FRANKENSTEIN DE MARY SHELLEY | Poder mítico do livro supera Kenneth Branagh

Frankenstein de Mary Shelley foi um longa-metragem baseado na obra-prima da jovem escritora, o grande romance gótico precursor da ficção científica, e que se tornou uma ópera mezzo rock shakesperana dirigida por Kenneth Branagh, cheia de estilo e pose, com falas declamadas em meio a tons teatrais com fundos de épicos trovões e raios, como se fosse uma peça do bardo inglês, um ode ao exagero, bem ao gosto do diretor e ator Kenneth, ator de formação nos trabalhos de William Shakespeare (1564-1616), autor nascido quase 200 anos antes de Mary Shelley.

O longa não foi bem de crítica nem bilheteria, e muito se deve à mão pesada de Kenneth na direção e sua visão da obra como um todo.

Frankenstein Mary Shelley
Um dos posteres do filme Frankenstein de Mary Shelley

O livro Frankenstein ou Prometeu Moderno, escrito por Mary Shelley em 1818, e que ainda é uma das mais poderosas peças culturais da literatura, com impacto duradouro mesmo depois de mais de 200 anos.

Empoderada desde o berço pelo pai filósofo anarquista e a mãe escritora e feminista, Shelley provou sua genialidade com uma inigualável força criativa logo em seu livro de estreia, um marco do terror e da ficção científica, resultado de uma competição amigável com nada mais nada menos que alguns dos grandes poetas da língua inglesa, Percy Shelley e Lord Byron, em uma noite na mansão de Byron.

Qualquer adjetivo aqui cabe com folga e ainda não seria suficiente.

No filme, lançado em 1994 (apenas mais um na longa fila de centenas de obras que adaptaram a obra), temos o próprio Branagh como o cientista louco Victor Frankenstein, e Robert De Niro como a Criatura (também chamado de Criação, ou Monstro), além de Tom Hulce, Helena Bonham Carter, Aidan Quinn, Ian Holm, Eric Idle e outros. Frankenstein de Mary Shelley foi renegado pelo produtor, Francis Ford Coppola, e o escritor, Frank Darabont, dois figurões do cinema, tamanha a mudança que Branagh promoveu no longa.

O filme Frankenstein de Mary Shelley é ambicioso e visualmente deslumbrante, e demarca seu estilo muito forte em cima de um mood operístico, característica inerente aos trabalhos de Branagh, que pautou sua carreira em cima de Shakespeare.

Aclamado por sua estréia como cineasta ao adaptar Henrique V (1989), Kenneth Branagh trata o texto de Mary Shelley com a mesma solenidade de um Hamlet ou Romeu e Julieta com a grandiosa e eloquente trilha sonora de Patrick Doyle ao fundo.

Frankenstein Mary Shelley
Robert De Niro é o Monstro de Frankenstein na adaptação da obra de Mary Shelley

O foco do filme é a Criatura, mas ao mesmo tempo a narrativa frenética e correria de Victor tira muito da imersão necessária para se aprofundar nos dilemas do Monstro — o primeiro vislumbre do protagonista-título do filme não acontece até uns 30 minutos de longa-metragem, e mesmo a Criatura não é vista inteira até quase 50 minutos de exibição.

A narrativa se espalha pelos anos de de 1773, 1785, 1788, 1793 e 1794, mas Kenneth consegue localizar o tempo e espaço muito bem no filme, nos convidando a entrar numa jornada inacreditável de acontecimentos.

Co-escrito por Steph Lady (seu único crédito como roteirista) e Frank Darabont, Frankenstein de Mary Shelley é uma das mais fiéis e complexas adaptações da história original, ainda que tenha ocorrido tantas mudanças por parte de Branagh.

As locações incluíram os estúdios Shepperton na Inglaterra e os Alpes Suíços. O livro de Shelley não é uma ópera, e se aproxima muito mais de um sussurro nas trevas, que nos faz mergulhar em questões filosóficas profundas de identidades, de vida e morte.

Não é bem o que vemos no filme de Branagh.

Frankenstein de Mary Shelley
(Mary Shelley’s Frankenstein, 1994, de Kenneth Branagh)

Eu tenho uma alma? Ou você se esqueceu desta parte? Quem eram estas pessoas das quais fui constituído? Pessoas boas? Pessoas más? (…) Sabia que eu sei tocar (flauta)? Em que parte de mim residia este conhecimento? Nestas mãos? Nesta mente? Neste coração? E ler? E conversar? Não foram coisas aprendidas, mas… lembradas. (…) Alguma vez você ponderou as conseqüências dos seus atos? (…) Quem sou eu?”

spoilers (de mais de 200 anos…?)

O mundo na iminência de grandes mudanças: avanços científicos, levantes políticos e sociais trazem mudanças revolucionárias que mudariam a vida de todos.

A avidez por conhecimento nunca foi tão grande. O capitão Robert Walton (Aidan Quinn) tem a obsessão de chegar ao Polo Norte, e viaja sem cessar com seu navio e tripulação para alcançar isso.

Quando seu destino se aproxima, isso significa também a descoberta da história mais aterrorizante da nossa era, para todos os homens que se aventuram no desconhecido.

No Mar Ártico, em 1794, em sua gana de achar uma passagem marítima, o capitão Walton encontra Victor Frankenstein (Kenneth Branagh), que lhe começar a contar sua história.

Frankenstein Mary Shelley
O início e o fim é no gelo ártico, um prenúncio do gelado que a morte trará para todos os envolvidos

Genebra, 1773
Victor vive na mansão de sua família, com seu idoso pai, o Barão Alphonse Frankenstein (Ian Holm) e sua meia-irmã, Elizabeth (Helena Bonham Carter), junto com a enfermeira que cuida do patriarca e a filha dessa, Justine Moritz (Trevyn McDowell), que é apaixonada por Victor.

Também temos o caçula dos Frankenstein, o pequeno William.

Victor estuda mais que se diverte. Três anos após a morte da mãe, Caroline, ele quer impedir a morte mais do que tudo na vida. Apaixonado pela meia-irmã Elizabeth, seu espírito é um poço de contradições, que o fazem mergulhar fundo em suas obsessões.

Ele é um estudante de medicina, e um do seus mentores é o Professor Waldman (John Cleese), que diz já ter conseguido resultados abomináveis com experiências terríveis envolvendo criação de vida.

Robert De Niro aparece em uma cena, interpretando um bandido sem perna e todo ferrado, com medo da vacina contra varíola, que assolava a cidade e matava centenas.

Completamente contrariado, ele esfaqueia e mata Waldman, aos gritos de “médicos assassinos“.

Frankenstein Mary Shelley
Elizabeth e Victor são apaixonados, mas nem o amor impedirá suas infelizes trajetórias

Victor tem acesso aos espólios de seu mentor, e lê em um caderno de notas: “(…) o ser reanimado é deformado e sua figura causa asco“.

Victor rouba o cadáver do assassino de seu mentor, que foi julgado e enforcado, e com ajuda dos manuscritos de seu professor, se aproxima perigosamente do desejo de impedir a morte, ao começar a dar forma ao ser que pretende dar vida.

Sua loucura o permite até mesmo desenterrar o cadáver de Waldman para lhe tomar o cérebro e fazer o experimento que deseja. Com Genebra sob quarentena por causa de outra doença, a cólera, ele tem a privacidade que necessitaria.

Victor recusa até mesmo o amor de Elizabeth para ir em frente com seus planos, que enfim se concretizam em uma noite chuvosa e sombria.

Frankenstein Mary Shelley
O nascimento da Criatura em Frankenstein de Mary Shelley é impressionante

“O que foi que eu fiz?” é a primeira fala do cientista Victor Frankenstein ao ver o que criou, ele já se arrepende no mesmo instante.

Confuso, agoniado e raivoso, o monstro criado se mostra perigoso e tenta fugir. Victor foge também, e acredita que a abominação iria morrer por causa da cólera instilada na cidade, e parte para encontrar Elizabeth.

Mas acontece que o Monstro, uma coisa que nem nome ganhou, fugiu da zona urbana de Genebra e fica próximo de uma família no campo, em especial de um velho cego, onde tem um vislumbre da humanidade, em seu melhor e pior.

Ele aprender a ler, escrever, a tocar flauta, e por um golpe do destino fortuito, estava com o diário de Victor Frankenstein no bolso do casaco que arrumou em sua fuga. O Monstro aprende sua origem e quer vingança.

Frankenstein Mary Shelley
As garras do destino marcará as entranhas de Victor para sempre, graças as suas ações impensadas

É por isso que esse caminho é pavimentado por mortes: morre o menino William, irmãozinho de Victor, morre Justine, em um linchamento público por uma população louca, morre o patriarca dos Frankenstein, o Barão Alphonse.

Pela compaixão e um único ser vivo, eu faria as pazes com todos“, adverte a Criatura para Victor, a fim de dar um basta na matança. Victor até aceita, mas o Monstro quer Justine como molde de sua companheira.

Um teco de humanidade ainda queima em Victor, ele recusa e foge, casando com Elizabeth no meio do caminho.

E ele ouve o som da flauta na noite de núpcias, o que entrega o que viria a seguir.
O Monstro mata Elizabeth numa cena grotesca.

É a queda para o abismo para Victor, que agora sabe que pode trazer os mortos à vida.
Juntas, as duas mulheres da vida de Victor, Justine e Elizabeth, são recriadas em uma, e o Monstro a quer também.

O resultado prefere a morte quando tem consciência de quem é.
Sem nada mais no mundo, para Criador e Criatura, os dois irão se enfrentar.
Por meses Victor seguiu as pistas deixada pelo Monstro, até chegar ao Ártico, onde teremos o combate final.

“Para casa”

Frankenstein Mary Shelley

A Criação do Frankenstein de Mary Shelley featKenneth Branagh

Alguma coisa que não entendo opera em minha alma”
Capitão Waldon, no livro

“Alguma coisa que não entendo opera em minha alma”
Victor Frankenstein, no filme

Kenneth Branagh baniu nos bastidores a palavra monstro, e insistia para que todos chamassem o personagem de Robert De Niro de “The Sharp-Featured Man“, intraduzível para o português BR, algo como “o homem estrelando o corpo”.

A dificuldade do diretor em entender o monstro era evidente desde o início. No livro, a Criatura era originalmente boa, não cometia crimes e desejava viver com as pessoas, mas sua aparência espantava à todos e aos poucos ela foi se enchendo de raiva.

Essa rejeição foi que lhe ensinou os sentimentos ruins.

A dicotomia de morte e mal, de vida e bom, permeia o filme, e diz muito sobre os bastidores problemáticos do longa, bem como as liberdades criativas no filme de Kenneth Branagh. Por exemplo, os produtores resistiram a mostrar a morte de William em tela.

O filme dá a entender que Henry Clerval, o melhor amigo de Victor, foi morto na trama, mas cenas deletadas do longa mostram que ele sobreviveu.

Em outras versões da história, a “Noiva” do Monstro de Frankenstein é criada com pedaços de cadáveres de mulheres aleatórias, e não de Elizabeth e Justine, como na obra de Kenneth.

Elizabeth é vítima tanto do Monstro, mas é Victor quem lhe despedaça a alma

A versão revisada do livro de Mary Shelley indica que o método usado por Victor para dar vida ao Monstro é o “galvanismo“, baseada em eletricidade, uma tecnologia que o mundo ainda aprendia a dominar na época.

Estudos do cientista Enrico Galvani, pioneiro na descoberta da bioeletricidade, descobriram o efeito dela em partes de animais, como pernas e braços que ainda se moviam se uma corrente elétrica fosse injetada neles.

Os primeiros filmes de Hollywood da obra de Mary Shelley encravaram no imaginário popular que raios deram vida ao Monstro de Frankenstein, mas Kenneth se vale de outro artifício.

O diretor usa enguias elétricas, em uma clara alusão a espermatozoides, como signo visual de vida, para sua Criação. No livro, Victor cria um “soro da vida”, um mix de alquimia, a velha ciência, com seus experimentos científicos.

Christopher Lee, ator veterano do cinema de terror, que interpretou a Criatura no clássico A Maldição de Frankenstein (1957), da Hammer Studios, teria dito na premiere do filme de Kenneth Branagh, as diferenças entre os dois filmes. “Quarenta anos e quarenta milhões de dólares“. As informações são do Internet Movie Database.

A produção de Frankenstein de Mary Shelley foi marcada por diversos problemas criativos e de elenco, e não é surpresa que isso tenha se refletido na péssima recepção que teve na época, tanto de crítica quanto de público.

O produtor Francis Ford Coppola, depois de ver um primeiro corte, insistiu que a primeira meia hora fosse eliminada da trama, mas Kenneth nem cogitou a hipótese. No começo de tudo, a intenção de Copolla era ele mesmo dirigir Frankenstein de Mary Shelley, em uma dobradinha do seu filme anterior, Drácula de Bram Stoker (1992), uma megaprodução que adaptou o livro clássico de mesmo nome de 1897, a respeito da história do Senhor dos Vampiros.

Eventualmente, o produtor e cineasta se afastou da cadeira de direção, e Kenneth Branagh assumiu o projeto, uma decisão que Copolla se arrependeria amargamente. Seu diretor era cheio de ideias próprias, e recusou cortar o que tinha filmado.

Copolla então começou a renegar o longa, o que não impediu que seu nome apareça com destaque nos créditos.

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Kenneth Branagh nas filmagens de Frankenstein de Mary Shelley

O escritor do roteiro, Frank Darabont, que também é um grande cineasta, responsável por filmes como Um Sonho de Liberdade (1994) e À Espera de um Milagre (1999), e inícios de séries como The Shield (2007) e Walking Dead (2010), já disse em diversas entrevistas que ele tem uma enorme decepção com o filme de Branagh, e que o diretor se perdeu nas filmagens.

O melhor roteiro que eu já escrevi e o pior filme que eu já vi“, teria sido sua declaração a respeito do longa. Darabont afirmou na época que não entendia a necessidade do diretor de ser “mais barulhento e reescrever a fala de cada cena para ser ‘maior’ do que deveria. Frankenstein de Mary Shelley foi meu Waterloo“, comenta o cineasta, em referência à última batalha de Napoleão Bonaparte na França, quando foi derrotado.

Esse filme tem a visão inteira de Kenneth Branagh. Se você amou o filme, você pode jogar rosas aos seus pés. Se você o odiou, pode jogar lanças nele também, pois este foi o filme que ele quis fazer“, arremata. As informações também são do IMDB.

A decisão de incluir o nome de Mary Shelley no título teria partido de Coppola, em uma possível referência aos filmes dirigidos pelo diretor baseados em romances, como “Mario Puzo” em O Poderoso Chefão (1972), “Bram Stoker” em Drácula de Bram Stoker (1992) e “John Grisham” em O Homem Que Fazia Chover (1997)”.

Mas alguns jornalistas consideram a possibilidade disso ter ocorrido para evitar problemas legais com a Universal Pictures, que detém os direitos do título simples “Frankenstein”, que o estúdio usou para seu filme lançado em 1931.

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Helena Bonham Carter

Frankenstein de Mary Shelley foi o primeiro filme de Kenneth Branagh sem a atriz Emma Thompson, até então a sua esposa.

O papel de Elizabeth seria seu, mas as filmagens do filme que ela estrelava, Dias de Paixão (1995), não terminou a tempo, e Helena Bonham Carter foi escalada. Ela não era a primeira escolhida do diretor, que desejava Kate Winslet, que já tinha feito testes.

Mais tarde, Branagh deu o papel de Ophelia para Kate em seu Hamlet (1996). Helena já tinha feito esse papel no filme Hamlet, de 1990, dirigido por Franco Zeffirelli.

Impossível não entrarmos em um momento fofoca de casal: foi em Frankenstein de Mary Shelley que Kenneth acabou seu casamento com Emma, pois ele e Helena começaram a se envolver durante as filmagens.

Em algum ponto da pré-produção, o cineasta Tim Burton foi considerado para dirigir o filme. E Helena também se envolveria romanticamente com Burton (em 2001). Aliás, a Criatura no filme de Burton, na visão da Columbia Pictures, seria feita por Arnold Schwarzenegger (é sério).

Frankenstein de Mary Shelley foi indicado ao Oscar de Melhor Maquiagem em 1995, mas perdeu para Ed Wood, um filme de Tim Burton.

Kenneth Branagh escalou Gérard Depardieu para o seu Monstro, mas a Columbia não achou que o nome seria comercial o bastante, e vetou o nome. Mais tarde, Branagh o escalou como Reynaldo em Hamlet (1996).

Christopher Lambert faria Henry Clerval, mas Tom Hulce ficou com o papel. O ator, comediante e escritor John Cleese, um dos sensacionais Monty Python, o grupo de inglês de humor, já tinha feito o Monstro de Frankenstein em Monty Python’s Flying Circus: The BBC Entry for the Zinc Stoat of Budapest (or, It’s the Arts), em 1969.

Outra hesitação na produção foi ter Cleese como o Professor Waldman no papel, já que a figura cômica dele como Monty Python poderia afetar a seriedade do personagem, e eles não poderiam estar mais errados, dado o talento do ator.

Frankenstein Mary Shelley
Robert De Niro como o Monstro de Frankenstein

O diretor de fotografia, Roger Pratt, que trabalhou em filmes como Brazil: O Filme (1985), Batman (1989, de Tim Burton), O Pescador de Ilusões (1991), Os 12 Macacos (1995), Chocolate (2000), Tróia (2004) e Coração de Tinta: O Livro Mágico (2008), cria uma ambientação muito duradoura em todos os momentos que é exigido.

Uma exigência de Kenneth era que tudo fosse uma “montanha-russa de takes e tomadas“. A despeito disso, a Criatura é magnífica no olhar fotográfico (quando mostrada), e os olhos de Robert De Niro são valorizados para entregar emoções.

A primeira aparição no cinema do Monstro data de 1910, um curta-metragem de 16 minutos chamado simplesmente Frankenstein,  escrito e dirigido por J. Searle Dawley e filmado em 3 dias no Bronx, Nova York.

Mas foi em 1931 que Boris Karloff deu um rosto definitivo à Criatura no imaginário popular, no filme Frankenstein, da Universal, e que sedimentou no público a figura da Criatura como alta e desajeitada, com parafusos na cabeça, e que ganhou vida graças a um raio.

O Monstro de Frankenstein não foi a primeira escolha do estúdio Universal em trazer seus conhecidos monstros no extenso catálogo que construiria.

O primeiro filme da empresa foi Corcunda de Notredame (1923), baseado no romance de Vitor Hugo, de 1831; seguido de  O Fantasma da Ópera (1925), baseado no romance de Gaston Leroux, de 1910; o terceiro foi O Homem que Ri (1928), baseado em outro livro de Vitor Hugo, de 1869); e Drácula (1931), baseado no romance de Bram Stoker, de 1897, estrelado por Bela Lugosi, ator que recusaria o papel para fazer o longa seguinte, Frankenstein, pelo fato do monstro não ter falas. Importante notar que todas as obras citadas são posteriores ao livro de Mary Shelley e seu Frankenstein.

Boris Karloff como o Monstro de Frankenstein, no filme de 1931

O filme de Branagh faz diversas referências a outras produções cinematográficas de Frankenstein.

Como em Frankenstein (1910), Victor usa um aparato metálico em tubo para dar vida à sua Criação.

Em Frankenstein (1931) e O Jovem Frankenstein (1974), o cientista usa o cadáver do criminoso enforcado como base corpórea do Monstro.

Em A Noiva de Frankenstein (1935), a primeira palavra do monstro proferida é “amigo“, e o mesmo acontece no filme de Branagh. O cérebro de Waldman, mentor de Victor, é usado como base, assim como visto em A Maldição de Frankenstein (1957).

Quando Waldman mostrou a seu aluno Victor a movimentação de um braço decepado de um morto, é uma homenagem ao Verdadeira História de Frankenstein (1973).

O desfecho terrível do cadáver de Elizabeth e sua reanimação, com Victor e monstro disputando sua afeição, já tinha sido mostrado em Frankenstein, o Monstro das Trevas (1990). Uma epidemia de cólera assolou o covil de Frankenstein, e depois de fugir e abandonar a Criatura no local, ele acredita que ele morreu da doença, assim como em Frankenstein (1992).

Essa situação não está presente no livro, e começou com Victor Frankenstein (1977).

O Frankenstein de Kenneth Branagh e o Dracula de Francis Ford Coppola

O jogo de Mary Shelley´s Frankenstein trazia o Bram Stoker´s Dracula junto

O Frankenstein de Mary Shelley (o filme) seguiu à risca o modus operandi de produtos pop nos anos 90, e o filme gerou obras co-relacionadas — HQ e videogames, o que prova a força do material enquanto espólio cultural a ser sugado até o bagaço da laranja.

Mary Shelley’s Frankenstein teve um jogo de ação lançado pela Sony Imagesoft, com versões para o Super Nintendo, da Nintendo, e Genesis/Mega Drive e Sega CD, da Sega. Enquanto que no SNES e Meguinha o Mary Shelley’s Frankenstein é um game de ação em plataforma 2D, desenvolvido pela Bits Studios (que já tinha feito games de Alien 3 e Exterminador do Futuro 2), o Sega CD apresenta uma jogabilidade mais rebuscada, com gráficos melhores em um adventure com cenas do filme de Brannagh, desenvolvido pela Psygnosis, uma das softhouses mais clássicas dos anos 90, criadora de Alundra e Wipeout. Mary Shelley’s Frankenstein do Sega CD vinha junto com um game baseado no filme Bram Stoker’s Dracula, aquele do Coppola, mais uma prova de que as obras compartilham o mesmo mood, a despeito de todos os problemas de bastidores envolvidos.

Capa do game para Super Nintendo. Acima, algumas telas do jogo

Os games permanecem exclusivos desses consoles, e junto com o lançamento dos videogames, a editora americana Topps Comics publicou uma série de quadrinhos em 4 edições, escrita por Roy Thomas e desenhada por Rafael Kayanan, publicadas de outubro de 1994 a janeiro de 1995.

A trama adapta fielmente o filme de Kenneth Branagh, com cenas muito parecidas, e traz artigos e entrevistas em páginas extras.

Os autores são profissionais de calibre: Thomas foi o sucessor de Stan Lee como editor-chefe da Marvel Comics, trouxe Conan para as HQs e escreveu grandes histórias dos Vingadores e X-Men e outros personagens, além de co-criar dezenas de outros.

Na DC, co-criou outras dezenas, e se destacou em realinhar editorialmente os heróis da Era de Ouro (período da Segunda Guerra Mundial) e os da Era de Prata (início dos anos 1960) em uma série de retcons e títulos que organizaram a casa da DC.

O desenhista filipino Rafael Kayanan fez trabalhos nos títulos de Conan, Homem-Aranha, Star Wars, Dungeons & Dragons e outros.

Ele foi co-criador do Amarra e do Doninha, clássicos vilões do Nuclear, e que foram integrantes do Esquadrão Suicida (o Amarra apareceu no filme de 2016 de David Ayer e o Doninha está no filme de James Gunn, deste ano).

Kayanan teve um trabalho nomeado ao Eisner (o “Oscar” das HQs americanas), Chiaroscuro: The Life and Times of Leonardo Da Vinci, publicado pelo selo Vertigo, da DC Comics. E, e além de tudo, é mestre em uma arte marcial com facas (!), o Sayoc Kali, que pode ser vista em detalhes no filme Caçado, de William Friedkin, onde foi o coordenador das lutas.

As entrevistas contidas na HQ entregam mais da proposta do longa. “Para mim, essa história é menos um filme de horror e mais um épico conto de fadas gótico (…) ele está cheio de pensamentos sobre a família, acordos de responsabilidade, considerações psicológicas, vida e morte, e a arrogância da humanidade”, explica Branagh sobre seu filme, que levou dois anos para ser produzido, a maior parte dele dedicados à feitura do Monstro na figura de Robert De Niro, que o diretor dizia que iria eclipsar Boris Karloff e o filme clássico de 1931.

“Eu queria mostrar que essa paixão elemental de Victor por seu trabalho e o amor de Elizabeth iriam criar uma disputa trágica na trama”, continua Kenneth. “Eu achei que o ‘modo Ken’ de fazer filmes daria um signficado mais profundo aos filmes anteriores da obra, e não apenas outro filme de terror, e isso é bom (…) havia algo no roteiro que me atraiu, e que seria difícil fazer isso”, comenta Robert De Niro sobre o filme.

Mike Mignola fez os desenhos de produção do Drácula de Bram Stoker e a adaptação em HQ da obra

Ainda no campo das histórias em quadrinhos, as ilustração de Mike Mignola, desenhista e quadrinista superstar dos quadrinhos americanos, com trabalhos para a Marvel e DC, e futuro criador do Hellboy, serviram de inspiração para a imagética no filme Drácula de Bram Stoker de Francis Ford Coppola.

O artista trabalhou no desenho de produção e storyboards do longa, e a exemplo do filme Frankenstein de Mary Shelley, o Drácula de Bram Stoker também ganhou uma adaptação em HQ, roteirizada também por Roy Thomas, e desenhada pelo próprio Mike Mignola, com o quadrinho sendo lançado no mesmo ano do filme, em 1992.

Essa adaptação foi o último trabalho de Mignola antes de lançar seu Hellboy, um demônio criado por humanos, que se torna um agente secreto contra forças sobrenaturais malignas — o autor inclusive já fez o personagem se encontrar com o Monstro de Frankenstein na mitologia criada na HQ (o Drácula não existe aqui, o Senhor dos Vampiros é Varcolac).

Frankenstein, livro de 1983, com quase 50 ilustrações de Bernie Wrightson, e introdução de Stephen King

E, de certa maneira, os desenhos do artista Bernie Wrightson, outro gigante das HQs nos EUA, com trabalhos para Marvel e DC (onde co-criou o Monstro do Pântano), serviram de inspiração para o Frankenstein de Mary Shelley de Kenneth Branagh.

O livro que Bernie trabalhou a imagem da Criatura têm quase 50 ilustrações espetaculares, e além do texto integral de Mary Shelley, tem a introdução de Stephen King, que dispensa apresentações.

Ele foi publicado em 1983, e as influências deveriam ser claras no filme de Branagh, pois quem entregou o livro para ele foi o próprio Frank Darabont, na esperança que o diretor seguisse mais o estilo gótico noir das ilustrações.

“Eles dizem tudo sobre o Frankenstein. E eu espero que Branagh seja inspirado por ele”, afirmou Darabont, que chegou a colocar algumas ilustrações de Wrightson no roteiro. “Eles são o mais próximo do que eu tenho em mente nos termos góticos, e queria passar essa impressão ao estúdio”.

Bem, como bem vimos, não foi muito bem o que aconteceu.

Frankenstein Mary Shelley
Trecho da HQ com uma entrevista com Frank Darabont falando do Frankenstein de Bernie Wrightson

As duas editoras, Marvel e DC, que juntas dominam o mercado de super-heróis, têm suas próprias versões do Monstro de Frankenstein, e com efeito, eles interagem com os personagens mainstream, como Superman, Liga da Justiça, Homem-Aranha, Homem de Ferro etc.

A Criação de Mary Shelley

Já era uma da manhã; a chuva batia melancolicamente contra as vidraças quando vi o torpe olho amarelo da criatura se abrir; ela respirou fundo, e um movimento convulsivo agitou seus membros.”

Mary Shelley nasceu em Somers Town, em Londres, no dia 30 de agosto de 1797. Em vida, foi escritora, dramaturga, ensaísta e autora de literatura de viagens.

Era filha da escritora Mary Wollstonecraft, autora do primeiro tratado feminista da história — A Reivindicação dos Direitos da Mulher (1792) —, e do filósofo político anarquista William Godwin.

Mary estudou filosofia e ciências, além de ser defensora do amor livre. Mary recebeu pouca educação formal, devido à perda da mãe, mas seu pai a tutelou em vários assuntos, que a criou em um ambiente imersivo e permissivo de educação e cultura, levando a menina em viagens, deixando-a usar sua biblioteca à vontade, além de permitir sua presença em reuniões com outros intelectuais.

É bom frisar que tudo isso, para uma garota, era algo raro para a época. “Ser genial ou muito boa era o básico para meu pai”, revelou ela em um diário pessoal.

 Mary Shelley, pintura de Samuel John Stump, óleo em tela, de 1831

Mary mãe e Mary filha infelizmente conviveram pouco — Wollstonecraft morreu dez dias depois de dar à luz, de febre puerperal —, mas compartilharam um legado literário transformador.

Shelley, que cresceu lendo e relendo os livros da mãe, nutriu o desejo de se tornar alguém mirando o modelo dela em criar obras próprias.

Wollstonecraft, por sua vez, mirava bem além, como prova seu trabalho, que denunciava a exclusão das mulheres aos direitos básicos no século 18.

Mary (a filha) gostava dos clássicos, como o Paraíso Perdido, de John Milton, uma história do Céu e Inferno que a fascinava, e a Balada do Velho Marinheiro, do poeta inglês Samuel Taylor Coleridge, de quem ouviu os versos serem declamados da boca do próprio autor, em uma das vezes que ele visitou seu pai na biblioteca, onde ela também estava, escondida debaixo de um sofá. Isso daria estofo ao que iria criar depois, ainda mais quando conheceu, aos 14 anos, o poeta Percy Bysshe Shelley.

Ela fica encantada e logo enamorada do poeta, que venerava o trabalho do pai da menina, em especial pelo trabalho Political Justice (1793), um tratado que dizia que o governo é uma força corruptora na sociedade perpetuando a dependência e a ignorância, mas que seria cada vez mais desnecessário e gradualmente despossuído do poder pela difusão do conhecimento.

Nightmare (“Pesadelo”), pintura de Henry Fuseli, de 1781, uma das possíveis influências para o trabalho de Mary Shelley

Se aproximar de alguém mais emotivo do que seu pai, extremamente racional e político, ainda mais depois do suicídio da irmã, assim como uma fixação em visitar o túmulo da mãe no cemitério e “ler para ela” em frente à lápide, aspectos pouco comentados em sua biografia, diz muito sobre o assunto de vida e morte que Mary Shelley iria realizar em breve.

Eram tempos de intensa renovação na ciência e tecnologia, com diversas avanços nos campos da medicina, graças aos milhares de feridos e mutilados que afligia a Europa, por conta das intermináveis e terríveis Guerras Napoleônicas. Estudiosos de áreas diversas começavam a se relacionar com outros profissionais.

Mary era muito fã de um amigo de seu pai, o famoso químico Humphry Day, um pioneiro na eletroquímica, descobridor do potássio e sódio.

Outros notáveis que iam visitar Godwin eram o pintor Thomas Lawrence, um dos maiores retratistas britânicos do início do século XIX, além de presidente da Academia Real Inglesa, e o escritor e ensaísta William Hazlitt.

Prometeu Acorrentado, pintura de Jacob Jordaens, óleo sobre tela, de 1640

Em 1816, Mary Shelley e seu já marido, Percy Shelley, passaram um feriado na Vila Diodatti, Genebra, na Suíça. Ficaram no mesmo hotel em que estava o poeta inglês Lorde Byron, amigo do casal.

Junto a eles também estava o médico de Byron, John Polidore. Nessa época, o auge do período do Romantismo, Mary já tinha visitado o Castelo de Frankenstein, localizado na Alemanha — o nome é germânico e significa Rocha dos Francos — e já tinha lido Platão e suas considerações sobre o Mito de Prometeu, o Titã que roubou o fogo (propriedade exclusiva dos deuses) para dar aos homens e empoderá-los.

Seu castigo foi ser amarrado para sempre ao Monte Cáucaso, onde todos os dias uma águia viria lhe comer o fígado, dia após dia, até o fim dos tempos.

Após discutirem sobre teorias a respeito do sobrenatural, pois estavam lendo livros alemães sobre fantasmas e uma edição francesa de Fantasmagoriana, coletânea de histórias sobre aparições, espectros, sonhos e fantasmas –, veio a ideia de uma competição entre eles para ver quem escreveria a melhor história de terror. Foi nesse momento que Mary começou a escrever o livro que chamou de Frankenstein ou o Prometeu Moderno, lançada anonimamente em 1818.

É nessa mesma ocasião que Polidore escreveu The Vampire, que contribuiria para popularização dos vampiros na indústria cultural (o romance serviria de inspiração para Bram Stoker criar o Drácula, 76 anos depois).

A criatura de Frankenstein é considerada o primeiro mito dos tempos modernos. É muitas décadas anterior à obra de Edgar Alan Poe, Bram Stoker ou H.G. Wells, e vem sendo publicado ininterruptamente desde 1818.

Tamanha força de seu livro, que ele uniu miticamente Criador e Criatura. Eles são um só pela popularidade, pois todos chamam hoje o Monstro pelo nome Frankenstein, o que de certo modo, metaforicamente, não fica de todo errado.

Eu o contemplara antes de concluí-lo, já era feio. Porém, quando aqueles músculos e juntas se tornaram capazes de movimento, transformou-se em algo que nem mesmo Dante conseguiria conceber.”

Ilustração da edição de 1831 de Frankenstein, por Theodor von Holst

Mary Shelley e seu Frankestein ou Prometeu Moderno tem muitas camadas de leitura. Além de inaugurar o gênero da ficção científica na literatura, é uma crítica à sociedade superficial e materialista da época.

A obra reflete a esperança e o medo de cada Era Científica (tão poderoso em seu tempo quanto agora), uma incursão devastadora pelos limites da invenção humana.

O romance de Shelley é considerado um tratado cáustico científico, uma novela gótica, um conto de horror, um suspense existencial — com efeito, seu impacto atômico na cultura é virtualmente incalculável.

Em seu diário, ela escreveu: “(…) (um livro) capaz de falar os misteriosos temores de nossa natureza e de despertar um terror arrepiante”.

A capa do livro pela Universidade de Oxford, 1969

Mary teve 4 filhos com Percy, e ela perdeu dois antes de escrever o livro de Frankestein. Um morreu sem sequer ter nome, dias depois de nascido.

Mary relata um sonho em seu diário. “Sonhei que meu bebê retornava à vida, que ele não tinha morrido, que estava apenas gelado. Eu esfregando meu corpo junto ao dele, e perto do fogo, o resgatava da morte, de volta à vida”, escreveu, o que nos deixa mais perto da compreensão de onde tirou tantas impressões e influências para sua obra-prima.

Seu outro filhinho morreu com pouco mais de três anos de idade. Esse forte impacto de vida e morte não passaria despercebido por ela.

Frankenstein ou Prometeu Moderno se tornou tão colossal que eclipsa até a autora, com sua criação sendo maior do que ela mesma.

O monstro que Mary criou tem inúmeras faces — o livro tem sete capítulos dedicados à Criatura e seus lamentos — e mesmo tantas vezes recontado e recriado, aterroriza e fascina, instiga e amedronta, mesmo no filme que Kenneth Branagh cometeu. “O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui“, diz Ariel na peça A Tempestade, supostamente a última que Shakespeare escreveu. Parece que Kenneth seguiu isso à risca.

Mary viveria na Itália até Percy morrer, em 8 de julho de 1822, com apenas 29 anos, ironicamente,  afogado depois de cair de sua escuna Ariel, em meio a uma tempestade. Tinha no bolso uma edição de Sófocles (dramaturgo grego do ano 400) e o último volume de John Keats (grande poeta romântico, amigo de Percy).

Seu corpo foi resgatado e cremado, mas o coração retirado (!) e entregue para Mary (!!), que o enterrou no Cemitério Protestante, em Roma.

Em seu túmulo, foi gravada uma frase da mesma peça: “Nada perdeu do que foi / Mas transformou-se no mar / Em riqueza e raridade“.

A viúva decide então ir para Londres com seu único filho, local onde permanece até seus últimos dias, e onde desenvolveu toda sua carreira de escritora, ensaísta e contista.

Além de Frankenstein, escreveu romances como Mathilda (1820), O Último Homem (1826) e Lodore (1835), e editou parte da obra do marido.

Mary Shelley faleceu em Chester Square, Londres, no dia 1 de fevereiro de 1851, vítima de um tumor cerebral.

Ela tinha 53 anos. No aniversário de um ano de sua morte, seu filho e a mulher abriram sua escrivaninha e dentro dela encontraram mechas de cabelos de seus filhos mortos, um caderno que ela compartilhava com Percy, e uma cópia de seu poema Adonais (uma elegia pastoral escrita por Percy para Keats) com uma página dobrada em volta de uma pedaço de seda, contendo algumas das cinzas do seu marido e os restos do seu coração (!!!).

Uma ilustração do memorial dedicado à Mary Wollstonecraft Shelley e Percy Bysshe Shelley na Igreja de Cristo, Inglaterra, de 1853

A própria Mary Shelley ganhou um filme próprio recentemente, por conta dos 200 anos de publicação de Frankenstein. Mary Shelley (2018), dirigido por Haifaa al-Mansour, a primeira cineasta a filmar na sua Arábia Saudita natal (o celebrado O Sonho de Wadjda, de 2012), escrito por Emma Jensen e estrelado por Elle Fanning, que, apesar de muitos acertos, passam longe do prestígio e grandeza que Mary Shelley merece.

Ursula K. Le Guin (1929-2018) disse uma vez: “Um livro contém palavras. Palavras contêm coisas. Elas sustentam significados. Um romance é uma bolsa de medicinas, guardando coisas em uma poderosa relação particular umas com as outras e conosco.”

Ursula foi escritora de mais de 20 romances e mais de 100 contos, além de poesias, crítica literária, traduções e literatura infantil, uma das mais importantes autoras de ficção científica dos últimos tempos.

Sua descrição sobre livro encaixa à perfeição na obra de Mary Shelley, com todo seu poder magnético de Frankenstein. Uma bela versão da obra foi publicada pela editora DarkSide Books em 2017, na tradução de Márcia Xavier de Brito.

A edição conta com quatro contos sobre a Imortalidade, em que Shelley continua a explorar os perigos e percalços daqueles que se arriscam à tentação de criar vida: Valério: O Romano Reanimado; Roger Dodsworth: O Inglês Reanimado; Transformação; e O Imortal Mortal, histórias pesquisadas e traduzidas por Carlos Primati, estudioso do gênero.

Uma das edições mais sofisticadas do clássico de Mary Shelley é o Frankenstein da editora Darkside Books

Frankenstein Mary Shelley

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O Monstro de Frankenstein na Marvel foi criado por Roy Thomas (ele mesmo) e o desenhista Don Heck em um pequeno flashback nas páginas de The Uncanny X-Men #40 (1968). Posteriormente, em 1973, ele ganhou revista própria, onde encontraria outros personagens, como o Drácula, e eventualmente, heróis e vilões da Marvel.

Em tempos mais recentes, o Monstro deu uma renovada no guarda-roupa, como o Wolverine tá vendo aqui
A primeira aparição regular do Monstro de Frankenstein na DC é de 2006, quando o escritor Grant Morrison o introduz na saga Os Sete Soldados da Vitória
Em 2011, pós-reboot, no Novos 52, a DC Comics ainda trabalharia com o personagem em sua cronologia regular…
..e ele é um agente secreto de uma organização que lida com ameaças sobrenaturais…exatamente igual ao Hellboy…
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Início de Victor dando vida à Criatura na HQ
Frankenstein Mary Shelley
Fim de jogo

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