OS X-MEN DE JONATHAN HICKMAN | Política é um poder mutante na Marvel

Os X-Men do roteirista Jonathan Hickman, desde 2019, mudaram o rumo das histórias nas revistas mensais publicadas pela Marvel Comics, e até hoje reverberam com impacto e poder nas páginas de vários títulos da casa.

Depois de anos e anos no ostracismo criativo, os X-Men se tornaram gigantes de novo. Jonathan Hickman foi o escolhido pela editora para arrumar a casa dos mutantes com dois títulos: Power of X e House of X, minisséries publicadas em julho de 2019.

A linha anterior de revistas X foi cancelada, e a ideia foi reconfigurar os mutantes na tapeçaria narrativa do universo 616.

X-Men Jonathan Hickman
A primeira imagem promocional divulgada para a saga de Jonathan Hickman no comando dos X-Men

Hickmann, a despeito das inúmeras artes de capa e internas que a Marvel divulgou, não usou realidades alternativas e viagens no tempo — dois recursos criativos aplicados à exaustão no contexto das histórias dos X-Men.

E dada a zona que sempre estiveram as histórias, é muito interessante dizer que ele não usou isso para arrumar a casa, mas que deu um jeito de contornar essas situações fazendo um reboot em uma personagem clássica dos X-Men para ter seu próprio conceito de realidade paralela e viagem no tempo.

Os X-Men de Jonathan Hickman são ficção científica pura, política internacional amarrada com temas sociais e preconceito, preservação de meio ambiente costurada com genética e evolução, além dos limites jamais alcançados em histórias na Marvel Comics.

A geopolítica é uma das camadas mais interessantes de leitura, com considerações atuais sobre o que autoridades de países como Coreia do Norte e Brasil pensam sobre os mutantes, e como eles se relacionam com a política adotada pelos X-Men, que agora são mais políticos do que nunca, com direito a língua própria e até mesmo um “país”, Krakoa.

O escopo ultrapassa limites geográficos e é praticamente de nível universal, uma situação confortável para Hickman, que foi o cérebro por trás de grandes sagas cósmicas na editora, envolvendo os Vingadores e tendo material seu usado até nos filmes da Marvel nos cinemas.

Em termos de política e grandiosidade, os X-Men não poderia estar em melhores mãos do que Jonathan Hickman.

X-Men Jonathan Hickman
House of X, arte de Pepe Larraz
X-Men Jonathan Hickman
Powers of X, artes do brasileiro R.B. Silva

Os X-Men de
Jonathan Hickman

É uma nova era para os mutantes.
E o nascimento foi House of X e Power of X. As duas minisséries-prelúdio formam, na verdade, uma longa história única de 12 edições que Jonathan Hickman preparou para os X-Men.

A primeira desenhada por Pepe Larraz e a segunda pelo artista brasileiro R.B. Silva. Todas têm roteiro de Hickman.

Tanto que a ordem de leitura / cronologia de leitura é intercalando as edições:

House of X #1
Powers of X #1
House of X #2
Powers of X #2
Powers of X #3
House of X #3
House of X #4
Powers of X #4
House of X #5
Powers of X #5
House of X #6
Powers of X #6

Depois da conclusão bombástica, inacreditável e espetacular, a Marvel seguiu com seis títulos regulares mensais com times criativos diferentes:

X-Men (sem adjetivo e com o próprio Hickman, arte de Leinil Francis Yu, com os mutantes principais do grupo e suas dinâmicas com o mundo).

Marauders (no Brasil se chamam Carrascos, e originalmente é um grupo de criminosos mutantes que matam outros mutantes, um bando de desgraçados sem coração que morreram várias vezes e são clonados às pencas pelo Senhor Sinistro, vilão clássico dos X-Men, que comandava o grupo. A escolha do título é bizarro, mas remete a proposta: Kitty Pryde, uma das x-woman mais queridas do grupo, comanda um navio de combate, singrando os mares do mundo, para ajudar mutantes a chegar à Krakoa. Quem financia é o Clube do Inferno, outros vilões dos X-Men, uma maçonaria mutante BDSM que quer dominar o mundo.

Excalibur (a nova Capitã BritâniaBesty Braddock, a antiga Psylocke, em seu corpo original, irmã de Brian Braddock, o capitão original, e os X-Men em aventuras mágicas — literalmente).

X-Force (o grupo de black ops dos mutantes, matança e política casadas aqui).

Novos Mutantes (também com Hickman no comando, as aventuras do time jovem dos X-Men).

Fallen Angels (história solo de Kwannon, a assassina japonesa com quem trocou de corpo de Betsy Braddock, a ninja gostosa que todos conhecemos como Psylocke — sim, a história é longa e complicada — com a participação dos X-Men).

X-Men Jonathan Hickman
Capa de X-Men 1, roteiro de Jonathan Hickman e arte de Leinel Francis Yu, a revista que dá continuidade aos conceitos apresentados em House of X e Power of X

A intenção foi reposicionar os X-Men como um dos principais jogadores da Marvel.
Como sempre deveria ser.

Na época, Joe Quesada, o profissional com o cargo executivo máximo no editorial da Marvel Comics — ele é o Chief Creative Officer –, afirmou que as histórias de Hickman iriam mudar tudo no Universo Marvel.

Acabei de ler House of X #1 antes de ser enviado para a gráfica hoje, e é, de longe, a abordagem mais revolucionária sobre o mundo dos mutantes desde a fase de Grant Morrison. Ainda estou tentando processar o quão incrível esse livro é e como ele vai mudar tudo no Universo Marvel.” — escreveu Joe em seu perfil no Twitter.

E, de fato, isso se concretizou.

As mudanças operadas no mundo dos X-Men por Jonathan Hickman foram inacreditáveis, a respeito do termo parecer comercial e lugar comum demais na Marvel

Jonathan Hickman e seus X-Men são um marco na cronologia dos mutantes. E estas cinco fases em especial foram nominalmente citadas como modelos:

The X-Men surgiu em na revista de mesmo nome em 1963, pelas mãos do escritor Stan Lee e o desenhista Jack Kirby, os lendários arquitetos do Universo Marvel. Professor Xavier e seus alunos Ciclope, Homem de Gelo, Anjo, Fera e Garota Marvel são os primeiros mutantes apresentados.

X-Men #1 (1963), de Stan Lee e Jack Kirby

Giant-size X-Men, de 1975, é a revista na qual os roteiristas Len Wein e Chris Claremont e desenhista Dave Cockrum apresentaram toda uma nova geração de mutantes internacionais, que viriam a consolidar a popularidade do grupo — o canadense Wolverine, a africana Tempestade, o alemão Noturno, o russo Colossus, o irlandês Banshee, o japonês Solaris e o apache Pássaro Trovejante.

Uma das capas promocionais de House of X, com os X-Men na arte de Dave Cockrum

X-Men, de 1991, escrita por Claremont — o grande responsável por anos de construção do mito dos mutantes –, e desenhada pelo artista Jim Lee, um dos desenhistas mais quentes da década de 90, com uma arte hiperestilosa e dinâmica, que triplicou as vendas que já eram gigantescas.

X-Men #1 (1991), de Chris Claremont e Jim Lee

É dito na indústria que essa revista vendeu 8 milhões de exemplares. Ela também estabeleceu duas equipes de operações: azul e dourada.

X-Men Alpha 1 foi a revista que dava o pontapé na mega saga Era do Apocalipse, que jogavam os X-Men em uma realidade alternativa onde o professor Xavier foi morto antes de fundar o grupo, dando espaço para que o vilão Apocalipse dominasse o planeta.

Foi uma das primeiras vezes que o conceito de mudar tudo nos personagens, inclusive os títulos das revistas sofrem alterações. Assim como a arte de Jim Lee, o método fez escola, e se mostraria anos depois o artifício que banalizou a indústria a ponto de levar a Marvel quase falir.

Na proposta conceitual de Jonathan Hickman, vilões colossais como Apocalipse, desempenham um papel central no novo mundo dos X-Men

New X-Men. De 2001. Primeiro ano século XXI. O roteirista escocês Grant Morrison assumiu o título mutante e mudou tudo. Em vez do convencional Os Fabulosos X-Men #144 (The Uncanny X-Men) que seria lançado na linha regular mensal, ele fez New X-Men #144, onde os conceitos de escola e escopo de atuação do povo X foi ampliado a níveis jamais vistos.

Os Novos X-Men de Grant Morrison

Hickman era fã dos mutantes graças a fase do escritor Chris Claremont e do artista John Byrne, desenhista e roteirista dos mais talentosos da indústria.

Os dois criaram histórias clássicas dos personagens e que são referenciadas até hoje em outras, tamanho o seu impacto. Foi esta fase que fisgou Jonathan.

Mas o trabalho predileto dele são os arcos narrativos mostrados em The Uncanny X-Men #256-258, com roteiros de Chris e Jim Lee.

As histórias são as responsáveis em mostrar a Psylocke no formato que dura até hoje — uma ninja assassina japonesa com nível de luta e sex appeal nas alturas, e que fez parte de um arco maior, envolvendo todo o Universo Marvel, chamado Atos de Vingança, onde os vilões trocavam seus heróis adversários tradicionais para pegá-los de surpresa.

Nesse caso, os X-Men enfrentaram o Mandarim, vilão do Homem de Ferro. Por ter sido desenhista, Jonathan atribui parte de seu gosto por essas história ao Jim Lee, o artista que praticamente dominou e influenciou toda a geração 90 de HQs de super-heróis dos EUA.

A política e os mutantes

O momento em X-Men que Mística oferece trabalhos de missões de black ops para o governo em troca de redução de pena; Ronald Reagan aparece aqui e no Esquadrão Suicida de John Ostrander, e reflete o poder da política nas histórias

Estávamos desde 2004 em arcos narrativos pobres e repetitivos. Uma chance de ouro foi desperdiçada com a saga Guerra Civil (Civil War), de 2006, onde os X-Men podiam ter assumido um protagonismo mais interessante dado o motivo da história — um registro obrigatório usado para todos os super-heróis da Marvel, por força do governo.

Um plot já usado pelo roteirista Chris Claremont nas próprias revistas dos X-Men nos anos 80, mas restrito obviamente aos mutantes. A galera X, no meio dessa discussão, teria o melhor lugar de fala para tomar atitudes.

E é bom lembrar que a ideia de guerra civil entre heróis não é muito nova.

Podemos traçar paralelos de Guerra Civil com a saga Reino do Amanhã (Kingdom Come), da DC Comics, publicado 10 anos antes, em 1996: uma tragédia inicial com super-heróis destruindo uma porção dos EUA em combate com vilões, separações de grupos de heróis contra e a favor de mudanças de posição de como combater o crime, grupos políticos se intrometendo com razão no assunto, e uma luta colossal entre eles no final.

Não deixa de ser uma cópia, mesmo que qualidades e inovações imprimidas por Mark Millar, o escritor de Guerra Civil, façam alguma diferença.

Um ano depois de Guerra Civil, em dezembro de 2007, a Marvel criou a saga Complexo de Messias nas X-revistas para tentar um combustível de foguete para as histórias. Não decolou. Ironia, já que a personagem principal tem o nome de Hope, palavra inglesa para esperança.

Usar política e heroísmo nos quadrinhos não é novidade. E abro espaço agora para lembrar também que o conceito moderno usado pela DC Comics para seu Esquadrão Suicida, foi feito antes por Claremont com os X-Men.

O Esquadrão Suicida de John Ostrander, final dos anos 1980, DC Comics

A primeira aparição do Esquadrão Suicida da DC foi na HQ The Brave and the Bold #25, em setembro de 1959. Super-heróis ainda não eram o colosso que é hoje em dia em volume de vendas e proeminência na mídia.

Os membros desse esquadrão eram criminosos comuns no cenário da Segunda Guerra Mundial, que faziam missões para os Aliados em troca de de reduzirem suas penas.

Em Uncanny X-Men #199, de novembro de 1985, a Irmandade de Mutantes, formada por Mística, Avalanche, Pyro, Blob, Sina e Espiral, grupo inimigo clássico dos X-Men, se torna a chamada Força Federal (Freedom Force, no original). Eles ganharam perdão presidencial dos EUA pelos seus crimes, em troca da realização de missões secretas para o governo.

Esse conceito só foi aparecer 14 meses depois na DC, em Lendas #3 (Legends), de janeiro de 1987. O escritor era John Ostrander, que aperfeiçoou absolutamente a ideia — não é qualquer um que joga em uma revistas de história em quadrinhos para o público infanto-juvenil de super-herói (vilões no caso) geopolítica da Guerra Fria, comunismo, conflitos na URSS, Oriente Médio, religião hindu feat. culto assassino de Kali, intrigas internas de políticos dos EUA, black ops nos países da América do Sul e diversos outros plots completamente fora do convencional.

Ostrander com seu Esquadrão Suicida conseguiu criar uma das melhores HQs subversivas dentro do mercado mainstream, e isso não é pouca coisa. Se Claremont fez primeiro, Ostrander fez mais, e bem melhor.

Hickman teve a oportunidade de atrelar esse conceito de politicagem no mundo dos super-heróis novamente em seu trabalho nos X-Men, e assim o fez, de maneira menos direta do que Ostrander, mas ainda assim interessante.

Não é novidade para Hickman. O escritor foi contratado pela Marvel Comics em 2009, para cuidar das séries Guerreiros Secretos (Secret Warriors) – um time black ops comandado pelo superespião Nick Fury com jovens recrutas filhos de super-heróis e vilões.

X-Men Jonathan Hickman
Jonathan Hickman usou muito política em seus Guerreiros Secretos

A luta contra o preconceito dos humanos para com os mutantes sempre foi a analogia real da nossa sociedade intolerante com negros, gays, imigrantes e todas as diferenças que as pessoas têm umas com as outras.

Temperar isso com o dedo governamental lambuzado com gente de dentro e cooptada e marginalizada criminalmente é apenas reflexo de nossos problemas reais enquanto sociedade.

Mas aconteceram problemas a superar.

Um parece que já foi tirado do caminho — é sabido hoje uma autossabotagem que a Marvel fazia com a franquia mutante desde que o estúdio de cinema Fox começou a fazer muito dinheiro com os filmes dos mutantes.

Para escapar de uma falência nos anos 90 (ironia das ironias, mesmo período em que os mutantes estavam mais populares do que nunca) a Marvel vendeu os direitos cinematográficos dos X-Men para a Fox. Junto foi o Quarteto Fantástico e outros personagens.

Homem-Aranha foi para a Sony. Até os anos 2010, a Marvel não deu muita bola para isso, mas depois do sucesso do seu recém-criado estúdio de cinema, o Marvel Studios, em 2008, com o primeiro filme do Homem de Ferro, e a compra da editora pela Disney, em 2009, se tornando então parte de um conglomerado colossal de mídia e entretenimento, o fato dos X-Men estar com a Fox, concorrente do ratinho, começou a pesar.

E qualquer pessoa X de papel entrou na geladeira e teve pouco espaço na vitrine das revistas em histórias em quadrinhos da Marvel.

Tudo mudou no final de 2018, quando a Disney comprou a Fox. Junto no carrinho estavam os X-Men, que enfim voltam pra casa. Isso contou muito a favor de Hickman, já que agora o Marvel Studios podem usar os mutantes nos cinemas a vontade.

O outro problema foi um sintoma que acomete as HQs de super-heróis desde que as mega sagas (popularizadas lá atrás por culpa dos X-Men, e sua saga Era do Apocalipse) se tornaram um cancro na indústria.

O escritor Jeff Lemire, um dos mais conceituados roteiristas da atualidade, escreveu em 2015 a revista Extraordinários X-Men (Extraordinary X-Men), e reclamou das limitações criativas, quando precisou adequar a sua história para misturar a trama dos Inumanos, outro grupo de outra revista, em sua própria HQ.

Não foi o caso em House of X e Power of X, e a costura narrativa com que Jonathan Hickman conseguiu em todos esses títulos foi um exemplo de liberdade.

X-DESIGN nos
X-Men de Jonathan Hickman

X-Men Jonathan Hickman
O novo logo dos X-Men

Hickman tem 46 anos, nasceu na Carolina do Sul, estado americano, e além de trabalhar com os heróis da Marvel, é criador das séries The Nightly News, The Manhattan Projects e East of West, publicadas pela Image Comics.

The Nightly News foi indicada ao Eisner Award de Melhor Minissérie e o próprio Hickman foi indicado ao Eisner de Melhor Escritor duas vezes: em 2013, por seu trabalho em The Manhattan Projects, e em 2014, tanto por seu trabalho em The Manhattan Projects quanto por East of West, Vingadores e Infinito, uma saga da Marvel em que utiliza Thanos.

As passagens de Hickman pelos títulos de Guerreiros Secretos, S.H.I.E.L.D., Quarteto Fantástico, Vingadores e Novos Vingadores na Marvel têm uma pegada forte de caracterização, suspense, tramas sem enrosco e ao mesmo tempo complexas, e uma particularidade com planos detalhados e infográficos que demonstravam os planejamentos das histórias em si.

X-Men Jonathan Hickman
Um dos exemplos de uso de design gráfico de Jonathan Hickman em Guerreiros Secretos

Isso reflete apenas seu repertório. O cara foi capista para a Virgin Comics em trabalhos de John Woo, Garth Ennis e Guy Ritchie.

Além de desenhar, ele também é arte finalista, letrista e colorista. Hickman é formado em arquitetura, foi diretor de arte em agências e desde seu primeiro quadrinho, The Nightly News, publicado pela Image Comics em 2006, ele insere muitos elementos de design gráfico aos seus trabalhos.

Os títulos X vem todos acompanhados de algo similar, como textos de apoio das tramas e extras que enriquecem a história.

A estreia de fato de Hickman na Marvel Comics foi em uma edição one-shot (edição única) da Legião dos Monstros, dedicada à Satana, a filha de uma das personagens do núcleo místico da Marvel.

Para vender seu peixe para a Marvel e fisgar um dos ‘grandes’, ele compôs graficamente seus plots e as relações estabelecidas entre os personagens da SHIELD em um design estiloso. Foi assim que ele conseguiu Guerreiros Secretos.

X-Men Jonathan Hickman
A estreia de Jonathan Hickman na Marvel foi em Satana

Hickman foi responsável por uma das mais celebradas fases dos Vingadores nos últimos anos, e após a conclusão da mega saga Guerras Secretas, em 2016, a história que tentou sedimentar o Universo Marvel para um novo momento de outras mais concisas — ele destruiu todas as realidades alternativas da editora e fundiu o Universo Ultimate Marvel (Terra 1610) com o Universo Marvel tradicional / regular (Terra 616).

Na saga Guerras Secretas, ele usou dos seus mapas gráficos também. Jonathan retornou à Marvel e a expectativa foi grande para um direcionamento grandioso como esse foi.

Todo o escopo da obra atual nos leva a crer que isso foi conseguido, e um desfecho inesperado, revelador e conflituoso está em um futuro ansioso que todos estamos esperando acontecer.

Nos cinemas

E sem esforço é possível relacionar os trabalhos de Jonathan Hickman no tapete narrativo cinematográfico da Marvel.

O trabalho de Jonathan Hickman nas HQs dos X-Men veio logo depois do colossal fracasso pré-concebido que foi o filme X-Men Fênix Negra (Dark Phoenix), o último longa-metragem da Fox com os mutantes, um produto que já surgiu natimorto, depois da compra da companhia de cinema pela Disney.

O lado positivo a se ressaltar aqui é que o lugar merecido de proeminência dos X-Men no Universo Marvel dos quadrinhos pode se refletir no Universo Marvel cinematográfico. Ainda mais agora que o chefão do Marvel Studios, Kevin Feige tem Wolverine, Ciclope, Tempestade e o resto do exército X a sua disposição.

Talvez o serviço de Hickman seja exatamente o de reposicionar o grupo de modo a projetá-los futuramente para os cinemas melhor reapresentá-los.

X-Men Jonathan Hickman
Arte estilosa e dinâmica, cenas de ação empolgantes e alcances inimagináveis de atuação em terra, mar e espaço, são apenas algumas das qualidades do núcleo criativo planejado por Jonathan Hickman para seus X-Men, e elas se alinham perfeitamente à eventuais pretensões cinematográficas

Mais especificamente, a contribuição de Hickman nos cinemas foi com a criação da Ordem Negra (Black Order), grupo de vilões que dá apoio a Thanos, e que surgiram na mega saga Infinito (Infinity), de 2013.

Nos filmes de Joe e Anthony Russo, Vingadores Guerra Infinita (Avengers Infinity War) e Vingadores Ultimato (Avengers Endgame), os personagens foram usados como Filhos de Thanos (Children of Thanos).

Em Ultimato, acontece uma referência a um tremor de terra ocorrido no fundo do mar, o que muita gente apostaria ser uma dica de que Namor está chegando. O Príncipe Submarino é um dos personagens mais antigos da Marvel, nascido na Era de Ouro dos quadrinhos (final dos anos 30), e foi praticamente tudo na editora — pária, guerreiro, Rei da Atlântida, vilão, anti-herói, herói, vilão, louco, Defensor, Vingador, X-Men, Illuminatti e muito mais.

Em histórias dos Vingadores, Jonathan Hickman o usou em dinâmica toda especial com o Rei de Wakanda, Pantera Negra. E esse plot tem grandes chances de ser usado no segundo longa do Pantera.

Nas redes sociais

Jonathan Hickman é bastante ativo em seu perfil de Twitter, e posta(va) bastante.

X-Men Jonathan Hickman
Jonathan Hickman

Podemos saber as suas 5 obras favoritas, do agora extinto selo Vertigo, da DC Comics, por exemplo:

1. Books of Magic (Livros de Magia)
2. 100 Bullets (100 Balas)
3. The Fountain
4. Vertigo Pop: Tokyo
5. Black Orchid (Orquídea Negra, escrita por Neil Gaiman)

Em outro post, Jonathan fala sobre a cronologia mutante:

A continuidade dos X-Men é um absurdo.

Não há regras aqui. Não há ordem. Apenas bobagens aleatórias e desconexas.

Acabei de escrever 5000 palavras sobre quando alguém pode, ou não, usar a frase “Nível Ômega”.

Este é um trabalho que eu tenho nos Estados Unidos da América.

Ele também disse quem são seus mutantes favoritos:

1. Magneto
2. White Queen
3. Mister Sinister
4. Monet
5. Bobby
5. Sam

E pra encerrar:

O marketing é, claro, sempre ridículo. Tão ridículo. Esta é, na verdade, a cena mais importante da história dos quadrinhos da Marvel.

Foi assim que Jonathan Hickman vendeu a história.

Ele não estava brincando.

/// VERTIGO. O selo Vertigo foi o responsável em mostrar todo um novo conceito de histórias que não necessariamente deveriam ser sobre super-heróis na DC Comics, o que se revelou uma joia dentro da indústria, com dezenas de obras primas publicadas sobre terror, drama, romance, policial, ficção científica e outros gêneros. Os méritos são da editora Karen Berger. A DC sempre fora conhecida como uma das editoras mais conservadoras dos EUA, mas vinha mudando, bem devagar, desde que ganhara uma publisher mulher, Jenette Kahn, depois de 40 anos de brancos engravatados. Foi esse movimento que deu suporte para que Karen fizesse o selo Vertigo.

VERTIGO | DC Comics, Karen Berger e a HBO dos quadrinhos

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