STRIDER | O projeto multimídia da Capcom de um game ninja distópico pós-soviético

Strider é um jogo de ação lançado em 1989 pela Capcom — ainda ano de Guerra Fria –, onde controlamos um ninja assassino em um cenário futurista distópico pós-soviético baseado em elementos da franquia cinematográfica espacial Star Wars, uma fantasia de ficção científica que se mostra como um dos produtos mais cool da cultura pop.

Criado pela softhouse Capcom de um modo tripartite bastante inovador — mangá, console caseiro e arcade — Strider segue as missões do ninja Hiryu no mundo de 2048, quando uma nação soviética chamada Kazakh é o centro de maquinações de um perigoso líder secreto, o Grande Mestre Meioh, que está prestes a dominar todo esse mundo.

Esse grande mestre do mal se parece muito com o Imperador Palpatine, o grande vilão de Star Wars, e vive na Third Moon (Terceira Lua), uma base blindada descomunal no espaço, tal qual a Estrela da Morte.

Strider Capcom 1989 Kouichi "Isuke" Yotsui
Uma das artes promocionais mais famosas de Strider. Ilustração de Kouichi “Isuke” Yotsui
Strider 1989 Kouichi "Isuke" Yotsui
Strider e sua espada Cypher, arte de Kouichi “Isuke” Yotsui

Strider Capcom

Strider Capcom

Contra ele, temos o ninja Hiryu, da organização Strider, e que luta armado com sua Cypher, uma criativa mistura de espada laser com tonfa, a qual remete diretamente aos sabres de luz dos Jedi. Um de seus inimigos no game é Solo, um caçador de recompensas bem parecido com Boba Fett, personagem-ícone do design de Star Wars.

Strider 1989 arcade
Arte promocional de Strider para o arcade. Ilustração de Kouichi “Isuke” Yotsui
O Grande Mestre Meioh, arte de Kouichi “Isuke” Yotsui

Indo além do mood oriental da figura mítica dos ninjas, é interessante notar como Strider se situa em um futuro pós-político, com a ação do game focada em Kazakh e seu líder, o General Mikiel, uma das nações soviéticas desse futuro, que se mostra mecanizado de forma bastante ocidental em contraste com o misticismo biônico do protagonista.

Tudo é muito azul e cinza em Strider, e para contrastar com o aço e equipamentos eletrônicos, o ninja é cheio de movimentos de pulos e piruetas, acentuando a agilidade dele perante uma horda de animais robóticos e monstruosidades mecânicas, como gorilas e serpentes gigantes.

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A luta final de Strider Hiryu e o Grande Mestre Meioh

Controlar Strider é muito dinâmico e o tom acelerado da aventura era um avanço para os games da época, ainda que o gênero de tiro (shoot em up) fosse já conhecido, ele não tinha a ação frenética de Hiryu e sua espada cortante e pulos.

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Mas quase que Strider não apareceu no mundo dos videogames, quando o primeiro passo do plano da Capcom deu ruim, ao lançar um mangá que não foi o sucesso que esperavam.

Strider, da Capcom, e o mangá (1988)

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O mangá de Strider, por Tatsumi Wada

Os planos da Capcom para o lançamento da marca Strider incluíram de primeira um mangá, escrito e desenhado por Tatsumi Wada, em 1988, sob direção do publisher (espécie de editor) Hiroshi Motomiya, mais conhecido como Moto Kikaku (nome também de seu estúdio).

Eles tiveram liberdade para criar a próprio mitologia, assim como os produtores da Capcom Kouichi “Isuke” Yotsui, que estava fazendo Ghouls ‘n Ghosts, que foi chamado para produzir a versão arcade do jogo, e Masahiko Kurokawa, que faria a versão nos videogames caseiros — no caso, para o console de 8-bits da Nintendo, o NES, mas conhecido como Nintendinho no Brasil.

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Arte de Tatsumi Wada

O mangá foi publicado pela editora Kadokawa Shôten na revista Monthly Comic Comp (antes conhecida como Comic Comptiq). Foram 4 capítulos de quase 250 páginas ao todo, onde numa espécie de prólogo, vemos o ninja Hiryu, aposentado de suas atividades de assassino da organização Strider, quando foi obrigado a assassinar sua própria irmã, Mariya, quando ela ficou aparentemente insana.

Ele vive agora isolado em uma vila na Mongólia, enquanto que em sua ausência, a organização Strider viu a direção mudar de mãos: o líder Kuramoto deixa a posição e quem assume é Matic, que parece ter planos próprios e escusos.

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Arte de Tatsumi Wada

A história começa mesmo em 2048 em Kazakh, quando os Striders Kain e Sheena combatem a Polícia Secreta da nação, respondendo um pedido do grupo rebelde do país Kain é capturado, e Matic é obrigado a chamar Hiryu para ajudar.

O ninja aceita, e em breve descobre uma conspiração que pode levar à destruição do mundo.

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Arte de Tatsumi Wada

A arte de Wada é bem estilosa e dinâmica, tal qual um mangá shonen de ninja exigiria. A mistura de ocidental e oriental, tecnologia e misticismo, é perigosa se feita de modo inadequado, mas não é o caso aqui. O quadrinho é bem legal e divertido, com boa narrativa e andamento.

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Arte de Tatsumi Wada

Junto com o mangá também foi lançada uma fita cassete (K7) com músicas versões beta do game que estava sendo produzido para o NES. Mas o quadrinho não vendeu como esperado, e a Capcom vacilou. Engavetou a versão do Nintendinho, que já estava pronta.

Strider (Capcom, arcade, 1989)

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Arte de Strider para os gabinetes dos arcades do jogo

Um ano após o lançamento do mangá, a Capcom lançou a versão arcade de Strider. E foi um sucesso.

Strider no arcade extraiu o máximo do poder da placa gráfico CPS1, uma das mais potentes que a Capcom tinha na época. Kouichi “Isuke” Yotsui foi trazido especialmente para esse fim, já que tinha obtido grande sucesso com a máquina de Ghouls ‘n Ghosts.

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Hiryu é um ninja assassino da organização Strider e luta contra inimigos e asseclas do Grande Mestre. Essa é a única linha narrativa que opera na narrativa do arcade que Yotsui produziu.

O jogo tem cinco fases: Kazakh (uma república socialista soviética, cuja capital é chamada de St. Petersburg), a Sibéria (planícies congeladas da Rússia), uma aeronave de guerra chamada Balrog, as selvas amazônicas e a Terceira Lua.

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Cada fase é dividida por alguns estágios, onde há limite de tempo para que se avance e checkpoints. Strider conta com apenas três barras de energia de vida no começo, que podem ser cinco caso ache os power-ups correspondentes.

O ninja pula em meio a gráficos claros azuis e cinza em cenários distintos como instalações tecnológicas e florestas e penhascos com neve, atravessando o globo, da Sibéria até a Amazônia.

Hiryu, além de pular, gruda, escala e anda em paredes como os ninjas fazem. Ataca com sua espada laser vários soldados inimigos, bestas mecânicas e monstruosidades gigantes.

Tem que lutar por sua vida em um cenário de gravidade zero (e invertida!) e tem lutas sensacionais até chegar à Terceira Lua para derrotar o chefão final, em um run de aproximadamente 30 minutos de jogatina.

O game tem introduções e transições de fases com sprites dos personagens, inclusive com falas.

A primeira fase é em Kazakh (Казахская ССР, no original russo cirílico), país comandado pelo General Mikiel, e o chefão é um dos mais criativos: uma enorme serpente-centopeia chamada Ouroboros, formada por membros do partido do governo (!!!).

ARte de Kouichi “Isuke” Yotsui para o Ouroboros, um dos inimigos mais bizarros dos games: uma serpente-centopeia formada por vários membros do Partido que governa Kazakh, e que luta com uma foice e num martelo. Mais referente à URSS, impossível

Na segunda fase, na Siberia, temos vários dos inimigos mais icônicos, como o macaco mecânico (Mecha Pon), que sempre aparece em materiais de divulgação quando Strider é mencionado na imprensa especializada.

É aqui também que Solo, o caçador de recompensas, aparece para atazanar por boa parte da fase em uma corrida frenética de Strider para fugir de suas bombas.

E também lutamos contra três irmã lutadoras, a The Kuniang M.A. (de Martial Arts, “artes marciais), chamado na versão japonesa do arcade de Three Chinese Girls (“as três garotas chinesas”). Elas atacam com chutes poderosos com o mesmo efeito gráfico dos cortes da Cypher de Hiryu.

A mais relevante delas é Tong Pooh, seguida de Pei Pooh e Sai Pooh.

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Tong Pooh (a de verde) e seu chute mortal. Guarde o nome dela

A fase seguinte é a nave de batalha Balrog, comandada pelo Capitão Beard Jr.

A nave de batalha Balrog. Arte promocional incrível da Capcom para o game

É nesta fase onde “lutamos” contra uma sensacional máquina que manipula a gravidade, o que influencia o gameplay de modo muito criativo e inovador para a época. A quinta fase acontece na Amazônia, onde Strider Hiryu enfrenta amazonas e dinossauros.

A última fase acontece na Estrela da Morte, ops, Terceira Lua. Alguns inimigos retornam e temos mais uma fase de gravidade zero, antes do Grande Mestre ser confrontado e destruído. O final é com Hiryu em cima de uma baleia no meio do mar (?!).

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Um dos finais inusitados dos games acontece em Strider

O jogo é bem plural nos idiomas: Hiryu fala japonês, o Grande Mestre e Solo falam inglês, Tong Pooh e suas irmãs falam mandarim, o General Mikiel fala russo e o Capitão Beard Jr fala espanhol.

O gameplay de Strider influenciou vários games de ação depois de seu lançamento, e seus elementos e design de jogo são encontrados até em games mais modernos, como Devil May Cry e God of War.

A versão arcade teve várias adaptações para computadores da época — Amiga, Amstrad CPC, Atari ST, Commodore 64, IBM PC e ZX Spectrum — desenvolvida pela softhouse Tiertex e publicada pela U.S. Gold, ainda no ano de 1989.

Arte promocional alemã do game Strider para as adaptações em computadores da época, feita pela U.S. Gold. Pra variar, pouco seguem o mood e design do original japonês

Strider (Capcom, Nes, 1989)

Strider Capcom
Arte promocional do Strider do NES, usando o desenho de Wada

O sucesso de Strider nas máquinas foi tanto que enfim a versão NES foi liberada em seguida, e ainda que sua potência gráfica fosse o suficiente para ser apenas interessante em design 8-bits, também se deu bem na preferência dos gamers da Nintendo.

O jogo saiu apenas para o Nes, e não para o Famicon, como é chamado o Nintendinho no Japão.

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O jogo é bem mais próximo da versão mangá, portanto, é como se fosse outro jogo de Strider, muito diferente do arcade. Há sprites diferentes, com fases distintas e uma história própria.

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Hiryu pega suas missões em disquetes pelas fases, como na China — onde ele tem que ajudar o Strider Ryusaku. Ele parte da base espacial Strider para diferentes partes do mundo, e também aqui o diretor Matic tem planos escusos para organização. É quase 1 hora de jogatina no Nintendinho.

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Aqui Hiryu tem habilidades diferentes, como disparar rajadas da Cypher. O projeto gráfico simplório, devido à capacidade do Nintendinho, não deixa o jogo ficar na mesmice, e há alguma diversão presente. O chefão é Zain The Devil Weapon, uma arma terrível que Matic constrói.

Strider Capcom

No final, Hiryu deixa a organização Strider, inclusive jogando fora sua Cypher.

Strider Capcom

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Por falar na BIG N, ela reinava suprema na época. O Nintendinho era um dos poucos videogames caseiros que viram a luz do dia depois crash da indústria em 1983, e a Nintendo manteve a saúde financeira do mercado com mão de ferro: as softhouses não podiam mais inundar o mercado com games e mais games feitos de qualquer jeito.

Strider Capcom
Arte da Capcom para o Strider do NES

Cada produtora tinha um limite de lançamentos se quisesse ir para a cama com o Nintendinho. E ela tinha que ser fiel, não poderia ir com outros. Todo mundo obedecia a isso. A Capcom inclusive.

Strider (Mega Drive/Genesis, 1990)

Strider Capcom
Arte de Yuji Kaida para o Strider do Mega Drive

Mas se a Capcom não podia lançar Strider para outras plataformas, a Sega contornou isso comprando diretamente a licença do jogo da Capcom, e fez sua própria adaptação.

E assim, Strider, a versão do arcade, saiu para o console de 16-bits da empresa, o Mega Drive (chamado de Genesis nos EUA). Com 8 megabits no cartucho, trata-se de um dos melhores jogos do console.

Strider Capcom
A TecToy trouxe Strider para o Brasil de modo oficial. Aqui uma propaganda da empresa, que representa a Sega até hoje no Brasil

Strider do Mega Drive tem gráficos bem inferiores aos do arcade, mas mantém o mesmo mood visual, e mais importante: é mais rápido do que na máquina, tudo que se deseja em um jogo de videogame de ninja.

A versão de Strider 16-bits da Sega foi tão boa que venceu diversos prêmios, inclusive de melhores gráficos. Um ano depois, e 1991, o Master System, console de 8-bits da empresa, também recebeu uma versão desse jogo, bastante inferior em qualidade, com gráficos reduzidos e adaptados.

Strider Capcom
Contracapa do cartucho de Strider do Mega Drive pela TecToy

O final do Strider do Mega Drive é diferente do arcade: Hiryu observa de uma cidade não-identificada a estação blindada caindo do espaço, e voa com sua asa delta mecânica pelos céus em meio aos créditos do jogo, com sprites dos inimigos ao fundo.

Strider II (da U.S. Gold, para computadores, 1990)

A softhouse U.S. Gold também obteve a licença da Capcom dos Estados Unidos, mas para produzir uma sequencia do primeiro Strider, e cometeu um game bem abaixo das expectativas que o primeiro criou. Ele foi lançado para diversos computadores — Amiga, Atari ST, Commodore 64, Amstrad CPC e ZX Spectrum.

Capa da US.Gold para o Strider II dos computadores

É uma continuação bem inferior, com uma história bem diferente. Temos o mesmo padrão gráfico em sprites e cenários inéditos, como florestas, castelos e até uma nave alienígena, com direito a ovos e aliens como os Aliens (!), do clássico filme de 1979 de Ridley Scott.

O sprite de apresentação do Grande Mestre é o mesmo usado para o personagem na fase final (!)

Os mesmo inimigos retornam, como Tong Pooh, Solo e até o Grande Mestre como chefão final, sendo que ele é o sprite de apresentação do primeiro jogo (!!). O jogo não tem muitas explicações do que está acontecendo. E final do jogo é o Strider Hiryu salvando uma moça em perigo.

Street Strider Fighter II

Capa de Street Fighter II para o SNES, que ajudou a alavancar as vendas do console da Nintendo

Vários dos designs apresentados em Strider foram impactantes. E se por um lado ele bebeu diretamente de Star Wars, outros originais deram força criativa para a Capcom para a sequência de seu mais famoso game de luta, Street Fighter.

A softhouse lançou para os arcades Street Fighter II – The World Warrior (1991), e a referência mais clara aqui se deu com a estreia da personagem Chun-Li, no qual o designer Akiman se baseou totalmente em Tong Pooh para criar sua lutadora chinesa de wushu.

Tong Pooh, arte de Kouichi “Isuke” Yotsui
Um dos primeiros designs de Chun-Li para Street Fighter II, pelo ilustrador Akiman
Chun-Li, arte de Akiman

Chun-Li, arte de Akiman

Ele também se baseou na personagem Tao da série de mangá/anime Genma Taisen (1967).

Vale o destaque do nome da nave de batalha Balrog de Strider ser o nome escolhido para o lutador espanhol de máscara — que também é um ninja! — e o capitão da nave, Captain Beard Jr, curiosamente, também ser espanhol.

Importante lembrar aqui que Balrog é seu nome apenas no Japão, já que a Capcom americana fez uma salada quando lançou as versões ocidentais de SFII, trocando o nome do ninja para Vega. Sendo que Vega era o nome do último chefão, o misterioso líder militar da Shadaloo. Ele, por sua vez, virou M. Bison, o nome que era do boxeador americano. E esse boxeador que acabou ficando com o nome de Balrog.

O ninja espanhol Balrog, que virou Vega no Ocidente, onde Balrog é o boxeador

É preciso citar também o mood soviético estar presente em SFII, tal qual Strider, como pode ser conferido no background histórico e no final de Zangief: a aparição do presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, remete diretamente ao General Mikiel, que aparece em Strider.

Strider (Sharp X68000, 1992)

A própria Capcom produziu uma versão para os computadores Sharp X68000 em 1992, em um lançamento exclusivo para o Japão. Essa versão é tão boa quanto a versão do Mega Drive da Sega.

Journey from Darkness: Strider Returns (Mega Drive/Genesis, 1993)

Arte promocional de Strider II para o Mega Drive

Depois de três anos do lançamento de Strider II, a U.S. Gold lançou o mesmo jogo com um novo nome, Journey from Darkness: Strider Returns, para os consoles da Sega, o 8-bits Master System, o Mega Drive/Genesis e o portátil Game Gear.

E se o primeiro Strider não tinha vozes, aqui no Mega elas estão presentes, bem como algumas cenas cinemáticas que estavam na versão dos computadores.

Mega Man X (1993)

Em 1993, a Capcom lançou o jogo Mega Man X, criado pelo designer Keiji Inafune, que já trabalhava há anos na outra série, Mega Man. Ele já afirmou em entrevistas que a inspiração para criar o personagem Zero se deu por causa de Solo, o caçador de recompensas de Strider.

Zero, arte de Keiji Inafune, para o primeiro Megaman X

Curiosamente, outro personagem de Inafune que estreou neste jogo lembra muito mais Solo — e o próprio Boba Fett: o vilão Vava, que não sem surpresas, na pronúncia japonesa fica algo como “ba-ba”, referência mais que óbvia. Tanto que a Capcom americana alterou o nome na versão ocidental para Vile.

Solo, arte de Kouichi “Isuke” Yotsui para Strider
Solo no jogo Strider do arcade
Vava (na pronúncia japonesa fica algo como “Ba-ba”), chamado de Vile no Ocidente. Arte de Keiji Inafune para o primeiro Megaman X
Boba Fett, arte PB de Adam Hughes para a minisserie Over Kill (2006), da editora Dark Horse
Boba Fett nos filmes de Star Wars

Run Saber (SNES, 1993)

A softhouse Horisoft fez em 1993 um jogo chamado Run Saber, game de ação 2D com um personagem que lembrava Hiryu, bem como seu gameplay e cenários. A Atlus promoveu o lançamento do game somente para o SNES.

Strider (Capcom, PC Engine, 1994)

Strider Capcom
Contracapa do CD do game Strider

Cinco anos depois do lançamento dos arcades, a Capcom lançou para o console de 16-bits PC Engine CD (NEC) um jogo do Strider. A softhouse Dice Creative, Ltd. teve diversos problemas na produção do game, que foi adiada 4 vezes, o que atrasou em anos o lançamento. Era para ser em cartões (mídia do videogame antes) até ser em CD (isso com um add-on ainda).

Strider Capcom

Mas por ser em CD, que tem grande capacidade de armazenamento, essa versão de Strider é uma das mais bonitas. As músicas são mais cristalinas, e temos lindos sprites que enriquecem a trama, como a introdução de outros Striders na apresentação do jogo.

Strider Capcom
Ao menos na apresentação, vemos outros Striders pela primeira vez no Strider do arcade nessa versão

Os inimigos tem mais falas e depois da primeira fase do Kazakh, temos até uma fase completamente inédita e original, uma fase do deserto, com adversários militares.

Strider Capcom

O fato de ter mais sprites deixou o final mais elaborado graficamente, com as carcaças da Terceira Lua caindo e queimando na reentrada atmosférica, Strider voando pela Amazônia com sua asa delta, e a Cypher flutuando sozinha no espaço.

Vale destacar aqui as comparações com Star Wars e Street Fighter, já que os sprites de Strider para PC-Engine CD foram tão bem trabalhados que as semelhanças agora são muito mais perceptíveis.

Strider Capcom

Strider Capcom

Strider Capcom

Imagens da Terceira Lua e do Grande Mestre Meioh (Strider do PC-Engine CD) e da Estrela da Morte e do Imperador Palpatine, de Star Wars (Rogue One e Star Wars – O Retorno de Jedi)

Solo (Strider PC-Engine CD) e Boba Fett (Star Wars – O Império Contra-ataca)
Tong Pooh e Strider (PC-Engine CD)
Chun-Li (arte de Akiman para uma peça promocional da Capcom, com o design Street Fighter Zero da personagem)

Street Fighter Zero 2 (1996)

Em Street Fighter Zero 2, um dos melhores games de luta de todos os tempos, Strider Hiryu aparece junto com outros personagens da Capcom, no cenário de Ken, uma festa no iate do lutador milionário, por conta do aniversário de sua namorada, Eliza. Vale destacar a presença de outro ninja, Ginzu/Sho, do jogo Captain Commando.

Hiryu está em destaque no meio do cenário, de pé, sem sua máscara, e quando algum golpe especial é desferido, ele joga um ursinho Teddy Bear para cima, um dos itens que ele pega em seu jogo. Isso foi motivos de conhecidas teorias de conspiração do mundo gamer, dizendo que era uma referência a um suicídio de um dos programadores da Capcom.

Osman / Cannon Dancer (1996)

Um game de ação 2D chamado Osman, conhecido como Cannon-Dancer saiu em 1996 no Japão. O jogo foi desenvolvido pela Mitchell Corp., com design de ninguém menos do que Kouichi “Isuke” Yotsui, o produtor de Strider.

É, com efeito, a sequencia espiritual de Strider, chamado informalmente pelos próprios produtores de “Strider Hiryu Part 2”. Osman/Cannon Dancer só foi lançado nos arcades japoneses.

Marvel vs. Capcom (arcade, Dreamcast e PlayStation, 1998)

O poster do artista Bengus para Marvel vs. Capcom se tornou um dos mais icônicos da indústria

No ápice do jogo crossover de luta de personagens da Marvel e da Capcom, Strider foi um dos lutadores selecionados.

Hiryu está em Marvel vs. Capcom (1998), e é um dos melhores personagens do jogo. Ele é um mais mais rápidos dos lutadores, com grande quantidade de golpes e combos, em uma jogabilidade tão eficiente e legal só equiparável ao Gambit, dos X-Men, também presente no jogo.

Quem está também no game é Tong Pooh, mas como uma Special Partner, personagens que podem ser invocados algumas vezes para atacar o adversário. No caso, a lutadora desfere uma bela bicuda no oponente, tal qual seu ataque no jogo de Strider.

Mais uma arte promocional de Bengus para Marvel vs. Capcom. Perceba Strider sendo observado por Tong Pooh

O final de Strider Hiryu em Marvel vs. Capcom, depois de derrotar o chefão final, Onslaught (Massacre), é igual ao primeiro Strider, com ele em cima de uma baleia no meio do mar.

Um dos cenários do jogo vem de Strider, e é em Kazakh, com direito à Terceira Lua no fundo. Há uma identificação do país e do ano, exatamente como o início do jogo do ninja
O final de Strider em Marvel vs. Capcom é igual ao do primeiro game do ninja

A compositora da trilha sonora do arcade de Strider foi Junko Tamiya, que fez temas dinâmicos com elementos de barroco, tribais e de peças de músicas clássicas, em uma pegada sonora futurista que ainda funciona, tanto que foi usado aqui de novo.

A inclusão de Strider Hiryu no line-up se deu por conta do programador Atsushi Tomita, fã do personagem desde a época dos arcades. O novo design foi do ilustrador Bengus, que seguiu o desenho original de Isuke, adicionando o cachecol vermelho presente na versão mangá.

Essa arte de Strider Jiryu de Bengus foi muito usada em revistas especializadas na época
As artworks de Strider para MvsC

Marvel vs. Capcom Origins (PlayStation 3 e X-Box 360, 2012)

Marvel vs. Capcom tornou a aparecer nos games na coletânea digital Marvel vs. Capcom Origins (2012). Ele vem junto com Marvel Super Heroes (1995), o segundo jogo da série Vs. (ainda sem personagens Capcom). Esse pacote estava disponível para download para os usuários de PlayStation 3 e X-Box 360.

Strider II (da Capcom, para arcade e PlayStation, 1999)

Arte promocional de Strider II, dessa vez feito pela própria Capcom

Ignorando por completo a segunda versão criada pela U.S. Gold (ainda bem), a Capcom lançou Strider II para arcades e o console de 32-bits da Sony, o estreante PlayStation.

Arte promocional de Strider II para o PlayStation

O design inovador que aparece em Marvel vs. Capcom era um sucesso entre os jogadores e ele foi aplicado aqui, em um bonito e curto game 2D com elementos 3D que funcionam muito bem.

É divertido, rápido e honesto, em cenários criativos que emulam diversas fases do primeiro Strider com maestria — o chefão-máquina de gravidade zero é sensacional aqui. A Cypher está bem mais dinâmica e agressiva, e a cinética de movimentos tornam Strider II um verdadeiro videogame de ninjas. Vale a conferida e jogatina.

O design e gráficos usados em Strider II eram bem legais, com esquemas estruturais das fases, como essa

Pra variar, o roteiro é capenga por parte da Capcom. Strider Hiryu retorna depois de 2000 anos após os acontecimentos do primeiro game, talvez uma versão clonada do ninja pela organização Strider? Quem sabe?

Harumaru foi o artista que criou as ilustrações do jogo

Ele começa o jogo podendo selecionar algumas missão, e começa lutando contra terroristas na cidade de Neo Hong Kong, onde enfrenta Tong Pooh e suas irmãs, e também Solo (como que ainda estão vivos?). O chefão é um dragão que lembra um pouco o Ouroboros.

A segunda é uma invasão em uma fortalaza, Wahnen (provavelmente alemã). Depois Hiryu segue para uma base secreta na Antártida, onde temos a fase de gravidade zero. O chefão aqui é um Kraken.

Arte promocional de Harumaru para os chefões de Strider II

A quarta fase é numa nova nave Balrog, onde Strider Hiryu enfrenta o Strider Hien, um ninja renegado da organização (já extinta ele diz, mas como que Hiryu aparece então?) que ajuda o vilão do jogo, claro, o Grande Mestre Meioh, que parece ter sobrevivido aos eventos do primeiro jogo.

Strider Hien no jogo, arte de Harumaru

A luta final é contra ele na Terceira Lua, mas o último chefão é Caduceu, uma enorme besta mecânica estilo RPG, que tem relação com o Meioh. O final é a a estação pegando fogo e caindo na atmosfera da Terra.

Grande Mestre Meioh em Strider II

Artes de Harumaru para Strider II

As artes que ilustram a história e transições de fase em Strider II são do ilustrador Harumaru, e enriqueceram muito a história, uma herança vinda diretamente do Strider do PC Engine CD.

Um dos rascunhos iniciais do artista para o personagem

Esse game na versão PlayStation se mostrou perfeita, já que a Capcom produziu o jogo de arcade usando a placa gráfica Sony ZN-2, o que fez sua conversão ser apenas uma transposição.

Junto com o lançamento de Strider II para PSX, a Capcom lançou um segundo disco, com o primeiro Strider dos arcades de 1989.

Ao terminar os dois jogos e salvando no Memory Card, uma fase secreta é destravada no novo Strider, a “Mission 00“, no qual é possível jogar com o Strider renegado Hien, que veste branco e luta de forma bem mais agressiva do que Hiryu. Ele joga as mesmas fases de Hiryu, sem as transições de cena, com os mesmos chefes e não tem final.

Strider Hien, por Harumaru

Atsushi Tomita, do Marvel vs. Capcom, ajudou na produção desse jogo, que estava travada em algum momento. Harumaru veio para o jogo depois de Street Fighter Zero 3 e Street Fighter III 3rd Strike: Fight for the Future (onde fez as artes promocionais).

Marvel vs. Capcom 2 (arcade, PlayStation 2, Dreamcast 2000)

Arte promocional de Marvel vs. Capcom 2

Marvel vs. Capcom 2 (2000), um dos maiores da série, foi lançado no declínio dos arcades como opção de entretenimento e queda da popularidade de games 2D.

Não roda mais na CPSIII (a mesma de Street Fighter III), já que a Capcom preferiu usar a placa gráfica Naomi, da Sega, então temos gráficos 3D nos cenários e as músicas (uma das piores de todos os tempos em games de luta) rodam direto do CD, o que elevou a qualidade delas.

Temos 56 personagens, a maioria dos personagens que tinham aparecido em todos os cinco jogos Vs. anteriores. Logo, Strider é um deles. Desses, 9 eram inéditos, e 3 foram criados só para esse jogo: Medula e Cable, de histórias dos X-Men; Hayato, do game de luta Star Gladiator; Jill Valentine, a policial do game de survival horror Resident Evil; e Tron Bonne, do jogo Megaman Legends; mais o Kobun/Servbot, um dos seus robôzinhos, como personagem secreto.

Os três inéditos são Amingo, uma árvore humanóide mexicana; Sonson, a neta de Son Son, protagonista do antigo game de ação da Capcom de mesmo nome; e a “protagonista” do jogo, Ruby Heart.

Agora MvsC2 é uma luta de trios e temos apenas 4 botões para criar os golpes e combos, o que complicou para os veteranos da Capcom, acostumados com os 6 botões padrões de potência dos seus jogos de luta.

O game saiu para os consoles de 128-bits PlayStation 2 e X-Box.

Strider Hiryu ainda continua um dos melhores, já que não sofreu quase nenhuma alteração. O jogo não tem finais próprios, sendo uma coleção aleatória de ilustrações dos personagens. Hiryu aparece junto com Venom e Hulk.

Arte de Bengus para o final de Marvel vs. Capcom 2

O jogo Marvel vs. Capcom 2 ficou disponível para download para os usuários de PlayStation 3 e X-Box 360 em 2009.

Capcom Fighting All-Stars (2002)

Em 2002, a Capcom lançaria aquele que seria seu game de luta que faria a transição do 2D para o 3D de modo definitivo, o Capcom Fighting All-Stars. Desenvolvido em cima da placa gráfica Namco System 246, os lutadores e os cenários eram uma mescla de 2D com 3D, tanto em aparência gráfica como jogabilidade.

A softhouse, num primeiro momento, terceirizou o primeiro trabalho na área: a série Street Fighter EX, desenvolvida pela subsidiária Arika, mas depois ela mesma fez a franquia espacial de lutas Star Gladiator e um quase spin-off de Street Fighter em Rival Schools.

Strider Hiryu era um dos lutadores do line-up do Capcom Fighters All-Stars, vindo diretamente do sucesso obtido em Marvel vs. Capcom 1 e 2. A intenção era usar todo o rico catálogo de personagens da empresa para fazer um grande crossover interno de luta entre eles.

Uma das poucas imagens disponíveis do game é essa com o Strider Hiryu

Uma das intenções era também preparar terreno para um futuro terceiro Capcom vs. SNK, jogo de luta crossover das duas empresas, mas com a falência da SNK e suas novas direções executivas dançando nas mãos de outras empresas, como Eolith, Azure e Playmore, a Capcom cancelou Capcom Fighting All-Stars.

Em 2004, a Capcom colocou no mercado Capcom Fighting Jam, resquícios do projeto de Capcom Fighting All-Stars. Há diversos personagens de franquias da empresa, como Street Fighter e Darkstalkers, mas são modelos 2D de sprites já em uso ou retrabalhados de forma mínima. Nisso, Strider sumiu dos planos.

O game é uma bola fora da Capcom, um jogo de luta dos mais ruins, desbalanceado e feio. Mas se Hiryu não está presente, Tong Pooh aparece no final da Felícia, a mulher-gato de Darkstalkers.

O destaque do jogo foi apenas a introdução da personagem Ingrid, que acabou aparecendo no lore de Street Fighter, ao ser introduzida na versão de Street Fighter Zero 3 MAX (2006) para o portátil da Sony, o PSP. Ela voltou a aparecer em Tatsunoko vs. Capcom (2008) e outros games menores da Capcom.

Strider II (PlayStation, 2006)

Strider II da Capcom retornou em uma série especial da empresa, ainda para o primeiro PlayStation (o PS2 já estava na área até!), chamada de Capcom Game Book, uma série especial de jogos clássicos da softhouse relançados com extensos manuais de estratégia.

Esse lançamento especial foi exclusivo do Japão, e foi lançado em outubro de 2006, o que faz de Strider/Capcom Game Books o último lançamento original e oficial para o PlayStation, que teve sua produção de games encerrada só em março do mesmo ano.

Strider (PlayStation II, PSP e X-Box, 2006)

O primeiro Strider retornou ao mundo dos games em Capcom Classics Collection Volume 2, de 2006, uma complicação de jogos da empresa desenvolvida pela Digital Eclipse Software para os consoles de 128-bits PlayStation 2 e X-Box. Strider é um dos 20 jogos lançados entre 1986 e 1994 e reunidos nesse pacote.

Ainda pela Sony, o primeiro game apareceu em Capcom Classics Collection: Remixed (2006) para o PSP.

Strider (Game Boy Advance, 2006)

O Strider do Nintendinho também retornou, dessa vez na coletânea Capcom Classics Mini Mix, desenvolvida pela Sensory Sweep e lançada para o videogame portátil da Nintendo na época, o Game Boy Advance, em 2006. Além de Strider, o pacote teve Bionic Commando e Mighty Final Fight.

Ultimate Marvel vs. Capcom 3 (PS3 e X360, 2011)

Em Marvel vs. Capcom 3, os sprites tradicionais foram deixados de lado a favor de uma criativa mistura gráfica de cel-shadding, um 3D que imita um desenho animado.

O forte contorno, a ótima dublagem e a variedade imensa de personagens tornou essa versão uma das mais divertidas da franquia Vs., e uma atualização do game foi lançada apenas alguns meses depois, o Ultimate Marvel vs. Capcom 3, e nessa leva, temos Strider como um dos personagens novos.

Foi a primeira vez que um jogo da série Vs. saiu só para os consoles — o PlayStation 3 e X-Box 360 –, já que os arcades estavam mortos. Essa aparição de Strider em Ultimate Marvel vs. Capcom 3 marca também a primeira vez em que ele foi dublado em inglês (nos outros Vs. não havia falas diretas com vários personagens).

O último chefão do jogo é bem do gosto de Strider em seus jogos: o gigantesco e poderosíssimo Galactus

O jogo ficou disponível para download no PlayStation 4 em 2016 e no ano seguinte para usuários de PC (via Steam, serviço de downloads de games para PCs) e o X-Box One. Em 2012, o portátil da Sony, PSP, também ganhou uma versão.

No final do personagem em MvsC3, Strider enfrenta os Carniceiros, assassinos ciborgues inimigos dos X-Men, junto com Wolverine

Moon Diver (PlayStation 3 e X-Box, 2011)

Um game de ação 2D desenvolvido pela Square Enix foi disponibilizado para os usuários do PlayStation 3 e X-Box 360 para download em 2011. Ele se chamava Moon Diver e foi desenhado por Kouichi Yotsui, de novo em um mood Strider dos mais fortes. Com efeito, ele disse na época que se tratava uma “homenagem-sequencia” de todos os jogos de ação que já tinha feito.

Strider (Nintendo Wii/Virtual Console, 2011)

A versão Mega Drive do Strider também apareceu na Nintendo, quando foi lançado em 2011 no serviço de download do Nintendo Wii, o Virtual Console. Ele só foi sair do catálogo no final de 2019.

Strider (da Capcom, PS3, PS4, X360 e Steam, 2014)

A Capcom tinha planos de reboot de Strider já em 2009, em um jogo desenvolvido pela softhouse Grin, mas o game foi cancelado antes de ter sido lançado.

Na mesma época, a Capcom tinha promovido o novo Bionic Commando, que também era um reboot da série. O jogo foi muito mal recebido, e isso adiou os planos da empresa até 2014, quando a softhouse se juntou com a Double Helix Games e juntas fizeram Strider, o reboot da série.

O game foi lançado para os consoles via download para PlayStation 3, PlayStation 4, X-Box 360, X-Box One e Steam.

Pra variar de novo, a história é meio confusa. Strider Hiryu ainda mantém o estilo visual e de jogabilidade da série Vs. e o design do jogo é bem dinâmico, cheio de zoom in e zoom out. Sho Sakai foi um dos artistas responsáveis pelo redesign do personagem.

A trama deixa de carregar a complexidade do mangá da versão do NES, mas resume demais a versão arcade, sem maiores explicações do que está acontecendo.

As fases lembram algumas antigas, mas com diferenças (uma Kazakh congelada), o Ouroboros agora é um dragão (sem nenhuma referência soviética) e as três irmãs do The Kuniang M.A. viraram The Four Winds (“os quatro ventos”), com a introdução da mestra Xi Wang Mu como quarto membro.

Strider no reboot, arte de Sho Sakai

Solo é mais ativo em sua missão de destruir Hiryu, e o Grande Mestre Meioh agora tem uma forma final bem difícil de enfrentar, o Meio Prime, que parece o Caduceu do jogo de 1999. Derrotado, Meioh cai na atmosfera da Terra, com Strider junto, em um final em aberto dos mais bizarros.

Marvel vs. Capcom Infinite (2017)

Marvel vs. Capcom Infinite, a quarta versão da franquia de luta da Capcom e da Marvel, sofreu com o boicote imposto pela Disney, dona da Marvel desde 2009, que começou a ver com maus olhos suas propriedades X-Men e Quarteto Fantástico nas mãos da Fox, já que não via a cor do dinheiro dos materiais licenciados dos filmes.

Isso começou a se tornar mais problemática com a boa resposta da Fox com o filme X-Men Dias de um Futuro Esquecido, de 2014. Não sem surpresas, a Marvel até matou o Wolverine nas HQs nessa época.

No resto do mercado transmídia, isso significou censura de materiais relacionados que não fossem próprias da Marvel/Disney. Por isso, MvsC Infinite não tem mais nenhum X-Men.

O lamentável Marvel vs. Capcom Infinite

E nenhum game Vs. é divertido sem um Wolverine nele — como não seria sem Street Fighter um Ryu. Não é a toa o game que foi um fracasso. A despeito disso tudo, Strider é mais uma vez um dos protagonistas do jogo.

Strider em Marvel vs. Capcom Infinite

A jogabilidade mudou, os modelos são 3D agora, e mesmo personagens antigos Marvel/Capcom, como o Thanos, sofreram alterações em suas mecânicas de luta. Muitos deles eram feios em modelo 3D, mesmo o da Capcom — procurem a Chun Li para vocês verem como que era.

Street Fighter V (2017)

A “aparição” mais proeminente de Strider em Street Fighter aconteceu apenas em Street Fighter V (2016), quando em 2017, a Capcom promoveu a introdução via DLC do lutador Zeku, o mestre do ninja Guy, que já tinha aparecido antes, no final do personagem em Street Fighter Zero 2 (1996).

Zeku é o 38 grande mestre da arte Bushinryu Ninjutsu, e depois que Guy o derrota, numa tradição da escola do aluno superar o mestre, ele busca seu próprio caminho em uma jornada de auto-descoberta.

Em sua nova versão SFV, Zeku apresenta dois novos modos de luta: um em seu estado natural de “velho”, em que seus golpes são mais secos e duros, e outra numa surpreendente transformação em que se torna uma versão mais jovem de si mesmo, em que fica mais rápido e ágil, sendo praticamente dois personagens em um só.

Vários elementos dão a entender, durante a jogatina e história de Zeku, que ele vai criar o estilo ninja que será a futura escola Strider. A começar pelo seu final, no qual diz pensar em chamar seu novo estilo de luta de “passos largos” em inglês (e não japonês). E isso é uma tradução bem próxima da palavra stride em inglês.

E para não deixar dúvidas, uma DLC de roupa para Zeku é uma reprodução do traje ninja de Hiryu, com direito até a uma Cypher escondida nas costas!

Tudo vive nos detalhes

Até Osman/Cannon-Dancer foi referenciado aqui também, com Zeku em sua forma jovem com algumas técnicas com nomes dos termos do jogo de Kouichi “Isuke” Yotsui, o que mostra que em algum grau a Capcom reconhece até esse game no lore de Strider.

Strider (Capcom, 2019)

A Sega lançou seu Mega Drive Mini em 2019, seguindo os passos da Nintendo em vender consoles miniaturas com jogos na memória. Dentre os 42 jogos disponíveis, estava Strider. Mas na versão japonesa do console ele não apareceu, já que em seu lugar ficou Mega Man: The Wily Tower, respeitando a regra de 3 jogos por softhouse na biblioteca disponível.

Strider (2021)

A mais recente aparição do primeiro Strider dos arcades se deu na coletânea digital Capcom Arcade Stadium, lançada em 2021 para os consoles Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One e computadores. No chamado Pack 2: Arcade Revolution (1989-1992), tem o Strider, Final Fight e outros jogos.

Arte promocional da Capcom para Strider
Arte promocional da Capcom para Strider — a nave Balrog, no caso
Strider Capcom
Propaganda de Strider II com outros jogos
Arte de Harumaru para Tong Pooh em Strider II
Tong Pooh em Strider II, arte de Harumaru
Tong Pooh em um artbook da Capcom
Strider Capcom
Arte promocional da Capcom para Strider
Strider Capcom
Hiryu vs. Hien, arte de Harumaru
Strider Capcom
Arte de capa do Strider para os computadores Commodore
Guy chegou a ser desenhado com uma roupa de Strider para o Ultra Street Fighter IV, mas não foi usado
Arte promocional de Marvel vs. Capcom
Strider Capcom
Tela de versus do Marvel vs. Capcom
Strider Capcom
Na imagem, Hiryu junto com outro ninja famoso da Capcom: Sho/Ginzu, que aparece no gameplay em um dos golpes do Capitão Commando, já que são do mesmo game

Strider Capcom

Strider Capcom
As artes de Bengus para Hiryu em MvsC estão entre as melhores do personagem

Strider Capcom

Strider Capcom
Arte de Harumaru para Strider II
Strider Capcom
Arte promocional da Capcom para Strider II

Strider Capcom

Strider Capcom

Strider Capcom
Arte de Tamio para uma edição especial de ilustrações de Strider
Strider Capcom
Arte de Harumaru
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Fim. Com a Cypher flutando no espaço, no final de Strider do PC-Engine CD

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