Xi’an Chi Xan é um dos vários mutantes do futuro da Marvel, líder dos X-Men 2099, uma das muitas realidades criadas pela editora para seu universo de histórias em quadrinhos.
A revista dos X-Men 2009 era escrita por John Francis Moore e desenhada por Ron Lim, e Xi’an fez sua estreia nela, junto com os outros X-Men 2099, em X-Men 2099 #1 (1993).
Xi’an Chi Xan é o idealizador e líder da equipe, e tal qual os maiores representantes da comunidade mutante do século XXI, Charles Xavier, o Professor X dos X-Men, e Erik Magnus Lensherr, o Magneto, duas forças da poderosa dicotomia Marvel a respeito da discussão de preconceito — feitas para emularem as figuras de Martin Luther King e Malcolm X — , Xi’an Chi Xan também representa algo divisivo.
Neste caso, ele é o próprio Xavier e Magneto em um só, aqui transmutados numa contradição muito mais psicológica do que ideológica: Xi’an tem um lado bom, que se preocupa com seus irmãos mutantes, seguidor dos modelos de temperança e liderança de Xavier, e um lado negro e cruel, que não se importa com nada, um antigo líder de uma perigosa gangue criminosa de 2099, os Marginais (The Lawless).
Os poderes de Xi’an Chi Xan refletem diretamente essa dupla personalidade: a mão esquerda tem o poder de curar qualquer ferimento ao toque, e a mão direita pode corroer a nível molecular qualquer coisa da mesma maneira.
Nesse futuro de 2009 na Marvel, os poucos mutantes são os últimos resquícios da raça, já que um evento conhecido como “Grande Expurgo” foi responsável anos atrás (data não-especificada) por matar a maioria deles.
Os acontecimentos também causaram o fim da “Era Heroica“, com o sumiço completo dos super-heróis. Logo depois, ocorreram as Guerras Corporativas, que estabeleceram o atual modo de vida social do mundo de 2099.
Os mutantes, mais do que nunca, estão à beira da extinção em 2099.
John Francis Moore não podia ter feito um material mais diferente com os X-Men 2099, em comparação com os outros x-títulos editoriais situados em 1993, o presente da época.
Seus x-men nem chegam a ser uma equipe de verdade, já que a reunião deles no primeiro número é marcado por um atentado contra Xi’an, que fica à beira da morte — ele só se recupera graças a um lento processo de autocura a lá Adam Warlock, personagem também da Marvel, dentro de um casulo regenerador.
A intenção de Xi’an era formar novos X-Men e rastrear pessoas que o levassem a antigos líderes da resistência mutante do passado, como o misterioso Condutor, que diz a lenda, levava os mutantes para um lugar seguro durante o Grande Expurgo.
Mas antes de conseguir isso, ele tem um encontro fatídico com outro antigo líder dos X-Men, o que esgarça a narrativa quando Xi’an deixa vir à tona seu lado negro.
Com isso, vários integrantes da equipe ficaram em aventuras próprias, que eventualmente se convergem quando Xi’an é novamente confrontado.
Esse mood aplicado ao título fez parte do público estranhar muito o material escrito por John Francis Moore, mas se visto na sequência — encadernados de arcos ainda não era o padrão da indústria de HQs na época — ele faz muito sentido.
É a ascensão e queda — e redenção — de Xi’an Chi Xan, o Fantasma do Deserto, líder dos X-Men, ainda que outro personagem assume a liderança da equipe depois, o novato (e improvável) Timothy Fitzgerald, o Dínamo (Skullfire).
Aliás, há dois pontos bem importantes a serem observados em X-Men 2099, com poucos personagens são chamados pelo codinome, a começar pelo próprio Xi’an e seu Fantasma do Deserto, bem como Tim e Dínamo, diferente de Asa Sangrenta (Bloodhawk), que demora para ter seu verdadeiro nome revelado.
E se a pluralidade de etnias vista com os Novos X-Men em Giant Size X-Men (1975) era rica, aqui continua, com a equipe 2099 sendo composta por vietnamita, indiano, oriental, negro e hispânicos, que aliás, são a maioria agora numa América fragmentada, dominada por várias corporações, que privatizaram a maior parte dos setores da sociedade, incluindo aí a segurança pública, que de pública não tem mais nada.
Além disso, Moore localiza a maior parte de suas aventuras na costa oeste americana.
No mundo 2099, a sociedade, bem como cidades, países e governos são controlados por essas megacorporações.
Entre elas, está a Alchemax, a mais poderosa de todas. Globalmente, o mundo está dividido em cinco grandes forças geopolíticas.
Os Estados Unidos da América (maior cidade: Nueva York, com esse nome devido à imensa influência hispânica), os Federação dos Estados Americanos (maior cidade: Cidade do México), a Aliança Russa Livre (maior cidade: Moscou), o Continente Europeu Consolidado (maior cidade: Brussels) e a República Popular da China (maior cidade, e única aberta ao resto do mundo 2099: Hong Kong).
Além da corporação Alchemax, temos a Stark-Fujikawa (antiga empresa de Tony Stark, o Homem de Ferro), Pixel (de origem espanhola), Synthia e Globo Verde (de Nueva York), D/Monix (da Cidade Transversal) e Icy Eye (de origem londrina).
Os X-Men 2099
Xi’an Chi Xan é um vietnamita que usa o codinome de Fantasma do Deserto (Desert Ghost), com uma roupa a lá Lawrence da Arábia, e é um dos poucos mutantes que se preocupam com outros mutantes.
Junto com a indiana Shakti Haddad, uma telepata de codinome Sensora (Cerebra), Xi’an começa a reunir em segredo outros mutantes para criar uma sociedade civil para se protegerem.
Se juntam à eles Krys Porter Ogada/Krystalin, uma Pantera Negra (o movimento original americano ativista, não o herói de Wakanda rs), e que tem o poder de gerar cristais (tal qual o Homem de Gelo) ; Henri Huang/Furacão (Meanstreak), o mais inteligente do grupo, um poderoso velocista de origem chinesa (o “Mercúrio” da equipe); Edward Osako/Metálico (Metalhead), um músico japonês enorme cabeludo, que pode transformar sua pele e corpo em qualquer metal que toque, o “Colossus” da vez; Kimberly Potters/Serpentina “Tina“, a mais jovem integrante, que pode esticar o corpo; e a contragosto, Sucata (Junkpile), mutante irascível, com uma aparência de ciborgue, e que pode reconstruir seu corpo com qualquer pedaço de metal disponível.
Moore apresenta todos esses personagens com a chegada de Timothy Fitzgerald/Dínamo (Skullfire), encontrado por Shakti abandonado e sem esperanças em um beco qualquer, já que o jovem deixou seu lar e antiga vida depois que seu poder mutante se manifestou e matou sua namorada, Reiko.
Tim pode absorver energia ambiente e dispara poderosas rajadas de energia, e os efeitos fazem ele parecer um esqueleto incandescente, sendo o “Destrutor” da vez.
Isso é parte do apelo visual noventista para os personagens, todos parecem irados e com dentes cerrados, tal qual os personagens da Image Comics, o modelo da indústria de HQs de super-heróis na época, o que torna até difícil diferenciar um x-man 2099 do outro em um primeiro momento no primeiro número.
Os X-Men 2099 somam mais dois membros: Lemuel Krug/Asa Sangrenta (Bloodhawk), o “Wolverine” da equipe, um careca alto que tem o poder mutante de se transformar em um gárgula vermelho esguio bem violento, e Lunática (La Lunatica), uma linda, louca e branca vampira mutante psíquica superforte, que se enamora de Tim, e com efeito, o transforma em alguém bem mais porra-louca.
No mundo dos X-Men 2099
Nos primeiros anos do Século XXI, o ódio racial contra os mutantes varreu o planeta. Eles foram ostensivamente caçados e praticamente exterminados. Esse período ficou conhecido como O Grande Expurgo. Porém, nem todos os portadores do Fator X foram eliminados. Muitos sobreviveram para dar origem a uma nova geração de heróis…
O conceito editorial do Universo 2099 foi idealizado por Stan Lee, o co-criador da maioria dos heróis e vilões Marvel, e o roteirista e desenhista John Byrne, muitos anos antes da estreia do material.
A ideia inicial era uma graphic novel estrelada por um personagem chamado Ravage, no futuro do Universo Marvel, mas que não foi pra frente. Contudo, Lee ficou entusiasmado com a ideia, e se reuniu com outros editores da Marvel para discutir mais.
Mark Gruenwald, Tom deFalco, Bob Harras, Ralph Macchio e Fabian Nicieza iriam desenvolver títulos situados no futuro, e para editá-los, o editor Joey Cavalieri ficou encarregado (ele era antigo editor da DC Comics).
“No início de Marvel 2099, não há superseres. E, quando começaram a surgir, nós podemos acompanhá-los um a um, como aconteceu nos anos 1960. Quem não ficaria empolgado com tal perspectiva?“, disse ele para Peter Sanderson em Marvel Age #117, de outubro de 1992.
As ideias para Ravage se mantiveram e até se expandiram, com mais três personagens pensados.
De acordo com Cavalieri, “Homem-Aranha e Justiceiro eram escolhas naturais“. Para a quarta vaga, em vez de um herói, escolheram um vilão, um dos maiores da Marvel: o Doutor Destino.
O que aconteceu com os personagens da atualidade não poderia ser revelado, por isso, Homem-Aranha e Justiceiro não têm ligações com os originais, com uma “exceção” feita ao próprio Destino.
Junto com a editora-assistente Sara Mossoff, Joey criou uma “bíblia” que estabeleceu os principais aspectos desse mundo futurista. Os EUA estavam fragmentados, com os Estados Unidos a leste e a Federação dos Estados Americanos (incluindo partes do México) ao sul.
A Califórnia é uma ilha, e grandes avanços genéticos e tecnológicos fazem parte do dia a dia das pessoas, que estão nas mãos capitalistas de mega corporações, que ditam o rumo dessa sociedade.
De início, o projeto se chamava The Marvel World of Tomorrow, mudado para Marvel 2093 (por conta do ano de lançamento), até que se estabeleceu como Marvel 2099.
Tudo começa com Homem-Aranha 2099 (Spider-man 2099), em uma sensacional sinergia de roteiro e arte.
Peter David, escritor que vinha de um longo run de sucesso nas revistas do Hulk e X-Factor (a equipe governamental de mutantes, pós-Força Federal, liderados pelo Destrutor), está muito bem inspirado com seu Miguel O’Hara, a identidade civil do novo herói, um empregado sapatênis da Alchemax, de ascendência mexicano-irlandesa, e que logo vai comer o pão que a aranha amassou (como bem sabe Peter Parker).
Os desenhos dinâmicos e estilosos de Rick Leonardi, que teve a arte-final elegante e poderosa do mestre Al Williamson na arte-final, um dos gigantes dos quadrinhos, mostra com força que a junção desses três talentos torna Homem-Aranha 2099 um material obrigatório na Marvel Comics.
Cavalieri ficou tão impressionado com os maquinários e veículos futuristas que achou que Rick construía tudo em sua garagem, tamanha perfeição de detalhes e design.
O Justiceiro 2099, publicado em Punisher 2099, é encarnado pelo policial Jake Gallows, que achou o Diário de Guerra de Frank Castle, o Justiceiro original, e decidiu continuar sua luta contra o crime.
Nesse futuro, a segurança pública é privatizada, e se você não paga por proteção policial, está sujeito a todo tipo de coisa. A revista foi escrita por Pat Mills e desenhada por Tom Morgan.
Conhecido como o “padrinho dos quadrinhos britânicos“, Mills é escritor e editor de HQs, e junto com John Wagner, promoveram uma renovação no mercado europeu durante a década de 1970, quando criaram uma revista voltada para a ficção científica: 2000 AD (1977).
Um de seus trabalhos mais consagrados foi Sláine, uma história de fantasia baseada na mitologia celta e no neo-paganismo, co-criado pela ilustradora Angela Kincaid, então sua esposa, na própria 2000 AD, e depois na arte famosa de Simon Bisley.
Pat Mills também criou a série policial futurista fascista Marshall Law (1987), com o desenhista Kevin O’Neill, para a linha Epic Comics da Marvel, onde os criadores tinham os direitos de publicação (anos antes da Vertigo da DC Comics).
Há muito de Marshall Law em Justiceiro 2099, com conceitos que estão quase chegando perto da realidade.
O motivo de Gallows se tornar o Justiceiro 2099 é que sua família inteira é assassinada por Kron Stone, o filho de Tyler Stone, o poderoso CEO da Alchemax (ele também é chefe do Homem-Aranha/Miguel O’Hara).
Nesse futuro, quem tem um Cartão Negro pode pagar para escapar de qualquer crime cometido.
É a chacina de sua família que faz Jake Gallows abrir os olhos para a distopia em que vive, e as contradições da polícia privatizada, o Olho Público, que cuida da segurança dos cidadãos que podem pagar por ela.
Doom 2099, escrito também por John Francis Moore, e ilustrado por Pat Broderick, apresenta um Doutor Destino do presente sem memória (será?) perdido nesse futuro.
Ele seria o ponto central dos acontecimentos do mundo Marvel 2099, já que escalona tanto que o personagem se torna uma espécie de “líder” dos novos heróis que começam a reaparecer, e com efeito, se torna até mesmo Presidente dos Estados Unidos (!) em certo momento, colocando Gallows no comando da segurança nacional, Miguel O’Hara como CEO da Alchemax, e até dá uma cidade para os X-Men 2099 e os mutantes, Halo City.
Ravage 2099 foi escrito pelo próprio Stan Lee e desenhado pelo artista Paul Ryan, apresentando Paul-Phillip Ravage, o CEO da ECO, uma subsidiária da Alchemax, que trabalhava no combate de poluidores.
Traído por maquinações internas criminosas, ele passa de executivo burocrata para um guerrilheiro Mad Max (!), sofre um acidente radioativo que lhe dá poderes de disparos de energia laser (!!) até se tornar uma espécie de homem-fera (!!!).
O próximo título, quase 1 ano depois dos quatro iniciais, foi X-Men 2099, de John Francis Moore e Rom Lim.
De primeira, ficou decidido que nenhum mutante conhecido seria usado (como Tempestade ou Wolverine), e, com efeito, nem mesmo eventuais descendentes.
“Os homo sapiens superior de 2099 são os primeiros de uma nova geração. Eles não se baseiam em nenhum personagem conhecido, nem mesmo nos que vieram do futuro, como Rachel Summers. Não há ligação alguma“, afirmou ele. Eles são uma classe oprimida, sem dinheiro para que seus filhos nasçam sem o fator X em seus genes.
O mundo de 2099 também teve o Ghost Rider 2099, uma versão cyberpunk Mad Max do Motoqueiro Fantasma, sem qualquer resquício místico, e ambientado em tramas que lidam com tecnologia, desmoronamento social, ciberespaço e cultura hacker. Kenshiro “Zero” Cochrane está no papel do anti-herói hi-tech, que parece um Exterminador do Futuro motoqueiro com a cabeça pegando fogo, com suas aventuras se passando principalmente na Cidade Transversal, que pega o que foi Detroit e vai até onde era Chicago — 10 andares, 20 pistas, 800 mil km, o verdadeiro Velho Oeste 2099.
O personagem foi criado por Len Kaminski e desenhos inspiradíssimos de Chris Bachalo com arte final de Mark Buckingham.
Outro título foi 2009 Unlimited, estrelado por personagens originais menores em histórias curtas, com a grande estrela pelo Hulk 2099, escrito por Gerard Jones e desenhado por Dwayne Turner, com John Einsenhart como o Golias Verde da vez, um produtor de Hollywood (é sério) transformado após uma explosão de bomba gama, tal qual Bruce Banner.
O sucesso da linha fez a Marvel criar outros derivados, como Quarteto Fantástico 2099, X-Nation 2099 e até uma Doutora Estranha 2099.
Com o passar do tempo, os escritores e desenhistas originais saíram, e o interesse do público caiu.
Vários títulos foram cancelados e nem a última revista, 2099: World of Tomorrow (1996-1997), escrita por Ben Raab com arte de Pasqual Ferry, conseguiu passar de 8 edições, deixando muitos arcos abertos e histórias em aberto. Uma edição final foi lançada, 2099: Manifest Destiny (1998), roteiro de Len Kaminski e arte de Mike McKone, onde um Capitão América do nosso presente é encontrado novamente em um estado de animação suspensa.
Com a ajuda de Miguel O’Hara, o Capitão se torna o Thor 2099 (!), reúne o Quarteto Fantástico 2099, os Inumanos 2099, os Eternos (bem, são os mesmos da atualidade, pq, né?) e vários heróis 2099 para um novo time dos Vingadores contra uma ameça cósmica.
Steve tem que se sacrificar, mas finalmente o povo de 2099 conseguem transformar a Terra em uma utopia, acabando com o domínio das corporações, e a humanidade começa a colonização do espaço.
No ano 3099 (!), um envelhecido Miguel O’Hara, que também virava um Thor 2099 (!!), reencontra o Capitão DE NOVO em estado de animação suspensa, que fica surpreso e feliz que sua última missão deu certo.
Mostrar o futuro do Universo Marvel não era novidade, como bem salienta Cavalieri na matéria, citando exemplos como a saga Dias de um Futuro Esquecido, dos X-Men, escrita por Chris Claremont com arte de John Byrne, publicada em The Uncanny X-Men 141-142, de 1981, e até antes, com os Guardiões da Galáxia originais, de Arnold Drake e Gene Colan, como visto em Marvel Super-Heroes #18 (1969), e depois na série de Jim Valentino (roteiro e arte), em Guardians of the Galaxy #1 (1989-1995).
Xi’an Chi Xan
Fantasma do Deserto
X-Man
Quando Xi’an Chi Xan, como líder dos Marginais, recusa um convite do mafioso Noah Synge para integrar o Sindicato de Nevada, uma organização criminosa, ele fica marcado para morrer.
A perseguição desgasta Xi’an, que em sua fuga passa por Saigon (nome original da Cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, até 1975, e que retorna em 2099), consegue encontrar a paz com seus demônios internos.
Lá, ele tem uma visão sobre uma nova ordem mundial pós-corporativa, e decide adotar o caminho de uma forma agressiva de não-violência.
Ele encontra Shakti Haddad, a convence a abandonar seu emprego na corporação Stark-Fujikawa, e juntos começam a recrutar mutantes pelo mundo, para a criação de uma força-tarefa, os X-Men.
É ela quem encontra Timothy Fitzgerald, seis meses antes dos eventos mostrados em X-Men #1.
Além de mutantes, Xi’an também abre espaço para degens (seres humanos mutantes com poderes criados por experiências genéticas da Alchemax) e todo tipo de pessoas nômades e excluídas a sociedade, seres perdidos e perdidas sem lugar no mundo de 2099.
De Xavier, aprendemos a ser unidos
De Magnus, as normas do combate
Del Ruiz nos ensinou sobre sacrifício
e Zhao, sobre iluminação
Esse é parte do discurso de Xi’an Chi Xan na reunião que promove com centenas dessas pessoas em um lugar afastado no deserto americano de Nevada, em um complexo militar abandonado chamado Nuevo Sol.
Além de Fitzgerald, que chegou ao local com instruções de Shakti, Krystalin e Furacão vão atrás de um mutante que estava preso Sindicato, o Asa Sangrenta, que “agradece” o resgate e recusa o convite para a reunião. Sucata, que foi colega de Xi’an nos tempos de Marginais, discorda de toda essa mentoria mutante para os mais necessitados, e acha que devem tomar tudo à força.
Noah Synge é morto, e Xi’an é implicado no assassinato, que parece teve ferimentos e danos que condizem com seu toque corrosivo mortal.
Sucata é cooptado por Lynton, o filho de Noah, e trai Xi’an, deixando um atirador entrar para matá-lo durante seu discurso. Xi’an é ferido, capangas de Synge atacam o complexo, os X-Men 2099 tem sua primeira batalha — e perdem feio –, Xi’an se autocura com um casulo involuntário, e no meio da zona dos confrontos seguintes, Asa Sangrenta aparece para salvar o dia.
Ele é ferido por Sucata, que é deixado à beira da morte por um Xi’an totalmente recuperado, que cura a asa quebrada de Asa Sangrenta com seu toque milagroso recém-despertado. Asa considera sua dívida paga e parte dali (ele iria para a Terra Selvagem, onde teria uma aventura com o Doutor Destino 2099).
Obrigatoriamente, no lore dos X-Men em geral, um personagem sempre morre na estreia de uma equipe, e dessa vez, é Tina quem perde a vida na luta contra Sucata.
A partir daqui, John Francis Moore divide a narrativa tal qual o grupo, com pequenos núcleos de 2 ou 3 personagens em suas desventuras próprias.
Asa Sangrenta é capturado pelo Teatro da Dor, uma perigosa organização sádica que tortura pessoas para vender as sensações psíquicas geradas para uma clientela de alto poder.
Os X-Men acabam no caminho deles, e Fitzgerald, Krys e Furacão são capturados por Lunática, uma perigosa vampira psíquica com superforça. É quando Timothy é torturado por ela além da conta e “enlouquece”, ficando bem mais agressivo e porra-louca.
Xi’an busca mais informações a respeito dos antigos líderes dos X-Men, e manda Krystalin para Santa Fé, atrás de outro colega Marginal, Victor Dez Águias, que pode ter encontrado o que parecem ser os X-Men originais (!).
Enquanto isso, Fantasma do Deserto e os outros vão atrás de Mama Furacão (sem relações com o velocista), uma líder mutante que, durante o Grande Expurgo, salvou muitos mutantes em Taos (cidade do Novo México).
Ela agora anda com degens, um grupo chamado Degenerados, e um deles, Contágio, acaba infectando Metálico na batalha, que opta por sair da equipe e ficar com Mama e sua equipe.
Mama Furacão dá um disquete (eram os anos 90 lá em 2099 também?) para Xi’an, que pode levá-lo a um homem chamado Condutor, que levava mutantes para um local seguro chamado Ávalon.
Na hora de ir embora, os X-Men 2099 junto com os Degenarados ainda tem que enfrentar agentes de uma bioshop, laboratórios de experiência genética, as subsidiárias da Alchemax que criam os degens.
Krystalin e Victor encontram os “X-Men originais”,que, na verdade, são mutantes aperfeiçoados por Mestre Zhao, um dos últimos grandes líderes dos X-Men, e que permanece ainda ainda vivo graças a um soropsicoativo.
O velho psiônico é imensamente poderoso, assim como louco. Quando os X-Men de Xi’an chegam para ter notícias de Krys, são confrontados pelos X-Men de Zhao, chamados de Escolhidos.
Zhao deseja obediência cega de todos, e ele mesmo diz que matou os últimos X-Men que não seguiram suas ordens, ao que Shakti confirma, ao dizer que essa é a razão de não ter mais registro mutante depois das “tempestades de fogo de Los Angeles“, um evento que não é mais abordado.
Os X-Men 2009 não são páreos para Zhao, e Xi’an Chi Xan toma uma das mais difíceis decisões de sua vida, ao permitir seu lado negro tomar posse, pois só assim conseguiria derrotar o poder mental do velho maluco.
O Fantasma do Deserto supera Zhao em uma batalha psíquica, o deixa em coma, e esse novo Xi’an não se importa mais em ser o líder dos X-Men, nem no sonho de paz entre humanos e mutantes, e deixa todos para trás (!), com equipe desfeita já no número #9.
Apenas um Timothy Fitzgerald “muito loco, meu!” (por causa de Lunática) decide acompanhá-lo, e sabe-se lá porque diabos Xi’an aceita.
Xi’an Chi Xan
Fantasma do Deserto
Marginal (de novo)
Em uma cidade do Novo México, Xi’an tem um encontro com Haiku, mais uma antiga colega dos tempos de Marginais, uma mulher-circuito, que agora vive no ciberespaço.
Ela tem rusgas sérias com Xi’an, mas consegue decifrar o disquete de Mama, e dá a localização atual de Condutor para o mutante.
Em um bar da cidade, Tim reencontra Lunática, que tinha escapado do Teatro da Dor, que por sua vez encontrou Sucata, que tinha sido vendido pelo Sindicato para uma bioshop.
Os dois estão juntos, e improvavelmente se juntam com Tim e Xi’an em sua jornada para encontrar o Condutor, que não é nada do que esperavam
No meio do deserto do Arizona, no Vale Sulphur, encontra uma enorme caixa, um silo-bloco, artefato bélico criado nas Guerras Corporativas.
O Condutor ajudava Mama Furacão no Grande Expurgo, mas quando foi ferido numa sabotagem do governo, alguém não-especificado o salvou, transformando-o em um ciborgue, e lhe dando a missão de procurar mutantes e transformá-los em dados digitais (!) para serem guardados na Garagem, nome dado ao silo-bloco.
John Francis Moore não é hábil em mostrar o que exatamente um agora maligno Xi’an Chi Xan quer com tudo isso.
Pra piorar, o Condutor quer digitalizar os quatro, e pra ferrar com tudo de vez, Amor Doentio, líder e criador do Teatro da Dor, um ser diabólico em aparência e poder (pode se inflamar e disparar energias vulcânicas), que estava atrás de Lunática, demonstra especial interesse por Xi’an.
No meio da batalha que se segue, Sucata é gravemente ferido (outra vez), o banco de dados do Condutor é danificado, bem como ele mesmo, e ele se recusa a passar informações para Xi’an (“você não é digno do legado de Xavier!“).
Amor Doentio coopta o líder dos Marginais, e o mutante abandona seus colegas para se juntar ao Teatro da Dor.
Tim assume a liderança dos X-Men 2099 a partir de agora.
Xi’an Chi Xan
Fantasma do Deserto
Teatro da Dor
A maioria dos números seguintes mostram os X-Men 2099 em aventuras em separado. Metálico e os Degenerados enfrentam Cintilante, o ex de Rosa, uma das integrantes; Furacão se vê em problemas com um antigo amigo, agora transformado em uma espécie de Coringa maluco transmorfo (!) Halloween Jack; Krys enfrenta os Radicais Livres, anarquistas contra corporações; e Asa Sangrenta enfrenta um robô gigante no deserto.
Até que os caminhos dos mutantes mais uma vez cruzam com o Teatro da Dor.
Xi’an agora está em uma posição abaixo só de Amor Doentio. Os dois recuperaram o corpo comatoso de Zhao e pretendem maximizar os poderes psiônicos do velho para expandir as torturas mentais para níveis nunca vistos.
Com efeito, Xi’an quer se tornar líder da organização, onde seu sadismo e lado negro encontraram o lugar perfeito.
No coração da Califórnia, no Vale da Morte, está localizada a sede do Teatro da Dor, que além dos X-Men, no momento tiveram que lidar com os efeitos de uma bomba gama detonada na costa oeste (em histórias do Hulk 2099), que causava terremotos na região, além da iminente chegada de agentes militares do então novo Presidente dos Estados Unidos, o Doutor Destino 2099 — que enfim descobriu sua verdadeira origem, um mercenário preso em um loop temporal que pensa ser o verdadeiro Destino.
John Francis Moore escreveu a revista Doom 2099 até o #25, e o novo roteirista, Warren Ellis — que escreveria grandes obras das HQs, como Transmetropolitan (1997–2002), Planetary (1998-2009) e Authority (1999-2002), — transforma Doutor Destino no Presidente dos EUA em sua fase na revista. Ele muda o status quo de diversos aspectos da sociedade 2099, inclusive indo contra o Mercado Vermelho, um comércio informal de agentes e criminosos (como o Sindicato de Nevada, de Noah Synge) que raptam mutantes para vender para bioshops e para experimentos, como os do Teatro da Dor.
Destino mudou muitas outras dinâmicas no país, e reativou a SHIELD, originalmente uma organização secreta militar, e agora uma força policial federal americana.
Apenas a rara aparição de todos os integrantes dos X-Men salva a pele de todos. Xi’an trai e consegue derrotar Amor Doentio (que foge para lugar ignorado) mas o mutante está tão alucinado que quer continuar seu planos a qualquer custo.
Quando está prestes a matar Tim, Lunática, com seu poder vampírico psíquico, “suga” os demônios internos dele no meio da batalha, deixando apenas uma casca vazia no lugar.
Foi o fim de certa maneira para Xi’an, que se tornou um verdadeiro fantasma.
Recuperado depois, mas sem condições de liderar os X-Men 2099.
Xi’an Chi Xan
Fantasma do Deserto
fim dos X-Men 2099
O Doutor Destino entrega a cidade de Halo City para os mutantes começarem o sonho de coexistência pacífica de mutantes e humanos, e é Fitzgerald quem segue como líder.
As aventuras seguintes mostram Xi’an como um ajudante numa policlínica médica que trata vítimas do Teatro da Dor, graças aos seus poderes de cura. Victor Dez Águias reaparece, e diz quem alguém está caçando e matando os antigos membros dos Marginais, que tem que ser novamente reunido para enfrentar o responsável: um seguidor dos “preceitos” do Matador de Idiotas (Foolkiller, personagem da Marvel criado em Omega the Unknown #9, de 1977, que teve várias pessoas assumindo o papel).
Os desenhos das edições finais são do artista Jan Duursema, bem abaixo da qualidade de Ron Lim, o que empobrece muito quando os Marginais são mostrados finalmente todos juntos em uma aventura atual, um plot que Moore trabalhou desde o primeiro número de X-Men 2099.
Enquanto isso, os X-Men enfrentavam o Saqueador de Túmulos e os Desmortos, que entre seus integrantes tinha a Serpentina e um…Gambit?
As histórias de 2099 escalonaram tanto em outros títulos que a Marvel decidiu dar mais uma revista para o universo mutante do futuro.
Em X-Nation 2099, Shakti vai atrás de um messias mutante que está prestes a surgir, que Destino quer sob seus cuidados. Sensora cria um grupo de jovens, que depois fica por conta.
Ainda há aventuras contra Exodus, inimigo dos X-Men originais, líder dos Acólitos depois de Magneto, que agora quer transformar os jovens da X-Nation em seus súditos.
A Marvel estava visivelmente perdida editorialmente nesta etapa, já que está recuperando personagens e conceitos do universo tradicional, em vez de executar criações originais.
Na última edição, X-Men 2099 #35, de agosto de 1996, os heróis enfrentam Vulcann, que se apossou do filho recém-nascido de Rosa, Joaquim, um mutante que pode ser o tal messias predestinado.
Tramas em outras revistas mostram a raça alienígena tecnoorgânica Falange se aproximando da Terra em uma nave esférica quase do tamanho da Lua (!), o que causa maremotos gigantescos no mundo inteiro.
Eles também derretem as calotas polares, e como desgraça pouco é bobagem, acontece uma invasão de atlantes, liderada por um Namor 2099.
O mundo inteiro quase vai pro saco, e no fim de tudo, os sobreviventes tem que ir para a Terra Selvagem, único lugar seco, onde Xi’an finalmente lidera a Colônia Xavier, onde mutantes e humanos vivem pacificamente.
O fim da Marvel?
Não apenas o fim dos X-Men 2099 era um período árido criativo, com no resto do lore da editora como um todo, que estava passando pela megassaga Massacre, que iria matar Capitão América, Thor, Homem de Ferro, Hulk e os Vingadores para renascerem em um reboot editorial a cargo dos artistas concorrentes da editora Image Comics — Jim Lee, Rob Liefeld, Whilce Portacio e outros — na fracassada empreitada chamada Heróis Renascem, que não passaria de 1 ano de publicações.
Quando os X-Men 2099 nasceram, Isaac Perlmutter, dono da Toy Biz, uma das maiores empresas de brinquedos da América, se casava com a Marvel, em junho de 1993.
Foi quando a editora comprou 46% da empresa, o que deu ao Isaac licença master dos personagens Marvel — exclusividade, sem royalties e caráter perpétuo. Avi Arad, da Toy Biz, se uniu a Stan Lee da Marvel para criar pontes e contatos em Hollywood. Projetos mirabolantes foram nascendo, como um filme do Homem-Aranha de James Cameron, Wesley Snipes avançava com seu projeto de Pantera Negra, com o cineasta John Singleton á frente, e até o Doutor Estranho teria um filme, pelas mãos do diretor Wes Craven, criador de franquias como A Hora do Pesadelo e Pânico.
Ainda em 1993, Arad conseguiria um contrato com a Fox para fazer um filme live action dos X-Men, um dos poucos projetos que veria a luz do dia.
No final de 1993, as ações da Marvel tiveram uma queda violenta, de mais de 60%. Era certo que a editora Marvel Comics iria falir. Apenas uma manobra de Perlmutter salvou a editora.
Habilidoso em negociações de ativos, usou bem suas propriedades de brinquedos durante o processo de bancarrota em 1996 da Marvel (quando X-Men 2099 acabou), e a sustentou financeiramente com a venda dos direitos cinematográficas de personagens à Fox Films, Universal e Columbia/Sony Pictures.
Era preciso. Em 1997, as vendas de HQs representavam apenas 17% do que eram em 1993 nas comic book shops americanas. Em 2001, Isaac tornou-se vice-presidente da Marvel Entertainment.
Mas do jeito que salva a empresa, ele também toma decisões críticas do ponto de vista criativo. Entrou em atrito muitas vezes com artistas da editora, executivos da TV e do cinema, até que a Disney, que comprou a Marvel em 2009, fez uma divisão especial para o cinema, comandada pelo chefão Kevin Feige, responsável pelos mais de 20 filmes do Marvel Studios, o que acomodou o gigantesco ego do executivo, que e é CEO da Marvel até hoje.
Os X-Men 2099 depois de 1996
Histórias posteriores dos X-Men 2099 raramente abordaram essa continuidade, com escritores reescrevendo ou ignorando fatos, e até com outras versões 2099 apresentadas, o que causa uma grande complicação estabelecer uma timeline precisa sobre os pós-acontecimentos de Xi’an Chi Xan, o Fantasma do Deserto, após o fim do título principal.
Os outros X-Men 2099 tiveram algumas aparições em especiais dos X-Men tradicionais, em encontros especiais das equipes em títulos regulares, como Timestorm 2009/2099: X-Men, onde Wolverine acaba no futuro, que parece muito diferente mostrado no fim das revistas 2099 de antes, incluindo ele mesmo velho como líder da equipe (!).
A única aparição de Xi’an Chi Xan após o fim da revista dos X-Men 2099 foi na revista Uncanny X-Men Annual #1 (2014), escrita por Brian Michael Bendis e desenhada por Andrea Sorrentino, com uma equipe um tanto diferente em design, em uma aventura com a mutante Eva Bell, dona de poderes de viajar no tempo, onde ela “caía” em diversos pontos da timeline da Marvel.
Uma oportunidade perdida aconteceu no ano seguinte, em Guerras Secretas (2015), de Jonathan Hickman, uma mega saga que acabou com diversas realidades da Marvel, restando apenas o regular 616 com alguns personagens do Ultimate.
A editora fez várias edições especiais focando em várias realidades, e Secret Wars 2099 foi reservada para um até então grupo desconhecido de Vingadores, nunca antes mostrados. O roteiro foi de Peter David e arte de Will Sliney.
Outro especial foi X-Men ´92, que mostrava aventuras passadas no universo baseado no desenho animado dos X-Men dos anos 90.
Fez tanto sucesso que ganhou título próprio após a saga, também chamada de X-Men ´92 (2016-2017), que durou 10 números. E em alguns deles os X-Men encontraram os X-Men 2099.
Aparições posteriores da equipe, como em X-Men Blue #17 (2017), revista dos X-Men originais, que na época estavam presos no tempo presente, e que nessa aventura estavam caindo em diferentes pontos da timeline, já não têm o Fantasma do Deserto no grupo.
Em 2019, a Marvel comemorou 80 anos de criação, e não passou despercebido que também faltavam 80 anos para 2099.
Por isso, uma série de edições especiais foram planejadas, a partir da revista do Homem-Aranha, que novamente encontraria o Homem-Aranha 2099, além de velhos conhecidos e alguns novatos, como até um Conan (!) 2099. Mas os X-Men 2099 foram ignorados.
A mais recente “aparição” da equipe (com o Fantasma do Deserto) aconteceu apenas como uma das capas alternativas das edições de House of X/Power of X (2019), de Jonathan Hickman, numa arte de Ron Lim inclusive.
John Francis Moore e Ron Lim
John Francis Moore, além de X-Men 2099 (#1-35 e Special #1, de 1993–1996) e Doom 2099 (#1-8, 10-15, 17-25, 43-44, de 1993–1995, 1996), fez um longo arco em X-Force (#63-76, 78-100, #-1, de 1997–2000), muitas delas com a sensacional arte de Adam Pollina, em uma fase on the road dos jovens mutantes, que teve Danielle Moonstar de volta à equipe.
Os números finais da X-Force com Moore teve desenhos de Jim Cheung. Moore também fez algumas edições de X-Men, X-Factor e Wolverine, incluindo as 4 edições de Fator X, o X-Factor da primeira saga da Era do Apocalipse.
Na DC Comics, John anota pelo menos três grandes obras de destaque: a graphic novel Batman/Houdini: The Devil’s Workshop (1993), da DC Comics, co-escrita com Howard Chaykin e desenhada por Mark Chiarello, e editada por Dennis O’Neil, com o maior detetive fictício do mundo junto com o maior mágico verdadeiro que já existiu, e Batman: Legends of the Dark Knight #42 (1993), numa grande história com a Hera Venenosa, ilustrada por P. Craig Russel.
Ele também fez uma graphic novel original para a DC Comics, Ironwolf – Fires of the Revolution (1992), uma aventura steampunk co-escrita por Howard Chaykin e com arte de Mike Mignola e P.Craig Russel.
Além de escrever títulos do Batman, Mulher-Gato, Superboy e uma revista regular de um vilão B da editora, Chronos (#1-11, #1000000, de 1998–1999), John Francis Moore também foi o responsável por introduzir o novo Senhor Destino na DC Comics, após o reboot de Zero Hora.
No título Fate (#0-4, de 1994–1995), ele apresentou Jared Stevens, numa pegada muito mais selvagem e porra-louca dos conceitos de Ordem e Caos tinham originalmente.
Curioso notar aqui que Fate/Jared Stevens, traduzido aqui como Destino, é uma releitura do Senhor Destino, herói mágico clássico da DC, o equivalente da editora para o Doutor Estranho da Marvel, muitos anos antes de Stephen Strange aparecer.
Aliás, esse é o segundo “doutor” com que John Francis Moore trabalhou, já que o nome original do personagem é Doctor Fate, paralelo legal de notar com Doctor Doom 2099, já que as duas palavras em inglês são traduzidas no Brasil como “destino”.
Moore também escreveu o título American Flagg!, criação independente de Chaykin, em uma retomada do título, em #2-12 (1988-1989), e tem um longo trabalho em séries de televisão, com roteiros escritos para The Flash (1990-1991), Superboy (1990), Human Target (1992), os três da DC Comics/Warner, sendo que no Flash era produtor executivo, e Writer e Viper, ambos de 1994.
Ronald Lim fez uma longa carreira em títulos cósmicos na Marvel durante os anos 1990. Trabalhou no título Silver Surfer, a revista do Surfista Prateado, por quase 6 anos, em 75 edições (#15–20, 22–31, 33–38, 40–57, 60–65, 73–82, 89, 91, 92, de 1988 a 1994).
Lim foi o responsável pela maior parte gráfica da Trilogia do Infinito: fez segunda metade (a primeira foi do desenhista George Perez) de Desafio Infinito (1991), de onde o Marvel Studios tirou a maior parte da inspiração para seu longo run cinematográfico de Homem de Ferro (2008) a Vingadores 4 – Ultimato (2019); fez toda a arte de Guerra Infinita (1992), de onde a Marvel Studios tirou o nome do terceiro filme dos Vingadores; e Cruzada Infinita (1993).
Lim Também desenhou a Captain America (#366, 368–378, 380–386, de 1990–1991), o título J2 (#1–12, de 1998–1999), uma revista do filho do Fanático (!) em outro futuro alternativo da Marvel, o MC2, criado pelo escritor e editor Tom DeFalco, além de edições de Cable, Quarteto Fantástico e até Conan.
Das 35 edições de X-Men 2099, Ronald desenhou 31. Ele ainda faz trabalhos para a Marvel, principalmente capas, como títulos do universo Homem-Aranha, Shang Chi – O Mestre do Kung-Fu até Alien, franquia cinematográfica que agora pertence à Disney, dona da Marvel, e que tem uma nova linha de quadrinhos publicada oela editora.
Na DC Comics, Rom Lim fez títulos do Superman, Flash, Lanterna Verde, Gavião Negro, a minissérie Rann/Thanagar: Holy War (#1–8) e vários números da Sovereign Seven (#7-11, 13–4, 17–19, 21–36, de 1996–1998), o título do escritor Chris Claremont para a DC Comics, pós-saída dos X-Men de Jim Lee.
Tal qual a bombástica chegada de Jack Kirby no começo dos anos 1970 na DC, após o artista co-criar a maior parte do Universo Marvel com Stan Lee, era para Chris construir uma poderosa marca, não foi o que aconteceu.
Seven era desenhado por Dwayne Turner (Hulk 2099), e tratava de aliens da realeza de seus mundos, que se viam perdidos na Terra, à procura do que aconteceu em seus planetas. A ideia original de Claremont era de que na verdade eram pessoas de diferentes Terras alternativas, mas em 1995, a DC ainda mantinha o conceito de multiverso morto, o que ajudou a capar criativamente Claremont.
E a série pouco conseguiu se destacar nos abalos sísmicos do impacto visual que uma terceira editora provocava ao redor da Marvel e DC.
O desenhista coreano abandonaria também a Marvel para fundar a editora Image Comics, junto com outros desenhistas superstars de vendas e popularidade, como Todd McFarlane, Marcl Silvestri e Rob Liefeld (é, pois é), que como já dito, ajudou a alterar, melhorar e afundar o mercado ao mesmo tempo.
Anos 90.
Impossível explicar direito.
/ INSPIRAÇÃO DO FANTASMA DO DESERTO. O uniforme do Fantasma do Deserto vem diretamente de Lawrence da Arábia, um clássico do cinema, filme de David Lean de 1962, com Peter O’Toole, Alec Guinness, Omar Sharif e Anthony Quinn. O uniforme de Lawrence é baseado por sua vez nos uniformes dos soldados franceses da Legião Estrangeira, que popularizaram o uso de quepes com panos laterais para se proteger do calor do sol do deserto argelino nos anos 1830.
/ DUPLA PERSONALIDADE. Xi’an Chi Xan foi criado no mesmo mood que outro personagem que era um sucesso gigantesco nos anos 90. Tal qual, também era oriental (mas era grego na verdade), e também estava em cargo de liderança entre heróis e vilões. O inesquecível Saga, Cavaleiro de Ouro de Gêmeos, que também era o maligno Mestre Ares, o Grande Mestre do Santuário de Atena, um dos pilares do anime Cavaleiros do Zodíaco (1986-1989) em sua fase clássica. O Destrutor reverencia a obra com o destaque da arte de um dos melhores character design da indústria, Shingo Araki.
SHINGO ARAKI | Elegância, poder e cinética dinâmica em desenho animado
/ CEO DA ALCHEMAX. De acordo com Peter David, o verdadeiro CEO da Alchemax era ninguém menos que Peter Parker, o Homem-Aranha original, ainda vivo em 2099, mas a ideia foi vetada na época.
O verdadeiro cabeça, Avatarr, se revelou na verdade um alien qualquer disfarçado. David retomaria esse plano na trama apresentada em Spider-Man: Edge of Time (2011), game lançado para os consoles Nintendo Wii, 3DS e DS, Xbox 360 (Microsoft) e PlayStation 3 (Sony), onde Parker é revelado como o CEO da empresa em uma das aventuras.
Ele até repetiu de certa maneira o plot no título Spider-Man 2099 (2017), onde mostra que o CEO da vez era um envelhecido JJ Jameson, antigo chefe de Parker (na verdade, um Skrull disfarçado).
/// RENOVAÇÃO. É interessante notar uma espécie de renovação que a Marvel promove nas décadas após a criação do Homem-Aranha, no sentido de jovem herói em aventuras cimentadas na realidade e mood da época.
O Homem-Aranha/Peter Parker foi criado em 1962 por Stan Lee e Steve Ditko em Amazing Fantasy #15.
Nos anos 1970, o escritor Marv Wolfman trouxe sua criação juvenil para dentro da Marvel, Richard Rider, o Nova, que emulava todas as características de Peter Parker, em The Man Called Nova #1 (setembro de 1976), com desenhos de John Buscema (capa de Rich Buckler e Joe Sinnot).
Nos anos 1980, foi o Speedball, criado por Roger Stern e Ditko de novo, em Amazing Spider-Man Annual #22, de maio de 1988.
Os anos 90 viram o próprio Homem-Aranha 2099.
Nos anos 2000 (apesar de não ser o início da década, e sim o final dos anos 1990), o escritor Brian Michael Bendis e o desenhista Mark Bagley criaram o Peter Parker do Universo Ultimate, onde a Marvel renovou toda a linha de seus personagens.
Nos anos 2010, não houve apenas um, mas vários jovens heróis. O mesmo Bendis criou com Sara Pichelli outro Homem-Aranha, o negro e hispânico Miles Morales, em Ultimate Fallout #4, de agosto de 2011, ainda no Universo Ultimate.
Em novembro do mesmo ano, estreou no universo regular o jovem Nova, Sam Alexander, de apenas 13 anos, também de ascendência latina, em Marvel Point One #1, roteiro de Jeph Loeb e arte de Ed McGuinness. Loeb batizou o nome do personagem em homenagem ao seu filho que morreu de câncer.
Em agosto de 2013, a escritora G. Willow Wilson, também jornalista e ensaísta política, convertida ao islamismo, criou a paquistanesa Kamala Kahn, a jovem Miss Marvel, de 16 anos, em Captain Marvel #14, também no universo regular da editora, com desenhos de Adrian Alphona. Agora que os anos 2020 começam, ficamos no aguardo de quem virá.
/ EXCELÊNCIA. É preciso destacar mais uma vez a amplitude do trabalho de Peter David, Rick Leonardi e Al Williamson em Homem-Aranha 2099.
As imagens do encontro dele contra Thanatos, um inimigo do herói, uma versão alternativa de Rick Jones, personagem recorrente em histórias do Capitão América, Capitão Marvel e Hulk, em uma pegada espartana futurista dimensional (!), é dos mais legais das HQs dos anos 90.
/ FOLHA 2099. O universo 2099 estava fazendo tanto sucesso por aqui que saiu matéria a respeito do Justiceiro 2099 e a estreia dele na estreia da revista dos X-Men 2099 até na Folha de S Paulo. O texto é assinado por Gabriel Bastos Júnior e pode ser lido aqui, ou abaixo.
Duas edições especiais chegam às bancas para agitar o fim de mês dos fãs de super-heróis. ‘Justiceiro 2099’ e ‘Super-Homem Além da Morte’.
A aventura do Justiceiro vem firmar um pouco mais as características do personagem no universo (como se costuma chamar o ambiente das HQs) 2099. Serve também para amenizar a passagem de suas histórias para a revista ‘X-Men 2099’, que estréia em agosto. Antes elas saíam na ‘Homem-Aranha 2099’. As aventuras no ano de 2099 são a mais recente criação da editora americana Marvel e chega por aqui pela Abril Jovem.
Apresenta um futuro ‘high tech’ para o mundo dos super-heróis (todos mortos) onde a polícia oficialmente só atende a quem paga pela segurança.
A história de Jake Gallows, o novo Justiceiro, é quase igual à original. Ele é um policial que tem sua família assassinada e resolve impor sua própria justiça. Não falta nem o ajudante genial, mestre em computadores –Matt (o atual é Microship).O melhor da história é o arsenal do novo herói. Ele veste um ‘traje exomuscular’ e adora uma pistola Magnum calibre 54 fabricada em 2015 que dá 240 tiros por minuto. O Justiceiro foi criado em 1974 por Gerry Conway e Ross Andru para ser coadjuvante do Homem-Aranha. Só se tornou um sucesso a partir de 1985, quando foi reformulado por Steven Grant e Mike Zeck. Hoje é um dos personagens mais populares da Marvel.
Além da morte
A saga do homem de aço continua em ‘Super-Homem Além da Morte’ –edição especial, também da Abril Jovem.
Nela o pai adotivo de Clark –Jonathan Kent–, em coma no hospital depois de um infarto, enfrenta demônios para convencer seu filho a enfrentar a morte. O fim da aventura mostra a primeira aparição dos quatro ‘novos super-homens’, que chegam para substituir o defensor de Metrópolis.“
Obrigado por ler até aqui!
O Destrutor é uma publicação online jornalística independente focada na análise do consumo dos produtos e tecnologia da cultura pop: música, cinema, quadrinhos, entretenimento digital (streaming, videogame), mídia e muito mais. Produzir matérias de fôlego e pesquisa como essa, mostrando todas essas informações, dá um trabalhão danado. A ajuda de quem tem interesse é essencial.
Apoie meu trabalho
- Qualquer valor via PIX, a chave é destrutor1981@gmail.com
- Compartilhe essa matéria com seus amigos e nas suas redes sociais se você gostou.
- O Destrutor está disponível para criar um #publi genuíno. Me mande um e-mail!
O Destrutor nas redes: Instagram do Destrutor (siga lá!)
Todas as imagens dessa matéria têm seus direitos reservados
aos seus respectivos proprietários, e são reproduzidas aqui a título de ilustração.
LEIA TAMBÉM: