Drama sem grandes pretensões com final agridoce, Círculo das Vaidades é o primeiro filme de cinema independente da atriz Jennifer Connely.
Neste indie, ela tenta se recuperar da morte da filha ao passar um dia e uma noite com mais sete amigos em uma casa no litoral dos Estados Unidos.
É uma produção independente do mercado americano distribuído pela Castle Hill Productions, dirigido pelo então estreante John Hudles.
Círculo das Vaidades
(Far Harbor, 1996, de Jonh Rudles)
Jennifer Connelly é Ellie, casada com Ryland (Jim True). O cara imagina que uma viagem poderá diminuir um pouco o sofrimento dos dois, depois da perda trágica da filha, e vão para uma casa de praia na versão made in USA Ilha Comprida, AKA Long Island.
Ele também imagina que chamar Arabella (Marcia Gay Harden), irmã de Ellie, e Frick (Edward Atterton), ex-marido de Ellie, pode ajudar. Então tá né.
Um iate ancorado perto da cada causa comoção em Frick, um roteirista de cinema, que pensa que o barco pode ser do famoso diretor de cinema David Speckman. Seria do Steven Spielberg, mas o diretor não deu permissão para usar seu nome no filme.
O filme ainda acompanha alguns dramas dos outros personagens, mas o arco narrativo se foca nas introspecções depressivas de Ellie, e a angústia de Frick.
Infelizmente, o longa se mostra desnecessariamente longo. Nada acontece, e há muita rotina de transição de uma cena para outra. Parece demais a vida.
Todo o filme tem um pegada de produtos de estudantes de cinema. Não a toa, é o primeiro filme do diretor John Hudles, que não deu continuidade a sua carreira.
O desenvolvimento do roteiro de Círculo das Vaidades é monótono demais, e as pessoas não agem como pessoas normais agiriam passando um fim de semana com amigos — exceção feita a personagem de Jennifer Connelly.
A trilha sonora pontua bem os arcos, mas isso não basta para salvar o interesse. No entanto, Jennifer está terna e amável, e na cena principal, em que se mostra uma mãe sem filho, muito fragilizada, consegue mostrar o drama necessário, sem comprometer.
Se antes bastava ser a garota bonita, aqui ela mostra seu talento dramático, mesmo com o fiapo que o roteiro lhe dá.
O talento de Jennifer Connelly está tentando encontrar seu caminho mais maduro, e aqui está mostrando seu esforço.
Tal meta só seria alcançada alguns anos mais a frente em sua vida, e com seu primeiro filho nascendo em 1997, a criança a faria mudar ainda mais, o que ajudou nessa jornada.
Jennifer Connelly e Marcia Gay Harden estavam se aproximando do Oscar com as atuações que faziam.
Quatro anos depois de Círculo das Vaidades, as duas se reencontram nas filmagens de Pollock, a cinebiografia de um dos artistas plásticos mais celebrados dos Estados Unidos, Jackson Pollock.
Leia mais
POLLOCK | Jennifer Connelly e a tela dos quadros na tela do cinema
A atuação de Marcia no longa lhe deu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Um ano depois, em Uma Mente Brilhante, Jennifer Connelly ganharia o mesmo prêmio.
O círculo das vaidades do cinema independente americano
A Castle Hill foi fundada em 1978, e restaurou centenas de filmes clássicos dos estúdios United Artists e Caidin Film Company, e de importantes diretores de cinema da indústria, como John Cassavetes, Elia Kazan e Orson Welles.
Com o passar dos anos, começou a distribuir filmes, como esse da Jennifer Connelly.
Um dos mais conhecidos foi Pulp Fiction, de Quentin Tarantino.
Em 2009, a Castle Hill fechou, e parte de suas propriedades de direitos de filmes foram absorvidas por outras companhias de cinema.
Embora o cinema independente americano tenha vivido seus grandes momentos entre os anos 1980 e 1990, ele não foi restrito a esse período. Pequenos estúdios e cineastas solitários vêm realizando suas produções desde os primeiros dias do cinema.
Eles são resistentes as normas, com ideias próprias, e vagamente ligados a contracultura. São pontos de vistas particulares, e geralmente os realizadores detém os direitos de suas obras.
Essa tradição inclui nomes tão variados quanto os de Andy Warhol (1929-1989), Robert Altman (1925-2006) e George Romero (1940-2017).
Outros bons exemplos são Jim Jarmusch, com orçamento zero no fim dos anos 70; os irmãos Joel e Ethan Coen, com o humor negro de Gosto de Sangue, de 1894; Spike Lee com a comédia erótica Ela Quer Tudo, de 1986.
Eles abriram espaço para surgirem nomes como John Singleton (que fez Duro Aprendizado com Jennifer Connelly), Matty Rich, os irmãos Hughes, Juile Dash, Steve Soderbergh, Robert Rodriguez, Kevin Smith, Larry Clark, Paul Thomas Anderson, Wes Anderson, Vincent Gallo, Richard Linklater, Sofia Coppola e muitos outros.
Dessa cena indie e cineastas, ganhou-se musculatura criativa para fortalecer a indústria cinematográfica com centenas de filmes marcantes e essenciais.
Iniciado em 1982, o Festival Sundance de Cinema – como é chamado desde 1991 – pôs o selo sobre essa cultura de cinema independente que prosperava em parte como reação ao conservadorismo do então presidente americano Ronald Reagan.
Em 1996, na cena indie, enquanto Connelly gravava Círculo das Vaidades, um grande filme independente ganhava atenção. Fargo, dos irmãos Coen.
Filme fundamental da carreira do ator Steve Buscemi, presença constante no cinema independente americano, o longa deu o Oscar de melhor atriz para Frances McDormand.
Alegando ser uma história real (claro que não é), os Coen trazem muito do seu primeiro filme, Gosto de Sangue, para Fargo. Neve, humor seco, sangue, crises financeiras e uma espetacular xerife grávida fazem do filme um dos melhores dos anos 90.
A tentativa de um vendedor de carros de armar um falso sequestro com dois bandidos é um retrato do microcosmo de caos que esse negócio chamado vida é.
Os Coen foram revelados para o circuito indie cinco anos antes de Fargo, quando filmaram Barton Fink, ganhador da Palma de Ouro de Cannes em 1991, o Oscar desse festival.
14º filme de Jennifer Connelly
Círculo das Vaidades
Estados Unidos
/// SEM TRAILER. Não há trailers disponíveis do filme Círculo das Vaidades na internet. Nem mesmo em sua verão original, Far Harbor.
/// SEM PONTUAÇÃO. Círculos das Vaidades não tem registros de notas no site Rotten Tomatoes.
/// A MARATONA JENNIFER CONNELLY.
1- Era Uma Vez na América (1984)
2- Phenomena (1985)
3- Sete Minutos Para o Paraíso (1985)
4- Labirinto – A Magia do Tempo (1986)
5- Essas Garotas (1988)
6- Etoile (1989)
7- Hot Spot – Um Local Muito Quente (1990)
8- Construindo Uma Carreira (1991)
9- Rocketeer (1991)
10- O Coração da Justiça (1992)
11- Do Amor e de Sombras (1994)
12- Duro Aprendizado (1994)
13- O Preço da Traição (1996)
14- Círculo das Vaidades (1996)
15- Círculo das Paixões (1997)
16- Cidade das Sombras (1998)
17- Amor Maior que a Vida (2000)
18- Réquiem Para um Sonho (2000)
19- Pollock (2000)
20- Uma Mente Brilhante (2001)
21- Hulk (2003)
22- A Casa de Areia e Névoa (2003)
23- Água Negra (2005)
24- Pecados Íntimos (2006)
25- Diamante de Sangue (2006)
26- Traídos pelo Destino (2007)
27- O Dia em que a Terra Parou (2008)
28- Coração de Tinta (2008)
29- Ele Não Está Tão a Fim de Você (2009)
30- 9 – A Salvação (2009)
31- Criação (2009)
32- Virginia (2010)
33- O Dilema (2011)
34- E…que Deus nos Ajude!!! (2011)
35- Ligados pelo Amor (2012)
36- Um Conto do Destino (2014)
37- Marcas do Passado (2014)
38- Noé (2014)
39- Viver Sem Endereço (2014)
40- Pastoral Americana (2016)
41- Homem-Aranha De Volta ao Lar (2017)
42- Homens de Coragem (2018)
43- Alita – Anjo de Batalha (2019)
Jennifer Connelly não tem Instagram nem outro perfil em redes sociais.
A idade de Jennifer Connelly em Círculo das Vaidades é de 26 anos.
/// 1996. Nos cinemas estavam em cartaz filmes Os Últimos Passos de um Homem, Razão e Sensibilidade, As Duas Faces de um Crime, Estranhos Prazeres, Um Drink no Inferno, Poderosa Afrodite, Twister, Fenômeno, Os Espíritos, Fargo, Independence Day, Striptease, O Povo Contra Larry Flint, entre outros. Um Dia Especial também estreava — o diretor é Michael Hoffman, quem dirigiu Jennifer Connelly em Essas Garotas, em 1988.
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E obrigado por ler até o final =)
O primeiro filme de Jennifer Connelly:
O PREÇO DO TRAIÇÃO | Jennifer Connelly e o noir da Era Atômica
O próximo filme de Jennifer Connelly:
CÍRCULO DE PAIXÕES | Jennifer Connelly, alpinismo social e invenção de pessoas
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