A atriz Jennifer Connelly começou bem menina no cinema americano nos anos 1980, depois de trabalhos de publicidade e figuração não-creditada em alguns episódios de TV e clipes de artistas da música. Sua escalada ao topo de atuação chegou ao ápice quando foi presenteada com o Oscar.
De uma menina esperta e discreta nas passarelas e cinemas, ela se tornou uma mulher dona de imenso repertório cinematográfico em filmes dirigidos por alguns dos maiores diretores de cinema da indústria.
Jennifer Lynn Connelly é a filha única de Gerard Connelly, irlandês católico fabricante de roupas da moda, e Eileen, uma judia que comercializava antiguidades, nascida em Nova Yory, em 12 de dezembro de 1970.
Viveu o maior período de sua infância no bairro do Brooklyn, em NY. Sua beleza natural chamava a atenção, e seus pais com frequência recebiam convites para trabalhos fotográficos com a menina para o mercado publicitário.
Ela atuou como modelo em ensaios de moda e nas passarelas, mas não era isso que Jennifer Connelly queria. Em um de seus trabalhos, em meados dos anos 80, no Japão, Jennifer gravou uma música no idioma local, o que fez com que todos pensassem que ela era fluente em japonês.
Os agentes e produtores notaram que ela era muito mais do que uma simples modelo, e indicaram aos pais para tentarem trabalhos com ela fora do mundo da moda.
Um publicitário, amigo do pai da menina, lhe conseguiu uma audição para um pequeno papel nas filmagens do filme Era Uma Vez Na América. Era o épico de máfia de Sergio Leone, o mestre do cinema de faroeste, um dos gigantes no mundo da direção.
O resto é história para Jennifer Connelly, que nunca mais saiu da Sétima Arte, e se tornou uma de suas melhores protagonistas em alguns dos melhores filmes do mercado.
Uma Jennifer Connelly em estúdios de fotos e outra em estúdios de cinema
Apesar de sua vida cheia de compromissos como modelo infantil e atriz, Jennifer Connelly levava os estudos muito a sério.
Ela se formou na prestigiada Escola de St. Ann, localizada no Brooklyn, e seguiu para a Universidade de Yale, onde estudou Inglês.
Depois de dois anos, pediu transferência para a Universidade de Stanford, onde estudou teatro com profissionais de renome dos Estados Unidos, como Roy London, Howard Fine e Harold Guskin, instrutores de alguns dos maiores atores do cinema.
A educação e a inteligência de Jennifer Connelly mais tarde se provaram cruciais na transição de uma atriz jovem sexy voluptuosa para uma profissional madura e talentosa, muito além de sua beleza hipnotizante inerente.
Jennifer é casada com o ator Paul Bettany, e juntos tiveram dois filhos (Stellan e Agnes, nascidos em 2003 e 2011, respectivamente). O casal se conheceu nos sets de Uma Mente Brilhante (2001).
A ligação foi imediata, e o amor presente cresceu rápido, com eles já casados no Ano Novo de 2003. Connelly também tem um filho com o fotógrafo David Dugan, chamado Kai, nascido em 1997.
A família Connelly/Bettany vive no Brooklyn, lugar que Jennifer diz amar, mas mantém um apartamento em Londres, Inglaterra. Jennifer Connelly se considera tímida, tanto assim que sua carreira como atriz alavancou depois que largou as passarelas, muito em razão de não se sentir a vontade tirando fotos e desfilando.
Além dos filhos e da profissão, Jennifer Connelly gosta de desenhar, de cavalos e de ler livros de filosofia. É vegana e fala francês e italiano fluentemente.
Como entrou muito cedo para o mundo do cinema, Jennifer tinha pouca maturidade para refletir sobre a carreira que ela havia começado.
Em uma entrevista, ela chegou a afirmar que começou a atuar sem nem ao menos parar para pensar se ela realmente queria ser atriz. Mas Jennifer Connely sempre foi sofisticada para além de sua idade, ao mesmo tempo séria por natureza.
Isso não a impediu de ser retraída e se considerar nerd por estudar muito, nem de aproveitar a vida adolescente em saídas para baladas. Jennifer também morou por um tempo em Woodstock, Nova York, por 4 anos, durante sua infância.
Nas suas saidinhas de adolescente em Brooklyn Heights, ela usava seu longo cabelo preto e o deixava cobrindo metade do rosto, e passava batom vermelho.
Dizia que todos nas baladas a viam como a atriz Veronica Lake. “Me vestia de preto e escutava muito The Cure“. No meio do cinema, já era descrita quando começou como “Elizabeth Taylor adolescente“.
A comparação com atrizes belas e conhecidas pelo poder de atração seria apenas um dos aspectos que Jennifer Connelly provocava com seu magnetismo em cena e força de beleza — atributos esses que ultrapassam convenções sem que pareça em nenhum momento forçado.
Atuações nos mais variados gêneros de filmes seria uma marca para Jennifer Connelly por várias vezes em sua carreira.
Dona de um talento de atuação incrível, obtido por muito esforço, lapidado em diferentes papéis em variados filmes, Connely provou, ao ganhar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em Uma Mente Brilhante, que tem todos os dotes necessários para ser uma afiada atriz.
Com uma beleza ímpar (veículos como Time, Vanity Fair, Esquire sempre a posicionam entre as mulheres mais bonitas do mundo), muitos diretores masculinos focaram demais a figura de Jennifer Connely, incapazes de filmá-la sem se aproveitarem de sua bela figura e silhueta, na tentativa de criar efeitos de fantasia sexual em determinadas cenas.
Mas não demoraria muito para que a própria Jennifer Connelly ficasse cada vez mais consciente de tudo isso, sabendo lidar com essas situações com o passar do tempo, e direcionando esforços para estrelar de filmes de produções mais sofisticadas e intelectuais, que discutiam problemas sociais relevantes, ao mesmo tempo que emprestava seu talento e beleza para filmes de impacto da cultura pop.
A pluralidade de Jennifer Connelly também se dá fora das telonas.
Ela foi nomeada uma das 50 pessoas mais bonitas do mundo pela revista People nos anos 2000, e sempre era presença garantida em listas de “100 mulher mais sexys da América“.
Ela “obtia” tais títulos ao mesmo tempo em que desempenhava trabalhos como embaixadora pelos direitos humanos e da educação pela Anistia Internacional. Em 2012, recebeu a mesma honraria, mas pela Embaixada de Fundo de Amparo as Crianças.
Jennifer Connelly,
uma mente brilhante
Jennifer Connelly sempre foi uma artista obediente desde que começou no cinema em Era Uma Vez na América. Dizia que não tinha uma personalidade rebelde e apenas queria fazer as pessoas felizes.
Esse caminho precoce de seriedade em trabalho atrapalhou sua criatividade, e ela demorou a perceber isso em seus trabalhos.
Foi apenas em Rocketter que isso começou a ser deixado de lado. Era 1991, e ela estudava em Yale, quando um professor apontou o uso sexualmente exagerado de sua figura na cena do cavalinho mecânico em Construindo Uma Carreira.
“Não era isso que eu queria ser. Eu não queria ser aquela garota naquele tanque de novo. Eu não estava escolhendo isso. Sentia como se esse escolha fosse pega de mim. Mas ao mesmo tempo eu desejava não ser uma completa nerd estudiosa. Não tinha senso de humor e me levava a sério muitas vezes. Me concentrava muito em ser uma boa estudante e ter boas notas. Não me permitia ter vida social. Ficava estudando na biblioteca. Eu me sentia velha, de certas maneiras, ainda que jovem e inexperiente. Eu pensava que atuar era apenas decorar minhas falas, aprender as linhas, não deixar as pessoas esperando e deixar todo mundo feliz. Eu não tinha pensamentos por mim mesmo – eu não pensava que isso era parte do processo criativo. Era um relacionamento de amor e ódio com atuar.“
Esse tipo de atitude foi o que marcou a virada de papéis na metade dos anos 1990 para Jennifer Connelly, ainda mais com um grande acontecimento que mudaria sua vida.
“Ser feliz estando em sua própria pele era a chave. Isso acontece em diferentes momentos para diferentes mulheres. Para mim foi quando tinha 26 anos, quando tive Kai, meu filho. Era 1996. Nunca me casei com o pai (o fotógrafo David Dugan). Vivíamos juntos. Ele se mudou e eu fiquei em casa. Minha figura mudou, eu perdi peso, mas estava feliz. Aconteceu o certo para eu me tornar uma verdadeira mãe. Encontrei meu esposo Paul nos sets de Uma Mente Brilhante. Não foi amor a primeira vista, vinhamos de outros relacionamentos, e demorou até ficarmos juntos. Demorou até encontrarmos uma maneira de funcionar, já que ele morava em Londres. Seguimos vidas separadas por seis meses, até irmos para Londres, no jantar do prêmio do Oscar. Ele estava completamente diferente. Não vou dizer como que ele propôs o casamento, isso é muito pessoal. Mas nos casamos rapidamente. Ele é um cara adorável, é bom para todos nós e para com a família. Eu estava gostando de ser mãe, e estava feliz em casa. Apenas quando o roteiro certo veio (o filme Ligados pelo Amor) com seu drama e humor, que eu pensei, eu quero voltar a fazer alguma coisa disso. Nosso acordo familiar era filmar o mesmo tempo que dispensávamos para o tempo da família.”
Isso diz muito sobre as prioridades de Jennifer Connelly enquanto pessoa e profissional. Com dificuldades para contornar os desejos de atuar e achar as motivações corretas e entender os caminhos seguros, também foi se descobrindo como ser humano. Isso se reflete diretamente em seus papéis em muitas vezes.
Com 43 filmes na carreira (período compreendido de 1984 à 2019), Jennifer Connelly coleciona uma variedade incrível de gêneros de filmes e de papéis exercidos.
Atuou de coadjuvante a principal, dirigida por diretores e diretoras, de diferentes nacionalidades e etnias, em filmes tão diversos como dramas, romances, biografias, comédia, suspense, ficção científica, fantasia, animação e terror.
Jennifer Connelly fez quase de tudo em sua carreira cinematográfica, e anota pelo menos dois filmes que podem reivindicar posições em listas de “10 Melhores Filmes do Cinema” — Réquiem Para um Sonho e Cidade das Sombras, longas que performam além de seus gêneros e ultrapassam os limites de influência ao se tornarem modelos a serem copiados.
Jennifer Connelly ainda estrela A Casa de Areia e Névoa e Noé, dois filmes de incrível impacto e que podem exigir serem lembrados em listas de grandes filmes do cinema.
Jennifer Connelly
e os anos 1980
O último filme de Sergio Leone é o primeiro de Jennifer Connelly. Em Era Uma Vez Na América (1984), Connely faz uma menina bailarina no começo do filme, que intercalada momentos da infância dos personagens dos atores Robert De Niro e James Woods, os dois eixos que conduzem esse épico mafioso.
Era Uma Vez na América é uma das obras primas da carreira do diretor Sergio Leone, uma lenda da indústria cinematográfica.
Deixou de fazer O Poderoso Chefão para a Paramount Pictures para fazer seu próprio filme de gângsteres para a Warner Bros, depois de tomar contato com um livro de memórias de um ex-criminoso de Nova York — Leone queria contar esse lado sombrio da construção social americana.
Sergio Leone fez muitos filmes de western spaghetti, e seu Por Um Punhado de Dólares, com Clint Eastwood no papel principal, filmado em 1964, é considerado o ponto alto do gênero. Em 1968, Leone filma Era Uma Vez no Oeste, o melhor longa-metragem do cineasta, e frequentemente no topo de listas de melhores filmes de faroeste de todos os tempos.
O mundo de Leone era violento e impelido pelas músicas inesquecíveis de Ennio Morricone, um dos maiores compositores da indústria de cinema.
Sergio Leone teve ajuda no roteiro de outro cineasta, Dario Argento, o mestre italiano dos filmes de terror. E a segunda incursão de Jennifer Connelly nas telonas seria em Phenomena, um dos melhores e menos conhecidos filmes de Dario.
Filmado em 1985, quando Jennifer Connelly tinha 14 anos, em Phenomena ela interpreta uma garota com estranhos poderes de manipular insetos, e acaba envolvida no mundo louco que Dario criou para o filme: um professor de cadeira de rodas, uma chimpanzé, uma instituição nada flexível para moças em um prédio que pertenceu ao compositor e maestro alemão Richard Wagner, colegas de sala que são verdadeiras vacas, muito bullying, paranormalidade, larvas, insetos, vermes, rapazes potencialmente abusadores, sonambulismo, Flesh of The Blade do Iron Maiden em um pesadelo, Locomotive do Motorhead em uma cena de crime, detetives espertos, um poço de cadáveres em decomposição, e claro, o sexo como ato a ser punido.
E o lugar onde tudo rola tudo isso é a “Transilvânia Suíça”.
No mesmo ano que Jennifer Connelly estrelava um filme de um gênio do gênero de terror no cinema europeu, ela também estava em Sete Minutos Para o Paraíso (1985), uma comédia romântica adolescente americana típica dos anos 80, e muito conhecida do público brasileiro graças a um dos maiores programas de veiculação de filmes da TV aberta: a Sessão da Tarde, da TV Globo.
Foi a primeira vez que Jennifer Connelly foi dirigida por uma mulher: Linda Feferman, que fez um longa um pouco mais denso do que outros do gênero, mas igualmente escapista.
Em Labirinto – A Magia do Tempo (1986), Jennifer Connelly é uma força da natureza capaz de derrotar David Bowie, um dos arquitetos da música do século XX.
O filme é um clássico e um dos grandes filmes de fantasia no cinema, mesmo que no começo tenha sido um fracasso de bilheteria.
Adquiriu status de cult com o passar dos anos, e o admirável trabalho de bonecos, fantoches, fantasias e próteses pode encantar crianças até os dias de hoje, o que prova a resistência e qualidade da produção em executar um grande filme.
Labirinto foi criado por uma equipe impressionante. O diretor e idealizador Jim Henson foi uma das mentes criativas mais atuantes no cinema e TV dos Estados Unidos. Ele criou os bonecos Muppets, a maior parte dos personagens da Vila Sésamo, e todos as figuras mecatrônicas presentes em Família Dinossauro.
Até a movimentação do Mestre Yoda, em Star Wars – O Império Contra-Ataca, é dele. Jim dirigiu filmes como Time Piece (1965), pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar, The Cube (1969) e O Cristal Encantado (1982).
O roteirista do filme é Terry Jones, um dos fundadores do Monty Python, grande mente criativa por trás de diversas produções do grupo. O cineasta George Lucas é um dos produtores — e seu nome dispensa apresentações, ele simplesmente criou a franquia Star Wars..
Jennifer Connelly,
Essa Garota
Jennifer Connelly em Essas Garotas interpreta uma de três irmãs em uma comédia romântica com um quê de sobrenatural, mesmo que esse quê tenha um sabor tão leve que se você piscar no final perde a referência.
Essas Garotas (Some Girls, no original, de 1988) é um dos melhores longas da carreira da atriz, com um background muito rico, e, que se não foi explorado devidamente, não perde nenhum mérito, pois qualquer cinema que destaque a Renascença já sai na frente de qualquer outro.
Cada vez mais bonita, a morena participa dessa produção tipicamente oitentista, de fotografia linda, no clima frio de Quebec.
São três irmãs canadenses fazendo gato e sapato de um garotão inseguro colegial americano, em um ambiente de arte, hormônios e neve.
Etoile, o Cisne Negro dos anos 80, é um filme italiano de 1989, dirigido por Peter Del Monte, e estrelado por Jennifer Connelly.
Um suspense soft de terror, que mostra em seus 1h41 de duração vários dos temas com que o diretor Darren Aronofsky usou para construir seu Cisne Negro, mais de 20 anos depois.
O longa-metragem mostra Jennifer Connelly interpretando a bailarina Claire Hamilton, uma jovem que se envolve em uma trama de mistério e algo de sobrenatural.
Etoile foi influenciado pelo clássico Suspiria, de Dario Argento, que envolve uma bailarina envolvida em um covil de bruxas, na academia de dança em que estuda.
Peter Del Monte dirigiu Etoile em cima um roteiro de Franco Ferrini, o mesmo que ajudou Dario Argento em Phenomena. O que explica a junção novamente de Jennifer Connelly com o tema sobrenatural em um filme.
The Hot Spot – Um Local Muito Quente é um neonoir de 1990 dirigido por Dennis Hopper, um dos atores mais loucos e desenfreados de Hollywood, marcado por uma vida marcada de excessos, rompantes de talento, e polêmicas de vida privada.
Uma de suas principais contribuições para a sétima arte está no monumental Sem Destino (Easy Rider), um road movie psicodélico de 1969 que inaugurou a própria cena, embalado pela incomparável música do Steppenwolf, Born To Be Wild — o filme é um dos pontapés que deu início a uma nova onda criativa na indústria de filmes chamada “Nova Hollywood“.
Hopper alternou entre atuações e direções, e seu nome está em grandes filmes clássicos, como Apocalipse Now e Veludo Azul.
Ele viu Jennifer Connelly atuando em Essas Garotas, e a chamou para The Hot Spot. O filme é um drama de suspense com cores quentes, personagens sempre à luz do Sol, suando muito.
Mesmo com a noite, você sente a temperatura, seja pelo calor do clima, pela tensão da cena, ou pelo tesão da cena de sexo. O protagonista Harry Madox é interpretado Don Johnson, uma das estrelas do seriado Miami Vice, e sua femme fatale é Dolly, interpretada pela atriz Virginia Madsen.
É o melhor trabalho de Don, que nunca realmente estourou como estrela de cinema, e Virginia faz uma das mais vacas e desprezíveis mulheres fatais do gênero. Jennifer Connelly faz o segundo interesse amoroso de Don, e se torna o elemento inocente da trama, a despeito de ser seu primeiro papel sensual nas telas de cinema.
Jennifer Connelly
e os anos 1990
A década começa com um dos filmes mais sexys de Jennifer Connelly — e não ser surpresa, um dos piores. Construindo Uma Carreira é um filme de comédia adolescente estrelado que conta com roteiro de John Hughes, um dos mais célebres cineastas da década de 80.
A morena está no ápice de sua formosura, e a polêmica e mudança de status quo de sua carreira também alcançam isso.
Há uma exploração descarada da sensualidade e grande beleza da Jennifer no alto de seus lindos 21 anos.
Tempos depois, ela se arrependeria de não ter sido mais madura nas escolhas que fizera na época, como atuar nesse filme. O longa é uma trama tola dela e de outro jovem presos em uma loja de departamentos e tentando resolver dilemas que tem com os pais.
Com sua atuação seguinte, em Rocketeer, Jennifer Connelly teria a primeira nomeação a um prêmio de melhor atriz. Todavia, esta não seria a última vez Jennifer Connelly teria sua sensualidade e beleza exploradas em filmes.
Rocketeer, também de 1991, foi o o primeiro filme de super-herói da Disney, uma adaptação de uma HQ independente americana com um herói que tem um foguete nas costas e que combate mafiosos e nazistas na Hollywood do pré-Segunda Guerra Mundial.
Jennifer Connelly faz a mocinha, namorada do herói, e como dito, se esmerou no papel. No prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante do Saturn Awards de 1991, ela concorreu com atrizes como Mary Elizabeth Mastrantonio, que interpretou a Marian em Robin Hood, O Príncipe dos Ladrões (aquele com o Kevin Costner); Frances Sternhagen, pelo seu papel em Louca Obsessão, onde fez a esposa do xerife que tenta encontrar o coitado do escritor interpretado por James Caan, feito prisioneiro pela psicopata interpretada Kathy Bates, numa das melhores histórias do Stephen King; e Dianne West, a mãe da Wynona Rider em Edward Mãos de Tesoura.
Mas quem levou o prêmio foi Mercedes Ruehl, por um papel menor em O Pescador de Ilusões, um clássico do diretor doidão Terry Gilliam.
Jennifer Connelly, Brasil e Chile
Jennifer Connelly filmou em 1992 seu primeiro longa-metragem dirigido por um cineasta brasileiro, Bruno Barreto, um filme para TV chamado O Coração da Justiça. A beleza cada vez mais se equipara ao talento em Jennifer Connelly.
Merecidamente, ela encarna pela primeira vez uma femme fatale. Jennifer passa esse thriller noir inteiro de uma maneira, nos fazendo comprar certas impressões, e perto do final, em uma cena única e certeira, cria dúvidas em nossa cabeça. Ela tinha 21 anos na época das filmagens.
Do Amor e de Sombras, longa-metragem, de 1994, é baseado no romance best-seller de Isabel Allende, a celebrada autora de A Casa dos Espíritos.
Depois de 2 anos fora das telas, Jennifer Connelly retornou muito mais madura como atriz — em uma atuação melhor do que todas as outras que fez nos últimos 10 filmes.
É a segunda vez que é dirigida por uma mulher, agora por Betty Kaplan, que deu ao ator espanhol Antonio Banderas a sua primeira chance em estrelar um filme falado em inglês, introduzindo o homem em Hollywood. É o primeiro filme de Jennifer Connelly que trata da ditadura militar do Chile nos anos 1970.
No mesmo ano, Jennifer Connelly fez mais um filme de impacto: Duro Aprendizado (1994), longa do diretor John Singleton com uma trama sobre o racismo entre jovens no ambiente universitário. É um recorte variado no universo dos estudantes de faculdade, com seus sonhos, preconceitos e caminhos escolhidos para a vida.
Há centenas desses filmes, e milhares de razões para fazê-los sempre. A participação de Jennifer Connelly no filme, que tem umas 2 horas, não dá 10 minutos.
O escritor, produtor e diretor John Singleton foi indicado duas vezes ao Oscar por Os Donos da Rua (Boyz n the Hood), de 1991, se tornando o primeiro cineasta negro a ser indicado para o prêmio. Ele foi o escolhido para dar continuação a saga Velozes e Furiosos, ao fazer o segundo filme da franquia.
Dirigiu também a comédia criminal Quatro Irmãos, e o filme Shaft, com Samuel L. Jackson como protagonista, remake de uma série de TV de sucesso, dentre outros longa metragens. Estava até em um projeto junto com Wesley Snipes para fazer um filme do Pantera Negra para a Marvel, décadas antes de Ryan Coogler fazer o seu.
O Preço da Traição (1996) pega Jennifer Connelly e a joga em uma narrativa neonoir com a Era Atômica, filmes pornográficos em película e detetives vigilantes proto-milícia em uma América dos anos 50 em que tudo fica nublado e cinza pelas fumaças das explosões nucleares que pairam no ar.
A trama é suspense com pegada pulp em que Jennifer Connelly faz todos gravitarem em torno de sua presença discreta, só que fatal para todos que dela se aproximam. Ela é o motor do filme, que faz a trama avançar.
A ignição é sua beleza ferida no início do longa. Sexy como a Marylin Monroe, ela tem os tons certos de femme fatale, sedutora e deliciosa, e de inocência abandonada, quando não consegue o que quer.
O elenco de O Preço da Traição é estelar: Nick Nolte, Melanie Griffith, Chazz Palminteri, Michael Madsen, Chris Penn, Treat Williams, Andrew McCarthy, John Malkovich, Daniel Baldwin, Kyle Chandler, William L. Petersen, o cantor Aaron Neville, Rob Lowe e Bruce Dern.
O ano de 1996 também marcou a primeira incursão de Jennifer Connelly no cinema independente americano. Círculo das Vaidades é um drama sem grandes pretensões com final agridoce.
Neste indie, Jennifer tenta se recuperar da morte da filha ao passar um dia e uma noite com mais sete amigos em uma casa no litoral dos Estados Unidos.
É uma produção independente do mercado americano distribuído pela Castle Hill Productions, dirigido pelo então estreante John Hudles.
A Castle foi fundada em 1978, e restaurou centenas de filmes clássicos dos estúdios United Artists e Caidin Film Company, e de importantes diretores de cinema da indústria, como John Cassavetes, Elia Kazan e Orson Welles.
Com o passar dos anos, começou a distribuir filmes, como esse da Jennifer Connelly. Um dos mais conhecidos foi Pulp Fiction, de Quentin Tarantino. Em 1996, na cena indie, enquanto Connelly gravava Círculo das Vaidades, um grande filme independente ganhava atenção: Fargo, dos irmãos Coen, longa deu o Oscar de melhor atriz para Frances McDormand.
Jennifer Connelly, Liv Tyler, Joaquin Phoenix e Billy Crudup, além de Joanna Going, Kathy Baker e Will Patton estrelam o longa-metragem Círculo de Paixões, lançado nos cinemas em 1997.
Trata-se de um drama familiar de época, passado na pequena cidade de Haly, Illinnois, EUA, em 1957.
Dois irmãos que perderam o pai na infância levam uma vida simples e honesta de trabalho, morando com a mãe professora, e se envolvem com as moças mais desejadas e “prestigiadas” do local, em meio a um tornado de emoções e revelações de um passado mal explicado e conturbado da vida das duas famílias.
Jennifer Connelly em Cidade das Sombras (1998) é a atriz em um dos melhores filmes da década de 1990, seu primeiro longa de ficção científica, uma pequena joia do cinema neonoir cyberpunk, uma lança perfurando a frágil membrana analógica noventista para além a realidade, ao levantar discussões filosóficas pesadas, aliadas a cenas de ação baseadas no clássico Akira, de Katsuhiro Otomo.
Não bastasse isso, Cidade das Sombras precede todos os temas que Matrix levantaria apenas um ano depois.
A força da construção de memórias, de identidade, de vivência falsa, de mundos escondidos sob camadas, de questões que Platão já levantava no começo da civilização, são todas ressignificadas em uma história sobre o poder das lembranças com visual deslumbrante, baseado em uma Metrópolis sombria de Fritz Lang — combinação de gótico, futurismo e Art Noveau — e traços do filme Brazil, de Terry Gilliam.
São diversos elementos modernistas casados com barroco em uma amálgama arquitetônica, que entregam uma temporalidade presente (ou sem futuro) em que não se especifica qual é.
O diretor Alex Proyas com Cidade das Sombras fez um dos filmes mais emblemáticos do cinema, que pode figurar com tranquilidade em qualquer lista de 10 Mais do Cinema.
Em 2000, Amor Maior que a Vida foi o encontro da magia e combinações corretas de atuações de Jennifer Connelly, perto da grande atriz oscarizada prestes a se tornar.
Baseada em um romance de mesmo nome, a obra cinematográfica é uma narrativa não-linear bastante ousada para a época, sobre a história de amor de um casal, com diversos temas a serem discutidos de fundo — o mais importante deles, o poder transcendental do amor.
E de novo Jennifer está em um longa com o contexto da ditadura militar chilena dos anos 1970. O ator Billy Crudup é um dos protagonistas, Fielding Pierce, um oficial da Guarda Costeira com ambições políticas, aspirante ao Partido Republicano.
Jennifer Connelly interpreta Sarah Williams, uma ativista social. E muito improvavelmente os dois se apaixonam. O roteiro trata de equilibrar bem essa curiosa relação, pelo ideal romântico e idealista, entre a ilusão e a realidade, entre o que se sonha e o que realmente se consegue atingir.
Réquiem Para um Sonho, também de 2000, filme de Darren Aronofsky com Jennifer Connelly, é um dos melhores filmes dos anos 90, e outro excelente candidato com ótima performance a estar em qualquer lista de 10 Melhores Filmes do Cinema.
Em música, réquiem designa uma missa católica dedicada aos mortos. Fazer o retrato extremo de uma drogada levou Jennifer Connelly para o grande hall de maiores atrizes de Hollywood.
O uso das drogas é a grande tragédia do filme, um videoclipe-ode do apocalipse corporal e moral que os tóxicos provocam. Jennifer é uma das peças chaves para Darren Aronofsky tecer sua narrativa, contada por meio das estações do ano — mas sem a primavera, nada vai florescer aqui.
O outono (fall em inglês, que serve também para queda) é autoexplicativo. E o inverno para Jennifer Connelly é chocante e morto como seu olhar perto do fim.
Assim como a vida da maioria dos pintores, o filme Pollock ganha outros contornos com o passar do tempo — Jennifer Connelly não é motivo de tal feito no longa, nem era esse o objetivo.
O longa-metragem foi o projeto dos sonhos da vida do ator Ed Harris. Lançado nos cinemas no ano 2000, a cinebiografia de Jackson Pollock narra parte da vida de um dos maiores artistas visuais dos Estados Unidos. Foi o primeiro papel de Jennifer Connelly baseado em uma pessoa real — a amante de Pollock — e prenúncio do reconhecimento de talento da atriz no próximo filme que faria, ao ganhar o maior prêmio de atuação da indústria.
O filme mostra a trajetória da fama à decadência do pintor ao longo de sua vida, partindo de sua revelação para o mundo das artes como principal expoente do expressionismo abstrato, até sua morte prematura e trágica em um acidente de carro.
A espiral com que Pollock se coloca é um dos atrativos do longa-metragem, a obra da vida do artista pelas mãos de um dos seus maiores ídolos, que fez de tudo para contar essa fascinante história.
Jennifer Connelly
e os anos 2000
Uma Mente Brilhante foi a primeira obra com a marca de Oscar de Melhor Filme do novo século (e novo milênio), e ele começou grande também para Jennifer Connelly, que ganhou o mesmo prêmio para Melhor Atriz Coadjuvante.
Co-protagonista do longa-metragem, junto com Russel Crowe, que interpreta o gênio matemático John Forbes Nash e seus colossais problemas psicológicos, os dois vivenciam a dura rotina da esquizofrenia.
É com esse peso que Alicia, a personagem de Jennifer, tem que suportar a trama — semi-autobiográfica — dirigida pelo diretor Ron Howard.
O século XXI foi a culminação do deslocamento de protagonismo do ser humano: em vez de fazer, o importante agora era ser. Uma Mente Brilhante tem uma narrativa linear que começa nos anos 50 nos Estados Unidos, época que o campo de psicologia não era avançado assim, mas o ponto de discussão iniciado com esse filme, lançado nos cinemas em 2001 — o verdadeiro início do século e milênio — é importante.
Depois de 19 filmes, Jennifer Connelly também chegou ao ápice e uma mudança de rumo, afinal, ela finalmente chegou ao topo da carreira, com o maior prêmio de atuação que é possível ganhar na indústria do cinema.
O Hulk de Stan Lee foi atualizado por Ang Lee no filme do Gigante Esmeralda de 2003, a década de nascimento dos super-heróis do cinema, e Jennifer Connelly foi escalada para o papel de Betty Ross.
Ela oferece o equilíbrio emocional e psicológico necessário para que o monstro funcione como herói na trama de tragédia grega de pais contra filhos.
Assim como em Uma Mente Brilhante, com a atuação que lhe deu o Oscar, é Jennifer Connelly quem faz muito do Hulk de Ang Lee funcionar, já que o cineasta optou por criar um Bruce Banner ainda mais problemático do que o visto nos quadrinhos.
A origem moderniza a versão das HQs, criada em 1962 por Stan Lee e Jack Kirby no auge da Guerra Fria, e ainda sob a sombra da Era Atômica e o pavor de destruição. Sai a explosão nuclear no deserto — que faz uma aparição especial no filme — e entra a genética, microbiologia, e o medo da destruição psicológica, elementos que estão presentes em quase todos os cientistas apresentados no longa, quando não são militares loucos para os usarem de alguma maneira.
O complexo industrial-militar é a essência do Hulk, e mesmo nas telas de cinema de Ang Lee, isso não é diferente.
“Essa casa é sua?” é a primeira fala do filme A Casa de Areia e Névoa (2003), longa-metragem dirigido por Vadim Perelman, baseado no romance homônimo do escritor Andre Dubus III (russo radicado no Canadá há tempos), estrelado por Jennifer Connelly, Ben Kingsley, Shohreh Aghdashloo e outros grandes atores.
A areia é o elemento menos sólido possível quando não está aglomerado, e a névoa é a forma gasosa mais densa possível, quando não espalhada demais.
São os fatores visuais com que Vadim trabalhará em metáfora nessa trama simples de disputa de uma residência, em que não teremos como escolher de que lado ficar sem ficar com o coração despedaçado. A Casa de Areia e Névoa é um dos melhores filmes da carreira de Jennifer Connelly, e pode figurar tranquilamente como um dos melhores filmes do cinema.
Jennifer Connelly, Brasil e Serra Leoa
Água Negra (2005), filme do diretor brasileiro Walter Salles, com Jennifer Connelly como estrela, é um dos poucos filmes competentes a surfar bem a incrível onda de remakes de produções de horror sobrenatural do Japão, que Hollywood promoveu nos anos 2000 na indústria de cinema.
É a refilmagem de um filme de mesmo nome lançado no Japão em 2003, baseada em uma história curta chamada “Floating Water“, de Koji Suzuki, o mesmo autor da celebrada trilogia de Ringu, conhecida no ocidente como O Chamado — também um remake.
Usando o mesmo roteiro, Walter Salles criou um filme singular, que deixa de lado o teor espalhafatoso americano de se fazer filmes de terror, e trabalha muito bem as características originais japonesas de imersão cinematográfica: ambientação, construção de expectativas lentas e desenvolvimento de personagens.
Essa é uma das razões de Água Negra não ter feito tanto sucesso, pois isso vai na contramão da pegada comercial exigida pelo público médio que abastece as bilheterias do cinema ocidental. É a segunda vez de Jennifer Connelly sob a direção de um brasileiro.
Nas primeiras cenas de Pecados Íntimos (2006), vemos bonecos em estantes, uma analogia do que veremos a seguir — infantilidade e adolescência imatura em jovens adultos, mesmo que eles trabalhem em posições sérias e complexas, como a personagem de Jennifer Connelly, a documentarista Katherine “Kathy” Adamson.
Sarah Pierce (Kate Winslet) é mestra em literatura, mas está presa em um casamento infeliz. Brad Adamson (Patrick Wilson) estuda há anos para passar no exame de advocacia, e é sustentado pela esposa, a Kathy. May (Phillis Somerville) cuida de seu filho pedófilo, mas não o permite lavar louças, e ainda o chama de bom garoto mesmo adulto.
Um tira, Larry (Noah Emmerich), que é um perdedor patético, só se ocupa de hostilizar May e seu filho.
Crianças podem ser cansativas, ainda mais quando elas passam dos 30 e ainda não amadureceram, e isso pode significar tragédia na vida adulta.
Diamante de Sangue (2006), filme de Edward Zwick, faz de Leonardo DiCaprio e Jennifer Connelly os elementos brancos estrangeiros sempre presentes em narrativas no continente negro, o berço de nascimento da humanidade, a África, nessa trama de ação, política e jornalismo, que atira para vários lados, sem atingir de fato nenhum deles.
A intenção é mostrar a conexão subterrânea entre a mineração escrava de diamantes por corporações estrangeiras via revolucionários políticos e as pressões antagônicas das forças governamentais de Serra Leoa, todas mais interessadas em armas para submeter seu próprio povo a sofrimento atrozes, do que a pacificar o país.
O roteirista Charles Leavitt e o diretor Ed Zwick tentam equilibrar esses temas entre a ficção e realidade, e nisso conseguem expor os males que acontecem em uma ínfima parte do continente africano, ao usar estrelas de Hollywood na maior vitrine da indústria cultural do planeta, o cinema.
Em Traídos pelo Destino (2007), Jennifer Connelly, Joaquin Phoenix, Mark Rufallo e Mira Sorvino nos apequena com culpas e tragédias, e mostra com poder e impacto o quão somos incapazes de ser quem deveríamos realmente ser em nossas vidas, tão pequenas e miseráveis que se perde ao menor movimento descuidado.
Dono de vários temas e assuntos, o filme não chega ao ápice em nenhum deles, e tem uma resolução esperada, ainda que ofereça momentos de tensão sobre a situação criada com um homicídio culposo (onde o autor não tem a intenção de matar) em um trágico acidente de trânsito que destroça duas famílias.
O Dia em que a Terra Parou é um remake de um filme clássico da Era de Ouro de Hollywood, feito em 1951 por Robert Wise, e revestido de novidades por Scott Derrickson em 2008, com as estrelas Jennifer Connelly e Keanu Reeves nos papéis principais — ela pelo lado da Terra, e ele pelo lado alienígena.
Feito sob os rastros presidenciais do candidato democrata Al Gore, que tentava ser o Presidente dos Estados Unidos, os problemas de preservação ambiental permeiam todo o longa de Scott, em um contexto bem diferente do filme de Wise, que jogava luz sobre narrativas armamentistas e perseguição histérica ao comunismo.
Ambos carregam temas densos que ocupam toneladas de livros em bibliotecas. Mas os filmes não se equivalem.
O Dia em que a Terra Parou de Scott Derrickson opta por maneirismos necessários por força da dinâmica comercial de filmes de Hollywood, com Jennifer Connelly e seus olhares e atitudes — nós somos ela no filme –, e O Dia em que a Terra Parou de Robert Wise é a pedra fundamental da ficção científica do cinema na cultura pop, com olhares para todos os envolvidos.
Coração de Tinta é mais um filme no vasto e saturado pacote de produções que adaptaram livros de fantasia infantojuvenil para as telas de cinema durantes os anos 2000.
Baseado em um livro de uma trilogia alemã, o longa é uma linda fábula infantil com uma metalinguagem poderosa, ao mostrar aventuras dentro de outras aventuras, quando o protagonista descobre que tem o poder de dar vida ao que lê.
Filme de 2008, com a participação mais rápida de Jennifer Connelly em toda a sua carreira — uns 5 segundos.
Jennifer Connelly atrelou o começo de sua carreira no cinema com a comédia romântica adolescente — até porque começou nessa idade na profissão de atriz — e Ele Não Está Tão a Fim de Você é um velho retorno a esse tipo de narrativa.
Lançado em 2009, ele é a ponta de lança de diversos paradigmas sobre relacionamentos amorosos e suas questões, que afligem tanto homens quanto mulheres, em uma época em que sexismo estava em processo de desconstrução.
Com um elenco estelar, que vai de Jennifer Connelly a Jennifer Aniston, a Scarllet Johansson a Drew Barrymore, e Ben Afleck e Bradley Cooper, o eixo gravita em torno dos personagens de Ginnifer Goodwin e Justin Long para contar uma história vai-e-vem de pessoas em busca do verdadeiro relacionamento de suas vidas — o que incluí desprezar com quem se está, trair com quem está casado e se autossabotar com o amor de sua vida na sua frente.
O primeiro filme de animação de Jennifer Connelly é 9- A Salvação, ficção científica animado, voltado a um público maior de 13 anos, uma das grandes tentativas de embutir seriedade nesse tipo de cinema, com Jennifer em um dos papéis — a mais corajosa e intrépida em cena.
Com uma narrativa madura em um cenário pós-apocalíptico, tudo feito em computação gráfica com elementos macabros, decadentes e destruídos, acompanhamos a história de um solitário boneco que ganha vida nesse mundo.
Ele perambula por locais cinzas e marrons, a maioria escuro e cheio de poeira, devastado por uma guerra, e encontra outros bonequinhos feitos de pano, zíper, madeira e cobre, todos em busca de respostas.
O longa é a realização de uma grande produção de um estudante de cinema que conseguiu os holofotes do mercado de Hollywood, Shane Acker, quando o cineasta Tim Burton, responsável por clássicos do cinema como Os Fantasmas se Divertem (1986) e Batman (1989), viu seu Trabalho de Conclusão de Curso de Cinema, um curta-metragem de 10 minutos (uma história reduzida do que vemos em 9 – A Salvação), e se apaixonou pela história dos bonequinhos.
O curta de Acker chegou a ser indicado para Oscar de Melhor Curta de Animação de 2006. O longa-metragem foi lançado em uma data bastante emblemática — 09/09/2009.
Paul Bettany tinha a fleuma necessária para ser Charles Darwin no cinema, no filme Criação (2009), onde contracena com sua esposa, Jennifer Connelly.
E assim como o cavalheirismo inerente de sua figura — na verdade Darwin era sisudo e se admirava de ter amigos –, a atuação de Paul entrega elegância e obstinação travestidos de pena e um quê de loucura por conta de sua atual situação.
Está pressionado por colegas para publicar logo seu livro revolucionário de teoria da evolução, e assim mudar o contexto sócio-político-cultural-religioso da humanidade para todo o sempre, e encontrar espaço para acomodar a fé da esposa, tudo sob o peso de enfrentar a morte não-digerida de sua filha.
Jennifer Connelly é a estrela do filme Virginia (2010), narrativa dramática com direção do oscarizado Dustin Lance Black, que amarra a vida social de uma pequena cidade americana em torno de uma mulher com problemas psicológicos e sua luta para manter a sanidade em meio a muitos outros.
Jennifer Connelly interpreta Virginia, uma mulher mentalmente instável, que tem um caso de duas décadas com um xerife local casado, Dick Tipton (Ed Harris). O filho de Virgínia, Emmett (Harrison Gilbertson), é seu bastião de sanidade quando ela começar a misturar os tempos vividos, colocando em risco a atual candidatura política de Dick.
Jennifer Connelly
e os anos 2010
O Dilema é estrelado por Vince Vaughn e Kevin James, dois amigos e sócios que estão prestes a ficar em um enrosco com suas namoradas — interpretadas por Jennifer Connelly e Winona Ryder.
É mais um filme dirigido por Ron Howard, que deu o Oscar para Jennifer Connelly em Uma Mente Brilhante, 10 anos atrás.
Essa comédia dramática passa por diversos pontos dos clichês de humor americano que as duas últimas décadas entregaram em dezenas de filmes nos cinemas.
Vince Vaughn e Kevin James são dois atores que marcaram presença em vários deles, e Ron Howard anotou um exemplar em sua carreira com O Dilema, assim como Jennifer Connelly. E não foram felizes, pois O Dilema é bem abaixo de outros do seu gênero.
O cinema evangélico também tem seu lugar na Sétima Arte e o filme E…que Deus nos ajude!!! (2011) não é exatamente parte da família, mas entrega questões suficientes desse mundo para ser considerado um parente, por sites gospel e religiosos, em resenhas e comentários pela internet.
E Jennifer Connelly anotou um em sua carreira ao participar do filme. Para quem faz parte desse universo evangélico, e é um pouco mais ácido, o longa-metragem oferece uma bem humorada visão das igrejas protestantes dos EUA numa comédia de humor negro.
A carreira de Jennifer Connelly passou por vários filmes de comédia romântica, mas um que se encaixa de fato em um drama romântico é Ligados pelo Amor (2012), filme de Josh Boone, um dos diretores que marcaram os anos 2010.
Ele se tornou conhecido do grande público por dirigir A Culpa é das Estrelas (2014), baseado no romance de mesmo nome, e que fez um enorme sucesso nos cinemas — claro, sobre uma linda história de amor.
Boone dirigiu e escreveu Ligados pelo Amor dois anos antes, onde aprimorou diálogos e construção de expectativas de personagens, muito devido a Lily Collins e Nat Wolff, que estão bem afiados no longa.
Um Conto do Destino (2014) conta a história de um Colin Farrel semi-imortal, que cavalga um Pégaso pela Nova York dos anos 1910, e com um Will Smith como Lúcifer.
Não conhece, né? É um dos muitos filmes acometidos pelo que se convencionou chamar nos cinemas dos anos 2010 de “flopado” — termo em inglês, relacionado à programação de computadores, que com o advento das redes sociais na década passada, se popularizou para referenciar situações, produtos, atitudes — e até pessoas — em contexto de fracasso.
E, infelizmente, Um Conto do Destino, mesmo com um elenco oscarizado, dirigido por Akiva Goldsman, responsável por grandes filmes nos cinemas, e dono de um Oscar de Melhor Roteiro Adaptado (por Uma Mente Brilhante, que deu um também para Jennifer Connelly), não conseguiu furar o muro das expectativas e entregar um bom filme.
No Llores, Vuella, “não chore, volte” em espanhol, conhecido na América como Aloft, e chamado no Brasil de Marcas do Passado (2014), é uma coprodução entre Estados Unidos, Espanha e França, um filme com uma trama de misticismo para confrontar relações familiares em uma obra com fortes tons psicológicos e sombrios.
Longa-metragem de pegada lenta, intimista e arrebatadora, todas características da diretora, a cineasta peruana Claudia Llosa, sobrinha do escritor, jornalista e político peruano Mario Vargas Llosa, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010.
Marcas do Passado é uma jornada pesada para os espectadores, que terão que acompanhar o suplício de uma mãe solteira com dois filhos — um com tumor cerebral inoperável e a sombra que ele provoca em seu irmãozinho mais velho.
A vida segue seu rumo de modo misterioso, e a família destroçada não terá paz até todas as peças estarem em seus devidos lugares no destino. É a terceira vez que Jennifer Connelly foi dirigida por uma cineasta.
Noé, de Darren Aronofsky, é um épico que conta a história da destruição da Terra para um recomeço, é a celebração do grandioso nas mãos de um cineasta que não tem medo de inovar, ao criar um Noé temerário em um Russel Crowe implacável, e uma Jennifer Connelly resoluta e resignada em um dos momentos mais dramáticos do longa, em seu papel de Naameh, esposa do construtor da arca e a matriarca da humanidade.
Sua cena de embate filosófico e moral com Noé, quando ele vai tentar cumprir a missão que acha que deve fazer, a qualquer custo que seja, é um dos grandes momentos de Jennifer Connelly em Noé, e de sua carreira cinematográfica, em uma atuação tão tensa que pode secar as gotas do dilúvio que arrasa a Terra no momento.
É o primeiro filme de gigantesco orçamento de Darren, por isso menos controle artístico, mas prova incontestável de seu poder de dança entre o cinema comercial, que poda as liberdades criativas do cinema autoral, característica cara a Darren, e que ele conseguiu manter no longa. Noé, lançado em 2014, foi o primeiro épico da carreira de Jennifer Connelly.
Paul Bettany cria belas cenas de videoclipes no início de Viver sem Endereço (2014), o que nos desarma quando nos vemos diante de dois moradores de rua — Tahir (Anthony Mackie), um nigeriano muçulmano asmático que ainda acredita no bem, arrependido de algo que o filme não mostra, mas que o remorso o faz batucar pelas ruas à procurar de paz interior, e de Hannah (Jennifer Connelly), uma drogada viciada em heroína que fala francês e que abandonou seu filho.
Apesar de tudo, ela ainda é espirituosa, dança feliz aos sons de músicos de rua, e demora a ser convencida das boas intenções de Tahir, quando o caminho dos dois se cruzam.
Em muitos momentos, o ator Paul Bettany, em sua primeira experiência na cadeira de diretor, escolhe não fugir dos clichês cinematográficos, e os personagens cumprem sua jornada de Via Crucis nessa esperada trama dramática.
Os elementos estão todos presentes: repulsa – aproximação – reconhecimento – amor – questionamento – estabilização – desfecho.
Jennifer Connelly de novo atua na estreia de alguém na direção em Pastoral Americana (2016), primeiro filme dirigido por Ewan McGregor, ator que compõe com Jennifer e Dakota Fanning a história da queda de uma família, que acompanhamos em momentos intercalados de angústias intimas e os problemas sociais/raciais que incendiaram a América em retratada Pastoral Americana, baseado em um livro premiado do escritor Phillip Roth.
Pastoral Americana é uma meditação sobre a vida idílica que Seymour Levov tem — ou acha que tem — e é um forte exercício de tentação para derrubar esse exemplar físico e moralmente impoluto de Newark.
A ele é negado antever ou evitar todas as coisas terríveis que acontecem com sua esposa e filha.
A menina ainda é mais problemática, fechando os olhos às minúcias e diferenças de sua família ao contexto das chamas que queimam os Estados Unidos pelos direitos civis e dos negros, da Guerra do Vietnã e da escalada de violência do país.
Jennifer Connelly no maior estúdio de cinema da atualidade
Com Homem-Aranha De Volta ao Lar (2017), a Marvel finalmente pode ficar mais perto (mas não muito) de sua principal propriedade intelectual e a mais representativa de seu espírito rebelde, quando o personagem foi criado nos anos 1960 para o mercado de quadrinhos de super-heróis americanos.
Desde que Peter Parker deixou de prender um ladrão que depois mataria seu amado tio Ben Parker, o jovem veste uma roupa vermelha e azul e se tornou um combatente do crime, que se balança em teias pelas cidades de Nova York a procura de fazer justiça ao lema de seu tio: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades“.
O Homem-Aranha é aquela pessoa que mora em todos nós, que com a máscara certa, se torna intrépido e invencível, que supera todas as dificuldades.
E sem ela, ele também é todos nós: amarrado à família, tem que trabalhar muito para pagar as contas, dificuldades nos relacionamentos e nunca com tempo de divisão certo entre obrigação, deveres e diversão.
Ao deixar o ladrão matar o tio Ben, Peter criou o herói — era sua culpa, só sua. Todos os outros heróis tem alguém a culpar suas tragédias, como Batman e Justiceiro.
Os filmes da Marvel com seus personagens mudou a cara do cinema mundial, e Jennifer Connelly está nesse mundo. Ela interpreta a voz interior de Peter Parker, ao ser a voz computadorizada do traje interno do herói, um mimo dado por Tony Stark.
Homens de Coragem é baseado em uma história real, uma das maiores tragédias dos Estados Unidos pós-11/09.
Em 2013, um incêndio de proporções catastróficas tomou conta da Colina de Yarnell, no estado do Arizona. Um grupo de bombeiros de elite, liderados por Eric Marsh, se arriscou para tentar pôr fim a esse que se tornou um dos maiores incêndios da história americana. A equipe de bombeiros se chamava Granite Mountain Hotshots.
Filme da Sony com grande elenco — Josh Brolin, James Badge Dale, Jeff Bridges, Miles Teller, Alex Russell, Taylor Kitsch, Ben Hardy, Thad Luckinbill, Geoff Stults, Scott Haze, Andie MacDowell e Jennifer Connelly –, o longa tem cenas grandiosas da natureza, relações intimistas entre as pessoas envolvidas, disputas burocráticas por hierarquia que só atrapalham os processos de trabalho, e o fatídico desfecho dos personagens.
O último filme de Jennifer Connelly nos cinemas dos anos 2010 foi Alita – Anjo de Batalha, longa de ação e ficção científica de Robert Rodriguez, baseado no mangá de Yukito Kishiro, e que se tornou um marco no cinema ao executar o primeiro filme live-action “real” de um mangá.
O diretor de cinema James Cameron, famoso por ter criado a franquia O Exterminador do Futuro e ter feito um dos maiores filmes do cinema, Titanic, teve contato com o mangá de Kishiro, e ficou fascinado pela explosão de beleza e o mundo hi-tech de lixo pós-apocalíptico de Alita, além dela mesmo emanar força como uma menina esperta que se descobre uma guerreira implacável.
Desde os anos 2000, James já pedia para o estúdio de cinema Fox iniciar a produção de um longa-metragem da obra.
Enquanto tentava executar o filme na máquina de Hollywood, James Cameron ia tocando outros projetos, até que 15 anos depois, a produção começou a andar, mas pelas mãos do cineasta Robert Rodriguez, que o lançou nos cinemas em 2019.
O primeiro trabalho de Jennifer Connelly nos anos 2020 foi Top Gun – Maverick (2021), o primeiro filme do tipo “continuação” da carreira da atriz.
/ NUDEZ. Os filmes de Jennifer Connelly tem muita pele aparecendo — a dela inclusive. E sexo. Jennifer deu uma declaração sobre o assunto para o jornal The Guardian, por conta do lançamento do seu filme Criação (2009).
“Cenas de sexo são incrivelmente constrangedoras, elas são sempre desconfortáveis (…)” acho que elas são superutilizadas e deixam as pessoas muito agitadas. As pessoas não sabem como discuti-las e há muito constrangimento. Não é minha coisa favorita de fazer, mas há circunstâncias em que fazem sentido. Eu só gostaria que as pessoas não ficassem rodeando o assunto.”
/ FONTES. As fontes das entrevistas:
> http://www.ign.com/articles/2005/07/07/video-interview-jennifer-connelly
> https://www.theguardian.com/film/2009/sep/17/jennifer-connelly
> https://www.rollingstone.com/movies/movie-news/jennifer-connelly-love-and-rockets-204208/
O site mais completo da atriz na internet é este: https://www.jenniferconnelly.net/#
/ OS FILMES DE JENNIFER CONNELLY.
1- Era Uma Vez na América (1984)
2- Phenomena (1985)
3- Sete Minutos Para o Paraíso (1985)
4- Labirinto – A Magia do Tempo (1986)
5- Essas Garotas (1988)
6- Etoile (1989)
7- Hot Spot – Um Local Muito Quente (1990)
8- Construindo Uma Carreira (1991)
9- Rocketeer (1991)
10- O Coração da Justiça (1992)
11- Do Amor e de Sombras (1994)
12- Duro Aprendizado (1994)
13- O Preço da Traição (1996)
14- Círculo das Vaidades (1996)
15- Círculo das Paixões (1997)
16- Cidade das Sombras (1998)
17- Amor Maior que a Vida (2000)
18- Réquiem Para um Sonho (2000)
19- Pollock (2000)
20- Uma Mente Brilhante (2001)
21- Hulk (2003)
22- A Casa de Areia e Névoa (2003)
23- Água Negra (2005)
24- Pecados Íntimos (2006)
25- Diamante de Sangue (2006)
26- Traídos pelo Destino (2007)
27- O Dia em que a Terra Parou (2008)
28- Coração de Tinta (2008)
29- Ele Não Está Tão a Fim de Você (2009)
30- 9 – A Salvação (2009)
31- Criação (2009)
32- Virginia (2010)
33- O Dilema (2011)
34- E…que Deus nos Ajude!!! (2011)
35- Ligados pelo Amor (2012)
36- Um Conto do Destino (2014)
37- Marcas do Passado (2014)
38- Noé (2014)
39- Viver Sem Endereço (2014)
40- Pastoral Americana (2016)
41- Homem-Aranha De Volta ao Lar (2017)
42- Homens de Coragem (2018)
43- Alita – Anjo de Batalha (2019)
44- Top Gun – Maverick (2022)
45- Bad Behaviour (2023)
/ AS SÉRIES DE JENNIFER CONNELLY.
1- The $treet (2000)
2- O Expresso do Amanhã/Snowpiercer (2020-2024)
3- Matéria Escura (2024)
Jennifer Connelly e seu Instagram: https://www.instagram.com/jennifer.connelly/
Obrigado por ler até aqui!
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