BATTLE ARENA TOSHINDEN | A origem dos jogos de luta 3D com armas

Battle Arena Toshinden (1995) é um game de luta 3D com espadas e armas, o primeiro da indústria do videogame, além de ser o verdadeiro representante de jogo em um mundo tridimensional.

Ele foi um dos jogos ponta de lança do line-up do PlayStation em seu lançamento, o videogame de 32-bits da Sony em sua estreia nesse mercado de diversão eletrônica, em 1995.

Battle Arena Toshinden
Polígonos bem construídos e de modo econômico que dizem muito com pouco
Battle Arena Toshinden
Cenários amplos e que evocam grandiosidade e amplitude
Battle Arena Toshinden
Lutadores com armas em punho e cheio de golpes e especiais

Battle Arena Toshinden

Jogos anteriores, como Virtua Fighter (1993), da Sega, jogo que Battle Arena Toshinden visava superar, eram mais para poligonais, com pouca liberdade de movimento pelo ambiente.

Toshinden permita o personagem se deslocar para direita ou esquerda do cenário em movimentos de pulos e avanços, o que permita explorar toda a arena circular 3D do jogo.

Battle Arena Toshinden
Ângulos variáveis e dinâmicos

Os lutadores eram grandes, seus golpes eram legais (baseados em sucessos da concorrência), vinham com boa dublagem e tinham um belo design, bastante funcional para serem diferentes uns dos outros, cortesia do belo traço nipônico do artista Tsukasa Kotobuki, character design oficial do game e de animes famosos na época, como Saber Marionette.

Battle Arena Toshinden
Arte de Tsukasa Kotobuki, em ilustrações oficiais para a Tamsoft e seu Battle Arena Toshinden
Battle Arena Toshinden
A horrenda capa da versão americana de Battle Arena Toshinden. Arte de…quem se importa?
Battle Arena Toshinden
Arte promocional japonesa do game

E se Battle Arena Toshinden se perde em meio aos milhares de jogos já lançados nos videogames, vale aqui relembrar que sem ele, muitos games similares jamais seriam lançados, incluindo Soul Edge (1996), o primeiro jogo da série Soul Calibur, que tomaria para si e para sempre como o melhor jogo de luta com armas da indústria.

Battle Arena Toshinden

Battle Arena Toshinden
Arte promocional americana do game

Battle Arena Toshinden
(1995, da Tamsoft e Takara)

Battle Arena Toshinden foi desenvolvido pela Tamsoft e publicado pela Takara, duas softhouses japonesas.

A desenvolvedora que criou Battle Arena Toshinden fez, além de todos os outros games da franquia, a série de games de corrida Choro Q (1996) e Guardian’s Crusade, um RPG da própria empresa (ela era parceira de desenvolvimento da Takara na maioria dos jogos trabalhados).

Na geração seguinte, do PlayStation 2, nos anos 2000, a Tamsoft foi responsável pelo port de Virtua Tennis 2 (Sega) e Itadaki Street 3 (Enix), entre outros trabalhos. A empresa está na ativa até hoje, com o jogo mais recente sendo Neptunia x Senran Kagura: Ninja Wars (2021), um RPG em estilo anime.

A Takara (atual Takara-Tomy), além de videogames, também trabalha no mercado asiático com uma lista extensa de brinquedos de várias marcas famosas, como Disney, Transformers, Astro Boy, Pokémon, Beyblade, Naruto, Jogo da Vida, Rockman (Mega Man), My Hero Academia, Cardcaptor Sakura, Animal Crossing e muitos outros.

Cada lutador tem um set único de ataques e golpes especiais, além de um especial que pode ser desferido quando a energia do life está com cerca de 10% ou menos.

A movimentação 3D acontece com rápidos pulos ou deslocamentos laterais em torno da arena, usando o botão L ou R do controle do PlayStation. Esse movimento serve principalmente para desviar dos projéteis.

Battle Arena Toshinden
Eiji lança seu projétil de poder para cima de Fo Fai

O controle, apesar do game ser 3D, obedece as mecânicas de games 2D: segure para trás e se defenda; dê dois toques para frente e corra; para cima o jogador pula; para baixo ele abaixa, e assim vai.

Era o começo de games 3D na indústria, então os programadores usavam um recurso para os jogadores não “andarem” por muito tempo no cenário, que por razões óbvias tinha que ser limitado. Isso foi possível colocando limitações gráficas na forma de ringues circulares e penalizações para quem saísse dela.

Battle Arena Toshinden
As arenas de combate tem um limite, e se você cair, perde o round por “Ring Out”

Em Battle Arena Toshinden, a maioria dos cenários é um elevado de onde você pode cair, perdendo o round quem questão.

Por outro lado, ele entrega uma vantagem tática para o jogador que souber como utilizar isso a seu favor, como empurrar o oponente com golpes até fazer ele cair.

Esse mood de jogabilidade foi usado por jogos concorrentes e permanece na maioria até hoje.

Um dos problemas iniciais dos primeiros jogos de luta 3D era o pulo, e se a Sega não conseguia ajustar isso em Virtua Fighter, a Tamsoft não conseguiu também com Battle Arena Toshinden. Os pulos fazem parecer lento, e eles são mais altos e longos do que a “realidade física relativa” exige.

De qualquer maneira, se no jogo você pula, a câmera dá um zoom out poderoso, para mostrar os dois personagens e o cenário. Inclusive há opções de selecionar a visão da luta: próxima, média ou distante.

Battle Arena Toshinden
Uma visão da luta bem mais distante é possível
Battle Arena Toshinden
O jogo usa outros ângulos antes e depois da luta para mostrar todo o poder do ambiente 3D

Quanto mais longe os lutadores estão um do outro, mais zoom out; quanto mais perto, mais zoom in. E quando acontece o K.O. (knockout, “nocaute”), há um slow para apontar o momento dramático.

A trama

A trama de Battle Arena Toshinden (essa última palavra, em japonês, tem algo de significado como “Lenda dos Deuses da Luta“) tem algum potencial, mas pouco foi desenvolvido pela Tamsoft.

Battle Arena Toshinden
A tela de introdução do game

Em um futuro não-determinado em local incerto, o Toshindaibukai (“God of Fighting’s Great Gathering of Warriors“, “O Grande Confronto de Guerreiros dos Deuses da Luta”) é o nome de um grande torneio de luta no submundo que ressurge depois de muito tempo, e que promove confrontos entre lutadores armados para o entretenimento de uma audiência de elite.

Battle Arena Toshinden
Infelizmente as artes e ilustrações de Battle Arena Toshinden são terríveis

Os organizadores são os membros da Secret Society (“Sociedade Secreta”), e que tem ligações escusas com a Fundação Gerard, uma das megacorporações que controlam o mundo.

Oito lutadores são selecionados para essa volta do Battle Arena Toshinden, com promessas de fama, glória e dinheiro.

O personagem principal, e de certo modo protagonista do jogo, é o jovem aventureiro e espadachim japonês Eiji Shinjo, em um claro mood Ryu de Street Fighter (Capcom). Ele está em busca de seu irmão mais velho e há muito tempo perdido, Sho.

Battle Arena Toshinden
O herói Eiji e seu irmão Sho, o grande vilão secreto do game

Junto com Eiji entra Kayin Amoh, seu melhor amigo e rival, em mais uma clara referência à Ken de Street Fighter. Ele é um caçador de recompensas escocês e está atrás de vingança contra a Sociedade Secreta pela morte de seu pai adotivo.

Sofia é uma linda mulher, uma detetive russa sem memórias que está em busca de quem é. O americano Rungo Iron é um mineiro (!) que procura pistas de sua família sequestrada pela Sociedade Secreta.

Battle Arena Toshinden
O lutador Ringo usa um tacape de pedra como arma

Da China, vem o assassino mágico Fo Fai, que com suas lâminas no lugar das mãos quer apenas satisfazer sua sede de sangue. O outro japonês no game é Mondo, um ninja a serviço de um grupo rival da Sociedade Secreta.

O francês Duke B. Rambert é um cavaleiro medieval (!!) quer quer uma revanche contra Eiji, por uma luta de anos atrás, e para fechar o game temos a linda garota Ellis, uma dançarina órfã que deseja saber quem é seu verdadeiro pai.

O grande vilão é Gaia, o responsável pelo Battle Arena Toshinden, um homem enorme com uma armadura e espadas maiores ainda, mas que no final se revela um traidor, pois ele mesmo deseja vingança contra a Sociedade Secreta.

Battle Arena Toshinden
Gaia, o chefão de Battle Arena Toshinden

Como em todo bom jogo de luta, há vários lutadores secretos.

O próprio Gaia é selecionável. Sua traição e motivações permanecem um mistério, mas ele parece ter algo em relação à Ellis…

Battle Arena Toshinden
Gaia é bem difícil de derrotar

Sho Shinjo, o irmão perdido de Eiji, é outro dos lutadores escondidos e, com efeito, é o verdadeiro chefão secreto do game, caso você consiga passar por todos os lutadores sem usar Continue. Ele é um guerreiro impiedoso que não quer saber de nada a não ser lutar, e está por de trás da Sociedade Secreta agora.

As versões de Battle Arena Toshinden

Battle Arena Toshinden foi lançado em janeiro de 1995 para o PlayStation (ou PSX, sigla pelo qual também é conhecido) , no meio do ano saiu para computadores, e no final do ano saiu uma versão para o 32-bits da Sega, o Saturn. A Nintendo viu o game apenas em 1996 no seu videogame portátil, o Game Boy.

Battle Arena Toshinden na versão para computadores foi desenvolvida pela Digital Dialect, e tem um personagem exclusivo, Earthworm Jim, do game de aventura e humor de mesmo nome, da softhouse Shiny Entertainmen), e que usa os movimentos e golpes de Rungo.

Contracapa da versão Battle Arena Toshinden para PCs
A horrenda capa do game para PCs e o lutador exclusivo, Earthworm Jim

O Battle Arena Toshinden portado para o Sega Saturn foi feito pela Nextech, uma subsidiária da própria Sega. O game teve o título de Toh Shin Den S no Japão e Battle Arena Toshinden Remix nos EUA e Europa.

Battle Arena Toshinden
Arte promocional de Battle Arena Toshinden S, que usa as artes de Tsukasa
Battle Arena Toshinden
A capa da versão americana opta por usar as artes em CGs dos personagens vistos na abertura do game
Battle Arena Toshinden
Contracapa do CD de Battle Arena Toshinden Remix
Battle Arena Toshinden
Contracapa do CD japonês

Entre as novidades do Saturn: uma abertura em CG bastante legal (computação gráfica era a mais nova moda na época dos 32-bits); o aproveitamento das artworks de Tsukasa Kotobuki para a tela de seleção de lutadores (que o PSX perdeu a chance de usar, ainda mais na capa horrenda da versão americana); introdução dos lutadores com uma arte em anime e diálogos, em um Story Mode que detalha melhor a trama do jogo, inclusive com adições na biografia dos personagens; e um novo personagem, a Cupido, uma lutadora que tem relações com Sho. Ela inclusive é a nova chefona secreta.

Battle Arena Toshinden
Uma tela de seleção de lutadores bem mais bonita, nas artes de Tsukasa
Battle Arena Toshinden
Também temos artes em anime na introdução dos personagens
Battle Arena Toshinden
Cupido é a chefona final em Battle Arena Toshinden para o Sega Saturn

Battle Arena Toshinden

Battle Arena Toshinden

Battle Arena Toshinden
As artes de Tsukasa foram usadas nos créditos finais do game também

Os personagens estão um pouco menores em tela, mas essa versão se mostra a mais completa de Battle Arena Toshinden.

Battle Arena Toshinden para o Sega Saturn se mostra uma das versões mais completas do game, mas ele padece de ter personagens menores em tela

Na versão do Game Boy, já em 1996, chamada de Nettou Toshinden, exclusivo do Japão, o jogo também veio com um Story Mode inédito, com mais informações e até a inclusão de um novo personagem, Uranus, uma mulher alada, e Gaia, sem sua gigantesca armadura. Os dois personagens vieram diretamente do segundo Battle Arena Toshinden, que já estava na área.

A versão do Game Boy é um game de luta 2D, e ele fica com gráficos coloridos se for jogado no Super Game Boy, aparelho que conecta o portátil via entrada do cartucho em um Super Nintendo para ser jogado na TV. Os lutadores estão em versão KIDS, ou SuperDeformed, como se chama o estilo visual cartunesco na cultura pop japonesa.

A franquia de Toshinden

Arte promocional de Toshinden para computadores. Uma salva de palmas por usarem as artes de Tsukasa

Ainda em 1995, a Tamsoft e a Takara fez Battle Arena Toshinden 2, a única versão do jogo que também saiu para arcades (além do PSX e computadores).

Arte promocional para o segundo Toshinden, com um desenho de Sofia por Tsukasa
Arte promocional de Toshinden 2 com Uranus, em arte de CG

Ela foi construída na placa gráfica Sony ZN-1, a mesma que a Capcom usou para fazer seu primeiro Street Fighter no mundo 3D, o Street Fighter EX, desenvolvido em conjunto com a subsidiária Arika, e Star Gladiator, produzido inteiramente pela Capcom, e não sem surpresas, um game de luta 3D com armas, seu próprio Battle Arena Toshinden, ambos de 1996.

Voltam todos os lutadores do primeiro game, e novos estreiam: a policial Tracy, armada com tonfas e Chaos, um executivo insano da Secret Society. Gaia não é mais o chefão, além de estar sem sua armadura gigantesca.

Eiji vs. Sofia, em gráficos bem melhores

As chefonas são Uranus, uma mulher alada (a mesma vista no Game Boy) e Master, a líder da Secret Society, que luta com espadas gigantes flutuantes (!). A versão do Play incluí uma abertura até com atores reais!

Uranus, a subchefe
Master, a última chefe

Elas podem ser desbloqueadas pelos jogadores, assim como um novo lutador secreto: Vermilion, que tem uma agenda própria no torneio, e se tornaria um dos favoritos dos jogadores. Ele não luta com armas brancas, mas entra na arena com um revólver.

O segundo game da série é bem mais ajustado em sua jogabilidade e tem uma abertura em CG, com 12 lutas para se chegar ao final do game, que agora oferece ao jogador uma barra de especial chamada Overdrive, que se enche dando e levando porrada. Poucos meses depois, já em 1996, saiu Battle Arena Toshinden 2 Plus, que aprimorava alguns gráficos.

A música de Eiji nesse jogo é uma das melhores de toda a história dos videogames.

Para o Saturn, houve o lançamento de uma edição especial: Battle Arena Toshinden URA (de “Ultimate Revenge Attack“, “Ataque Vingativo Definitivo”) , a continuação do primeiro jogo para o Saturn, exclusivo para a plataforma, cheio de personagens únicos e narrativa própria, uma espécie de “Battle Arena Toshinden 2 alternativo”.

Ele usa o mood gráfico do BAT 2 mesmo, mas com algumas diferenças e acréscimos e, de novo, os personagens parecem menores no Saturn.

Além de todos os outros personagens da versão do PSX (menos Cupido, do Remix, e Chaos), Battle Arena Toshinden URA tem 4 personagens inéditos: o lutador Ripper, que procura por sua irmã desaparecida (Cupido); Ron Ron, uma cientista chinesa que parece uma colegial (!); Repli, um androide de batalha na forma de Sho, criação de Ron Ron; e Wolf, o assistente de Ron Ron, um espadachim negro, que rouba suas criações para a Secret Society.

Os 4 na verdade substituem os vilões vistos no Battle Arena Toshinden 2: Gaia, Chaos, Uranus e Master. Apesar disso, é possível encontrar Sho numa batalha secreta final.

E surpreendentemente, ainda em 1996, a Takara já lançou Battle Arena Toshinden 3, o mais bem aprimorado da série.

Capa de Battle Arena Toshinden 3, uma das mais bonitas, em estilo anime

Frenético, rápido e divertido, o jogo tentou ficar perto dos grandes games de luta da época — 1996 foi O ano dos games de luta.

Sua jogabilidade hipercinética cheia de golpes e especiais devastadores; arenas confinadas que eram verdadeiros caixotes 3D que permitiam usar as paredes para combos destruidores; e inacreditáveis 32 lutadores para jogar, fazem deste terceiro game o mais essencial da franquia.

Entre as novidades, vale destacar Abel, o CEO da Secret Society, que de tão poderoso luta com as mãos nuas; Veil, a arma viva de destruição em massa, a ameaça mais letal já vista em Battle Arena Toshinden. Também temos a pequena Naru, a filha adotiva de Kayin, personagem que é a mais difícil de derrotar em toda a franquia (!).

A tela de seleção de lutadores do terceiro game
Nagisa, um tira durão japonês, um dos novos personagens, luta com um revólver, e foi um dos preferidos do público
Um dos golpes especiais de Abel, que luta sem nenhuma arma
Veil, o ser mais poderoso que já apareceu na série. Arte de Tsukasa

E é impossível deixar de citar personagens que usam o design de várias figuras famosas da cultura pop, como Zola (Mulher-Gato), Judgement (Jason Voorhees) e até Ten Count (Michael Jackson!?). São 14 lutas de round único até chegar no chefe Sho, para depois enfrentar Naru. As lutas com Abel e Veil acontecem de modo secreto.

Ten Count vs. Eiji
David é outro dos preferidos dos games: luta com uma motoserra e usa armas de fogo

Battle Arena Toshinden 3 foi um lançamento exclusivo para o PlayStation, e nunca mais foi relançado.

Em 1997, o lutador Eiji apareceu como convidado especial no game de luta D-Xhird, lançado pela Takara para o Sega Saturn. Trata-se de um jogo de luta baseado em armas, também em 3D, desenvolvido pela Nextech e publicado pela Takara.

Jogo foi feito pela mesma softhouse que produziu o Toshinden URA

O último Battle Arena Toshinden foi lançado em 1999, chamado simplesmente de Toshinden 4, exclusivo para o PlayStation. No Japão, o game leva o título de Toshinden Subaru, nome do filho de Sho e Cupido, que agora é o protagonista do jogo.

Naru deu uma crescida no quarto game
O game ficou bem mais anime, tanto que agora parece quase cartoon

Subaru se junta a um novo line-up de lutadores novos e alguns velhos conhecidos, como uma Naru já mais crescida e um Eiji bem diferente daquele que conhecemos.

O game está muito mais anime em seu esquema gráfico, com um 3D mais estilizado e plástico, e conta até com uma abertura no mesmo estilo.

A capa mais anime de todos os Tohshinden

Um jogo chamado simplesmente Toshinden foi lançado em 2009 para o Nintendo Wii, produzido pela a softhouse DreamFactory, sem conexão com a série clássica de Battle Arena Toshinden.

É um game de luta de arenas mais amplas e jogabilidade de mundo aberto e expansivo, muito distante da proposta original.

Toshinden e o mood anime

Capa de Battle Arena Tohshinden 2 Plus

O artista e character design Tsukasa Kotobuki fez a direção de arte de todos os games de Battle Arena Toshinden, e em animes famosos dos anos 90, como as séries Saber Marionette J (1996) e Saber Marionette J Again (1997), e o filme Cyber Team in Akihabara: The Movie (1999).

Deixado de lado criminosamente nas artes promocionais do lançamento americano de Battle Arena Toshinden, ele marcou presença em todos os outros lançamentos. Merecidamente, como você pode conferir pelas artes a seguir.

Capa da versão japonesa do primeiro Toshinden
Arte de Tsukasa para Gaia
As artes internas do manual do primeiro Toshinden para machucar os olhos lá também
Em Battle Arena Toshinden S, as artes de Tsukasa embelezam o manual

Artes de Tsusaka em um manual de estratégia publicado no Japão

Por falar em animes, Tohshinden também teve um, como todo bom jogo de luta na época. Ele saiu em 1996, no formato OVA (Original Video Animation, especial de vídeo em VHS, formato padrão na época), em 2 partes, e que junta os personagens do primeiro e segundo game em uma trama única.

Estranhamente, Tsukasa não fez o character design da animação aqui, trabalho a cargo do artista Kazuto Nakazawa, responsável por animes clássicos como Five Star Stories (1985), Um Vento Chamado Amnésia (1990), Roujin Z (1991), El Hazard (1995), Digimon – O Filme (2000), Samurai Champloo (2004). Seu trabalho mais conhecido na cultura pop foi o segmento animado visto no filme Kill Bill (2003), de Quentin Tarantino.

O anime Battle Arena Toshinden mostra Sho enfrentando os diversos lutadores da franquia, e em paralelo, Eiji em buscas de seu irmão desaparecido. Descobre-se depois que A Organização (a Secret Society) está criando homens-máquinas que sugam informações de lutadores em seus confrontos para criar o guerreiro perfeito em…Chaos? Eiji descobre que Sofia também é uma…androide (!), e Sho também (!!).

O character designer do anime de Battle Arena Toshinden é Kazuto Nakazawa

Quem está por detrás dos planos é Uranus (sem Master por perto aqui). A trama do anime é confusa, mas algumas cenas de ação valem uma vista.

O desenho foi dirigido por Masami Obari, character designer e/ou diretor de vários animes clássicos, como M.D. Geist (1986) e Detonator Orgun (1991), além de Fatal Fury (1992), Fatal Fury 2 (1993), Fatal Fury – The Movie (1994) e Samurai Spirits (1994) — esses quatro últimos, todos baseados em games de luta da SNK.

A criação de Battle Arena Toshinden

Com a placa gráfica Sega Model 1, a empresa conseguiu fazer o primeiro game de corrida em 3D da história dos videogames, Virtua Racing, lançado para os arcades em 1992.

O setor da softhouse responsável pela criação foi a Sega AM2, liderado por Yu Suzuki, uma das pratas da casa, o criador de Sonic, mascote da empresa.

Virtua Racing foi um sucesso gigantesco, e a Sega não demorou nada para aplicar a modelagem 3D em outro gênero. E um ano depois, nascia Virtua Fighter, lançado direto para os arcades em 1993.

Arte promocional de Virtua Fighter

Era a primeira vez que se via lutadores em diversos ângulos, com golpes mais realistas e física mais próxima do real. Foi extremamente inovador na época.

Virtua Fighter foi um dos marcos dos videogames: o primeiro jogo de luta 3D da história

Com a placa Model 2, a Sega conseguiu melhorar mais o segundo game, Virtua Fighter 2, lançado em 1994. Foi nesse ano que a Namco também lançou seu jogo de luta 3D, Tekken, bem similar ao da Sega: guerreiros com diferentes estilos de luta em um torneio de artes marciais, o mood padrão da época no gênero.

Em 1994, a era dos 32-bits começa nos consoles caseiros, com a Sega lançando seu Saturn, um console poderoso para trabalhar com 2D, mas que apenas em cima da hora foi alterado para conseguir processar polígonos e trabalhar gráficos 3D. Para o line-up de lançamento do Saturn, entre muitos jogos, a Sega fez um port de Virtua Fighter.

Arte promocional da Sega para seu Sega Saturn
Tela de apresentação do Sega Saturn
Virtua Fighter para o Sega Saturn

A estreante Sony com o novato PlayStation aparece em 1995. O PSX já veio de fábrica preparado para apostar em gráficos 3D e poligonais, antevendo que isso seria o futuro da indústria.

Arte promocional da Sony para seu PlayStation

A Tamsoft viu o sucesso de Virtua Fighter e decidiu fazer algo parecido, mas com características próprias. A softhouse impressionou a Sony com seu Battle Arena Toshinden, que decidiu incluí-lo no line-up de lançamento do PlayStation.

Alguns dos jogos de lançamento do PSX. Battle Arena Toshinden era um dos destaques
Arte promocional de Battle Arena Toshinden com Sofia

Na E3 1995 (primeira edição do evento), a Sony anunciou o game como o “matador do Saturn”. O jogo da Tamsoft e distribuído pela Takara era claramente “mais 3D” que o Virtua Fighter.

A mídia especializada grega também entendeu que Battle Arena Toshinden e Virtua Fighter seriam competidores

Toshinden foi bem recebido pela mídia especializada brasileira, como podemos ver nesta arte da revista Videogame

A Sega sentiu o golpe e lançou Virtua Fighter Remix ainda em 1995, que aprimorava um pouco mais o game. Também se apressou e lançou um Virtua Fighter 2 — muito bom — para o console. Mas já era tarde demais. Para a Sega e para a Tamsoft.

Em 1995, a Namco lançou Tekken 2, a sequencia de seu jogo de luta 3D, com incríveis 25 personagens. Os lutadores eram detalhados e cada um tinham dezenas de golpes e movimentos.

Em 1996, na versão do PSX, o jogo veio com CGs incríveis para a época. Tekken massacrou Virtua Fighter, que nunca mais recuperaria o posto de sinônimo de jogo de luta 3D de luta.

Em dezembro de 1995, a Namco também lançou nos arcades Soul Edge (Soul Blade nos EUA), o seu jogo de luta 3D com armas.

Arte promocional de Tekken 2 e Soul Edge/Soul Blade

Ele tinha gráficos incríveis, personagens cativantes, uma história sensacional de guerreiros de diferentes partes do mundo atrás de uma espada que pode ser a salvação ou destruição do mundo, toneladas de golpes e especiais.

Arte promocional de Soul Edge nos EUA, onde o game se chamou Soul Blade
A qualidade das artes em CG do jogo era incrível
Personagens grandes e detalhados em gráficos muito melhores do que a concorrência
Iluminação e movimentos era melhores também

Era épico, com todos os adjetivos possíveis. Em 1996 a versão do PSX saiu, e a abertura em CG continua uma das melhores de todos os tempos da indústria de videogames.

Ainda que Battle Arena Toshinden 3 fosse divertido, Soul Edge era alucinante. Não tinha como competir.

Até a Sega criou um game de luta 3D com armas, Last Bronx (1996), mas sem sucesso. O ano seguinte ainda veria essa moda com força, como podemos perceber pelos jogos Bushido Blade (1997), da Lightweight/Square, o primeiro game de luta sem barras de energia, onde era possível matar o oponente com apenas um golpe de espada (atitude correta), e Star Wars – Masters of Teras Kasi (1997), jogo da Lucasarts.

Soul Edge foi o primeiro jogo da série Soul Calibur, que só fez aumentar o sucesso da franquia. Battle Arena Toshinden começou a cair rapidamente de popularidade, sem chance alguma frente aos games da Namco em termos de jogabilidade, gráficos e qualidade de narrativa.

Arte promocional usando ilustrações em CG dos lutadores de Soul Edge. Um mundo de distância de Battle Arena Toshinden
Taki, a ninja de Soul Edge

É preciso destacar o ano de 1996 e seu paradigma para o gênero de jogos de luta na indústria de videogames, na maior transição já feita na mecânica deles: a passagem dos sprites 2D para o mundo poligonal, a grande novidade que a geração 32-bits trouxe para a jogatina eletrônica.

Não foi sem motivo que a Tamsoft e Takara lançaram o Battle Arena Toshinden 2 Plus e Battle Arena Toshinden 3 nesse ano.

Dragon Ball Z Legends, da Bandai, uniu 2D e 3D de forma notável, em um jogo de luta hipercinético como as lutas impossíveis vistas no anime. Partes de sua mecânica de luta vem direto de Dragon Ball Z: Super Butoden 2 (1993), game de luta lançado para SNES.

Um mundo 3D para os lutadores de Dragon Ball se acabarem na porrada

DRAGON BALL Z LEGENDS | A cinética maluca do anime em videogame

A Capcom lançou Street Fighter Zero 2, um dos melhores games de luta de todos os tempos, de forte impacto visual anime e cheio de energia explosiva. Foi um estouro nos arcades, onde as superproduções de jogos de luta estreavam primeiro, mas ela também investia na novidade 3D da época.

STREET FIGHTER ZERO 2 | O poder e impacto do design 2D nos jogos de luta

Mas no mundo 3D, para essa marca comercial, contratou uma softhouse subsidiária, a Arika, para fazer Street Fighter EX, com vários lutadores clássicos e muitos novos. O resultado foi surpreendentemente bom, e garantiu uma boa base de fãs.

Ao mesmo tempo, a própria Capcom arriscava criar gráficos poligonais em um título de luta inédito, o já citado Star Gladiator, com lutadores futuristas empunhando espadas em uma guerra espalhada pela galáxia.

A Rare tinha em 1996 o Killer Instinct 2 rolando nas máquinas, um jogo de luta sci-fi com fantasia, a lá Mortal Kombat, com gráficos impressionantes para época, em uma mistura bonita de 2D com renderização 3D que não veríamos nunca mais no mundo dos games.

Killer Instinct usa de modo criativo os gráficos 3D num mix de 2D renderizado

KILLER INSTINCT 2 | O jogo de luta 2D/3D definitivo dos videogames

O cenário de jogos de luta era tão favorável que até softhouses sem tradição nesse nicho do mercado arriscaram alguns títulos, como Tobal No. 1, um game da Square, famosa por seus RPGs de Final Fantasy.

Relançamentos

Battle Arena Toshinden só tinha reaparecido uma vez nos videogames, em 2006, na PSN (rede de download de games da Sony), onde os usuários do PlayStation 3, PSP e Vita (ambos portáteis) puderam baixar o jogo.

Até que Battle Arena Toshinden fez seu retorno triunfal no lançamento do PlayStation Classic, o videogame com 20 jogos na memória lançado pela Sony em 2018. O jogo de luta da Takara é o primeiro da lista, lado a lado de verdadeiros clássicos do console.

Battle Arena Toshinden
Cool Boarders 2
Destruction Derby
Final Fantasy VII
Grand Theft Auto
Intelligent Qube
Jumping Flash
Metal Gear Solid
Mr Driller
Oddworld: Abe’s Oddysee
Rayman
Resident Evil Director’s Cut
Revelations: Persona
Ridge Racer Type 4
Super Puzzle Fighter II Turbo
Syphon Filter
Tekken 3
Tom Clancy’s Rainbow Six
Twisted Metal
Wild Arms

Battle Arena Toshinden

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Battle Arena Toshinden

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