Cyborg – O Dragão do Futuro é um filme de 1987 estrelado por Jean Claude Van Damme, e última produção da Cannon Films, uma produtora americana de cinema, capitaneada por dois irmãos israelenses que fizeram centenas de filmes B de ação, aventura e outros gêneros.
Assistir e saber mais de Cyborg é entender um pouco mais sobre um naco da indústria cinematográfica bastante trash — tanto em conteúdo quanto em forma, e que rivaliza com os próprios bastidores de produção.
Cyborg é uma bobagem infinita de diversão sem cérebro, e que diverte muito mais com seus pormenores devidamente explicadas fora de tela, o que ajuda a explicar a própria empresa. Então, vamos lá.
Cyborg e sua origem
O termo cyborg indica uma síntese de partes orgânicas e artificiais e, geralmente, serve de discussões e comparações entre o ser humano e a máquina.
O conceito de uma mistura “homem-máquina” foi difundido na ficção científica bem antes da Segunda Guerra Mundial, o evento que é considerado por muitos especialistas como catalisador criativo para ficções científicas mais elaboradas, até mesmo pelo crescente uso de tecnologia.
Em 1843, Edgar Allan Poe descreveu um homem com próteses extensivas no conto The Man That Was Used Up.
O termo cyborg foi inventado por Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline em 1960, para se referir a um ser humano melhorado que poderia sobreviver no espaço sideral, e apareceu primeiro na introdução do livro Cyborg: evolution of the superman, de D. S. Halacy, publicado em 1965.
Passados 22 anos, uma produtora de cinema levou o termo ao pé da letra, ao enxertar diversas partes diferentes entre si para construir um filme chamado Cyborg, e que reflete até mesmo a filosofia e “princípios” de trabalho da empresa.
Cyborg, O Dragão do Futuro
(Cyborg, 1987,
de Albert Pyun)
Começa com a direção, a cargo de Albert Pyun, um dos melhores piores diretores de filmes de ação dos anos 80.
Ele fez Jogo de Assassinos (Mean Guns, roteiro excelente, execução péssima), pariu uma cacetada de exemplares da cinessérie de porrada e artes marciais Best of The Best, e acabou com o Capitão América em sua primeira estreia nos cinemas nos anos 1990 — usava escudo transparente, era motoqueiro e o Caveira Vermelha era italiano.
Jean Claude Van Damme, saído diretamente de O Grande Dragão Branco (Bloodsport), é o protagonista da história, também bolada por Pyun.
Ele é Gibson, lutador em um mundo pós-apocalíptico, assolado por uma praga biológica. Nas ruínas desse mundo, mais especificamente em uma Nova York detonada, ele trabalha de slinger, algo como protetor ou guardião contratado.
Não sabemos nada a respeito de seu passado, exceto que antes dos acontecimentos do filme, ele se ligou afetivamente a uma mulher e seus dois filhos.
Nasce aí um amor, e ele pensa que encontrou um lar, até ser atacado por uma gangue ultra violenta, outro tipo de praga que acomete a maioria dos filmes pós-apocalípticos.
Arrasado por ser o único sobrevivente da chacina de sua família, Gibson se torna outro andarilho sujo tentando sobreviver por aí.
O caminho dele acaba cruzando com o de outras pessoas, envolvidas na missão de escoltar uma mulher ciborgue (a tal ~~ cyborg ~~ do título do filme) para um centro científico, ainda em pé, no Alabama, onde a cura para a praga seria produzida.
Uma tarefa nada fácil, pois tudo está situado num futuro devastado dos EUA, com todo mundo fodido pela miséria e pela tal praga.
E tem essas gangues ultra violentas por aí para deixar a vida mais legal e breve.
A primeira cena que vemos é uma panorâmica da ponte do Brooklyn, em Nova York, parcialmente desmoronada.
E a cena mais legal só vai rolar aos 46 minutos do longa, quando Gibson luta contra Brick Bardo, interpretado por Raef Moller, ator de descendência alemã, que você já deve ter visto ao lado de Van Damme em Soldado Universal, ou em Gladiador, onde era o companheiro mais fortão e grandão do personagem interpretado por Russel Crowe.
Bardo faz parte da gangue dos Piratas, um bando de miseráveis sem mães, desalmados violentos, liderados pelo diabólico Fender, interpretado por Vincent Klyn.
Muitos dos personagens do filme têm referências a marcas e empresas de instrumentos musicais, a começar com o Van Damme, já que Gibson é uma famosa marca de guitarra; Marshall Strat: os amplificadores Marshall; Fender: Fender Stratocaster; Les: a (de novo) Gibson Les Paul; Pearl Prophet: as baterias Pearl.
Uma decisão criativa muito maneira de Pyun.
Pearl (Dayle Haddon) é a cyborg do título. Ela aceitou ser transformada em uma robô careca sem nuca pra receber dados a respeito da cura da praga.
No caminho para o laboratório do Alabama, Pearl se depara com Fender e seus macacos do inferno, que assim que ficam sabendo da missão da mulher, querem, além de destruí-la, destruir o tal laboratório, pois gostam do mundo estar na merda como está.
Por isso, eles mesmo “escoltarão” Pearl até lá, para assim, destruir tudo por lá também. Outras pessoas que estavam junto com Pearl iriam ajudá-la, e Gibson acaba no meio da confusão.
Cyborg, da Cannon, apesar de usar a muleta de matar a companheira de Gibson como motivação para o personagem — recurso criativo sexista clássico no cinema — é bom em inverter outras expectativas, com a Cyborg sendo uma mulher, e ela recusando ajuda de Gibson quando surge a oportunidade.
Ela prefere ficar sem proteção dele, e se fingir sequestrada pelo vilão Fender até chegar perto do laboratório, na esperança que as forças de segurança lá deem conta dele e dos Piratas.
Quase um He-man 2,
algo tipo Homem-Aranha
Cyborg – O Dragão do Futuro aproveitou os figurinos e os cenários já construídos pela Cannon para a sequência de Mestres do Universo, o filme do He-Man, e um futuro filme nunca lançado do Homem-Aranha.
A ideia da produtora Cannon era que Pyun dirigisse os dois longas ao mesmo tempo, para diminuir custos.
Mas o estúdio cancelou ambos os projetos devido à perda dos direitos dos personagens para o cinema, após constantes atrasos de pagamento à Mattel e à Marvel, donas dos personagens.
Essa situação financeira sempre manca, atrasos de projetos, junções mambembes de obras, e um improviso maluco, sempre foram uma constante na empresa, e os fatos não devem ser encarados como uma tragédia. Isso era apenas mais um dia comum na Cannon Films.
De qualquer maneira, a produtora já estava mal das pernas com dinheiro, e nessa zebra, ficou com um pepino nas mãos, pois já tinha gasto mais de US$ 2 milhões com tudo que já tinha pré-produzido.
Os executivos decidiram dobrar a aposta, a lá Cannon: juntando os cacos desses dois filmes que lançaria, He-man 2 e Homem-Aranha.
De qualquer jeito que fosse. Pyun rascunhou em uma semana a trama de um filme futurista apocalíptico, e aproveitou as roupas e cenários que seriam usados para os filmes dos heróis.
E assim a Cannon fez nascer Cyborg.
Se isso não bastasse, as filmagens foram conturbadas. Em certo momento, um dos atores perdeu o olho lutando com o Van Damme (sim). Jackson “Rock” Pinckney, um dos capangas de Fender, levou uma facada na ‘vista’, na cena de luta na água.
Ganhou quase meio milhão em um processo contra o astro belga. Detalhe: US$ 500 mil foi o orçamento que Pyun teve para rodar o filme.
Chuck Norris seria o protagonista, mas ele pulou fora. Era o astro da Cannon, e podia fazer o que quisesse.
O papel foi oferecido ao Van Damme, que aceitou, em um momento de começo de carreira. Outras duas produções da Cannon poderiam ter seu espacate na época.
Ele poderia ter estrelado Comando Delta 2 (Delta Force 2: The Colombian Connection), que ficou com o Chuck, ou Guerreiro Americano 3 (American Ninja 3: Blood Hunt). Mas o belga escolheu Cyborg, onde atuou usando uma arma de paintball ao rodar suas cenas.
Nos anos 90, outros produtores e diretores (Michael Schroeder, por exemplo) produziram duas sequências para a Cannon de Cyborg, que inacreditavelmente se tornou uma espécie de franquia.
Foram longas que traziam atores pagando o aluguel, como Zach Galligan, Richard Lynch, Malcolm McDowell, William Katt, Elias Koteas, Jack Palance e Billy Drago. A cereja do bolo é Cyborg 2, com a Angelina Jolie pelada da silva.
O longa futurista trash de Pyun tinha grandes pretensões em sua versão original do longa-metragem.
Mas entrava em conflito diretamente com a Cannon, que por sua vez, deixou tudo nas mãos de Jean Claude Van Damme, como o controle da edição (o belga já tinha participado diretamente dessa parte no filme em O Grande Dragão Branco).
A briga deixou um Frankenstein num filme já horroroso, outra marca indelével da produtora.
Para começo de conversa, Albert Pyun queria que Cyborg – O Dragão do Futuro fosse uma ópera sem diálogo, rodada em preto e branco.
Não teria menções de praga alguma, e Fender e seus capangas seriam adoradores de Satã, com todos os atos de violência cometidos em nome do tinhoso. Como não tinha praga, o segredo que a Cyborg levaria, na verdade, era instruções de como reativar a eletricidade e outros conhecimentos técnicos para restaurar a civilização.
Fender e sua gangue não concordavam, e queriam deixar tudo nas trevas.
Albert Pyun conseguiu lançar parte de sua visão original de Cyborg em um director´s cut do longa, ao recuperar antigas gravações que tinha feito na época das filmagens.
Um canhão de filmes ruins,
só que bons
Os primos israelense Menahem Golan e Yoram Globus passavam a lábia em todo mundo de Hollywood e faturavam alto.
Conseguiam dinheiro só mostrando o pôster de um filme que PRETENDIAM fazer. Usando dinheiro obtido com um longa, colocavam um orçamento maior no filme seguinte, mesmo sem garantias de retorno de bilheterias.
Loucura, picaretagem e visão, tudo no mesmo pacote.
Roger Ebert foi um dos mais famosos críticos de cinema na América, e ele sabia da importância da produtora, já em 1987. “Nenhuma outra produtora no mundo – e definitivamente nenhuma das sete majors de Hollywood – se arriscou mais com filmes marginais do que a Cannon”.
O prazer proibido da ruindade em Hollywood eram os filmes da Cannon, que os primos produziram e entregaram de baciada.
Os dois eram extremamente megalomaníacos, e a trajetória capenga de Cyborg é a trajetória da empresa também.
Os dois primos vindos de Israel para os EUA compravam roteiros de quinta categoria, rodavam as produções com orçamento mais apertado possível, e garantiam, com um lero-lero inacreditável, astros da época para protagonizar suas bombas.
Golan produziu mais de 200 filmes e dirigiu 44 longas. Fez obras de diretores como Sylvester Stallone, Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme, e lendas do cinema como Jean-Luc Godard e John Cassavetes.
Filmes de ação B, musicais constrangedores e comédias horríveis, nada escapava do modelo de negócios dos primos.
No começo, ainda sem os primos, existia apenas a Cannon. Foi fundada em 1967 por Dennis Friedland e Chris Dewey.
Faziam filmes de sex comedies e exploitation de terror. Como Cannon Group, executaram o longa Joe – Das Drogas À Morte, filme de 1970 que chegou a concorrer ao Oscar de melhor roteiro, e faturou mais de 19 milhões de dólares de bilheteria, com um custo de pouco mais de 100 mil doletas.
A animação deles logo se tornou soberba, e fracassos de bilheteria seguintes derrubaram a marca.
Em 1977, a Cannon lançou no mercado americano o thriller de ação Operação Thunderbolt, o chute na cara que a Cannon precisava para saber como proceder daqui e diante.
Dirigido por Golan e co-produzido por Globus, o filme se aproveitou de um factual da época — o sequestro de um avião da Air France por membros da Frente Popular Para a Libertação da Palestina no aeroporto de Entebbe, em Uganda, no ano anterior.
Três meses de filmagens e uma narrativa tosca e capenga desses fatos, e o filme estava parido. O método picareta de copiar fatos e outros filmes era a engrenagem principal do motor da Cannon.
Deram o segundo passo com um longa protagonizado por atores americanos conhecidos — Robert Shaw, Richard Roundtree, Barbara Hershey e Shelley Wintes. O filme sobre um assalto chamado Diamantes não chamou tanta atenção, mas conseguiram o que queriam.
Em 1979, já eram um dos mais poderosos estúdios independentes.
O fôlego criativo deles entregou diversos filmes sensacionais como:
Desejo de Matar 2, com Charles Bronson — os primos compraram os direitos do filme e gastaram U$ 2,5 milhões para rodá-lo, e U$1,5 milhões disso foi para o bolso do bigodão.
Continuando na matança, temos Ninja – A Máquina Assassina, que tinha o italiano Franco Nero e o japonês Sho Kosugi lutando kung fu.
Teve uma continuação, e um terceiro filme inacreditável, misturando uma espécie de Flashdance com ninjas ninja , quando uma dançarina é possuída pelo espírito de um guerreiro.
A cinessérie Missing In Action, todos protagonizados pelo Chuck Norris, são cópias descaradas de Rambo 2 – A Missão, chamados no Brasil sempre de Braddock alguma coisa.
Comando Delta (Delta Force); praticamente uma cópia/remake do Operação Thunderbolt, e Comando Delta 2 (Delta Force 2: The Colombian Connection), massacrado pela crítica, são mais dois filmes com o bigodudo Chuck matando todos e explodindo tudo.
Por falar no Sly, a Cannon fez Stalonne Cobra, com o próprio fazendo um dos melhores tiras do cinema, mesmo tendo o nome de Marion e comendo pizza cortando-a com uma tesoura.
Stallone marca presença também em Falcão – Campeão dos Campeões, onde faz um caminhoneiro lutador , só que só em queda de braço. Foi o filme que destruiu a Cannon, com 15 milhões de dólares de cachê na conta de Sly, sobrando quase nada para rodar o filme.
Todos os astros de Hollywood inflacionaram seus cachês, querendo a mesma bolada que o Garanhão Italiano conseguiu.
Se a Cannon não teve um Homem-Aranha para chamar de seu, ela foi na concorrente da Marvel, a DC Comics, e inacreditavelmente conseguiu fazer Superman 4 – Em Busca da Paz, o pior da franquia, ainda com Christopher Reeve, e que sepultou a carreira do Azulão nos cinemas por anos.
Guerreiro Americano (American Ninja), um cretino loiro sem expressão que é secretamente um ninja servindo ao exército, é um dos mais “famosos” produtos cinematográficos da Cannon. Fizeram cinco filmes disso, e o Chuck Norris só não topou porque queria que seu rosto aparecesse.
Nem só de ação e explosão era o prato da casa.
As Minas do Rei Salomão, a cópia pobre de Indiana Jones, tem uma Sharon Stone pagando as contas de casa.
O Último Americano Virgem, clássico filme oitentista de moças pagando peitinhos e o U2 passando vergonha cedendo I Will Follow para a trilha sonora, é outro exemplo dos filmes da Cannon em que o tipo de ação era outra.
Há alguns filmes sérios no catálogo da Cannon, como Companhia dos Lobos, do diretor Neil Jordan.
O melhor é Expresso Para o Inferno, com Jon Voight, Eric Roberts e Rebbeca De Mornay, num filmaço sobre uma fuga de prisioneiros em um trem descontrolado no Alasca, do diretor russo Andrei Konchalovsky, em cima de um projeto de ninguém menos do que Akira Kurosawa, um dos deuses do cinema.
Há “épicos” na Cannon também.
Força Sinistra, de Tobe Hopper (que concebeu o slasher Massacre da Serra Elétrica) é uma viagem (metafórica e literalmente) de loucura espacial, depois vampírica, depois apocalíptica, uma tranqueira inimaginável envolvendo astronautas na cauda do cometa Halley e uma ET supergostosa que só anda pelada.
Por falar no Massacre, foi na Cannon que Tobe pode fazer o segundo filme do Massacre da Serra Elétrica, que quase que enterra o prestígio da franquia de tão ruim.
É tanta coisa junta em Força Sinistra, que como Cyborg, ajuda a explicar a megalomania da Cannon muito bem.
Como diz a narração de um vídeo promocional deles:
Cannon Films. A casa de filmes de alta potência e alta voltagem. Com os maiores espetáculos das telas. Estrelas mais brilhantes. E o maior catálogo de entretenimento explosivo. Nós elevamos a excitação por filmes além do limite. E sua bilheteria além do topo. Nós somos Cannon Films. E nós somos dinamite!”
Um belo resumo de como era a administração dos primos israelense Menahem Golan e Yoram Globus na Cannon Films.
No Brasil, Cyborg teve sua distribuição em VHS pela América Vídeo, junto com a empresa grupo Paris Filmes e com apoio da Varig (!).
Parte do discurso da Cannon foi aproveitada no vídeo de introdução da empresa aqui no Brasil:
Somos a América Vídeo, e nossos filmes explodem como dinamite!”, era o lema da América Vídeo”
Albert Pyun
O diretor Albert Pyun ficou principalmente conhecido por dirigir filmes B de ação, e se especializar no sub-gênero “cyborg“. Nasceu perto de uma base militar do Havaí, onde começou a filmar os soldados locais e a paisagem paradisíaca da ilha.
Sua carreira é bastante curiosa. Cavou um nicho único com seus trabalhos, e de forma independente, é merecedor de elogios por sua atuação visceral no meio.
Seu primeiro filme foi The Sword and the Sorcerer (1982).
Selfmade man, luta pelos seus filmes e visão com a mesma gana com que consegue avançar, mesmo com dificuldades, em longas de qualidade diferenciada do mainstream.
Há mercado para isso, e ele faz a sua contribuição.
Albert Pyun é bom no campo que atua — é um diretor de baixo orçamento, com concepções com alguma sofisticação, e que consegue atores e atrizes de renome para seus longas.
Seus híbridos de artes marciais e ficção científica em futuros pós-apocalípticos distópicos entregam o que prometem, se você tiver a guarda baixa o suficiente para aceitar o que está em campo neste jogo, que só pede para ser divertido e escapista.
Diretor do primeiro Capitão América dos cinemas, Albert Pyun tem em Jogo de Assassinos um filme bem acima da média, e que vale o play.
JOGO DE ASSASSINOS | 100 bandidos, 1000 armas e 10 milhões de dólares
Além de continuar por conta própria a franquia Cyborg, ele ainda criou outra, Nemesis (1992), um Blade Runner de renda baixa, mas estiloso o suficiente como cyberpunk para gerar três longas.
As várias continuações de Cyborg – O Dragão do Futuro
Lançado em 1993, Cyborg 2 foi dirigido por Michael Schroeder, e é a sequência direta de Cyborg de Jean Claude Van Damme.
Começa em 2074, muitos anos depois do filme original.
A nova cyborg é ninguém menos do que Angelina Jolie, pagando aluguel na época. Há participações dos atores Elias Koteas, Jack Palance e Billy Drago.
Albert Pyun dirigiu em 1993 o filme Knights (originalmente se chamaria The Kingdom of Metal: Cyborg Killer), e essa é considerada a verdadeira sequência de Cyborg de Jean Claude Van Damme, da Cannon.
O filme toma outros caminhos, e mostra cyborgs em conflitos diversos. Os conhecidos atores Kris Kristofferson e Lance Henriksen estrelam o longa, junto com Kathy Long, um campeão de kickboxing, em sua estreia nos cinemas.
Vincent Klyn, o ator que fez Fender, retorna como o personagem Ty. Gary Daniels, outro ator e lutador de artes marciais, completa o elenco.
Daniels é a estrela do filme O Guerreiro da Estrela Polar, adaptação americana bem canhestra do mangá Hokuto no Ken, uma das primeiras obras culturais modernas que trata do tema pós-apocalipse.
Cyborg 3: The Recycler (1994) é estrelado por Malcolm McDowell e Khrystyne Haje, e foi dirigido por Michael Schroeder. Malcolm é a estrela em Laranja Mecânica, clássico do cinema, dirigido por Stanley Kubrick.
Khrystyne entra no lugar de Angelina Jolie para continuar as aventuras da mulher-cyborg da vez. O filme foi lançado direto para o mercado de vídeo.
Albert Pyun finalizou sua trilogia pessoal de Cyborg com o filme Omega Doom, em 1996. Um cyborg lutador enfrenta diversos percalços em um inverno nuclear causado por uma guerra civil de robôs em uma pequena cidade.
Dessa vez, Pyun afirma que se baseou no clássico Yojimbo, do celebrado cineasta Akira Kurosawa, para fazer este filme. O ator Rutger Hauer faz o personagem principal em Omega Doom.
A versão do diretor de Cyborg de Pyun, feito para a Cannon, foi obtida quando o compositor da trilha sonora, Tony Riparetti, obteve uma série de tapes perdidas das gravações, com a Curnan Pictures, que tinha parte do espólio da Cannon. Albert teve acesso as fitas em 2011, e editou novamente o filme com elas.
Em 2014, ele lançou uma nova versão de Cyborg, na Alemanha, chamada de Slinger. Esse novo corte tem diversas cenas extras, referências a Satã na gangue dos Piratas, mais violência e tripas e sangue e nudez, e um final expandido: aparece escrito “nove meses depois” depois da cena de encerramento, para logo depois dar lugar a uma tempestade elétrica.
Surge uma esfera de energia, e uma cyborg nua aparece, fechando finalmente com um script em tela: “Next: Cyborg Nemesis: The Dark Rift“.
Esse título foi usado para um possível quarto longa-metragem da franquia “pessoal” de Albert Pyun.
Cannon, o documentário
O documentário Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films, do diretor Mark Hartley, é a melhor lupa sobre a produtora e história dela.
Colaboradores, parceiros e desafetos da dupla explicam como os dois malucos fizeram os filmes mais estranhos, divertidos, improváveis e sensacionais do cinema moderno.
Obrigado por ler até aqui!
O Destrutor é uma publicação online jornalística independente focada na análise do consumo dos produtos e tecnologia da cultura pop: música, cinema, quadrinhos, entretenimento digital (streaming, videogame), mídia e muito mais. Produzir matérias de fôlego e pesquisa como essa, mostrando todas essas informações, dá um trabalhão danado. A ajuda de quem tem interesse é essencial.
Apoie meu trabalho
- Qualquer valor via PIX, a chave é destrutor1981@gmail.com
- Compartilhe essa matéria com seus amigos e nas suas redes sociais se você gostou.
- O Destrutor está disponível para criar um #publi genuíno. Me mande um e-mail!
O Destrutor nas redes: Instagram do Destrutor (siga lá!)
Todas as imagens dessa matéria têm seus direitos reservados
aos seus respectivos proprietários, e são reproduzidas aqui a título de ilustração.
LEIA TAMBÉM:
O ATAQUE DOS VERMES MALDITOS | 30 anos de tremores do terror de rir