Círculo de Paixões tem Jennifer Connelly e um grande elenco em um drama familiar de época, passado na pequena cidade de Haly, Illinnois, EUA, em 1957.
Dois irmãos que perderam o pai na infância levam uma vida simples e honesta de trabalho, morando com a mãe professora.
E se envolvem com as moças mais desejadas e “prestigiadas” do local, em meio a um tornado de emoções e revelações de um passado mal explicado e conturbado da vida das duas famílias.
Jennifer Connelly faz a parte do meio de três filhas, as herdeiras dos Abbott, a família mais poderosa da cidade. O sr. Lloyd Abbott era melhor amigo do pai de Jayce Holt e Doug Holt, e quando a senhora Helen Holt fica viúva, eles se aproximam, dando início a fofocas que destroem a vida dela.
Esse é o gatilho para uma guerra emocional entre todos os envolvidos. E é uma lástima que a mais interessante das garotas Abbot, a personagem de Connelly, seja descartada no meio do filme, depois dela entregar uma das melhores frases de confronto geracional que o cinema já viu.
Liv Tyler, Joaquin Phoenix e Billy Crudup, além de Joanna Going, Kathy Baker e Will Patton estrelam o longa-metragem Círculo de Paixões, lançado nos cinemas em 1997.
Círculo de Paixões
(Inventing The Abbotts, 1997, de Pat O’Connor)
Jayce (Crudup) quer carros, dinheiro, clubes. Ele sofre uma agonia social pela mãe ter perdido capital no passado, mas é tudo fruto de um engano mal-explicado: o pai perdeu a vida em uma aposta besta com Lloyd Abbot, que logo depois conseguiu as patentes de uma mesa que explodiria de vendas em pouco tempo, tornando-o muito rico.
Jayce culpa a mãe de ter vendido a tal patente, depois dos dois terem se aproximado. Mas a verdade é que foi o pai mesmo que fez a transição, a troco de um carro.
Essas mentiras em que escolhemos acreditar é a ruína moral de Jayce, e é por isso que ele passará por cima dos Abbotts com qualquer coisa que tenha a mão.
O rapaz culpa Lloyd pela morte do pai e sua pobreza, e pretende atingir o velho no lugar que dói: suas três preciosas filhas.
A mais velha das garotas Abbott é Alice (Joanna Going), a garota legal, que faz o que lhe ordenam. Fica grávida, se casa, se divorcia, volta de novo. A do meio é Eleanor, interpretada por Jennifer Connelly. É a irmã ruim, a garota má. A mais jovem é Pamela (Liv Tyler), a mais legal e centrada das três, que não dá problemas.
Doug (Phoenix) é mais calmo dos Holt, tímido. Não odeia os Abbots (até porque ele não sabe de toda a história) e não se conecta com o irmão.
Ele se sente atraído por Eleanor, mas é Pamela quem gosta dele. Romântica até demais, ela não quer ser como as irmãs, e procura construir algo mais sólido em termos de relacionamento.
No entanto, o apetite sexual de Doug é maior, e isso por vezes complica a relação dos dois.
Eleanor provoca o pai saindo com Jayce. Ela é a “melhor escolha” de vingança para ele, já que ela é a irmã Abbott mais fácil. Numa cena, ela é flagrada com o rapaz pelo pai no jardim de sua mansão, que lhe pergunta o que estava fazendo.
Ela não se faz de rogada, e diz que tinha acabado de fazer amor com Jayce. Isso é o cúmulo para o sr. Abbott, que afasta a moça por um longo tempo, internando-a em um hospital mental (?!) em outra cidade.
Jennifer Connelly some do filme até perto do fim, o que se mostra um grande erro. Sua personagem tinha muito mais a dizer.
Sua inconstância em ficar só com uma pessoa podia ser melhor explorada nesses estudos de personagens, que se mostra mais focada em Pamela e Doug, no fim das contas.
Jayce ainda nada de braçadas em seus ressentimentos sociais e de família, e demonstra odiar a presença do irmão. Tudo lhe lembra a mediocridade de onde se encontra.
Nessa escalada de alpinismo social, mira dessa vez em Alice, recém-divorciada. O desespero dela atinge diretamente a obsessão do rapaz pelos Abbotts, mas em uma relação puramente física por parte dela.
A mais velha das irmãs não ousa desafiar os pais, e Jayce outra vez é derrotado em seu jogo. Lloyd diz ao rapaz para tirar seu “pinto pobre de perto de suas filhas”, e isso deveria ser a última pá na cova do irmão Holt mais velho. Mas ele ainda teria mais uma pessoa para machucar: seu próprio irmão.
Doug e Pamela acabam se afastando por conta de Alice e Jacey terem se relacionado, e só se encontrarão anos mais tarde na faculdade.
Jacey eventualmente pega as três irmãs Abbott em sua revanche emocional. Ele encontra Pamela em uma festa, ambos ficam bêbados e transam, e Doug descobre tudo.
Isso poderia significar o fim de tudo (e na vida real geralmente é mesmo), mas o encadeamento de fatos aqui segura essa bronca.
A resolução do conflito se dá apenas no fim, sem querer enganar a audiência, de maneira honesta e simples.
Um círculo de invenções para Jennifer Connelly
“Se os Abbotts não existissem, meu irmão os inventaria“
Doug diz essa frase logo nos primeiros momentos do longa. Inventando os Abbotts é o nome original do filme (Inventing the Abbotts), e invenção é o que se passa na maior parte do filme. Invenções de nossa cabeça a respeito de fatos passados.
Tragédia, inocência, constrangimento, medo e raiva dos pais, relacionamentos arranjados, emaranhando de ilusões nos conduzindo a atitudes questionáveis. O longa mostra bem isso em seus 1h50, não deixando o espectador bocejando.
Jayce inventa seus problemas em querer atingir o velho pegando seu trio de filhas.
Doug inventa seus problemas em não se relacionar de uma vez com Pamela.
Jayce inventa de querer pegar Pamela apenas por fazê-lo, ferindo de morte seu irmão mais novo.
Helen inventa seus problemas em não ser sincera desde sempre. Tudo se arranjaria se ela fosse honesta com os filhos, e explicasse o que aconteceu desde sempre — que nunca houve caso com o Sr. Abbott, e que o Sr. Holt quem vendeu a patente das mesas.
Ela sabe que outros sabem, e mesmo assim prefere se manter na dela. O erro também é culpa dela, sem isso a fazer desmerecer como personagem.
Ela sofre com as labutas dos filhos e se lamenta de não ter tido sorte melhor para com eles. Mas não faz a tipo derrotada e os criou sozinha.
O filme é uma boa referência em estudos sociais de espectros de riqueza nos EUA no fim dos anos 50, época de transição do pós-guerra e início da década de 60, tempo de muitas invenções e reinvenções, prestes a parir a década esquizofrênica do paz e amor e Guerra Fria.
Círculo de Paixões foi dirigido por Pat O’Connor (que anos mais tarde faria outro filme romântico, bastante popular, chamado Doce Novembro, de 2001), e tem produção de Ron Howard, que em pouco tempo dirigiria Jennifer Connelly em sua atuação vencedora do Oscar, em Uma Mente Brilhante, de 2001.
O narrador é interpretado por Michael Keaton, não creditado. O nome de Jennifer Connelly é o quarto nome a surgir nos créditos iniciais do filme, que foi produzido pela Fox e Imagine Entertainment.
Jennifer Connelly e a Marvel antes de Hulk de Ang Lee
Jennifer Connelly e Liv Tyler fazem irmãs no filme, e anos mais tarde, seriam a namorada do Hulk, em dois filmes diferentes do Gigante Esmeralda.
Connelly interpretou Betty Ross no incompreendido filme do verdão do diretor Ang Lee, em 2003.
Era o primeiro trabalho da atriz logo depois de ganhar o Oscar. O Golias Verde aqui não era propriedade cinematográfica da Marvel Comics, a sua dona, que cedeu os direitos de uso em tela grande para a Universal.
A Marvel demoraria mais 5 anos para criar o Marvel Studios, e começar a fazer seus filmes, com o primeiro sendo Homem de Ferro, de 2008.
Liv Tyler fez Betty Ross em O Incrível Hulk, de 2008, longa que está dentro do cânone dos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel, apesar de não parecer.
William Hurt interpretou o General Thadeus Ross nesse filme do Hulk, e reprisou o papel em Capitão América 3 – Guerra Civil e Vingadores 4 – Ultimato.
Então, há uma enorme possibilidade de Liv Tyler dar as caras novamente nos filmes da Marvel. Ou não, já que a empresa mudou até o protagonista — o Hulk de Liv era o ator Edward Norton, que se desentendeu com a Marvel. O atual intérprete é Mark Ruffallo.
William Hurt e Jennifer Connelly trabalhariam juntos no filme seguinte de Círculo das Paixões: o cult de ficção científica que precede muitos conceitos de Matrix, o subestimado Cidade das Sombras.
Mesmo assim, Jennifer Connelly deu seu jeito de entrar na Marvel. Apesar de não ser mais a Betty Ross, a atriz retornou para esse universo de super-heróis como a voz do computador interno do Homem-Aranha em Homecoming, de 2017, conhecido por aqui como Homem-Aranha De Volta Para Casa.
O marido da morena é o ator Paul Betanny, também há muito tempo na Marvel dos cinemas. Ela fazia a voz de Jarvis, computador do Homem de Ferro, e depois encarnou o personagem Visão, quando Jarvis ‘criou’ vida em Vingadores 2 – Era de Ultron.
O fato de Bettany ser uma voz de computador foi o pretexto, segundo o chefão da Marvel Studios, Kevin Feige, para que Jennifer fosse chamada para fazer a voz de um computador também, em um trocadilho e piada interna entre atores, casal e estúdio. E acabou realmente rolando.
15º filme de Jennifer Connelly
Círculo das Paixões
Estados Unidos
/// A MARATONA JENNIFER CONNELLY.
1- Era Uma Vez na América (1984)
2- Phenomena (1985)
3- Sete Minutos Para o Paraíso (1985)
4- Labirinto – A Magia do Tempo (1986)
5- Essas Garotas (1988)
6- Etoile (1989)
7- Hot Spot – Um Local Muito Quente (1990)
8- Construindo Uma Carreira (1991)
9- Rocketeer (1991)
10- O Coração da Justiça (1992)
11- Do Amor e de Sombras (1994)
12- Duro Aprendizado (1994)
13- O Preço da Traição (1996)
14- Círculo das Vaidades (1996)
15- Círculo das Paixões (1997)
16- Cidade das Sombras (1998)
17- Amor Maior que a Vida (2000)
18- Réquiem Para um Sonho (2000)
19- Pollock (2000)
20- Uma Mente Brilhante (2001)
21- Hulk (2003)
22- A Casa de Areia e Névoa (2003)
23- Água Negra (2005)
24- Pecados Íntimos (2006)
25- Diamante de Sangue (2006)
26- Traídos pelo Destino (2007)
27- O Dia em que a Terra Parou (2008)
28- Coração de Tinta (2008)
29- Ele Não Está Tão a Fim de Você (2009)
30- 9 – A Salvação (2009)
31- Criação (2009)
32- Virginia (2010)
33- O Dilema (2011)
34- E…que Deus nos Ajude!!! (2011)
35- Ligados pelo Amor (2012)
36- Um Conto do Destino (2014)
37- Marcas do Passado (2014)
38- Noé (2014)
39- Viver Sem Endereço (2014)
40- Pastoral Americana (2016)
41- Homem-Aranha De Volta ao Lar (2017)
42- Homens de Coragem (2018)
43- Alita – Anjo de Batalha (2019)]
/// 1997. Nos cinemas, estavam em cartaz filmes como 007 – O Amanhã Nunca Morre, Romeu e Julieta, A Sombra e a Escuridão, Donnie Brasco, O Paciente Inglês, Crash – Estranhos Prazeres, Con Air – A Rota da Fuga, MIB – Homens de Preto (o “primeiro” filme da Marvel nos cinemas, já que o longa é baseado em uma HQ da Malibu Comics, uma editora que pertencia a Marvel na época), Batman & Robin, Princesa Mononoke, Contato, O Pacificador, Carne Trêmula, entre outros.
/// ROGER EBERT. A análise de um dos maiores críticos que o cinema já teve. Aqui.
/// ROTTEN TOMATOES. O site agregador de críticas dá uma pontuação de 31% para Círculo de Paixões de Jennifer Connelly.
/// MÃE. A idade de Jennifer Connelly em Círculo das Paixões é de 27 anos. E ela teria seu primeiro filho, Kai, em julho desse ano de 97. O pai é o fotógrafo David Dugan, em um relacionamento que não foi para frente. O fato de ser mamãe a mudaria para sempre, como veremos muito mais a seguir. Ironicamente, Jennifer interpretou uma mãe que perdeu o filho em Círculo das Vaidades, filme anterior de Círculo das Paixões (a coincidência de nomes é apenas no Brasil, os nomes originais são Far Harbor e Inventing The Abbotts, respectivamente).
/// BILLY CRUDUP. Depois de Círculo de Paixões, Jennifer faria Cidade das Sombras, e na sequência um longa chamado Amor Maior que a Vida, em uma trama sobre um casal cheio de problemas emocionais para resolver. Seu companheiro em telas foi de novo Billy Crudup. Segundo os noticiários de fofocas da época, os dois realmente se envolveram amorosamente depois das filmagens.
Jennifer Connelly não tem Instagram nem outro perfil em redes sociais.
A idade de Jennifer Connelly em Círculo das Paixões é de 27 anos.
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