rock em 1980 com seu álbum de estreia, Iron Maiden, lançado em 14 de abril, e com Prowler na primeira faixa.

A música, escrita por Steve Harris e cantada por Paul Di’Anno, fala de um vagabundo tarado que fica se masturbando na frente de mulheres, uma canção típica de uma guitar band teen (Steve e Paul tinham tinham 20 e poucos anos), e que se mostra punk como o Iron Maiden jamais se mostraria depois em sua longa carreira no heavy metal, gênero musical do qual se tornou praticamente sinônimo.

Não apenas o heavy metal, mas todos acabaram pagando tributo ao que o Iron Maiden fez aqui. Trash, death, grunge e outros, saídos dessa mistura improvável de atitude punk com a obsessão do metal, criado anos antes por bandas como Judas Priest, Led Zeppelin, Samsons, Saxon Def Leppard e Angelwitch.

Iron Maiden Prowler

Essa energia punk da música sempre irritou Steve Harris, líder desde sempre do Iron Maiden, mas sua força lírica soturna, aliada ao poder de uma guitarra wah-wah contida mas presente, e sustentada pelo vocal áspero do jovem Di’Anno se mostra uma das faixas mais legais da banda e queridas entre os fãs.

A introdução marcante de guitarras e refrões em destaque fazem dos quase 4 minutos de Prowler algo que realmente se destaca.

Prowler – Iron Maiden

Walking through the city, looking oh so pretty
I’ve just got to find my way
See the ladies flashing, all their legs and lashes
I’ve just got to find my way
Well you see me crawling through the bushes with it open wide
What you seeing girl?
Can’t you believe that feeling, can’t you believe it
Can’t you believe your eyes?
It’s the real thing girl
Got me feeling myself and reeling around
Got me talking but feel like walking around
Got me feeling myself and reeling a
Got me talking but nothing’s with me
Got me feeling myself and reeling around
Walking through the city, looking oh so pretty
I’ve just got to find my way
See the ladies flashing, all their legs and lashes
I’ve just got to find my way
Well you see me crawling through the bushes with it open wide
What you seeing girl?
Can’t you believe that feeling, can’t you believe it
Can’t you believe your eyes?
It’s the real thing girl
Got me feeling myself and reeling around
Got me talking but feel like walking around
Oh yeah

Iron Maiden, Iron Maiden

O Iron Maiden foi formado em 1975 pelo baixista Steve Harris, com os integrantes saídos de East End de Londres.

Após a entrada e saída de vários membros, no final de 1978, a formação se estabeleceu com o próprio Harris, o guitarrista Dave Murray, o baterista Doug Sampson e o vocalista Paul Di’Anno.

Iron Maiden Prowler

Harris conseguiu que uma demo da banda fosse lançada pelo empresário Rod Smallwood.

O The Soundhouse Tapes foi lançado em novembro de 1979 com um tiragem de 5000 unidades. Pouco depois, Sampson deixou o grupo devido a problemas de saúde e Clive Burr entrou em seu lugar, junto com outro guitarrista, Dennis Stratton.

Isso colocou o Maiden no cenário com mais destaque para mais shows e a popularidade deles cresceu, e a hora de gravar um disco chegou quando a gravadora EMI assinou com a banda.

E ainda que a própria banda tenha criticado a qualidade da produção desde seu lançamento, especialmente o líder Steve Harris, que achou a sonoridade crua demais, o álbum foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Steve Harris, fundador e líder do Iron Maiden

O disco do Iron Maiden

1. Prowler (3:55)
2. Remember Tomorrow (5:27)
3. Running Free (3:17)
4. Phantom of the Opera (7:20)
5. Transylvania (4:05)
6. Strange World (5:45)
7. Charlotte the Harlot (4:12)
8. Iron Maiden (3:35)

O Iron Maiden em seu disco de estreia era Steve Harris – baixo e vocal de apoio; Dave Murray – guitarra; Paul Di’Anno – voz; Clive Burr – bateria; e Dennis Stratton – guitarra e vocal de apoio.

A equipe técnica do disco foi Will Malone (produção); Martin Levan (engenheiro de som); Simon Heyworth (remasterização), e a arte de capa foi de Derek Riggs, com a fotografia a cargo de Terry Walker e Yuka Fujii.

Iron Maiden Prowler

Eles gravaram Iron Maiden em 13 dias, e o disco trouxe faixas que se tornaram clássicas (além de Prowler), como Running Free, Sanctuary, Phantom of the Opera e a própria Iron Maiden (uma banda de rock que não tem uma música com o nome da banda está incompleta risos).

Phantom of the Opera é uma das faixas favoritas de Steve, e Transylvania é a única canção instrumental do disco.

A obra faturou disco de platina no Reino Unido e Canadá, e com certeza está entre as estreias mais emblemáticas do rock.

Para promover o disco Iron Maiden, além das turnês que fez com Judas Priest (British Steel Tour) e Kiss (Unmasked Tour), o Iron Maiden fez várias turnês pela Europa na chamada Iron Maiden Tour e a Metal for Muthas Tour.

Iron Maiden abrindo shows do Kiss

Running Free tinha sido publicada antes do disco de estreia, como single, em 23 de fevereiro de 1980, e alcançou a trigésima quarta posição no UK Singles Chart.

A canção Sanctuary foi publicada em 7 de junho, depois do lançamento do disco, e foi um sucesso, tanto que foi incluída na versão americana do disco Iron Maiden.

A capa do single britânico trazia Eddie (criado por Derek Riggs), mascote do grupo, que empunhava uma faca e inclinava-se sobre o corpo de Margaret Thatcher, o que gerou publicidade para o público na imprensa.

O single tem, além de Sanctuary, mais duas músicas ao vivo: Drifter e I’ve Got The Fire (cover do Montrose).

Capa de Sanctuary, com Margaret Thatcher

Algumas das resenhas de Iron Maiden, do Iron Maiden, da época:

Heavy metal dos anos 80, com velocidade estonteante e ferocidade desenfreada que faz com que a maioria das músicas de rock pesado dos anos 60 e 70 pareçam preguiçosas e fúnebres em comparação.”

Geoff Barton, Sounds

Não há um trabalho melhor que o álbum de estreia do Iron Maiden para ver como o punk e o rock progressivo influenciaram a nova onda do heavy metal britânico.”

Steve Huey, All Music

Iron Maiden é a pura expressão do sonho de todos os fãs de metal; ruído rápido, furioso e divertido”.[33] Mike Stagno do Sputnikmusic o descreveu como “um dos discos de estreia mais importantes do mundo do heavy metal” e comentou que “contém a crueza e a agressividade que definem os primeiros anos da banda.”

Tim Nelson, BBC Music

Ricardo Gabriel, líder e baixista da Lethal Accords, banda de heavy metal com mais de 10 anos em atividade em São Paulo, e grande fã do Iron Maiden (a banda é sua inspiração inclusive), gosta muito de Prowler, mas acha que com a evolução do Iron Maiden ela se tornou defasada.

Ela é rapidinha como uma faixa 1, foi a escolha certa. O Paul Di’Anno foi peça-chave para ela funcionar, a música só acontece com ele cantando, e fica ótima. Na época servia, mas hoje em dia não mais. Não é que envelheceu mal, mas é uma sombra do que já foi“, opina.

Ivan Stefani, analista de projetos e editor do fanzine Camarilla Brasil e coordenador do Projeto Ribeirão by Night (ambos RPGs) e fã de heavy metal e da banda há mais de 20 anos, e considera Prowler uma das melhores músicas do Iron Maiden. “Ela é a música que divide heavy metal antes e depois. Parece punk, mas quando avança, você pensa ‘o que que é isso!’. Ele agarra você e te arrasta para dentro do álbum, é incrível. Tem a ferocidade do punk, não é muito lírica, é uma antítese na verdade, mas que mostra o que o metal se tornaria.”

Iron Maiden é o único trabalho de estúdio da banda com o guitarrista Dennis Stratton e o Malone. O produtor também trabalhou em discos de outras grandes bandas de rock, como o Black Sabbath, Depeche Mode e Massive Attack.

E Paul Di’Anno só gravou mais um disco com o Iron Maiden, o Killers (1981), quando saiu da banda de Steve Harris.

Quem assumiria os vocais seria o inesquecível Bruce Dickinson, que se tornaria um dos integrantes mais famosos da banda, estreando no disco The Number of The Beast (1982).

Já o artista Derek Riggs possui um papel fundamental na história do Iron Maiden.

Além de criar Eddie (que começou a aparecer no palco quando a banda tocava a música Iron Maiden), e ele fez muito mais trabalhos de arte para as capas dos discos da Donzela de Ferro, até o álbum No Prayer for the Dying (1990).

Destaque para a trilogia Powerslave (1984), Live After Death (1985) e Somewhere in Time (1986). O artista ainda fez capas para artistas como Alvin Lee, Budgie, Bruce Dickinson, Darkchylde, Gamma Ray, Stratovarius e muitos outros.

A impressionante capa de Powerslave
Live After Death, um dos melhores discos ao vivo do rock
Somewhere in Time, um dos álbuns mais conceituais do Iron Maiden, e que pode ser o melhor da banda

Derek se baseou em uma propaganda de guerra publicada durante a Guerra do Vietnã para desenhar a primeira versão do Eddie.

Atualmente, Derek fez uma arte exclusiva para a estampa de uma camiseta promocional para ajudar Paul Di’Anno, que passa por problemas graves de saúde (circulação nas pernas).

Iron Maiden Prowler
Iron Maiden com Paul, o melhor vocal para a música Prowler

Ele está internado na Croácia, esperando a preparação de procedimentos médicos.

Recentemente, o vocalista reencontrou o baixista Steve Harris e o empresário Rod Smallwood, que se comprometeram a custear as despesas necessárias. O jornalista Igor Miranda trouxe mais detalhes nesta matéria.

Paul, que tem pai brasileiro, ama o país, e morou por muito anos aqui. Tem duas filhas que nasceram em São Paulo e ele tem cidadania dupla: brasileiro-britânica. Ele já disse em várias entrevistas que ama o Brasil e que é o lugar onde se sente mais confortável. Tanto que muitos fãs o chamam de “Paul Baiano” de tanto que ficou por aqui em nosso país.

Prowler e suas versões

Prowler teve uma grande reinterpretação pelos caras do Black Tide (banda americana de heavy metal), no álbum de tributo Maiden Heaven – A Tribute to Iron Maiden (2008), que também entrou no disco deles Road Warrior, lançado no mesmo ano.

A banda Viper lançou no começo de 2022 uma nova versão do álbum All My Life (2007). Com diversas músicas inéditas, a edição remixada do disco traz vários covers e Prowler é uma delas.

O disco tem participação especial do vocalista Andre Matos, e foi gravado pela chamada “V3”, terceira formação do Viper, que contou com Ricardo Bocci (vocais), Pit Passarell (baixo e também vocais), Felipe Machado e Val Santos (ambos guitarras) e Renato Graccia (bateria).

O Viper é uma banda brasileira de heavy metal, formada em 1985 na cidade de São Paulo. André saiu da banda para tomar parte do Angra, uma das maiores bandas de heavy metal melódico da indústria.

Depois de 1980, o disco Iron Maiden foi relançado em CD em 1987 pela EMI na Europa e pela Capitol na América do Norte no ano seguinte.

Em 1995, veio uma edição limitada com um segundo CD que inclui raridades e faixas ao vivo, e o disco foi inteiro remasterizado em 1998 — ápice do consumo de CDs.

Para comemorar a turnê Maiden England World Tour, em 2012 a EMI lançou uma edição limitada dos oito primeiros trabalhos da banda em vinil colorido.

Antes de deixar essa matéria do Firstliner, perceba a “incrível coincidência” da música de abertura do seriado dos Power Rangers (Mighty Morphin Power Rangers, de 1993), o tokusatsu (seriados live-action japoneses de ação e aventura sci-fi) de Super Sentai (equipe de 5 ou mais, tipo “super-heróis”) adaptado para o mercado americano a partir do original, Kyoryu Sentai Zyuranger.

/ FIRSTLINER. Essa é a seção colaborativa do blog onde a primeira faixa de uma artista ou banda é comentada. Disorder, do Joy Division, é uma de muitas, como a Black Sabbath, do Black Sabbath, Welcome to The Jungle, do Guns N´Roses, Red Morning Light, do Kings of Leon, e Its is Not Meant to Be, do Tame Impala.

Outros textos de outras músicas foram produzidas por amigos, como a Paula Valelongo, que fez Untitled, do Interpol; o Jota Abreu fez Sonífera Ilha, dos Titãs; e o Erick Rodrigues que fez A Banda, do Chico Buarque.

BLACK SABBATH | Black Sabbath, do Black Sabbath

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Iron Maiden Prowler

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