Boba Fett ajudou a Disney a salvar a franquia Star Wars/Disney, após o verdadeiro fracasso da nova trilogia que os cineastas J.J. Abrams e Rian Johnson cometeram com 3 filmes erráticos, cheio de personagens com potenciais desperdiçados e/ou equivocados.
Daisy Ridley, no papel da carismática Rey, foi um de meia dúzia de acertos, e que ainda se mostra uma aposta furada ao final, ao tomarmos conhecimento de sua origem genética palpatinesca (é, pois é).
O cineasta Jon Favreau (o “criador” do Universo Cinematográfico da Marvel, diretor dos dois primeiros Homem de Ferro, em 2008 e 2010), tomou a mitologia que envolve o notório caçador de recompensas Boba Fett e o hype galáctico que o personagem criou desde sua aparição em Star Wars – O Império Contra-ataca – Episódio V (1980), e conseguiu criar um produto sólido com The Mandalorian, derivado unicamente de um design poderoso de elmo e armadura, envergados por uma figura perigosa, que emana tons criminais de faroeste.
Favreau criou para a Disney em 2019 uma série original de 8 episódios chamada The Mandalorian, que nas palavras do próprio serviço de streaming onde passa — o Disney + –, é “sobre a queda do Império, com um pistoleiro que sobrevive na galáxia sem lei.”.
O tal pistoleiro é o tal mandaloriano do título, um guerreiro de armadura e elmo que nunca revela sua identidade, interpretado por Pedro Pascal, e que trabalha como caçador de recompensas.
Desde que George Lucas criou a trilogia original de filmes com Star Wars – Uma Nova Esperança – Episódio IV (1977), Star Wars – O Império Contra-ataca – Episódio V e Star Wars – O Retorno de Jedi – Episódio VI (1983) — e para ser justo, Rogue One (2016), da própria Disney –, não se via um trabalho tão primoroso com Star Wars quanto The Mandalorian, que se tornou mais forte do que nunca com a Força em seu último episódio.
A primeira temporada, que acontece 5 anos depois de O Retorno de Jedi, e mostra o Mandaloriano se envolvendo em diversas missões que o coloca junto a uma improvável criança (de 50 anos) muito poderosa com a Força, e que a fan base se encarregou de apelidar de “Baby Yoda“.
Só isso foi a chama mais quente e duradoura da franquia Star Wars em anos, com todo mundo que gosta de cultura pop querendo brinquedos e bonecos do pequeno personagem.
A mitologia Star Wars, depois da trilogia de filmes de George Lucas nos anos 1970/1980, trabalhou um contexto comercial de expansão de produtos, que se convencionou chamar de Universo Expandido, com décadas de produção de livros, séries animadas, HQs e videogames, que contam histórias próprias e interligadas entre si.
Todas essas mídias aumentaram a mitologia vistas nos filmes da antiga e da nova trilogia, feita nos anos 90/2000.
E o background de Boba Fett sofreu uma imensa engorda para enriquecê-lo como personagem. Foi estabelecido então que sua icônica armadura era mandaloriana, e que Mandalore era um planeta com sua própria raça, os mandalorianos, humanos belicistas que viviam apenas para a guerra, em intermináveis conflitos de clãs.
Nos anos 2000 e 2010, séries animadas trabalharam ainda mais Mandalore na franquia. Fett também foi posicionado como um homem perigosíssimo e talentoso no que faz, o caçador de recompensas mais temido da galáxia, conhecido e prestigiado no submundo do crime.
Tudo isso fez crescer o hype em torno do personagem e do que ele representa, e foi nisso que Jon apostou em sua série, ao se apropriar desse lore e criar um novo personagem, que habita esse mesmo contexto criativo.
Além de referências a personagens e acontecimentos dos episódios IV a VI — inclusive a Boba Fett –, The Mandalorian dedicou episódios inteiros às reintroduções de personagens vistos em outras mídias.
Neste final de 2020, o ano mais complicado de nossas vidas e para o entretenimento, foi um alento poder ver aparições de queridos personagens de Star Wars, como a Ahsoka Tano, ex-aprendiz de Anakin Skywalker, que apareceu no filme animado Star Wars: A Guerra dos Clones (2008), na série animada Clone Wars (onde Mandalore é mais desenvolvida) e Star Wars Rebels (onde Mandalore é ainda mais desenvolvida), interpretada agora em carne e osso por Rosario Dawson.
Ela foi precedida pela mandaloriana Bo-Katan (Katee Sackhoff), vista em Rebels. Embora estejam muito bem amarrados pelos roteiros, a maioria deles assinados por Jon Favreau, os episódios são extremamente diferentes entre si em tom e ritmo, graças a variedade de cineastas convidados, como Robert Rodriguez (Um Drink no Inferno, Sin City, Círculo de Fogo, Alita) e Peyton Reed (Homem-Formiga 1 e 2), o que cria uma atmosfera semi-antológica para a temporada.
O final bombástico da segunda temporada tem a aparição de ninguém mais ninguém menos do que Luke Skywalker, o que marca o retorno do personagem mais querido de toda a franquia Star Wars, depois de 37 anos — é obrigatório esquecer a trilogia anos 2010 da Disney –, representando o maior fan service e apuro criativo dos últimos tempos para quem é fã da saga.
Usando as mesmas técnicas de computação gráfica vistas em Rogue One e Star Wars – A Ascensão Skywalker – Episódio IX (2019), o final do novo ano mostra Luke Skywalker (que não é interpretado por Mark Hammil) salvando o Mandaloriano (que se chama Din Djarin), a Criança/Grogu (como é conhecida o “Baby Yoda”) e seus amigos dos Dark Troopers, uma espécie de Exterminadores do Futuro dentro de armaduras, bem mais letais que os soldados humanos Stormtroopers.
O departamento de CGI da Lucasfilm usou uma máscara digital de Mark Hamill em um dublê, interpretado por Max Lloyd Jones.
É outro ponto alto de The Mandalorian, que mistura as dinâmicas de séries e filmes, embaralhando as cartas dessas duas mídias e nos oferecendo um novo produto, que não é low profile como uma série de TV tradicional, com orçamentos modestos, mas também não é um blockbuster gordo de dinheiro cheio de efeitos especiais.
Jon Favreau e seus diretores conseguiram um ponto de equilíbrio digno entre seriado e cinema, emulando da melhor maneira os antigos serials, seriados de curta duração produzidos por Hollywood que eram veiculados nos cinemas da Era de Ouro da indústria.
E, é claro, e mais importante para esta matéria, temos o retorno triunfal do próprio Boba Fett, interpretado por Temura Morrison. O intérprete original do personagem foi o ator Jeremy Bulloch, que morreu em 17 de dezembro de 2020 (a voz do personagem, que tem umas 10 falas, é de Jason Wingreen).
Mas a escolha de Temura não foi à toa, como veremos a seguir.
Anos 1970: Boba Fett primeiro
na TV e depois no cinema
Apesar de ser conhecido pelo grande público por sua aparição em O Império Contra-ataca, Boba Fett apareceu anos antes.
Depois do primeiro filme da franquia nos cinemas, Star Wars – Uma Nova Esperança – Episódio IV (1977), George Lucas achou uma boa ideia criar algo chamado The Star Wars Holiday Special, um especial de Natal de Star Wars (!?!).
Trata-se de um programa especial de televisão de duas horas de duração (incluindo os comerciais) que foi exibido uma única vez nas redes de televisão dos EUA e do Canadá, em 17 de Novembro de 1978.
A história gira em torno de Han Solo tentando levar Chewbacca para sua casa para encontrar sua esposa Malla, seu filho Lumpy e seu pai Itchy e comemorar o “Dia da Vida” (uma espécie de Dia de Ação de Graças no universo de Star Wars).
Em determinado momento, o especial tem um segmento animado, onde Boba Fett aparece pela primeira vez no universo de Star Wars. Aqui, ele teve voz de Don Francks.
The Star Wars Holiday Special — que não tem nenhuma ligação com o Natal, seja no título ou no roteiro — é visto como cafona e um demérito para os envolvidos, e é frequentemente renegado pelos realizadores.
O desenho animado foi produzido pela Nelvana Studios, que mais tarde produziria Droids e Ewoks, outras animações do universo Star Wars. Em 2002, cenas do desenho foram incluídas em um dos documentários lançados online como parte da estratégia de lançamento de Star Wars – O Ataque dos Clones – Episódio II (2002).
Há também comentários, narrados pelo próprio Jeremy Bulloch, que explica as origens e o fascínio por Boba Fett, como extras do DVD do Episódio II.
A primeira aparição de Boba Fett nos cinemas e em carne e osso e armadura mandaloriana acontece no final dos anos 1970, no ano de encerramento da década, 1980.
Boba Fett entra quase mudo em Star Wars – O Império Contra-ataca – Episódio V, junto com outros caçadores de recompensas. Todos tem a missão de caçar os rebeldes, mas é Boba Fett quem caça até o fim um dos maiores heróis da saga, Han Solo (Harrison Ford), por quem tinha especial interesse, levando-o congelado vivo em carbonita para um dos maiores mafiosos da saga espacial, Jabba The Hutt, que queria sua cabeça.
Star Wars – O Império Contra-ataca – Episódio V é simplesmente o melhor filme da franquia Star Wars, como você pode conferir nesta matéria abaixo:
STAR WARS O IMPÉRIO CONTRA-ATACA | 40 anos sob o império de melhor filme da saga
Anos 1980: A morte de Boba Fett
é o começo do universo expandido
Boba Fett retorna em O Retorno de Jedi – Episódio VI, luta contra os heróis de novo, que tentavam descongelar e salvar Solo.
Agora parte da corte de Jabba no desértico planeta natal de Anakin e Luke Skywalker, Tatooine, Boba Fett não tem falas no filme. Mas ele morre gritando em um fim indigno de piada de arroto, ao cair no Poço de Sarlacc, onde seria digerido vivo por mil anos.
Contudo, a força magnética de Boba Fett, sua armadura estilosa, várias armas diferentes, como lança-chamas, arpão com corda, metralhadora, foguetes, capacidade de voo com um jetpack, e uma enorme atitude badass e blasé, se encarregaram de torná-lo um dos favoritos dos fãs.
Na época, o Universo Expandido já estava ativo, na forma de histórias em quadrinhos, publicadas pela Marvel Comics, que adaptava as histórias dos filmes em ordem cronológica, e criava mais tramas para encaixar no espaço de anos entre os longas.
E nas histórias seguintes de O Retorno de Jedi, é mostrado que Boba Fett escapa com vida do sarlacc.
No decorrer dos anos, revistas de histórias em quadrinhos deram protagonismo para Boba Fett em tramas próprias, e aparições frequentes em livros, videogames, e bonecos e brinquedos muito bem-feitos, tornariam Boba Fett extremamente popular.
Isso viria de forma colossal na década seguinte.
O retorno de Boba Fett ainda aconteceu em Star Wars #81, na história escrita por Mary Jo Duffy e desenhada por Ron Frenz. Mas ele ainda cairia no poço de sarlacc de novo e escaparia uma segunda vez!
Anos 1990: Sucesso exige mais expansão,
até com revisões e adições
Logo no começo da década, a minissérie em quadrinhos Dark Empire (1991–1992), da editora Dark Horse, descreve como Fett sobreviveu ao Sarlacc, e em eventos pós-Retorno de Jedi, chega a enfrentar os remanescentes do Império.
Em 1994, o caçador teve uma aventura estilo RPG simples (chamada de livro-jogo no Brasil), chamada de The Bounty Hunter. Em 1995, uma antologia escrita por Daniel Keys aprofunda o assunto de Fett ter escapado do Sarlacc.
Uma história chamada “A Barve Like That“, presente na antologia Tales from Jabba’s Palace, de 1996, também narra essa segunda escapada. No mesmo ano, uma história de Dave Wolverton narra como Dengar (outro caçador de recompensas, visto também ao lado de Fett em O Império Contra-ataca), ajudou Boba a se recuperar de seus ferimentos.
Entre 1995 e 2000, Boba Fett teve quatro séries de quadrinhos solo. Em uma delas, chamada Boba Fett: Twin Engines of Destruction (1997), Fett vai atrás de um homem chamado Jodo Kast, que tinha uma armadura mandaloriana e se fazia passar por ele.
Em 1996, a Lucasfilms produziu o grande projeto multimídia chamado Star Wars – Shadows of The Empire, que preencheu o espaço entre O Império Contra-ataca e O Retorno de Jedi com um livro, uma HQ, um videogame, um álbum de música orquestrada e uma série de cards e brinquedos.
Todos eles contavam a mesma história, em diferentes perspectivas. Foi um ambicioso projeto midiático, em que só ficou faltando um filme, uma das maiores realizações do Universo Expandido de Star Wars.
E Boba Fett é um dos personagens centrais de Shadows of The Empire, que mostra Luke e Leia em meio ao perigoso sindicato do crime chamado Black Sun, entre várias outras subtramas. É nesse projeto que temos, por exemplo, a imagem de Boba Fett entregando Han Solo para Jabba.
Star Wars – Shadows of The Empire também foi a ponta de lança do cineasta George Lucas em mexer em todos os filmes da trilogia, adicionando efeitos e situações, assim como alterando e até suprimindo, tudo por conta das comemorações de 20 anos de lançamento da franquia. Foi assim que as chamadas Special Edition nasceram em 1997, sem o primeiro tiro de Han Solo em Greedo, por exemplo.
Pelo lado de Boba Fett, a alteração mais drástica foi o deslocamento de sua primeira aparição. Porque agora ele aparece já em Star Wars – O Retorno de Jedi, na cena em que Han Solo conversa com Jabba The Hutt (também inserida agora), inclusive com direito a uma olhada direta de Boba Fett para a câmera.
A inserção foi feita pelos animadores da Industrial Light & Magic, com o dublê Mark Austin. E vale dizer, é uma aparição completamente sem sentido e gratuita.
Em 1997, uma série de livros juvenis chamado Galaxy of Fear teve aparições de Boba Fett. Em 1998 e 1999, a editora Bantam Spectra publicou The Bounty Hunter Wars, uma trilogia de romances escrita por K.W. Jeter, em que Fett estrela várias histórias, a maioria delas situadas entre os três filmes.
Em 1999, Fett aparece na HQ Boba Fett: Enemy of the Empire.
Nos videogames, a primeira aparição de Boba Fett acontece em Star Wars, jogo para Nintendinho, publicado em 1991. Em 1993, o Super Nintendo ganha o jogo Super Star Wars: The Empire Strikes Back, e Fett marca presença.
Em Star Wars: Dark Forces (1995, para Playstation e PCs), é introduzido um importante personagem na franquia, Kyle Katarn, um antigo soldado imperial, que se tornaria herói e até mesmo um Jedi, criando com Luke Skywalker uma nova Ordem Jedi (!).
No game, ele começa a virar a casaca, e entre outros desafios, luta contra Boba Fett. É neste game apareceu as primeiras pistas da construção da Estrela da Morte.
Fett também está no line-up de lutadores visto em Star Wars: Masters of Teras Kasi (1997), game de luta 3D lançado para Playstation. Em 1999, Star Wars: X-Wing Alliance, jogo de nave para PCs, também tem a participação de Boba Fett.
Star Wars – Shadows of The Empire é, com efeito, o segundo melhor produto da franquia como um todo, e você pode conferir mais detalhes dele no link abaixo.
STAR WARS SHADOWS OF THE EMPIRE | A vitória do mediano nos videogames
Em uma história de 1996, o escritor Daniel Keys desenvolveu uma história de fundo para Boba Fett, em que parte de sua origem seria revelada, com um caçador de recompensas chamado Jaster Mereel como seu mentor.
Mas a nova década faria um retcon nessa história, a fim de dobrá-la para a verdadeira origem de Boba Fett. Jaster acabou como sendo o mentor na verdade de Jango Fett, o pai de Boba, como veremos a seguir.
Anos 2000: A infância de
Boba com Jango Fett
Em 1999, a Lucasfilm lançou Star Wars – A Ameaça Fantasma – Episódio I, o primeiro filme da franquia mais de 16 anos depois do lançamento de O Retorno de Jedi, um dos momentos mais aguardados de todos os fãs que Star Wars alistou em seu exército.
E a década de 2000 foi especialmente dedicada a enriquecer os filmes dessa nova trilogia, que mostra a infância e adolescência, ascensão e queda de ninguém menos do que Anakin Skywalker, que viria a se tornar o Lorde Sith Darth Vader.
Em 2002, foi lançado Star Wars – O Ataque dos Clones – Episódio II, e em 2005, Star Wars – A Vingança dos Sith – Episódio III.
No segundo, um dos personagens centrais é Jango Fett, um caçador de recompensas que usa uma armadura mandaloriana, interpretado pelo ator Temuera Morrison.
Jango é tomado como modelo de base genética para um exército gigantesco de clones, que a princípio ajudariam os Jedis contra os separatistas, mas se mostraria muito mais perigosos do que isso.
Jango doou seu genes, mas pediu um clone sem alterações para criar como filho. Essa criança se tornaria Boba Fett.
E assim foi feito, George Lucas tornou o caçador de recompensas Boba Fett um clone inalterado de Jango Fett. Boba foi criado por clonadores em Kamino e era fisicamente idêntico aos soldados clones, embora fosse inalterado e não crescesse no mesmo ritmo acelerado dos outros clones de Jango.
E criado como filho de Jango, Boba aprendeu as habilidades de combate necessárias para um dia se tornar um caçador de recompensas. Boba, interpretado pelo jovem Daniel Logan, foi retratado pelo roteiro de Lucas como uma criança marrenta e incômoda, e não tem passagens célebres pelo longa, que ainda falha em mostrar Jango com o mesmo carisma.
Não por acaso, a cena mais emblemática é o destino fatídico de Jango pelas mãos do Jedi Mace Windu, o que ajuda a explicar o ódio que Boba sentiria dos Jedi por toda sua vida.
Boba Fett tinha 10 anos quando Obi-Wan chegou em Kamino, atrás de Jango Fett. Algumas fontes do Universo Expandido estabelecem o número de série-clone de Boba como A0050.
O exército foi um pedido do Mestre Jedi Zaifo-Vias, que queria garantir proteção para a República. Mas tudo na verdade era parte de um elaborado plano dos Sith para derrubar a República em um momento posterior.
Quando Obi-Wan toma conhecimento do exército, os kaminoanos já tinham feito 200 mil soldados, com mais 1 milhão a caminho.
Depois que Jango é morto em Geonosis, Boba vai atrás de um livro de seu pai, com instruções do que fazer caso ele morresse.
Um ano antes de Vingança dos Sith sair nos cinemas, George Lucas mexeu de novo em sua trilogia clássica.
E o lançamento em DVD de 2004 da nova edição de O Império Contra-ataca teve a voz de Boba Fett, interpretada originalmente por Jason Wingreen, trocada pela de Temuera Morrison, já que Boba teria a mesma voz de seu pai, já que ele é um clone dele.
De 2002 a 2004, uma série de livros juvenis chamada simplesmente de Boba Fett mostra o jovem durante as Guerras Clônicas, onde ele pega a nave a armadura de seu pai para continuar seu trabalho de caçador de recompensas.
Em um comentário na seção de extras da edição de 2004 do DVD de O Retorno de Jedi, George Lucas, que já dizia que não via problema em Boba Fett ter sobrevivido ao sarlacc, quase que filmou essa sequência como fan service.
Mas o Universo Expandido ainda tinha muitas histórias para Boba Fett pós-Retorno de Jedi. Fett encontrou Han Solo 15 anos depois do filme O Império Contra-ataca, e lutam lado a lado no livro The New Jedi Order: The Unifying Force (2003).
O caçador também aparece em algumas edições da HQ Empire (2002–2005) e Boba Fett: Overkill (2006). O livro Underworld: The Yavin Vassilika (2000–2001) também tem o Fett adulto. Boba Fett: A Practical Man é um livro de 2006, que narra eventos 20 anos depois de Retorno de Jedi, onde Boba Fett e outros mandalorianos enfrentam a ameaça da raça invasora Yuuzhan Vong.
Desde 2002, George Lucas considerava produzir uma série de animação cujos eventos se passavam entre os episódios II e III, a fim de explorar as aventuras dos cavaleiros Jedi Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker, além dos heróis, dos vilões e dos planetas que são pouco mostrados nos filmes dessa trilogia.
Em 2003, foi lançada Star Wars: Guerras Clônicas, série de desenho animado produzido pela Lucasfilm e exibida pelo Cartoon Network até 2005.
Foi concebida por Genndy Tartakovsky, criador de Samurai Jack, a pedido de Lucas. Cronologicamente, os eventos da série situam-se entre os Episódios II e III, e foi nesta série que os vilões Asajj Ventress e General Grievous apareceram pela primeira vez.
Mas em 2008, a série animada em computação gráfica Star Wars: The Clone Wars tornaria a ambição de Lucas maior — e melhor.
E também iria trazer alguma redenção ao jovem Boba Fett. Redenção essa por influência direta do produtor da série, Dave Filoni (que também está presente em The Mandalorian).
Já nas graças dos fãs de Star Wars após o sucesso da primeira temporada desse novo seriado em CG, o diretor reintroduziu o clone de Jango no segundo ano da animação, em 2010, em três episódios perto do final.
A trama mostra Boba em meio a outros jovens clones, com a intenção de criar uma armadilha para se vingar de Mace Windu, Jedi responsável pela morte de seu pai em O Ataque dos Clones.
Não apenas isso, mandalorianos começaram a ser introduzidos na série, enriquecendo as camadas de fundo em que Boba Fett está inserido, e que ajudariam na mitologia que The Mandalorian se sustentaria.
Boba acabou conhecendo várias figuras importantes da franquia, como a caçadora de Jedis Aurra Sing, Jabba The Hutt, Darth Tyrannus (que enganou Zaifo-Vias para criar o exército clone, e que contratou Jango como doador genético deles), o Chanceler Palpatine e até o jovem Anakin Skywalker.
Ao fim das Guerras Clônicas, Boba Fett tinha 13 anos, idade considerada como maioridade para os mandalorianos.
No mundo dos games, há muitas aventuras com o Boba Fett adulto. Ele aparece em Bounty Hunter (2002), jogo de ação e tiro lançado para Nintendo GameCube e PlayStation 2, Star Wars Rogue Squadron III: Rebel Strike (2003), jogo de nave para Gamecube, Star Wars Jedi Knight: Jedi Academy (2003), jogo de ação de tiro em primeira e terceira pessoa, para Xbox e PCs, Star Wars: Lethal Alliance (2006), jogo de ação para os portáteis Nintendo DS e PSP, Star Wars: Empire at War (2006), jogo de estratégia lançado para PCs,o jogoi de tiro Star Wars Battlefront: Renegade Squadron (2007), entre muitos outros.
Em 2008, a Lucasarts lançou Star Wars: The Force Unleashed para PlayStation 2, PlayStation 3, Wii, PC, Xbox 360, iPhone, N-Gage, Nintendo DS e PSP.
Um game de ação ambicioso que nos coloca no controle de um aprendiz Sith de ninguém menos do que Darth Vader. O jogo foi um imenso sucesso, e em 2009 uma DLC chamada Ultimate Sith foi lançada, onde Boba Fett tem participações.
Anos 2010: A chegada da
Disney reconfigura tudo
Durante toda a década de 2010, fãs especularam que Boba Fett voltaria para Star Wars em uma série de TV, e rumores indicavam a presença dele em um seriado que se chamaria Star Wars: Underworld.
Mas o mais perto disso foi um videogame produzido, e infelizmente que nunca viu a luz das TVs nos consoles dos jogadores.
O cult Star Wars 1313 seria um game de aventura que se passaria no submundo criminal de Star Wars, e contaria a juventude de Boba Fett e como ele adquiriu seu status de caçador de recompensas renomado.
No mundo mecanizado de Coruscant, o planeta-capital do Império/República, o nível “1313” é o local mais perigoso e onde a escória do universo se esconde. O jogo foi anunciado na E3 2012.
Mas um fato importante mudou a trajetória do game, que estava em plena produção. George Lucas decide em 2013 vender a Lucasfilm para a Disney, que imediatamente se torna dona de tudo que é Star Wars.
Em abril de 2014, uma medida da casa do rato, para trabalhar em terreno plano, provoca uma grande mudança: absolutamente tudo produzido no Universo Expandido — livros, HQs, videogames, animações — são desconsiderados na história oficial da franquia, valendo apenas a trilogia de filmes dos anos 70/80, a trilogia dos anos 90/00 e a série de TV Star Wars Clone Wars.
Todo o material restante recebeu um novo nome, Legends. Logo, tudo que vimos até então sobre Boba Fett, pós-Retorno de Jedi, e tudo do jovem Boba que não está em Clone Wars, não vale mais nada.
Se as chances de Boba Fett ressurgir com protagonismo eram poucas com as eventuais aparições no Universo Expandido, agora se reduziram à zero — com efeito, Boba estava morto dentro do sarlacc da Disney.
Eventualmente, muito material do Legends é recuperado e trazido em novas obras, se tornando canônicas de novo, mas são elementos pontuais.
Em dezembro de 2015, a presidente da Lucasfilm Kathleen Kennedy chegou a dizer que os conceitos do game Star Wars 1313 eram sensacionais, juntamente com os rascunhos iniciais de Star Wars: Underworld, e que isso poderia ser melhor aproveitado em projetos futuros.
O tal “nível 1313” chegou a aparecer em um episódio de Clone Wars, com Ahsoka Tano visitando o local.
Depois de todo o material antigo do Universo Expandido ser considerado Legends, a Disney começou a produzir novas HQs, videogames e livros, que seriam considerados canônicos e válidos para a história de Star Wars.
Entre os muitos produtos, estão novas revistas de histórias em quadrinhos, feitas pela Marvel. E é nelas que Boba Fett ganha protagonismo de modo singular. As HQs Star Wars e Darth Vader (ambas de 2015) mostram os eventos pós-Uma Nova Esperança.
E Vader contrata Boba Fett para descobrir a identidade do piloto que destruiu a Estrela da Morte em Uma Nova Esperança. Depois de muitas idas e vindas, temos a oportunidade de ver um sensacional confronto entre Fett e um Luke cego dentro da casa de Obi-Wan Kenobi em Tatooine, e observar a reação de Darth Vader quando Boba Fett revela o nome do tal piloto: Skywalker.
O momento é tão emblemático que é mostrado nas duas HQs, com Boba Fett informando que Vader que ele tinha um filho.
Na TV, Star Wars Clone Wars era um sucesso e continuou sendo produzida. O jovem Boba Fett ainda marca presença em dois episódios da quarta temporada (2012), e Bo-Katan Kryze, uma mandaloriana, é um dos grandes destaques do seriado.
A Disney desenvolveu mais uma série animada em CG, Star Wars Rebels, que começou em 2014, com heróis rebeldes em missões pré-Uma Nova Esperança. Apesar de Boba fett não aparecer, há muitos mandalorianos e muito de sua mitologia é citada e recriada aqui.
Em 2015, o livro Star Wars: Dark Disciple é lançado, que narra as desventuras da assassina sombria Asajj Ventress e do Jedi “black-ops” Quinlan Vos, e o menino Boba tem participações na trama.
Nos videogames, Boba Fett adulto apareceu em Star Wars Battlefront (2015) e Star Wars Battlefront II (2017), games de ação multiplataformas.
Nos cinemas, a Disney optou por uma nova trilogia de filmes Star Wars, que acontecem décadas depois de O Retorno de Jedi.
Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força, foi lançado em 17 de dezembro de 2015, direção de J. J. Abrams. Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi, lançado em 14 de dezembro de 2017, direção de Rian Johnson. E Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker, lançado em 19 de dezembro de 2019, direção de J. J. Abrams.
Ainda foram lançados os filmes Rogue One (2016), de Gareth Edwards, e Solo – Uma História Star Wars (2018), de Ron Howard.
Rogue One conta a história do roubo dos planos da Estrela da Morte graças a um bando de abnegados em uma missão suicida, um longa que passou por diversas refilmagens, com uma pegada de filme de ação de Guerra do Vietnã dos anos 80, com toda a cara de sci-fi sujo e duro da trilogia original de Star Wars.
Rogue One é um dos melhores filmes da franquia, atrás apenas de O Império Contra-ataca, e com certeza o melhor produto que a Disney fez com a franquia. Mas o resto é resto.
O Despertar da Força é um soft reboot sem coragem de Uma Nova Esperança e Os Últimos Jedi é esquizofrênico, covarde e canalha.
Solo foi um dos filmes mais rasos e simples da saga, sem nada de novo a oferecer, com algo que ninguém pediu, o que também matou um possível filme de Boba Fett.
A pá de cal foi A Ascensão Skywalker, que tentou consertar tudo que deu errado com mais erros, e juntou o que todos queriam para descostur tudo que foi amarrado antes.
A Força estava morta no Star Wars da Disney. Mas a produção de The Mandalorian, que beberia todo o lore de Boba Fett e seu background criado no Universo Expandido do Legends e do que foi apresentado em Clone Wars (outro ponto de excelência da Disney), salvou a franquia.
Ela estreou em 2019, ao mesmo tempo do infeliz A Ascensão Skywalker.
Boba Fett, Star Wars e anos 2020:
o que vem por aí
Na segunda temporada de The Mandalorian (2020), ficamos sabendo que Boba Fett (Temuera Morrison) sobreviveu ao sarlacc, e aparentemente ficou perambulando por Tatooine sem sua armadura.
Ela foi encontrada por Jawas e, mais tarde, vendida para o xerife Cobb Vanth (Timothy Olyphant). Vanth posteriormente deu a armadura para o Mandaloriano, e quando Din retornava a Mos Eisley com a armadura de Fett, Boba o observou à distância.
Ele o seguiu tempos depois, e conseguiu reaver a armadura, se comprometendo a ajudar o Mandaloriano a resgatar Grogu, que tinha sido sequestrado.
Em uma cena cheia de emoções no último episódio — com direito ao protagonista retirando seu capacete –, Din entrega Grogu ao famoso Jedi Luke Skywalker, que vai treiná-lo no caminho da Força na Ordem Jedi. Cabe notar e salientar aqui que Boba Fett foi embora em sua nave Slave 1 logo depois da invasão dos heróis no cruzador imperial onde Grogu era mantido refém.
E Boba Fett não estava presente quando Luke fez sua entrada triunfal. Não foi dessa vez que o caçador de recompensas viu um de seus algozes.
Mas a Disney inseriu uma cena pós-crédito que revela um pouco mais sobre o que aconteceu depois que Boba Fett foi embora. Em uma cena de matança com a mercenária Fennec Shand (Ming-Na Wen) e Boba Fett, vemos que eles estão no antigo covil de Jabba, o Hutt, mostrado em O Retorno de Jedi.
Após matar os presentes, como os guardas Gamorreanos (que se parecem com porcões) e Bib Fortuna (Matthew Wood), antigo aliado de Jabba e aparentemente atual chefe dos bandidos, Fett assume o trono, imponente, com Fennec ao seu lado — com todo o potencial de se tornar o grande chefão do crime na galáxia.
E então, um letreiro anuncia o lançamento de “The Book of Boba Fett” para dezembro de 2021.
Vale notar que a Disney, em seu mais recente evento de anúncio de séries e filmes de todo seu imenso catálogo, realizado em 10 de dezembro de 2020, dentre as centenas de obras, não disse nada sobre The Book of Boba Fett.
O título pode ser traduzido como Livro de Boba Fett ou ainda Evangelho de Boba Fett. Jon Favreau, o showrunner de The Mandalorian, já disse que será um um produto separado, uma série própria, passada ao mesmo tempo de The Mandalorian.
Dave Filone e Robert Rodriguez (que dirigiu o episódio que Boba efetiva retorna e pega sua armadura de volta) também estarão na série.
A cena final do pós-créditos da segunda temporada de The Mandalorian
/ BOBA FETT NO DESENHO DE NATAL. Abaixo você pode assistir ao segmento animado do especial de Natal de Star Wars e ver a primeiríssima aparição de Boba Fett.
/// THE BOOK OF BOBA FETT. No vídeo abaixo você pode assistir a cena pós-créditos de The Mandalorian.
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