Forge faz parte dos X-Men, e é um milhares de personagens da Marvel Comics, um integrante regular da equipe mutante mais famosa e querida da editora.
O personagem acaba por representar vários aspectos culturais em um sensacional mix criativo de seu idealizador, o escritor Chris Claremont, o roteirista-arquiteto das histórias dos heróis mutantes por mais de 16 anos, em diversos títulos dos anos 1980.
Forge é um nativo-americano Cheyenne xamã mutante inventor ex-militar e cyborg, e apareceu pela primeira vez em Uncanny X-Men # 184 (1984), roteiros de Claremont, desenhos de John Romita Jr., arte-final de Dan Green e edição de Ann Nocenti.
Seu nome real é desconhecido. Dizem que Chris Claremont o chamaria de Daniel Lone Eagle, e há menções de Jonathan Silvercloud em outros sites especializados, mas isso nunca apareceu nas HQs.
O design do personagem invariavelmente é apresentado no uniforme padrão dos X-Men (azul/amarelo), com alguns detalhes de vestimenta indígena, a perna biônica exposta na altura das coxas e uma faixa vermelha de Rambo na cabeça, complementada com uma metralhadora ou arma maior ainda em mãos.
É bem comum ele carregar até mais armas e outros apetrechos. O visual foi sedimentado quando o desenhista Jim Lee fez a arte do personagem, em 1990, e que permanece até hoje
Forge tem capacidade atléticas e militar treinado, além de expert em tecnologia e armamentos que, com seu poder mutante, é elevado a níveis ilimitados.
Seus ensinamentos de feitiçaria o permite viajar pelo Plano Astral (a dimensão onde ficam os pensamentos), criar aberturas de portais interdimensionais, roubar almas ou invocá-las do além e muito mais.
Meu poder é minha mente. Lá no fundo. É onde eu vivo. É onde eu posso ser um super-herói. Eles não entendem o que não podem ver…mas eu posso. Eu vejo tudo. E vejo as coisas antes delas se tornarem reais. Isso sempre começa com um problema. Um problema impraticável e impossível. Então…eu resolvo. Eu faço funcionar. Eu mexe e remexo. Faço algo do nada. Eu preparo soluções a partir do nascimento. E quando elas crescem e se desenvolvem, eu as trago para o mundo. Eu sou Forge. Eu faço o impossível real.”
Texto de Jeff Lemire, em Extraordinary X-Men #18 (2017)
Vários escritores já tentaram “explicar” o poder do personagem, sem sucesso. Uma delas é de que sua habilidade de mutante é uma percepção visual da “energia mecânica” que as coisas emitem, presentes em componentes construídos pelo homem.
Importante citar que a genialidade de Forge o enfileira junto ao Senhor Fantástico/Reed Richards e Homem de Ferro/Anthony Stark — nenhum deles com poderes sobre esse aspecto.
Eles conscientemente pensam, organizam e executam seus processos em sua genialidade, enquanto Forge, graças ao seu poder mutante, muitas vezes dá esses passos de modo subconsciente.
Forge nunca foi um dos X-Men principais no lore da mutantade, mas foi peça essencial muitas vezes na equipe, e sem sua presença, muito do que hoje é icônico na franquia seria impossível de ser alcançado.
Cheyenne
Antes de tudo, Forge é um Cheyenne. Eles eram caçadores nômades de búfalos nas terras que viriam a ser conhecida como América, e com a introdução do cavalo, prosperaram nas planícies.
Os Cheyenne eram organizados e tinham renomados guerreiros, grande espiritualidade e valores éticos, uma das tribos mais famosas na América Nativa.
Uma das maiores atrocidades cometidas contra eles ocorreu em Sand Creek, em 1864, quando foram assassinados pelo Governo Americano, que deseja o ouro de suas terras.
Uma grande porção de terras, que abrangia parte dos estados do Colorado, Wyoming, Nebraska e Kansas, eram de propriedades dos índios Cheyenne e dos índios Arapaho.
Mesmo quando aceitaram se mudar, dar 90% das terras e se estabeleceram onde foram ordenados, foram vítimas de uma atrocidade.
Mulheres foram estupradas e feitas em pedaços, e nem crianças e nenéns foram poupados. Nunca houve qualquer julgamento a respeito contra os responsáveis.
Vale citar que, anos depois, em 1876, os Cheyenne, Sioux e Arapaho aniquilaram o Exército dos EUA e o General Custer na Batalha de Little Bighorn.
Os índios estavam unidos sob a influência dos também famosos líderes indígenas Touro Sentado (Sitting Bull) e Cavalo Louco (Crazy Horse). Tornou-se o mais famoso incidente nas Guerras Indígenas nos Estados Unidos.
Um dos filmes mais famosos de faroeste, Crepúsculo de Uma Raça (1964), de John Ford, é exatamente sobre os Cheyenne.
Os pais de Forge nunca foram revelados, mas ele foi criado por seu avô Nazé, um poderoso xamã que o instruiu nas artes místicas de seu povo.
Na Guerra do Vietnã
Mas quando Forge alcançou a maioridade, ele decidiu se alistar no Exército. Era a época da Guerra do Vietnã, e Forge foi alocado direto na linha de frente dos confrontos.
Sua participação não passou despercebida pelas autoridades. Em um flashback visto em Uncanny X-Men #262 (1990), escrita por Claremont e desenhada por Kieron Dwyer, descobrimos que Forge, já com a patente de sargento, chamou a atenção de Nick Fury, que na época já tinha a SHIELD em operação — uma organização mundial secreta militar e de espionagem.
O caolho pediu para que um comandado seu, Harry Malone, abordasse Forge para se juntar a eles, mas o índio preferiu continuar na guerra.
Em uma determinada missão, toda a unidade militar de Forge foi emboscada e massacrada por vietcongs. Nove soldados morreram.
Desesperado para vingar seus irmãos de armas, Forge invocou perigosos feitiços místicos, e usando a energia dos mortos, conseguiu se vingar dos vietcongs. Isso teria um preço terrível no futuro.
Pouco tempo depois, ainda abalado pelos acontecimentos, Forge se distraiu em outra missão, e durante um ataque de avião B-52, perdeu a perna e a mão direita.
Já temos aqui dois pesos em sua construção psicológica: o que renega o passado, mas recorre a ele em momentos de necessidade, e o de deficiente físico.
A Marvel ainda não detalhou como se deu esse acidente de mutilação de Forge, tampouco como se deu o retorno dele aos EUA, e menos ainda quando ele descobriu seu dom mutante de invenção, o que deve ter ajudado ele a construir uma mão e perna biônicas.
Inventor de armas para o Governo Federal
Forge tem o dom de inventar qualquer coisa, ainda que isso seja completamente subjetivo em seu cerne. Digamos que ele é muito genial em construções, mecânica, eletrônica e outros aspectos que envolvam tecnologia.
Tanto é que inventou uma mão e perna biônicas. Talvez pelo seu passado militar, Forge começou a fabricar armamentos, e as autoridades americanas se aproximaram dele.
E, com efeito, Forge acabou como inventor de armas para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DARPA). Vale citar que na época Tony Stark, o Homem de Ferro, tinha parado de fornecer armas para o Governo Federal.
E é neste contexto em que Claremont o apresenta em Uncanny X-Men #184, quando Valerie Cooper, uma assistente presidencial para assuntos super-humanos, junto com Raven Darkholme (a terrorista mutante Mística disfarçada de agente federal), o procuram atrás de uma arma que possam usar contra mutantes. As duas personagens seriam da maior relevância para Forge no futuro.
Os X-Men e os Espectros
Na época, a mutante Vampira era suspeita de ter assassinado um agente da SHIELD, e estava recém-integrada aos X-Men. Henry Peter Gyrich, outro agente federal, ligado diretamente do Conselho de Segurança Nacional — e chefe de Forge no trabalho –, se apossa de uma arma neutralizadora de poderes, criada por Forge.
Gyrich queria capturar Vampira. Com esse Neutralizador. E Forge é terminantemente contra, pois a arma está em testes.
Na aventura que é desenvolvida por Chris Claremont, com desenhos de John Romita Jr., mostrada em Uncanny X-Men 184-185 (1984), é Tempestade quem é atingida pelo disparo da arma, quando tenta salvar Vampira.
Se sentindo culpado, Forge leva Tempestade para ser tratada em sua casa, o enorme edifício Ninho da Águia (Eagle Plaza), em Dallas, Texas.
Uma atração fortíssima nasceu entre os dois, e eles se envolvem romanticamente, até Ororo descobrir que Forge foi quem criou o Neutralizador.
É demais para ela e Forge a vê partir sem nada poder fazer. É uma edição clássica dos X-Men, apresentada em Uncanny X-Men 186 (1984), com desenhos de Barry Windsor-Smith.
Ainda na mesma noite da partida, Tempestade tem que enfrentar Espectros num beco da cidade, e decide retornar para o Ninho da Águia, para ajudar Forge do perigo.
Os aliens já sabiam da existência do Neutralizador e queriam matar o inventor mutante antes dele representar mais problemas no futuro.
Isso é mostrado em Uncanny X-Men 187-188 (1985). Além de Forge e Tempestade e outros X-Men, temos a Nova Mutante Magia (Illyanna Rasputin) e Amanda Sefton, duas personagens místicas recorrentes desse núcleo mutante mágico. Também temos Nazé, em sua primeira aparição nas HQs.
Em Uncanny X-Men #198 temos mais uma aventura de Tempestade com arte do Barry, outra edição clássica, vale citar.
Guerra dos Espectros
No contexto da Guerra dos Espectros, que encontra seu desfecho na revista do Rom, o Cavaleiro do Espaço, nas edições #61-66 (1984).
Forge decide não entregar o Neutralizador que criou para o governo, pois teme que ele seja usado contra a comunidade de super-heróis da Terra.
Mas com a aproximação do conflito, Forge cede e ajuda Rom, ao construir um impensável Neutralizador gigante em órbita no espaço.
Energizado pelo próprio Neutralizador do Rom, os Espectros são finalmente banidos para o Limbo. Para não atingir os super-heróis, o raio gigante não foi mirado na Terra, e sim no mundo natal dos aliens, que se aproximava do nosso planeta. O raio anulou toda a magia dos Espectros, fonte vital para a sobrevivência deles.
A saga foi escrita por Bill Mantlo, e nesse encerramento teve arte de Steve Ditko, um dos artistas mais importantes da indústria dos quadrinhos de super-heróis, co-criador do Homem-Aranha e Doutor Estranho, da Marvel Comics, e Questão, da DC Comics, além de dezenas de outros.
Queda de Mutantes
A saga A Queda de Mutantes é quando os X-Men enfrentam o Adversário, uma entidade extradimensional que pretende exterminar a Terra. O run acontece em The Uncanny X-Men #225-227, X-Factor #24-26 e New Mutants #59-61, de janeiro a março de 1988.
O Adversário possui Nazé, que manipula Tempestade de modo a Forge ser morto por ela. Com efeito, ela o esfaqueia, pensando que ele estava abrindo um portal para o inferno. Na verdade, o índio mutante tentava fechá-lo, para impedir a entrada do Adversário em nosso mundo.
O vilão consegue manipular o tempo e espaço com a abertura do portal, e provoca um grande terremoto temporal na cidade de Dallas, de onde pretende afundar o mundo inteiro no caos.
Presos em outra dimensão, Forge usa partes de sua perna biônica e constrói uma nova arma “des-neutralizadora”, e reverte os efeitos que anulou os poderes de Ororo Munroe.
E novamente Tempestade é a Rainha dos Ventos.
Com seu poder de volta, Tempestade energiza um portal que Forge conjurou, e eles conseguem retornar para a Terra, onde se juntam aos X-Men para combater o Adversário numa luta terrível, que custa a vida dos 8 x-men + Madelyne Pryor.
Ela é a ex-esposa de Scott Summers, o Ciclope, que junto com os x-men originais formavam o X-Factor na época.
Pois para destruir o poderoso Adversário, que penetrou em nosso mundo graças à fissuras na realidade causada pelo encanto místico de anos atrás que Forge executou no Vietnã, ele tem que sacrificar 9 vidas, tal qual foi o encanto de vingança com as 9 almas de seus colegas soldados no original.
A “morte” dos X-Men foi um grande acontecimento no Universo Marvel, e o fato reverberou por diversos títulos — até porque a morte foi televisionada para o mundo inteiro.
Assim, Forge teve que escapar da morte certa das mãos de Magia/Illyanna Rasputin, que queria vingança pela morte do seu irmão, o x-man Colossus. Essa história é contada em The New Mutants #65 (1988), com roteiro de Louise Simonson e arte de Bret Blevins.
Não fosse a “intervenção” da Força Federal, o índio certamente morreria. A Força Federal era uma equipe de black-ops mutantes formada pelos ex-criminosos da Irmandande de Mutantes, liderada por Mística.
A vilã é mãe adotiva de Vampira, e a despeito da Força Federal querer prender os X-Men por não assinarem o Ato de Registro Mutante, a transmorfa a visita e a alerta para ficar longe de Dallas, EUA, onde a mutante vidente Sina previu que acontecimentos fantásticos e trágicos aconteceriam.
O roteiro de Chris Claremont e a arte de Marc Silvestri, já no auge de sua excelência narrativa e gráfica, e a arte-final de Dan Green, que como sempre, só enriqueceu esse trabalho. O trabalho de Green merece ser melhor posicionado inclusive, como grande artista.
Importante dizer que na ocasião da morte dos X-Men, a entidade Roma, Guardiã do Omniverso, salvou as almas dos heróis, e os restabeleceu.
Como “efeito colateral”, os 8 mutantes ficaram invisíveis a sistemas de gravações eletrônicas como câmeras e até mesmo por meios místicos.
Os X-Men agora eram apenas reais ao vivo, o que aumentou a lenda deles na mitologia Marvel.
Nesse ponto, é preciso frisar que a equipe dos X-Men manterá um line-up que se revelaria um dos melhores de toda a X-história: quatro homens e quatro mulheres, com Wolverine e Tempestade dividindo a liderança do grupo; a inglesa Betsy Braddock (que se tornaria a poderosa telepata Psylocke); a cantora mutante Cristal, com poderes de absorver som e transformar em luz; e a Vampira, veterana da equipe, completando a porção feminina do grupo.
O lado dos homens tem Colossus, o homem blindado russo, preso em sua forma de aço, devido a ferimentos causados na saga Massacre de Mutantes, e Longshot, um dos poucos integrantes não-mutantes a fazer parte dos X-Men, além de Alex Summers, o Destrutor, irmão de Ciclope.
São dois fortões — uma é ladra de poderes ainda –, um canhão humano de plasma, uma atiradora laser, uma deusa do clima, um puta sortudo, uma máquina de matar e uma telepata para coordenar todo mundo. Não tinha como errar.
A desintegração dos X-Men
Depois da saga Inferno (que estranhamente tem a total ausência de Forge, a despeito de seus poderes místicos), Chris Claremont decide desmontar peça por peça os X-Men, matando todos do grupo em definitivo, em (mais) uma sequência épica de acontecimentos.
Em The Uncanny X-Men #246-247 (1989), temos os X-Men lutando contra o Molde Mestre, um Sentinela que é capaz de fazer outros Sentinelas, que tinha sido destruídos anos atrás (Uncanny X-Men #16, de 1965), que estava fundido com um ultrasentinela do futuro, Nimrod, que surgiu em Uncanny X-Men #191 (1985).
Vampira é sugada para dentro do Portal do Destino, um artefato místico, dado aos X-Men por Roma. Quem o adentra, renasce com novas memórias em uma nova vida.
Em The Uncanny X-Men #248 (1989), Longshot abandona a equipe para procurar seu verdadeiro eu.
Na mesma edição, os X-Men enfrentam a vilã Babá e o Fabricante de Órfãos, e Destrutor dispara uma poderosa rajada de plasma na nave da vilã — inadvertidamente, ele mata Tempestade.
Essa edição tem desenhos de Jim Lee, um artista que conseguiria ser ainda mais dinâmico e cinético que Marc Silvestri, e que se tornaria o grande representante do design a ser seguido nos anos 1990 nos quadrinhos de super-heróis.
Rei das Sombras
Em Uncanny X-Men #253 (1989), também roteiro de Claremont, o vilão Rei das Sombras retorna. Trata-se de uma poderosa entidade psíquica maligna que vive no inconsciente coletivo da humanidade.
Ele assume o controle do corpo do agente do FBI Jacob Reisz, e coloca um longo plano de vingança contra o Professor Charles Xavier e seus X-Men em ação, desde sua derrota em Uncanny X-Men #117 (1978), escrita por Chris e desenhada por John Byrne.
O vilão sempre quis controlar controlar Tempestade, e foi essa intenção do vilão em querer Ororo que fez Forge ter contato com o Rei das Sombras, quando o índio estava em sondagens pelo Plano Astral.
Forge é derrotado no encontro, mas descobre que Tempestade está viva — e, consequentemente, os outros X-Men também podem estar. Na mesma revista, descobrimos que Tempestade está viva, mas regredida à forma adolescente.
Forge nos X-Men?
Pouco tempo depois, Forge é convocado por Valerie Cooper para ir com a Força Federal para a Ilha Muir, região da Escócia, onde tentariam proteger a geneticista Moira MacTaggert, conforme mostrado nas edições de Uncanny X-Men #254-255 (1989).
Lá, uma equipe improvisada do que restou dos X-Men e associados, como Banshee/Sean Cassidy, Amanda Sefton, Lorna Dane/Polaris e alguns Morlocks, mais a Força Federal, enfrentam os Carniceiros, que foram pra ilha matar qualquer um relacionado aos X-Men.
Temos aqui uma das capas mais icônicas dos X-Men do final dos anos 1980, quando os poucos que restaram tiveram que se unir para sobreviver. E Forge está em “destaque como líder”
Na luta, o ciborgue Racha-Crânio é destruído por Forge, mas Sina é morta pelo poderoso e louco mutante psíquico Legião, que é David Haller, filho de Xavier e Gabrielle Haller.
Antes de ser morta, Sina salvou a vida de Forge, ao mandá-lo para longe de Legião, e pedir que cuide de Mística.
A busca pelos X-Men
Depois da luta, Forge e Banshee formam uma parceria para realizar uma busca pelos X-Men mortos e perdidos. Essa fase é muito legal, com a dupla rodando o mundo atrás dos heróis.
Em Uncanny X-Men #259 (1990), Moira tenta fazer o Legião (temporariamente são) usar o poderoso equipamento de rastreio mental de mutantes Cérebro para encontrar os X-Men perdidos, e o Rei das Sombras acaba encontrando David, aumentando assim sua zona de influência.
No refluxo mental, mais uma vez Forge consegue perceber que Ororo está viva.
Em Uncanny X-Men #263-264 (1990), temos Forge, Banshee, Jean Grey (na época com o X-Factor), mais Peter Nicholas, que nada mais era do que Colossus renascido do Portal do Destino, enfrentando os Magistrados de Genosha, e Morlocks renegados liderados por Masque. As artes são de Bill Jaaska. São nessas edições que sabemos mais a respeito de Forge e seu passado no Vietnã.
Em uma situação paralela nessas edições, temos o Coronel Alexei Vazhin, da KGB (agência secreta de inteligência soviética) tem um encontro com Valerie Cooper.
O militar já tinha detectado as ações do Rei das Sombras e estava apreensivo sobre o alcance do poder do vilão, e queria saber o que a comunidade de super-heróis americanos sabia a respeito.
A surpresa de Valerie Cooper em encontrar Alexei Vazhin é salutar, ainda mais na comparação que ela faz — “James Bond, Nick Fury e George Smiley em um só”.
Alexei quer saber mais das várias divisões e facções mutantes estabelecidas na América. Ele sabe que a questão não se trata mais sobre criminosos comuns, mas de forças políticas e militares que querem dominar o mundo.
Em Uncanny X-Men #265-266 (1990), vemos Valerie Cooper já dominada pelo Rei das Sombras/Jacob Reisz. Aqui também o vilão cria os Farejadores, seres humanos escravos com níveis de perversidade extremos.
A pequena Ororo Munroe, ainda sem memórias de seu passado, leva uma vida de ladra, mas o Rei das Sombras a quer.
A menina só sobrevive graças a outro misterioso ladrão, Gambit, na estreia dele do Universo Marvel. Em pouco tempo, os dois ladrões se tornam amigos inseparáveis. As artes são de Bill Jaaska e Jim Lee.
Na saga Days of Future Present (1990), apresentada nas edições Fantastic Four Annual #23, New Mutants Annual #6, X-Factor Annual #5 e X-Men Annual #14, Forge e Banshee finalmente encontram alguns dos X-Men perdidos, em uma aventura épica dos X-Men, X-Factor, Novos Mutantes e Quarteto Fantástico, com ligações com a realidade distópica de Dias de um Futuro Esquecido, Rachel Summers e a primeira aparição de Ahab, líder dos Farejadores (muito similar aos do Rei das Sombras, mas referenciados bem antes), que aqui são mutantes escravizados, caçadores de outros mutantes.
É nessa saga que Forge reencontra Tempestade, agora uma menina adolescente, muito diferente da mulher adulta que ama.
Forge nos X-Men!
Logo em seguida, em Uncanny X-Men #270-273 (1990), começa a saga Programa de Extermínio, onde os X-Men, X-Factor e Novos Mutantes são perseguidos pelos Magistrados de Genosha.
Tempestade retorna à sua forma adulta aqui, o Destrutor renascido é descoberto (como um Magistrado!) e Forge e Banshee finalmente integram a equipe dos X-Men.
No fim da saga, vemos Jean Grey usando o Cérebro para tentar achar os outros X-Men perdidos, e ela tem um rápido encontro com o Rei das Sombras. Ela só não morre porque Psylocke a salva.
Nesse ponto, a formação é com Tempestade como líder, Wolverine, Gambit, Forge, Banshee, Jubileu e Psylocke. Em Uncanny X-Men #275 (1991), Tempestade lidera esses X-Men ao espaço em busca do Professor Xavier, que estava com os Piratas Siderais e envolvido nas intrigas palacianas do Império Shiar desde os eventos de Uncanny X-Men #200 (1985).
O primeiro encontro de Forge com o Professor Xavier se dá nessa aventura do espaço.
No fim das lutas, Xavier decide retornar para a Terra exatamente porque sentiu uma presença residual do Rei das Sombras quando reencontrou sua aluna Tempestade.
Rei das Sombras e a Saga da Ilha Muir
Em Uncanny X-Men #278, os X-Men decidem ir para a Ilha Muir se preparar para o combate contra o Rei das Sombras, enquanto que Xavier vai atrás do veículo oficial dos X-Men, o Pássaro Negro, na época, com a equipe Excalibur (que não participou também da saga do Rei das Sombras, a despeito de serem formados por X-Men).
O vilão controla Peter Nicholas/Colossus para tentar matar Xavier, que consegue contornar a situação e liberta seu aluno russo. Em X-Factor #69 (1991), roteiro de Fabian Nicieza e arte de Andy Kubert, temos aquela que é a parte final da Saga do Rei das Sombras.
É a última peça dos trabalhos de Chris Claremont na desmantelação e reunião total dos mutantes, iniciada em diversos eventos como Massacre de Mutantes, Queda de Mutantes e Inferno, além das mortes e renascimentos por conta do uso do Portal do Destino.
O começo da revista mostra Xavier reunindo os x-men originais — o X-Factor — com a ajuda de Alexei Vazhin, além de autoridades americanas e soldados da SHIELD, para fazer uma força-tarefa para invadir a Ilha Muir e derrotar de uma vez o Rei das Sombras.
O problema é que o agente do FBI Jacob Reisz e Valerie Cooper também estão com eles, deixando o Rei das Sombras à par de todos os planos, já que nem Xavier nem Jean sente sua presença. Além disso, os X-Men que foram antes para a ilha já estão sendo derrotados e dominados mentalmente.
Não fosse por Forge, que desenvolveu uma forma de bloquear a influência mental do vilão, tudo estaria perdido antes de começar.
Reisz se revela como o Rei das Sombras e tenta matar Xavier, e pede para que Valerie dê um tiro nele. Mas ela era na verdade Mística disfarçada, que mete um tiro na cabeça do agente.
Com isso, o vilão passa integralmente para o Legião, que simplesmente explode a ilha Muir inteira. A maioria dos X-Men, X-Factor e agentes da SHIELD ficam fora de combate. A situação fica tão crítica que Alexei Vazhin considera fazer um ataque nuclear na ilha para aniquilar qualquer possibilidade de sobrevivência do vilão.
Com muito custo, Forge consegue usar a adaga psíquica de Psylocke em Lorna Dane/Polaris, que era o nexo físico para o Rei das Sombras ficar em nosso mundo. Sem essa âncora, o Rei das Sombras é derrotado por Xavier no Plano Astral novamente.
A edição seguinte, X-Factor #70, seria emblemática por ser o ponto zero para uma nova fase dos X-Men e do X-Factor. O número seguinte de X-Factor seria uma equipe totalmente reformulada, com mutantes a serviço do governo, liderados por Destrutor (e Forge mais pra frente).
Os X-Men teriam duas revistas, a já clássica Uncanny X-Men e outra intitulada simplesmente X-Men, essa com desenhos de Jim Lee.
Em X-Men #1-3 (1991), temos a fatídica aventura de Claremont nos X-Men, bem como o próprio Forge.
Xavier reabre a Escola, os x-Men originais retornam e se juntam aos outros, e agora temos 2 equipes de heróis: o Time Azul e o Time Dourado.
Quando Magneto ressurge como ameaça mundial, com a reativação do Asteroide M e a primeira aparição dos Acólitos, mutantes que desejam servir o Mestre do Magnetismo, os X-Men precisam detê-lo.
Forge constrói a cadeira futurista estilosa flutuante do Professor X *que ficaria anos no lore), repagina o Pássaro Negro, e se torna parte do Time Dourado quando o Time Azul é derrotado por Magneto na aventura.
No número 4 de X-Men, Claremont deixa o título dos X-Men, que comandou desde 1975. Em 16 anos ele criou uma mitologia que tornou os X-Men uma potência mundial.
Forge e Tempestade
Forge faz parte do Time Dourado, mas apenas nos bastidores, como apoio. E em Uncanny X-Men #298 (1992), temos uma capa clássica e uma história mais ainda, que marca o rompimento do inventor com Tempestade.
Ele chega pedir a Rainha dos Ventos em casamento, mas supõe que ela nunca deixaria a liderança dos X-Men. Ele rompe antes de receber a resposta, que ela diria sim.
Um dos momentos mais tristes dos mutantes. Esse é um fato relevante para os dois até hoje, e que não foi construído por Claremont, e sim pelo novo roteirista, Scott Lobdell, que entrou no lugar de Chris.
Depois que rompeu com Tempestade, Forge retorna para seu Ninho da Águia com Mística (cumprindo a profecia de Sina).
Sua intenção era restabelecer a sanidade da terrorista, que com a morte da companheira, mais a possessão do Rei das Sombras, enlouqueceu. No meio do “tratamento”, eles têm que enfrentar o mutante terrorista do futuro Fitzroy.
O roteiro é de Lobdel, com desenhos de John Romita Jr. e arte-final de Dan Green, dupla de artistas que retornou para uma breve passagem no título que fizeram história.
Ainda na esteira das reformulações, o X-Factor também foi renovado, dessa vez encabeçado por Valerie Cooper como uma força-tarefa mutante sancionada pelo Governo, fazendo as vezes da Força Federal, que foi extinta.
Forge e X-Factor
Passado algum tempo, Valerie Cooper entra em contato com Forge para convidá-lo para o X-Factor. Isso aconteceu em em X-Factor #93 (1993), escrita por J.M. De Matteis, com arte de Terry Shoemaker.
Ele se tornou membro ativo e com efeito, se torna líder da equipe, quando Alex Summers, o Destrutor, decide deixar o posto. Mística fica no radar da equipe também, e eles chegam a se envolver romanticamente.
Nas histórias do X-Factor, Forge e a equipe enfrentaram ameaças como a raça tecnoorgânica Falange (onde tentaram desenvolver melhor seus poderes, implicando que ele tinha uma espécie de “visão de raio X intuitivo” de todas as coisas, logo deixado de lado, um plot de Scott Lobdell); o retorno do Adversário; Destrutor ficando pinel; Mística tentando matar o político americano Gradyon Creed (seu filho humano com Dentes de Sabre) e outras aventuras menores, a maioria escritas por Howard Mackie.
Quando Valerie força Dentes de Sabre a entrar na equipe, foi praticamente o fim do X-Factor, pois ele quase mata os membros. Forge deixa a equipe em X-Factor #145 (1998).
A caminho do fim, com o sumiço de Destrutor (que estava passando por várias lavagens cerebrais na época, e que foi parar em outra realidade, onde viveu aventuras mostradas em seu título solo Mutant X), o grupo do X-Factor foi dissolvido, em X-Factor #149 (1998).
No contexto de líder do X-Factor, Forge teve aparições relevantes em outros títulos, que vale a citação.
Em X-Force #35 (1994), escrita por Fabian Nicieza e desenhada por Tony Daniel, temos a volta de Nimrod, o já citado ultrasentinela vindo da realidade distópica Dias de Um Futuro Esquecido (Universo Marvel 811).
Como dito, ele já tinha sido destruído quando foi fundido ao Molde Mestre e “morto” com Vampira no Portal do Destino, mas a máquina, com sua tecnologia ultraavançada, fez um upload de sua cybermente nos sistemas militares do governo, antes de ser destruído.
E ele põe em perigo o mundo todo quando uma empresa, a Hannigan Electronics (uma subsidiária militar governamental), começa a trabalhar em cima das informações da cybermente, fazendo tecnologia reversa.
Cable e a X-Force tentam impedir, e pedem ajuda de Forge, que analisando um chip feito pela Hannigan, concluí que o mundo entrará em colapso com uma tecnologia tão avançada.
Até Nimrod percebe o perigo se sua tecnologia for replicada tão antes do tempo, e surpreendentemente decide se autodesligar por um tempo, pois só assim asseguraria a salvação da humanidade, sua programação primal.
Fica implícito aqui que a rede cyberneural que a Hannigan criou aqui é o que dará vida ao Nimrod original no futuro (ao menos na realidade do Universo 811).
Forge e Mística
Em X-Men #103 (2000), Genosha estava sendo governada por Magneto, e Forge foi recrutado pelo Professor Xavier para se infiltrar na ilha junto com o Homem-Múltiplo.
Esse Magneto na verdade era o Exodus disfarçado, e ele obrigou Forge e desenvolver uma máquina para maximizar seus poderes psiônicos. O roteiro aqui é de Chris Claremont, que estava de volta à Marvel e aos mutantes.
Resgatado pelos X-Men, Forge tornou a se envolver com a equipe, muitas vezes ajudando nos bastidores das missões da equipe, e outras de modo mais clandestino, como quando o Professor X usou Mística em missões secretas — era Forge quem ajudava a transmorfa azul em muitas delas.
Mesmo aqui havia tensão sexual entre os dois. As aventuras dos dois foi mostrada no título solo da personagem, Mystique (2003), escritas por Brian K. Vaughan, com arte de Jorge Lucas.
Dia-M e Complexo de Messias
Em 2006, tivemos a saga da Dinastia M (House of M, escrita por Brian Michael Bendis e desenhada por Oliver Coipel), quando a Feiticeira Escarlate cria uma realidade alternativa onde os mutantes enfim viram a espécie dominante na Terra.
No fim dela, os heróis conseguem restaurar o mundo como era, mas Wanda retira os poderes de todos os mutantes do planeta — menos de 198 indivíduos. Foi a chamada Dizimação, ou Dia-M.
Em New X-Men 27-31 (2006), escrita por Craig Kyle e Chris Yost, arte de Paco Medina, temos uma saga especial por conta da explicação de origem de Nimrod.
Quando Rachel Summers conseguiu retornar ao passado, o robô assassino também queria fazer o mesmo. Ele consegue retornar alguns anos no passado, mas não o suficiente para alcançá-la no tempo cronológico que queria.
O mundo ainda não estava destruído, e ele procura o Criador (Maker) desse mundo. É o Forge dessa realidade, casado com Ororo, e eles têm dois filhos: Orora e Nazé. A máquina mata Tempestade e obriga Forge a construir uma máquina do tempo para seu intento.
Forge o faz, mas sabota o robô, e o manda para o nosso presente, o do Universo Marvel 616. Nimrod surge desativado, mas o Reverendo William Stryker, um religioso homicida que odeia mutantes, que o encontra e o reativa.
Um time de jovens X-Men, auxiliado pelo nosso Forge, luta contra o Reverendo e seus Purificadores e Nimrod. Os heróis derrotam todos, e jogam o robô em um limbo temporal, e o robô cai no passado de novo.
Isso é a origem de Nimrod em sua primeira aparição no Universo Marvel regular, lá em Uncanny X-Men #191 (1985), escrita por Chris Claremont com arte de Romita Jr., num nascimento retroativo temporal em círculo bem legal.
Em X-Factor #25 (2007), roteiro de Christos Gage e arte de Scot Eaton, vemos que Forge construiu uma máquina para sondar os futuros alternativos do multiverso para verificar o quanto que a Dizimação afetou o destino da mutandade. Não apenas no Universo Marvel 616, mas em várias linhas alternativas no futuro, não há mais mutantes.
Mas quando nasce a primeira mutante após o Dia-M, uma menininha que seria conhecida como Hope Summers (X-Men #205, de 2008), dois futuros alternativos começam a ter mutantes.
E os X-Men decidem investigar esses futuros. Ciclope elabora um plano, e Forge manda o Homem-Múltiplo para um desses futuros, enquanto que outras cópias vão para outras. Essa aventura é mostrada em X-Factor #25 (2008), roteiro de Peter David e arte de Scot Eaton.
Mas antes de Forge mandar outros X-Men, Bishop, mutante de um futuro alternativo que estava há anos com a equipe, atira no índio, pois queria matar a pequena Hope, crente que ela era a responsável pelo apocalipse da realidade onde vivia.
Bishop o machucou bastante para ter um equipamento de viagem no tempo para ir atrás de Hope — que estava em um futuro não-determinado com Cable. Isso acontece na edição de X-Men #206 (2008), escrita por Mike Carey e arte de Chris Bachalo.
O ataque que Forge sofreu foi grave, e ele teve sérios ferimentos na cabeça. As sequelas que sofreu demorariam a sarar, e ele ficou obcecado em reconstruir seu trabalho e maquinário roubado, preferindo se isolar no Ninho da Águia, como visto em X-Men Divided We Stand #2 (2008), escrito por Duane Swierczynski e desenhado por Chris Burnham.
Forge e Disney vilões
Isso talvez explique a infeliz decisão do roteirista Warren Ellis de usar Forge como vilão em um arco dos X-Men. O índio enlouquecido pretendia criar “neo-mutantes” — já que não havia mais mutantes — e enviá-los através das dimensões por meio de caixas fantasmas para lutar contra uma iminente invasão alien. Isso tudo aconteceu na saga Ghost Box, em Astonishing X-Men #25 (2008).
Tempestade ainda tenta abrir os olhos do seu antigo namorado, mas Forge está louco demais. Ele decide permanecer no complexo onde tentava levar em frente seu plano louco, e é aparentemente morto quando o lugar explode.
Forge só foi se recuperar quando Cable apareceu para lhe ajudar, em um criativo plot: o mutante telepático criou um cenário mental para o índio, onde sua mente foi transposta figurativamente como uma máquina. E Forge consertou essa máquina, conseguindo assim, restabelecer sua sanidade.
Em Marvel NOW! Point One, tivemos uma revista que mostrava os diversos plots que seriam trabalhados no Universo Marvel como um todo em 2012. Nela, vemos que Forge aceita integrar a mais nova equipe X-Force do Cable.
As novas aventuras de Forge são publicadas em Cable and X-Force (2012), escrita por Dennis Hallum e desenhada por Salvador Larroca. A equipe fazia diversas missões secretas que apenas Cable tinha conhecimento, relacionadas a impedir tragédias ocorridas em seu futuro.
Ele ficaria por algum tempo na equipe, até decidir permanecer no Quênia, ajudando a população local de uma vilarejo que escolheu para se estabelecer. Eventualmente ele reencontra Tempestade (ela inclusive foi criada no país, terra natal de seus pais), na revista solo da Rainha dos Ventos, Storm.
O fundo criativo dos títulos dos mutantes na Marvel era muito mais baseado por força de bastidores burocráticos de negócios do que para a narrativa, já que a Disney, dona da Marvel desde 2009, ofuscava o brilho dos X-Men por não ter os direitos cinematográficos dos heróis no cinema, propriedades da Fox, um estúdio de cinema concorrente da empresa.
O editorial da Marvel estava amarrado pelos contratos de filmes que a empresa fez com a Fox, que podia explorar à vontade todo o rico catálogo do universo mutante, construído desde 1964. Isso desagradava muito a Disney.
Demorou, mas a Disney começou a “sabotar” suas próprias propriedades intelectuais para não favorecer terceiros. Por isso, tudo relacionado aos X-Men estava sendo tratado como secundário, até mesmo terciário.
As histórias seguintes dos X-Men — e por consequência de Forge — foram péssimas.
Em Extraordinary X-Men (2017-2019), roteiros de Jeff Lemire e arte de Humberto Ramos, que durou 18 edições, Forge é novamente membro dos X-Men, em um papel bem relevante.
Quando as Névoas Terrígenas, um artefato gasoso que dá poderes aos Inumanos, se espalhou pelo mundo todo, os mutantes foram acometidos por uma doença mortal chamada Pox-M.
Para não serem dizimados, Tempestade, que liderava os X-Men, transporta a Mansão X e todos seus residentes para o Limbo, o domínio místico e infernal de Magia/Illyanna Rasputin).
Forge teve participação relevante nessas histórias, ajudando a equipe com diversos equipamentos, veículos e armamentos durante essa fase complicada.
Enquanto os X-Men estavam por baixo, a Marvel/Disney tentava emplacar os Inumanos como as estrelas da vez. Sem surpresa nenhuma, não foi um sucesso.
Pra variar, o mix de sentimentos que Forge tem por Tempestade acabam por atrapalhar sua permanência na equipe. Apenas no desfecho da trama, que culima numa guerra total entre Inumanos e X-Men, que Forge e Tempestade resolvem seus sentimentos — Ororo finalmente admite que tenta segurar o que sente por ele, e por tudo que passaram juntos, sempre ia amá-lo, mas que isso era passado.
Na época, o Wolverine velho da realidade distópica de Velho Logan estava no Universo Marvel regular, já que o Wolverine “normal” estava morto desde 2014 (um esforço da Disney/Marvel em diminuir a Fox).
Depois disso, Forge virou manager da Cristal em uma turnê musical da cantora mutante (!!); foi feito escravo mental de Cassandra Nova, a irmâ gêmea do Professor X, nas edições de X-Men Red, e participou das inócuas sagas Age of X e outras.
Forge e HoX/PoX
Na mais recente saga dos X-Men, House of X/Powers of X (2019-), concebida pelo escritor Jonathan Hickman, temos Forge como peça central da sociedade de Krakoa, a ilha-nação mutante perante todo o mundo.
Foi Forge quem desenvolveu vários dos sistemas integrados de segurança da ilha, bem como alguns secretos e fundamentais, como algumas etapas do processo de ressurreição dos mutantes.
Ele é parte integrante de vários núcleos e mais uma vez é membro da X-Force.
E no encerramento da passagem de Jonathan Hickman em HoX/PoX, em uma saga chamada Inferno (sem relação com a anterior dos anos 1980), o Neutralizador de Forge foi resgatado e foi peça principal da trama.
Todo o conceito de Krakoa foi construído em cima de Moira MacTaggert, que secretamente sempre foi uma mutante. Seu poder: reencarnar sempre quando é morta.
Assim, ela viveu várias vidas e sabe como que a raça mutante sempre encontra seu fim na guerra contra os humanos.
Até que em uma certa vida — essa de agora, no Universo Marvel 616 — ela revela tudo para um jovem Xavier. E juntos, eles constroem um plano de longa duração, que culmina na nação mutante de Krakoa.
Mas Moira proibiu mutantes videntes nessa sociedade, e quando Mística encontra dificuldades em ter sua amada Sina de volta — os X-Men agora são imortais e ressuscitam qualquer mutante graças a um complexo processo envolvendo outros 5 mutantes da ilha –, é a deixa para a saga Inferno acontecer.
E, se tratando de Mística, é claro que ela consegue contornar a situação.
Importante dizer que o “nosso” Nimrod já nasceu: o escritor Jonathan Hickman (antes de deixar os x-títulos) e o desenhista Francesco Mobili mostraram o Nimrod Universo Marvel 616 em X-Men #20 (2020), que é na verdade a consciência humana de Erasmus Mendel, um dos cientistas-chefes da Orchis, a grande organização assassina de mutantes que ameaça toda a mitologia atual dos X-Men desde os eventos de HoX/PoX — que, por sua vez, foi montada especificamente para impedir o aparecimento de Nimrod na atualidade.
Era do Apocalipse
A participação de Forge em histórias mais alternativas da editora se deu na maior e mãe de todas: A Era do Apocalipse (1995-1996), que mudou todos os títulos mutantes na época.
Na cronologia regular, David Haller, o Legião, foi para o passado para matar Magneto, o grande vilão dos X-Men, mas acaba assassinando sem querer seu próprio pai, Charles Xavier, o Professor X.
Isso estraçalha o tempo, e sem Xavier para criar os X-Men, o vilão Apocalipse domina e destrói o mundo.
Nessa nova realidade, Forge lidera um pequeno grupo de sobreviventes, formado por Groxo, Mestre Mental, Bruto e Sauron (que não é mutante).
Ele está muito mais cyborg — tem apenas metade do rosto ainda humano, e seu caminho se cruza com o de Nate Grey, a figura predestinada a ser o grande salvador desse mundo, um jovem criado em laboratório pelo Sr. Sinistro, “filho” de Ciclope e Jean Grey.
Forge se torna a figura mais importante para Nate, que o vê como um verdadeiro pai. E, nesse mundo de tragédias, Forge não escapa de seu destino final, quando é morto por Sinistro. Esse universo da Era do Apocalipse se tornou o Universo Marvel 295.
Hulk e zumbis
Outra “participação” relevante de Forge é na minissérie especial em 2 edições Futuro Imperfeito (1992), escrita por Peter David e desenhada por George Perez, temos mais um futuro alternativo pós-apocalíptico, dominado dessa vez por Maestro, uma versão maligna do Hulk.
O monstro era o último superser da Terra e governava o que sobrou do planeta — a cidade Dystopia — com mão de ferro, sangue e escravidão. Mas Forge construiu uma arma capaz de matar o monstro. O Hulk do Universo 616 acaba parando nesse futuro (Universo Marvel 9200), e numa luta contra o o vilão, essa arma aparece.
Em Hulk #455 (1997), do mesmo Peter David (arte de Adam Kubert), Forge, na época líder do X-Factor, surge para ajudar a deter o Hulk, e a arma vista em Futuro Imperfeito aparece aqui, inclusive com o Hulk citando que era do Maestro.
Na divertida saga Marvel Zombies (2005-2009), Forge é um dos poucos sobreviventes do mundo dominado pela praga zumbi. Não fosse por ele e outros, não existiria mais humanos no mundo.
Ele se torna amigo íntimo do Pantera Negra, e seus filhos chegam a se casar. A colônia que constroem juntos, Nova Wakanda, se torna o último refúgio da humanidade. Esse mundo zumbi é o Universo Marvel 2149.
No Universo Ultimate, em Ultimate X-Men #27 (2003), a Marvel optou por mostrar um Forge muito diferente. Ele está do lado dos vilões, e Magneto usa seus dons de criação para o mal. Ele não é mais índio, e agora tem ascendência indiano-asiática (?!). A Terra Ultimate era o Universo Marvel 1610.
Velho Forge
Na saga Velho Logan, mostrada em Wolverine #66–72 e Wolverine Giant-Size Old Man Logan #1 (2009), escrita por Mark Millar e desenhada por Steve McNiven, somos apresentados para mais um futuro alternativo, dessa vez um que os vilões conseguiram ganhar dos heróis e dominam o mundo inteiro.
Os X-Men foram todos mortos por um Wolverine em fúria e enganado, graças às maquinações de Mysterio, vilão do Homem-Aranha.
A história ganhou enorme notoriedade a ponto de ter servido de inspiração para o mais festejado filme solo do Carcaju, Logan (2017).
Forge escapou da matança, como soubemos já antes, na fase de Extraordinary X-Men, quando o Velho Logan conversou com ele.
Esse Wolverine velho ganhou uma minissérie de mesmo nome, como parte dos vários tie-ins da saga Guerras Secretas (2015), que teve como função principal trazê-lo (ou uma versão idêntica dele, há confusões editoriais aqui) para o Universo Marvel 616.
É assim que esse Wolvelho se torna parte dos X-Men na fase de Extraordinary X-Men — onde inclusive é parceiro de equipe de Forge.
Mas depois de várias aventuras (50 edições próprias), quase ficar sem fator de cura, ser envenenado pelo seu próprio adamantium, ficar cego de um olho, quase morrer pro Maestro (sim, ele mesmo), o Vovôrine estava de saco cheio do presente do 616, e decide que quer retornar para sua casa.
Por sorte, depois do combate com Maestro (Old Man Logan #50), Forge descobre uma máquina do tempo do vilão, que tinha sido destruída. Mas ele a reconstrói. E assim, é possível para o velho retornar para sua Terra de origem.
A história que conta esse retorno está na maxissérie Dead Man Logan #1-12 (2018-2019), onde o Velho Logan está em casa finalmente (Universo Marvel 807128). Antes de avançar, é bom retomar uma antiga história da época de Extraordinary X-Men, quando o Velho Logan e Forge eram companheiros de equipe.
Forge pede para Wolverine contar o que aconteceu com ele no futuro. E Wolvie conta que ele vivia em uma reserva Cheyenne na Dakota do Sul, onde vivia em paz depois de derrotar o vilão Rino.
Quando retorna pra casa em Dead Man Logan, o Velho Logan começa a retomar contatos com antigos aliados, e entre eles está exatamente Forge.
E o índio ajuda o velho mutante feroz em uma última missão contra clones malignos do Dentes de Sabre. No desfecho, Forge usa sua arma secreta, o super-herói Speedball, ainda vivo, que explode com a força de uma bomba atômica. E, aparentemente, ninguém sobrevive à explosão.
Forge nos desenhos animados
Forge foi um personagem que apareceu em episódios recorrentes do seriado de desenho animado dos X-Men na Fox (1992-1997).
Em um primeiro momento, só aparece em episódios relacionados ao futuro, onde ajuda a resistência mutante contra os Sentinelas em um mundo pós-apocalíptico, baseada na saga Dias de um Futuro Esquecido.
Mas depois ele surge no presente, como líder do X-Factor, em um mood visual da equipe dos anos 90 também. A voz do personagem foi do ator e dublador Marc Strange.
Os episódios em que ele aparece: Days Of Future Past, Part One (01×11), Days Of Future Past, Part Two (01×12), Time Fugitives, Part One (02×07), Time Fugitives, Part Two (02×08), Cold Comfort (03×07) — primeira vez que Forge é mostrado no presente da série, como líder do X-Factor, One Man’s Worth, Part One (04×01), One Man’s Worth, Part Two (04×02) — episódios baseados na saga Era do Apocalipse das HQs, e Forge aparece com seu mood visual correspondente, The End Of Time (04×08), Phalanx Covenant, Part One (05×01) e Phalanx Covenant, Part Two (05×02).
Ele também está em X-Men: Evolution (2000). A série opera num mood muito mais jovem e com liberdades criativas do que a série noventista.
Forge é mais jovem e tem uma mão biônica cheia de bugigangas, e estava preso num bolsão temporal desde os anos 1970 (!). A voz é do ator e dublador Sam Vincent, e Forge aparece em 2 episódios: Middleverse (01×06) e Shadow Dancer (01×26).
Na série Wolverine e os X-Men (2009), Forge aparece com a voz de Roger Craig Smith, bem mais piadista do que o costume, mas ainda assim um pouco mais parecido com o que vemos nos gibis, barbudo e genial, com perna e mão biônicas. Aqui ele é efetivamente membro dos X-Men, o mecânico e inventor da equipe, aparecendo em quase todos os 26 episódios.
Forge nos videogames
Entre suas participações mais relevantes no mundo dos videogames, ele apareceu logo em X-Men: Children of the Atom (1994), o primeiro game de luta da franquia Vs. da Capcom, em seu segundo jogo com a longa parceria que teve com a Marvel nos anos 90 e 2000 (o primeiro foi The Punisher, jogo de briga de rua do Justiceiro).
Forge aparece no final de Tempestade, uma das personagens selecionáveis.
Em X-Men vs. Street Fighter (1996), o primeiro efetivamente da série Vs, Forge aparece no cenário do chefão final, Apocalipse, entre diversos heróis — Blanka, Psylocke, Shuma-Gorath, Jubileu, Dan e muitos outros — presos nos equipamentos e tubos do vilão.
Aliás, eles podem ser atingidos pelos jogadores e derrubados da tela. A aparição dos personagens costuma ser randômica.
No final de Tempestade, Forge é resgatado por ela, com a perigosa ameaça de Shuma-Gorath ao fundo.
O índio inventor ainda apareceria no final de Strider, em Ultimate Marvel vs. Capcom 3 (2011).
Como personagem jogável, ele teve chance em games menores, como X-Men: Mutant Academy 2 (2001), para o console de 32-bits da Sony, o PlayStation.
Vale citar os games X-Men Legends e X-Men Legends II: Rise of Apocalypse, onde Forge é um personagem não-jogável com a voz do ator Lou Diamond Phillips, conhecido pelos filmes La Bamba (1987), onde interpretou o músico Richie Valens, Jovens Pistoleiros (1988) e Young Guns II – Jovem Demais Para Morrer (1990), dois filmes em que interpretou Chavez y Chavez.
Harry Malone e Forge
O militar que tentou recrutar Forge para Nick Fury ainda na Guerra do Vietnã foi criado por Chris Claremont e John Buscema, e apareceu pela primeira vez em Wolverine #5 (1988), em uma aventura do mutante nas selvas de Madripoor, e foi usado poucas vezes pelo roteirista.
Harry usa a alcunha de Hardcase, e tem um grupo de mercenários, Harriers. No Brasil, a tradução adotada foi de Linha Dura e os Tormentos. Além de Nick Fury, Harry “Linha Dura” Malone também é amigo de longa data de Wolverine.
O personagem só retornaria em Uncanny X-Men #261 (1990), onde o feroz mutante o contrata com sua equipe para um “treino” com Psylocke e Jubileu.
Harry aparece de novo em Wolverine #139 (1999), numa aventura com Wolverine e Cable, escrita por Erik Larsen e desenhada por Leinil Francis Yu.
Surpreendentemente, Malone retornou em abril de 2022 nas HQs da Marvel, em X-Men Legends #12, título especial que retoma antigos plots dos mutantes em fases passadas de escritores e artistas.
E nessa edição em específico, Claremont, junto com o desenhista Scot Eaton, fazem uma história de Noturno e Kitty Pryde, na época ainda na equipe Excalibur, quando se pensava que os X-Men ainda estavam mortos. Na trama, Malone e os Tormentos estão protegendo Forge a pedido do governo, mas era tudo uma trama da terrorista Mística.
Chris Claremont: The X-Run
Essa matéria faz parte do esforço do Destrutor em destrinchar a poderosa fase dos X-Men escrita por Chris Claremont.
Confira nossas matérias feitas do Destrutor (nome deste blog por causa dele); a cantora Cristal; o coronel Alexei Vazhin; a Força Federal; além das carreiras da editora Ann Nocenti; e os artistas Marc Silvestri e Dan Green.
CRISTAL | Como a Marvel e Casablanca Records criaram a cantora dos X-Men
ALEXEI VAZHIN | James Bond, Nick Fury e George Smiley em um só
/ DISNEY E MARVEL. O poder de invenção estava na cultura pop muito antes de Forge ser criado em 1984. O Professor Pardal (Gyro Gearloose, no original em inglês) foi criado em 1952 por Carl Barks para a Walt Disney Company, e surgiu originalmente nos quadrinhos como um amigo de Pato Donald, Tio Patinhas e outros personagens de Patópolis.
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