SWU 2010 | Dez anos de um dos melhores line-ups do Brasil

O SWU Music & Arts Festival levou milhares de pessoas para uma fazenda em Itu-SP, em 2010, onde elas curtiram 74 atrações musicais e discutiram preservação de meio ambiente e sustentabilidade em um fórum com grandes personalidades do meio.

O adjetivo do título se justifica pelo incrível line-up, 700 músicos que agitaram quatro palcos de apresentação.

Estrelas internacionais como Rage Against The Machine, Mutantes, Los Hermanos, Joss Stone, Kings of Leon, Dave Mathews Band, Regina Spektor, Pixies, Queens of The Stone Ages, Avenged Sevenfold e Linkin Park.

Outros nomes mais experimentais como The Mars Volta, Yo La Tengo, Infectious Groove e Crashdiet também estavam no line-up.

E nomes nacionais de apelo popular, como Jota Quest, Capital Inicial, Cavalera Conspiracy, Mallu Magalhães, BNegão, Tulipa Raiz, Otto, Gloria, Brothers of Brazil, Cidadão Instigado e Cansei de Ser Sexy também participaram do SWU 2010.

Joss Stone, SWU 2010
Chester, Linkin Park, SWU 2010

Os organizadores afirmaram que mais de 164 mil pessoas estavam no festival SWU, que ocorreu nos dias 9, 10 e 11 de outubro de 2010.

A dinâmica do evento se deu em estruturas de dois palcos principais, Ar e Água, um ao lado do outro, responsáveis por shows seguidos.

Para assistir a todos esses artistas e bandas, o público se dividiu em pistas comuns e premium — quem desembolsou mais, pôde apreciar os shows bem pertinho dos seus artistas favoritos.

Para valer o discurso pretensamente ambientalista, fóruns de discussões aconteceram em uma parte reservada da fazenda do Parque Maeda, o local escolhido para abrigar o festival.

O espaço destinado à arena do SWU tinha 233 mil metros quadrados, com atrações artísticas e instalações além dos palcos.

Para honrar as várias tradições de festivais de música no Brasil, existiram intermináveis filas para absolutamente tudo, da entrada e saída de carros no local (era mais de uma hora com certeza em certos horários), para os caixas, para os balcões de comida e bebida, até os banheiros químicos.

Apesar de diversas críticas da imprensa nacional em relação às falhas técnicas e estruturais que ocorreram no SWU 2010, as atrações compensaram, e ajudaram a compor um dos mais poderosos line-ups de artistas que se apresentaram no Brasil.

O SWU foi o primeiro festival brasileiro que aconteceu nos mesmos moldes de grandes festivais britânicos (Glastonbury, Reading) e americanos (Coachella, Lollapalooza).

Sua sigla queria dizer “stare with u”, “começa com você” – e que tentou pegar a onda da sustentabilidade que as agências publicitárias martelavam com força nos anos 2000 em todo o mercado.

O que foi tentado colar nessa cara jovem da música era fugir da grande cidade e ir ao interior, o que resultou em variados graus de sucesso e fracasso nessa execução.

A época que ocorreu o SWU, 2010, foi na rabeira de especulações sobre uma possível edição do Woodstock em Nova York, em comemoração dos 40 anos do festival original, pelo co-fundador Michael Lang.

O line-up do SWU 2010

SWU 2010

Dia 9

Palco Água
Black Drawing Chalks
Infectious Grooves
Los Hermanos
Rage Against the Machine

Os Mutantes, SWU 2010

Palco Ar
Brothers Of Brazil
Macaco Bong
Mutantes
The Mars Volta

Palco Oi Novo Som
Letuce e Quinho
Superguidis
Curumin & The Aipins
Mallu Magalhães
Cidadão Instigado
The Apples in Stereo
Sobrado 112
Locomotion

SWU 2010
Mallu Magalhães, SWU 2010

Tenda Heineken Greepeace
Glocal
Killer on the Dancefloor
The Twelves
Dave the Switch Taylor
MSTRKRFT
The Crystal Method
DJ Marky
Steve Angello

Dia 10

Palco Água
llo Ferreira
Jota Quest
Sublime With Rome
Joss Stone
Kings Of Leon

Kings of Leon, SWU 2010

Palco Ar
O Teatro Mágico
Capital Inicial
Regina Spektor
Dave Matthews Band

Tenda Heineken Greenpeace
Mario Fischetti
Nick Warren
Life Is a Loop
Sander Kleinenberg
Roger Sanchez
Sharan
Markus Schulz

Palco Oi Novo Som
Volver
Luisa Maita
Tulipa Ruiz
Rubinho e Força Bruta
Bomba Estéreo
Otto
Lucas Santtana
Overal

Dia 11

Palco Água
Glória
Rahzel
Cavalera Conspiracy
Incubus
Pixies
Tiesto

Black Francis, Pixies, SWU 2010

Palco Ar
Alain Johannes
Crashdiet
Yo La Tengo
Avenged Sevenfold
Queens of the Stone Age
Linkin Park

Queens of The Stone Ages, SWU 2010

Palco Oi Novo Som
Tono
Mombojó
Autoramas
BNegão & Seletores da Frequência
Josh Rouse
Cansei de Ser Sexy
Fino Coletivo
Enfuga

Tenda Heineken Greenpeace
Erol Alkan
Gui Boratto
Mixhell
Aeroplane
Anthony Rother
Anderson Noise

SWU 2010,
os shows do primeiro dia

Os palcos Ar e Água foram reservados aos headliners do SWU 2010, enquanto o Palco Oi Novo Som, para bandas nacionais e alternativas, e o Palco Heineken Greenspace, com o som eletrônico.

Quem abriu a maratona de shows foi Letuce e Quinho no Palco Oi Novo Som, às 14h40, os primeiros artistas a se apresentar no SWU 2010.

A banda Brothers of Brazil, formada pelos irmãos Supla e João Suplicy, subiu no Palco Água em seguida, e mostrou que é possível misturar rock e bossa nova.

Os Mutantes

Ainda no Palco Água, o grupo de Sérgio Dias, Os Mutantes, tocou velhos sucessos como Vida de Cachorro, Tecnicolor e Baby, sucessos pulsantes do rock lisérgico brasileiro.

Na ocasião, Os Mutantes foram os veteranos Sérgio Dias (voz e guitarra) e Dinho Leme (bateria), Bia Mendes, que substituiu Zélia Duncan a partir de 2008, Fabbio Recco (vocal, piano), Henrique Peters ( vocal, teclado), Vinicius Junqueira (baixo) e o multi-instrumentista Vitor Trida (vocal, violões, flauta transversal, flauta doce, violino e clarinete.

Os Mutantes é uma instituição da música brasileira, um nome que cruzou oceanos e ganhou o mundo. Cativou e cativa gerações de músicos como Kurt Cobain, Beck e Sean Lennon.

Em 2008, estavam com o CD Haih… or Amortecedor nos Estados Unidos e Europa pela gravadora californiana Anti-/Epitaph Records (que tem em seu catálogo artistas como Nick Cave, Tom Waits, Mavis Staples e Billy Bragg).

Além do Cidadão Instigado, a cantora Mallu Magalhães foi uma atração especial no Palco Oi, pois estava no auge do sucesso na época.

Com sua tradicional voz suave, lembrou de sucessos da puberdade e ainda tocou novas composições inspiradas por Chico Buarque, influência clara do namorado Marcelo Camelo.

Ele e o resto dos Los Hermanos se apresentaram no Palco Ar antes da estrela principal, Rage Against The Machine. Os Los Hermanos fizeram no SWU uma de suas frequentes reuniões/separações, e atenderam a todas as expectativas dos fãs que construíram durante os anos 2000.

No Palco Heineken Greenpeace, três destaques: o brasileiro DJ Marky, e os americanos The Crystal Method e Killer on The Dance Floor.

The Mars Volta

O rock psicodélico do The Mars Volta, com Omar Rodriguez-López (guitarra) e Cedric Bixler Zavala (vocal) no SWU 2010

Depois dos Mutantes, entrou o headliner The Mars Volta no Palco Água.

Com um rock psicodélico e experimental, a banda fundada por Omar Rodriguez-López (guitarra) e Cedric Bixler Zavala (vocal) em 2001 estava com um disco conceitual nas paradas, Octahedron, lançado em 2009, para tocar no SWU, além de material antigo.

O álbum anterior, The Bedlam In Goliath, lançado em 2008, rendeu o primeiro Grammy para a banda, que voltou para a casa como Best Hard Rock Perfomance, em 2009, com a faixa Wax Simulacra.

No SWU 2010, além da dupla fundadora, se apresentaram Juan Alderete (baixista), Isaiah “Ikey” Owens (tecladista), Marcel Rodriguez-López (sintetizadores e percussão), Adrian Terrazas (sax) e Dave Elitch (bateria).

Rage Against The Machine

Tom Morello, o guitarrista do Rage Against The Machine, no SWU 2010

O Rage Against The Machine, a estrela do primeiro dia, finalmente pisava na América do Sul com esse show no Brasil, com mais de uma década de atraso.

O quarteto voltou a se reunir após a dissolução do Audioslave e achou na platéia do SWU um grande público eclético espremido nas grades.

A primeira a inflamar a galera foi Bombtrack, para logo depois ter problemas técnicos na mesa de som. Zack de La Rocha cantava para o próprio retorno. A barreira que separava a área comum da premium caiu, e a banda teve seu show interrompido pela organização do festival, o que representou muito aborrecimento, dado a alta temperatura que estava o público em ver logo o RATM.

A técnica do cultuado guitarrista Tom Morello – com boné do MST na cabeça – mobilizou os milhares de fãs presentes. Faixas como Bulls on Parade, Bullet in The Head e a clássica Killing in The Name, que encerrou a noite, validam a qualidade dos californianos, um dos grandes acertos do SWU.

Desde 1992 o RATM inflama o público com uma mistura explosiva de rock e elementos musicais — entre suas marcas, o estilo vocal único de Zack de La Rocha e as técnicas de Tom Morello, que sabe utilizar os efeitos da guitarra como poucos, que com a adição de caráter político e de protesto de suas músicas.

O RATM é marcante pela mistura hip-hop, rock, funk, punk e heavy metal, quando o grupo estourou o hit Killing in the Name.

SWU 2010,
os shows do segundo dia

No segundo dia, depois do Ilo Ferreira e Jota Quest, foi a vez de Sublime With Rome dar as caras no Palco Água com o novo vocalista, Rome Ramirez, que parece ter sido escolhido pela semelhança com a voz de Bradley Nowell, morto por uma overdose de heroína.

Depois deles, Joss Stone entrou com seu aguardado soul pop.

Joss Stone

Joss Stone, cantora de inglesa de 23 anos no SWU 2010, a primeira vez em um festival de grande porte, com uma voz potente o suficiente para abalar e encantar a todos

A cantora tinha vindo várias vezes ao Brasil, mas em 2010 foi a primeira vez que ela se apresentou no país em um festival das proporções do SWU.

Joss explodiu com o álbum Soul Sessions e a canção Fell in Love With a Boy. O mais recente era Colour Me Free!, de 2009.

Joss Stone simplesmente seduziu o público do SWU — desenvolta e dona de uma potente voz, a jovem fez todo mundo dançar ao ritmo cadenciado do R&B pop de sua banda.

Abrindo a apresentação com Super Duper Love, ela dominou o palco com segurança e convicção. Sorrindo constantemente, fazendo poses para a câmera e, apesar do frio, de vestido leve, descalça e com o colo descoberto, Joss fez uma hora de show parecesse pouco, tamanha a presença carismática e poder de canto.

Regina Spektor

Depois de Joss, o público pode acompanhar a ótima performance da cantora russa Regina Spektor, no Palco Ar, que também chamou a atenção com seu show intimista com piano.

A russa estava famosa no Brasil em 2010 quando tocou no SWU. Ela teve as músicas US e Hero incluídas na trilha do filme 500 Dias Com Ela, e sua canção Fidelity entrou na trilha sonora da novela A Favorita, da TV Globo.

Cantora, compositora e pianista, a artista que nasceu na Rússia e mora desde criança nos Estados Unidos. Combina folk, rock e blues. O talento de Regina Spektor nasceu de anos de estudo de música clássica e treinos no porão de uma sinagoga.

Ela surgiu na cena indie musical em 2004, com o álbum Soviet Kitsch, e lançou ainda o igualmente elogiado Begin to Hope, dois anos depois. Para o público do SWU, estava na turnê de Far, disco de 2009.

O segundo dia de SWU parece ter sido escolhido para o som mais “calmo” do festival.

No Palco Ar, antes de Regina, tocaram O Teatro Mágico e Capital Inicial, e depois da apresentação da cantora russa, teve um bom show de Dave Matthews Band, responsável pelo “momento Woodstock” do SWU, tocando All Along the Watchtower, de Bob Dylan. No Palco Oi Novo Som, os destaques ficaram por conta de Tulipa Raiz e Otto.

Kings of Leon

Kings of Leon, cinco anos depois da sua primeira passagem no Brasil, como headliner do Palco Água no segundo dia do SWU 2010, teve dificuldades em empolgar um público já exausto com as ótimas performances de Joss e Dave.

Com sua mistura de country e rock setentista, o Kings tocou seus hits Molly’s Chamber, Sex on Fire e Use Somebody de modo burocrático.

Era uma atração muito esperada, e que infelizmente ficou aquém das expectativas, ainda que tenham segurado bem o interesse do público.

A banda formada pelos três irmãos Caleb Followill (vocal/guitarra), Jared Followill (baixo), Matthew Followill (guitarrra) e um primo, Nathan Followill (bateria), tinham vendido mais de 7 milhões de unidades pelo mundo do seu último álbum Only by the Night na época, quando desembarcaram em 2010, para tocar no SWU.

Um dos irmãos Followill, do Kings of Leon, o rei dos indies no final dos anos 2010

Nos Estados Unidos, a banda tinha esgotado ingressos no Madison Square Garden, em Nova Iorque, e Hollywood Bowl, em Los Angeles. Foi headliner do festival Bonnarro, em Manchester, Tennessee, e no Glastonbury, no Reino Unido.

No Oxygen Festival, na Irlanda, também esgotou os 20 mil lugares do O2 Arena, em diversas noites (local onde o Led Zeppelin se reuniu para um show).

RED MORNING LIGHT | O southern rock do Kings of Leon nunca sai deles

SWU 2010,
o terceiro e último dia

Depois de 14 anos sem dividir o mesmo palco em solo nacional, os irmãos Cavalera entregaram um show digno da volta

O último dia de SWU 2010 foi o dia reservado para mais um dia de som pesado.

No Palco Água, tocaram Gloria, Rahzel, Cavalera Conspiracy — dos irmãos Max e Iggor Cavalera — , e o rock alternativo do Incubus, antes do headliner Pixies. Os irmãos Max e Iggor mostraram uma batida sonora pesadíssima em uma apresentação histórica: eles estavam há 14 anos sem dividir o mesmo palco em solo nacional.

A banda executou faixas próprias, como Inflikted, que intitula o álbum lançado em 2008, bem como músicas dos tempos de Sepultura.

No Palco Ar, destaque para Alain Johannes, que abriu o dia e que segurou a atenção dos fãs com apenas um violão bem tocado.

O line-up, apesar dos elogios, se encontrava esquizofrênico em algumas vezes, pois depois vieram os suecos da Crashdiët, com muito hard rock, glitter, cabelos esvoaçantes e presença de palco.

No Palco Oi Novo Som, BNegão e os Seletores de Frequência promoveram um funky rock carioca de muita personalidade. Mas o grande destaque foi o Cansei de Ser Sexy, que colocou muito tiozão do punk no chinelo — méritos de toda a banda, ainda mais com a vocalista Lovefoxxx.

Yo La Tengo

Popular Songs era o título do novo álbum do Yo La Tengo na época do SWU 2010.

A banda é conhecida pela afiada ironia de seus trabalhos, e além de ser a com mais tempo de carreira dentro do elenco do SWU, é também um exemplo do que era ser indie em um tempo em que grandes gravadoras dominavam o mercado.

O Yo La Tengo surgiu em 1984, nos EUA, com uma sonoridade que remetia ao Velvet Underground. O tom experimental agradou a crítica, mas nunca fez a banda vender muitos discos.

Ao mesmo tempo, serviu para que o grupo se mantivesse na cena alternativa, sem se vender a modismos, o que garantiu sua longevidade.

Algo que o YLT sempre prezou foi o ecletismo de suas gravações. A combinação de folk, punk e improvisos instrumentais tornou seu som inqualificável.

Pode ser ruim para quem gosta de rótulos, mas deu charme ao trabalho do casal Ira Kaplan (voz e guitarra) e Georgia Hubley, e, a partir de 1993, atraiu as atenções do Matador, um dos mais famosos selos de rock alternativo do mundo.

Outro detalhe sobre o Yo La Tengo é que a banda é de Hoboken, mesma cidade em que nasceu Frank Sinatra. Ao menos dois álbuns tem títulos sensacionais em tempos da rede social mais famosa do mundo: Fakebook (1990) e Fuckbook (2009), o disco mais recente do Tengo para o SWU 2010.

Avenged Sevenfold

Mike Portnoy, que tinha deixado recentemente o Dream Theater, banda que ajudou a fundar, assumiu a bateria do Avenged Sevenfold durante as gravações de Nightmare, e substituiu à altura o antigo batera, The Rev, morto em 2009

A apresentação do Avenged Sevenfold no SWU foi pesada, cheia de gritos nervosos, e o vocalista M. Shadows só inflamava a platéia, gritava por mais barulho, mais palmas, mais berros.

Apesar de grande parte dos fãs da banda ser adolescente, o público logo se enturmou com o excelente vocal e guitarras da banda. Tão animado quanto pesado, o espetáculo começou ao som de Nightmare, faixa que dá título ao disco da banda, lançada no mesmo ano.

AVENGED SEVENFOLD | 10 anos de pesadelo com Nightmare

Um momento relevante ocorreu durante a execução de Afterlife, que foi dedicada ao ex-baterista do grupo, James “The Rev” Sullivan, morto em dezembro de 2009.

Mike Portnoy, que tinha deixado recentemente o Dream Theater, banda que ajudou a fundar, assumiu a bateria do Avenged durante as gravações de Nightmare e, por enquanto, está realizado turnê com o A7X (o modo curto de se referir à banda).

Nightmare, o álbum que a banda trabalhava quando Jimmy Sullivan morreu no final de dezembro, já estava tomando o formato de uma obra-de-arte dark, um conceito de disco que traçava uma jornada de loucura, desespero e sim, morte.

As músicas uniram tudo o que o Avenged Sevenfold fez anteriormente em um prisma visionário, trazendo de um lado, um novo ponto de vista e de outro uma intensidade mais concentrada.

Queens of The Stone Ages

SWU 2010
Josh Homme, vocalista do Queens of The Stone Ages, SWU 2010

Com o som mais alto e volumoso entre todas as bandas escaladas, o Queens of The Stone Ages entraram no palco com quase uma hora de atraso (um dos poucos do evento, que primou pela pontualidade dos shows principais).

Pesaram a mão na guitarra, no barulho e nos hits, e entregaram um senhor show, que valeu o SWU 2010. A banda dona de Little No One Knows, Song for the Dead e outras estava com cinco álbuns de estúdio e um ao vivo lançados desde sua formação, no fim dos anos 90.

A banda retornou ao Brasil depois de sua passagem pelo Rock in Rio de 2001, no momento em que comemorava os 10 anos do álbum R — álbum que é considerado um dos mais relevantes dos anos 90, na seleção dos 100 discos mais importantes da década da revista Rolling Stone e com quatro indicações ao Grammy.

O vocalista Josh Homme, Troy Van Leeuwen (guitarra, baixo), Joey Castillo (bateria), Michael Shuman (baixo) e Dean Fertita (teclado) fizeram um show de diversos hits.

ROCK IN RIO | A crônica da repetição musical também é política

Pixies

SWU 2010
Black Francis entrou mudo e saiu calado do SWU 2010

O Pixies tocou Doolittle no Brasil, o que se tornou histórico — em 2010, o álbum completava 20 anos e ganhou homenagem de seu criador.

A banda americana saiu em turnê mundial em que mostrava ao vivo as canções desse disco clássico, e o Brasil foi incluído com o show no SWU.

O Pixies foi outro que valeu muito o SWU. Tocaram três canções no bis: Planet of Sound (do álbum Trompe Le Monde, de 1991), Where Is My Mind e Gigantic.

O vocalista Black Francis subiu no Palco Água carrancudo e com um gorro na cabeça. Ainda que os fãs não tenham reclamado, só conversou com o público para dar “boa noite”, após a execução das músicas bônus.

A baixista Kim Deal fez toda a comunicação do concerto e arriscou, inclusive, algumas palavras em português.

A vinda do grupo estava precedida por uma atitude de engajamento. Em junho de 2010, o Pixies cancelou o show que faria em Israel como forma de protesto ao ataque do exército israelense a uma frota que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Foi a segunda vez que o Pixies pisava no Brasil, mas a primeira que se apresentou em São Paulo. Doolittle é o disco em que o Pixies gravou Here Comes Your Man, seu maior sucesso comercial.

Tal sucesso fez com que o grupo formado por Black Francis (voz e guitarra), Joey Santiago (guitarra), Kim Deal (baixo) e David Lovering (bateria) fosse um dos principais nomes a cruzar a ponte do indie para o mainstream.

Linkin Park

SWU 2010
Chester Benington fez uma escolha criativa que jogou contra o Linkin Park no encerramento do SWU 2010: mais músicas novas do álbum recém-lançado e menos clássicos dos anos 2000

A banda que encerrou as atividades no Palco Ar e foi a penúltima atração do SWU 2010 foi o Linkin Park, uma das bandas mais famosas do rock nos anos 2000, e que dedicou quase metade do tempo às músicas mais novas — um erro crasso que finalizou muito mal o evento.

Depois de cinco músicas que ninguém conhecia do A Thousand Suns, lançado em setembro de 2010, ninguém agitava mais os punhos acima da cabeça.

Isso até a segunda parte do show, que despejou as famosas In The End, Numb e What I´ve Done na orelha da galera, que, aí sim, encontrou-se com a banda. Na época, o Linkin Park tinha sido recentemente eleito pela SoundScan/Billboard a banda de Rock N° 1 em vendas da década.

No decorrer dos anos 2000, vendeu mais de 50 milhões de cópias no mundo todo, atingiu o topo das paradas com diversos hits, ganhou dois prêmios Grammy e conquistou milhões de fãs ao redor do planeta.

A última atração do SWU 2010 foi o DJ Tiesto, que começou seu set às 2 horas da madrugada do dia 12 de outubro, o feriado de terça-feira.

Ele era considerado o DJ número 1 do mundo na época.

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Fora os shows,
um discurso para agradar

SWU 2010
Quem quisesse acompanhar debates sobre o meio ambiente com 44 personalidades da área, podia entrar no Fórum Global de Sustentabilidade — que tinha um número limite, claro

Um ponto bastante questionável foi o discurso sustentável do SWU.

O festival se propôs a ser um evento referência na defesa do meio ambiente, e apesar de iniciativas louváveis – como o Fórum Global de Sustentabilidade, as centrais de triagem do lixo ali produzido, os centros de energia solar ou eólica e os geradores movidos a biodiesel — o gosto que ficou é que são movimentos pontuais que, na verdade, não são mais do que obrigação em uma estrutura moderna e gigante como foi o SWU.

O guia do evento se apresentava da seguinte maneira: “O SWU é um movimento pela sustentabilidade, divertido e irreverente. Uma iniciativa que aponta caminhos para as pessoas começarem a construir um mundo sustentável (…) a reunião de música, arte e sustentabilidade em uma experiência inesquecível”.

Como solução aos resíduos ali gerados, a produção disponibilizou duas mil latas de lixo para coleta seletiva e cerca de 300 funcionários responsáveis pela limpeza. Isso não impediu montanhas de latas de cerveja e lixo espalhados pelo gramado de todo o evento.

O conceito apresentado de sustentabilidade foi sustentado por marcas das empresas patrocinadoras — Nestlé, Oi, Heineken e Coca-Cola — o que pode ter provocado um efeito reverso do desejado pelo marketing: o público pode ter rejeitado pela ostentação de publicidade.

No Fórum Global de Sustentabilidade, 44 convidados nacionais e internacionais debateram o assunto em três painéis.

Presidentes, fundadores e diretores de empresas e ONGs, como a Resolve, o banco francês Pérola, Vital Farms, USP, PUC-SP, o músico Marcelo Yuka, Terracycle, a TV Futura, entre muitos outros. Foram discutidas as atitudes que os jovens devem tomar para minimizar o impacto de suas ações no meio ambiente, e ações que levariam a uma mudança de comportamento deles.O tema discutido no primeiro dia foi “Negócios sustentáveis”, o segundo foi “Inclusão das minorias” e o último, “O Jovem e o meio ambiente”.

No início da noite do último dia de SWU, o empresário Eduardo Fischer, organizador do evento, falou com a imprensa sobre o megaevento. “Acredito que cumprimos com o nosso objetivo de começar a conscientizar as pessoas e, para mim, que estou há 30 anos no mercado de comunicação, esta é uma experiência incrível. Vamos encontrar o equilíbrio para melhorar ainda mais no ano que vem.

E brincou: “O SWU já está entre os maiores festivais do mundo em sua primeira edição. Recebemos pedidos para fazer o SWU nos EUA, Canadá e até Arábia Saudita. Todos estão me cobrando para fazer outro já neste fim de semana”.

O SWU pelo menos ainda viu mais uma edição, de 2011, realizada em Paulínia-SP, com outro line-up poderoso e de impacto. Eduardo não conseguiu sustentar o festival SWU.

O SWU 2010 em fotos

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A estrela do próximo SWU, cadê?

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