Destrutor é um dos heróis mutantes dos X-Men, a identidade secreta de Alex Summers, que junto com Scott Summers, o Ciclope, e Gabriel Summers, o Vulcano, compõe parte do topo da pirâmide de poder e importância dos personagens da franquia X.
Ao longo dos anos, ele desempenhou diversos papéis no universo de histórias criadas pela Marvel Comics, tanto em posições de herói solo, parceiro, líder de equipe e até mesmo de vilão. Usado como uma carta selvagem e coringa pelos roteiristas, tem acertos e bastante erros em sua trajetória.
Destrutor tem origem nobre, nascido na Era de Prata das HQs de super-heróis, pelas mãos do escritor Arnold Drake (Patrulha do Destino, Desafiador, Guardiões da Galáxia), Don Heck (um dos pais fundadores do Universo Marvel, co-criador do Homem de Ferro, Viúva Negra, Gavião Arqueiro) e Neal Adams (desenhista emblemático dos anos 1970, dono de uma arte elétrica, que promoveu fases emblemáticas em Lanterna Verde/Arqueiro Verde, Batman, Vingadores). Destrutor surgiu na revista X-Men #54 (1969), ainda em sua identidade civil, no traço de Heck. No número #58, fez sua estreia como Destrutor, no traço de Adams.
Ao sabor dos ventos e vontades de roteiristas, é comum Destrutor ser dobrado para o que a trama exige, o que ajudou a descaracterizá-lo bastante, a ponto de várias de suas passagens históricas nos X-Men serem esquecidas e deixada de lado, mesmo em um ambiente permissivo e infantiloide como as histórias de quadrinhos de super-heróis americanas são.
Homem branco hétero loiro de olhos azuis, com poder de soltar raio pelas mãos, Destrutor tem todas as características de personagem genérico de HQs de super-heróis, mas um olhar atento revela mais sobre o herói.
Sempre atrelado à equipe de heróis mais famosa da Marvel, os X-Men, Destrutor foi protagonista de minisséries como Fusão, publicação pintada à mão e que precede a vanguarda da Vertigo em DC Comics, saída no selo chamado Epic Marvel, estrelou revista regular própria, que chegou a quase 3 anos em atividade em pleno boom do mercado nos anos 1990, já foi líder dos X-Men, do X-Factor e até mesmo dos Vingadores, outra equipe que, somente em tempos recentes, rivaliza em popularidade com os mutantes.
Uma das inspirações do nome deste blog foi o herói, e essa matéria sobre a trajetória dele nos quadrinhos Marvel completa uma pentalogia, iniciada com a comemoração de 100 posts do blog Destrutor, e outras três sobre a vida e obra dos artistas que o criaram: Drake, Heck e Adams.
Destrutor
Alex Summers
X-Men
Alexander Summers é o filho de Christopher e Katherine Summers. Chris era piloto da Força Aérea Americana, e viajava com Kathy, Alex e o filho mais velho, Scott, pelos céus do Alaska, quando foram atacados por uma nave extraterrestre do Império Shi’ar.
Havia apenas um único para-quedas, que foi usado para salvar Scott e Alex, que pularam juntos do avião, antes dele explodir.
Posteriormente, saberíamos que Chris e Kathy se salvaram, mas encontraram um terrível destino na nave alienígena. A raça é uma das mais poderosas do Universo Marvel, e está ligada em histórias dos X-Men.
Roteiristas estabeleceriam, por meio de retcon (recurso narrativo que conta ou reconta novos detalhes do passado dos personagens), que Chris se tornaria Corsário, o líder dos Piratas Siderais., grupo de nome auto-explicativo.
Kathy sobreviveria apenas para ver seu filho que ainda estava no útero, Gabriel Summers, ser tirado à força, envelhecido artificialmente, e feito de escravo pelos Shi’ar. Ela morre depois desse trauma.
Os garotos Summers sobreviveram e foram resgatados, mas Scott sofre um grave ferimento na cabeça — o que lhe renderia problemas para controlar seus poderes para o resto da vida.
Todos acreditaram que seus pais morreram, e depois de um tempo juntos, as autoridades mandaram os dois meninos para o orfanato. É quando os irmãos se separaram.
Alex foi adotado pela família Blanding, que recentemente tinha perdido o filho pequeno, Todd. Não demoraria muito para Alex sofrer bullying por outro garoto, que teria causado a morte de Todd. Foi quando os poderes mutantes de Alex se manifestaram, o que causou a morte do menino.
Nesse momento, ocorre a intervenção do Senhor Sinistro na trajetória de Alex, que demonstra especial interesse na família Summers como um todo. Ele captura Alex, faz manipulações genéticas no garoto, o que o permite travar seus poderes, além de apagar a lembrança de ter matado o outro menino.
Essas ações também foram estabelecidas por retcon em histórias futuras do herói. O Senhor Sinistro é Nathaniel Essex, um médico vivo desde a Era Vitoriana, contemporâneo de Charles Darwin, e tornado um superser com poderes graças a um contato transformador com Apocalipse, o primeiro mutante do planeta Terra, um imortal dono de grandes poderes e sonhos de genocídio e conquista.
Origem
1960/1970
Alex teve uma vida comum até se formar na escola e restabelecer contato com Scott. É quando ele é inserido nas narrativas dos X-Men, em histórias feitas por Arnold Drake e Don Heck.
O jovem Summers vive uma vida acadêmica pacata, e conhece o professor de arqueologia Ahmet Abdol, que também é mutante.
Abdol descobre uma improvável ligação entre eles, pois ambos possuíam a habilidade de absorver radiação cósmica e metabolizar em energia de plasma, geralmente disparada pelas mãos.
Na verdade, Abdol tinha sido vítima de experiência de Sinistro, que tinha inserido DNA de Alex em seu corpo, criando assim essa ligação.
O professor, autoproclamado um vilão chamado Faraó Vivo, sequestra Alex, o leva para um esconderijo tecnológico no Egito, absorve os poderes dele (que ainda estavam bloqueados, mas não anulados), e se transforma no Monólito Vivo, uma ameaça gigantesca — literalmente — o que provoca a interferência dos X-Men para ajudar a deter a ameaça — é quando Neal Adams entra na arte da revista.
O estresse causado pelo reaparecimento forçado de seus poderes faz Alex incapaz de reter as ondas de plasma que emana, e ele nesse momento, Larry Trask aparece nas tramas dos X-Men.
Ele segue os passos do pai, Bolivar Trask, o construtor original das máquinas assassinas gigantes chamadas Sentinelas, e os reativa para caçar e matar mutantes.
Ele captura Alex para chamar a atenção dos X-Men, e lhe dá um uniforme para controlar seu poder, e até mesmo seu nome — Havok, palavra inglesa geralmente usada como sinônimo de destruição, e aqui no Brasil traduzido como Destrutor.
Os X-Men novamente entram em ação, salvam Alex e derrotam Trask, e finalmente o Destrutor se reúne com seu irmão e aos heróis mutantes.
Com o passar do tempo, Alex tem cada vez mais domínio de seu poder, e só usa o traje em situações de batalha — um design icônico criado por Neal Adams.
Um triângulo amoroso, entre Destrutor, Lorna Dane, a mutante de cabelos verdes, dona de poderes magnéticos, chamada Polaris, e o x-man Homem de Gelo, inicia a pegada de novela que faria a fama dos X-Men.
Destrutor ajuda contra a invasão alienígena Z’Nox, história emblemática que marca o retorno de Professor Charles Xavier, dado como morto em batalha meses antes.
Na verdade, quem foi assassinado era o Transformante, um antigo inimigo dos X-Men, que buscava redenção, por estar com poucos meses de vida por conta de uma doença terminal. Ele aceita personificar Xavier, e assim encontrou seu destino final.
Ele é o personagem Morfo, que anos depois seria usado com sucesso no desenho animado dos X-Men, da Fox, e na primeira A Era do Apocalipse, nas HQs, ambas de enorme popularidade os anos 1990.
A fase dos X-Men no final dos anos 1960, com o aparecimento do Destrutor, era uma tentativa da Marvel de fortalecer as vendas da revista. Arnold Drake e Don Heck tentavam continuar o trabalho apresentado por Stan Lee e Jack Kirby, sem muito sucesso.
Neal Adams já era uma estrela em ascensão do mercado de HQs de super-heróis, e seu run (período de trabalho na revista) de 10 edições em X-Men se tornaria um cult da Marvel.
Mas mesmo sua arte explosiva e dinâmica, ancorada nos roteiros espertos de Roy Thomas, que deixou a filosofia rasteira de Lee/Kirby para criar tramas de vampirismo, genocídio por máquinas, triângulos amorosos e aventuras em terras fantásticas, não foram suficientes para salvar a revista dos X-Men.
Os mutantes não vendiam mais nada. As revistas pararam de mostrar aventuras inéditas e traziam apenas republicações regulares de material antigo.
Mas tudo mudaria no meio dos anos 1970. Quando os X-Men partem para enfrentar a ameaça da ilha viva mutante chamada Krakoa, todos os integrantes são capturados. Ciclope consegue escapar, e o Professor Xavier se vê obrigado a chamar novos membros para ajudar no resgate.
É quando os Novos X-Men são introduzidos na mitologia X: o canadense Wolverine, a queniana Tempestade, o irlandês Banshee e o japonês Solaris (ambos já tinham aparecido em tramas anteriores), o alemão Noturno, o russo Colossus e o nativo americano Pássaro Trovejante.
Eles aparecem em Giant-Size X-Men #1, de maio de 1975, criada pelos roteiristas Len Wein e Chris Claremont, e desenhista Dave Cockrum, uma edição especial que se tornaria um marco na indústria de quadrinhos de super-heróis, ao iniciar a explosão de fama e vendas do grupo no mercado de revistas. Nunca mais os X-Men seriam os mesmos, nem deixariam de vender.
Depois que Krakoa é derrotada — ela é lançada ao espaço — o Professor Xavier se vê com 14 x-men na equipe.
Alex e Lorna descobrem um interesse mútuo em geofísica, e partem estudar, deixando o grupo, junto com todos os membros originais.
Apenas Ciclope permanece, para liderar os novatos.
1980
Os melhores X-Men
Os X-Men se tornam gigantescos com a introdução dos Novos X-Men, um sucesso de vendas e críticas, em tramas elaboradas, personagens bem desenvolvidos, ação e pegação, morte e nascimento, redenção e heroísmo.
O arquiteto narrativo disso tudo é o roteirista Chris Claremont, dono de um domínio absoluto do que queria contar, onde ir, e que implicações causar.
Com o desenhista Dave Cockrum, construiu a maior parte da mitologia do grupo, apresentando diversos elementos que são usados até hoje.
Sabemos mais do Império Shi’ar e a Imperatriz da raça, Lilandra, que desenvolve um relacionamento com Xavier, os Sentinelas reaparecem nas mãos de Steven Lang, e os X-Men mudariam para sempre quando Jean Grey, a Garota Marvel, se torna a Fênix.
O parceiro mais criativo foi John Byrne, desenhista de formas bem construídas de ângulos, figuras e cenários, com uma ação, garbo e elegância, que iam de poses paradas comuns de personagens a narrativas sci-fi, monstros de mundos de fantasia e o espaço sideral.
A sinergia dos dois se mostrava tão forte que Byrne começou a também escrever, o que resultou numa das melhores fases do grupo até hoje, em sequências incríveis de histórias.
Vemos nascer Kitty Pryde, Cristal, a Tropa Alfa, a Fênix Negra, e a emblemática trama de Dias de um Futuro Esquecido, que mostra um terrível mundo devastado pelas Sentinelas, que mataram mutantes e humanos.
Apenas uma Kitty mais velha, e uma jovem telepata chamada Rachel Summers, filha de Scott e Jean, tentam salvar esse mundo destruído, voltando no tempo para impedir os acontecimentos.
Essa história aparece em The Uncanny X-Men #141 e #142, de 1981, e precede um filme muito famoso, o Exterminador do Futuro, de James Cameron, que é de 1984.
A força da explosão criativa de Byrne e Claremont foi tão forte que fraturou o esquema, e as esperadas rusgas entre os artistas se tornam insustentáveis, e o desenhista parte para outros projetos.
A saída de Byrne abre espaço para Paul Smith, dono de um traço esguio e elegante.
Vemos o casamento de Wolverine e a entrada de Vampira na equipe. Depois dele vem John Romita Jr. nos desenhos, e Claremont começaria a elaborar os X-Men com tramais mais pesadas a longo prazo.
O temido genocídio mutante se torna mais claro no horizonte, com política como base, vilões assumindo posições ambíguas para com os X-Men, como Magneto e o Clube do Inferno, e o aparecimento de Nimrod (um supersentinela) e Rachel Summers, ambos do mundo de Dias de um Futuro Esquecido, no presente.
Os desenhos de John Romita Jr. eram cinéticos e poderosos, cheios ação e belamente diagramados. Essa dobradinha é uma das melhores fases dos X-Men e merece ser mais destacada, pois a arte de Romita nunca mais ficaria nesse nível de qualidade.
Em determinado momento, Chris Claremont reposiciona Destrutor e Polaris nos X-Men, depois de anos afastados.
Na época, os mutantes estavam sendo caçados e trucidados pelos Carrascos, assassinos do Senhor Sinistro, que matavam os Morlocks, mutantes deformados que viviam nos esgotos de Nova York, e qualquer um que cruzassem seu caminho.
A saga em questão se chamava Massacre de Mutantes, e contou com diversas mortes e danos colaterais que afetariam a equipe dos X-Men por anos.
Em The Uncanny X-Men #218 (1987), Chris mostra Alex e Lorna em uma vida pacata no Novo México, onde trabalham com geologia e arqueologia.
É uma das primeiras edições com arte de Marc Silvestri, o desenhista regular dos X-Men do final dos anos 80. Seu traço rápido e dinâmico, anguloso e ágil, com mulheres e homens em poses estilosas, e cenas de ação cinematográficas, se tornaria um marco.
A arte final de Dan Green, que enriquecia a cinética de suas composições, é um trabalho incrível e que merece ser considerado entre os melhores das histórias em quadrinhos.
O talento de Green já podia ser visto na arte-final de John Romita Jr., que tornava o traço do desenhista melhor ainda.
Você pode conferir uma matéria do artista no blog, aqui.
Todo o trabalho de Claremont/Silvestri/Green era coordenado por Ann Nocenti, uma das melhores editoras da Marvel Comics. Ela também tem matéria no blog.
A trama de The Uncanny X-Men #219 (1987) é praticamente uma história de terror pessimista, com Alex tendo sonhos terríveis sobre os X-Men.
Ele tenta contato com os membros da equipe, não consegue, e tem que literalmente se arrastar pelos esgotos para chegar à Escola Xavier.
Quando Destrutor encontra o que sobrou dos X-Men, é praticamente em clima de enterro, já que eles estão nas sombras lutando por suas vidas. Tempestade está sem poderes, junto com a cantora Cristal, também caçada pelos Carrascos, a telepata inglesa Psylocke, e Vampira. Há também a presença de Magneto, redimido de seus crimes, e na posição de diretor da Escola Xavier, depois que o Professor X partiu para o espaço com Lilandra, e de Longshot, um ser extradimensional, com o incrível poder de ser muito sortudo (pois é).
Ele é criação de Ann Nocenti, e é um dos poucos não-mutantes a fazer parte da equipe. Enquanto isso, Lorna ficou na residência do casal, onde é atacada pelos Carrascos.
Ela luta até as últimas forças para sobreviver, mas uma carrasca sem corpo que possuí os outros, chamada Maligna (Malice, no original), em certo momento toma conta do corpo de Lorna Dane, uma situação que iria demorar muito tempo para ser resolvida.
Nesse ponto, é preciso frisar que a equipe dos X-Men manterá um line-up que se revelaria um dos melhores de toda a X-história: quatro homens e quatro mulheres, com Wolverine e Tempestade dividindo a liderança do grupo, mesmo com ela sem poderes (ela recuperaria depois).
A inglesa Betsy Braddock é a poderosa telepata Psylocke, que em breve usaria uma armadura estilosa, a Cristal, com poderes de absorver som e transformar em luz, e Vampira, veterana da equipe, completam a porção feminina do grupo.
O lado dos homens tem Colossus, o homem blindado russo, preso em sua forma de aço, devido a ferimentos causados no Massacre de Mutantes, e Longshot. E claro, Destrutor para fechar a equipe, que sob o quarteto Claremont/Silvestri/Green/Nocenti, fariam a mais divertida fase dos X-Men.
São dois fortões — uma é ladra de poderes ainda –, um canhão humano de plasma, uma atiradora laser, uma deusa do clima, um puta sortudo, uma máquina de matar e uma telepata para coordenar todo mundo. Não tinha como errar.
Nos planos de Claremont, tudo se encaminhava para outra saga ainda maior, como uma arte promocional da Marvel entregava: “às vezes, bons planos levam uma vida inteira”.
A saga Inferno mexeria com as bases de todas as histórias do universo X, e com ramificações até em outras revistas do grupo Marvel, uma medida que ainda não era a usual do mercado como é hoje.
Apesar de parecer uma sobreposição de tramas, Chris tinha domínio do que estava fazendo, e a sequência lógica dos acontecimentos acontecia de modo muito natural, o que não ocorre em tramas mais recentes dos quadrinhos.
Os Novos Mutantes, criação de Claremont, participam bastante das histórias de Inferno, com a função que Illyanna Rasputin, a Magia, desempenharia como crucial.
Em The Uncanny X-Men #222 (1987), em uma missão para salvar uma mulher ruiva em apuros em São Francisco, Destrutor luta contra os Carrascos e tem contato com Maligna, que ainda está no corpo de Polaris, mas ele não consegue livrar a moça da carrasca.
A tal mulher a ser salva era Madelyne Pryor, que estava sendo caçada pelos Carrascos. Ela é ex-esposa de Scott Summers, o Ciclope, irmão de Alex. A ruiva, muito parecida com Jean Grey (na época, ressuscitada, e parte do X-Factor, grupo que reúne os X-Men originais), fica com os X-Men, para se proteger dos Carrascos, e tentar achar o filho dela com Scott, Nathan Christopher Summers.
Ela e o neném tinha sido apresentados na fase Claremont/Paul Smith. Arrasado por ter perdido Lorna, talvez para sempre, Alex começa a se aproximar de sua cunhada Madelyne, e ela idem.
Chris Claremont, antes de Inferno, promove uma mini saga chamada A Queda de Mutantes, quando os X-Men enfrentam o Adversário, uma entidade extradimensional que pretende exterminar a Terra.
O run acontece em The Uncanny X-Men #225-227, X-Factor #24-26 e New Mutants #59-61, de janeiro a março de 1988.
Quando os X-Men são mortos na batalha contra o Adversário, os heróis são salvos e ressuscitados por Roma, uma entidade divina, aliada dos heróis.
Ela os torna invisíveis a rastreamento eletrônico e místico, e os X-Men se tornam uma verdadeira lenda no Universo Marvel, com todo mundo — inimigos e aliados — pensando que eles estão realmente mortos.
Em The Uncanny X-Men #229 (1988), os heróis tomam o esconderijo dos Carniceiros, ciborgues assassinos de mutantes, no outback (deserto) australiano, e assim começa a fase “Australia” dos X-Men, uma das melhores e mais subestimadas do grupo.
Com os desenhos de Silvestri/Green e a edição de Nocenti, as histórias de Claremont andavam sozinhas de tão bem azeitadas. Um integrante não-oficial era de suma importância nessa época era o aborígene Teleporter, com o dom de teleportar pessoas para qualquer lugar.
Quando a saga Inferno finalmente começa, em The Uncanny X-Men #239 (1988), ficamos sabendo que Madelyne na verdade era um clone de Jean, criada pelo Senhor Sinistro, para Scott ter um filho com ela.
A criança gerada seria um dos mais poderosos mutantes da história. Madelyne fica ciente disso, pira, e se antecipa a qualquer um que queira fazê-la de marionete.
Ela faz um pacto satânico com o demônio N’Astirh, ganha poderes místicos, que somados a sua genética alterada de mutante-clone de Jean, uma poderosa telepata e telecinética, a faz se tornar a Rainha dos Duendes.
Ela ficou em uma função passiva com os X-Men, monitorando as informações do mundo para o grupo. E por conta disso, qualquer contato dos X-Men com seus antigos aliados, como outros mutantes e grupos, eram alterados de forma perniciosa.
A saga Inferno tem sua apoteose quando os X-Men e o X-Factor — Fera, Homem de Gelo, Arcanjo (o antigo Anjo, transformado em um Cavaleiro (Morte) por Apocalipse), Garota Marvel (Jean Grey) e Ciclope — se enfrentam em uma Nova York demoníaca e alterada pela magia negra que Madelyne comanda.
Os Novos Mutantes também agem por fora. Alex chega a mudar de lado e ficar com ao lado de Pryor, como Príncipe dos Duendes.
A batalha entre todos é marcante, mas no final, as equipes somam forças para matar N’Astirh e o Senhor Sinistro. Jean derrota Madelyne, absorvendo suas memórias.
Alex e Scott resolvem suas diferenças, bem como todo o restante do grupo. Mas, no meio da batalha, Lorna sumiu.
Depois de Inferno, Chris Claremont decide desmontar peça por peça os X-Men, matando todos do grupo em definitivo, em uma sequência épica de acontecimentos.
Em The Uncanny X-Men #247 (1989), num confronto com o Molde Mestre, um Sentinela que é capaz de fazer outros Sentinelas, Vampira é sugada para dentro do Portal do Destino, um artefato místico, dado aos X-Men por Roma.
Quem o adentra, renasce com novas memórias em uma nova vida. Em The Uncanny X-Men #248 (1989), Longshot abandona a equipe para procurar seu verdadeiro eu. Na mesma edição, os X-Men enfrentam Babá e o Fabricante de Órfãos, e Destrutor dispara uma poderosa rajada de plasma na nave da vilã — inadvertidamente, ele mata Tempestade.
Alex fica arrasado, e se torna displicente com seu poder, uma situação que já vinha desde antes de Inferno.
Essa edição tem desenhos de Jim Lee, um artista que conseguiria ser ainda mais dinâmico e cinético que Marc Silvestri, e que se tornaria o grande representante do design a ser seguido nos anos 1990 nos quadrinhos de super-heróis.
Em The Uncanny X-Men #249 e #250 (1989), Lorna Dane, que ainda estava viva após os acontecimentos de Inferno, é sequestrada por Zaladane, uma inimiga dos X-Men, e que comanda a Terra Selvagem, um lugar inóspito e preservado desde a época dos dinossauros, no meio da Antártida.
Destrutor e o resto dos X-Men partem para ajudar, derrotam Zala Dane e salvam Lorna, que no processo se livrou de Maligna, mas perdeu seus poderes magnéticos, sugados por Zaladane. No fim da missão, Teleporter traz todos para casa, mas Lorna é deixada para trás.
A edição de The Uncanny X-Men #251 (1989) é contada de forma não-linear.
Wolverine, apesar de fazer parte da equipe, sempre tinha aventuras solo, como Caolho, na ilha fictícia da Marvel chamada Madripoor, localizada no sudeste asiático. Quando retorna de uma aventura, ele é atacado pelos Carniceiros, que retomaram o controle do esconderijo.
O mutante é pego de surpresa, e é esfolado vivo pelo líder dos ciborgues, Donald Pierce. Wolverine é crucificado em uma cruz em forma de X, em uma das capas mais icônicas dos X-Men. Em seus delírios, Wolverine entende que Psylocke previu que no retorno da missão contra Zaladane, os X-Men seriam mortos.
Ela dá a sugestão dos X-Men se salvarem, usando o Portal do Destino. Assim, antes dos Carniceiros matarem os mutantes, ela, Colossus, Cristal e Destrutor entram no portal.
Wolverine acorda dos delírios e acha que tudo é uma mentira, mas Pierce confirma tudo. Ele tem em mãos o artefato e o destrói.
Parecia o fim dos mutantes mais queridos dos quadrinhos. Mas tudo estava nos planos de Chris Claremont de remontar a equipe em outras dinâmicas.
A jovem mutante Jubileu salva Wolverine, e os dois começam uma busca pelos X-Men desaparecidos e mortos.
Banshee, um dos Novos X-Men, lá dos anos 1970, usado nas fases Claremont/Cockrum e Claremont/Byrne, e Forge, mutante inventor apresentado na fase Claremont/Romita Jr., também empreendem uma busca aos X-Men, e essas duas narrativas darão o tom do começo dos anos 1990 para os X-Men.
X-Factor
e desequilíbrio
Quando fez seus heróis passarem pelo Portal do Destino, Chris Claremont teve a chance de reapresentar os X-Men de outra maneira.
Cristal permaneceu uma cantora e Vampira reapareceu na Terra Selvagem, que ainda sofria nas mãos de Zaladane, mas outros personagens sofreram mudanças drásticas.
Betsy Braddock trocou de corpo com uma assassina chinesa e se tornou uma superninja, no design definitivo de Psylocke, pelo traço único de Jim Lee.
Já Destrutor renasceu como um magistrado, um dos militares da ilha fictícia da Marvel chamada Genosha, localizada na costa africana, perto de Madagascar. O país escraviza mutantes e os torna zumbis sem mente chamados mutóides.
Na mini saga Programa de Extermínio, que começa em The Uncanny X-Men #270 (1990), com arte impactante de Jim Lee, os Magistrados atacam os X-Men, que já estão parcialmente reagrupados. Alex Summers está entre os agressores, e nos números seguintes, em um esforço conjunto de X-Men, X-Factor e Novos Mutantes, os Magistrados são derrotados em seu próprio país, e Destrutor consegue resgatar suas memórias.
Uma parte dos X-Men parte para o espaço resgatar o Professor Charles Xavier, que estava em uma batalha contra uma facção do Império Skrull.
Quando eles retornam, tem que enfrentar outro inimigo clássico, o Rei das Sombras, que tinha tomado conta das instalações da ilha fictícia da Marvel chamada Muir, perto da Escócia, onde funciona o centro médico de Moira MacTaggert, médica e amiga dos X-Men, e que cuidou de parte deles depois dos ferimentos causados em Massacre dos Mutantes.
Lorna Dane com muito custo tinha chegado na Ilha Muir depois de ter sido deixada para trás na Terra Selvagem, e ajudou os X-Men contra o Rei das Sombras.
Enquanto tudo isso acontecia, Alex Summers ficou em Genosha, ajudando na reconstrução do país, e na libertação dos escravos mutóides.
Mas um pedido especial do Professor Xavier e de Ciclope, de liderar o novo X-Factor, em sua segunda encarnação, agora como uma divisão especial de mutantes sancionados pelo governo, coloca Destrutor de novo na mira X.
Assim que ele descobre que Polaris também foi convidada, Destrutor aceita o comando de imediato.
O time é formado pelo casal, pela Nova Mutante Rahne Sinclair, a Lupina, que tinha sido transformada em mutóide em Programa de Extermínio, por Guido, o guarda-costas de Cristal, por Homem-Múltiplo, mutante que estava há anos na Ilha Muir, e por Mercúrio, o mutante velocista dos Vingadores.
A agente (e humana) Valerie Cooper seria a ligação do grupo com o governo. Essa fase era comandada pelo roteirista Peter David, um dos melhores dessa geração dos anos 90, dono de diálogos afiados, personagens bem construídos e tramas interessantes que trabalham muito bem o banal.
Em seu run (X-Factor #70, de setembro de 1991, a #89 de abril de 1993), uma das melhores histórias é uma sessão de terapia dos integrantes com o doutor Leonard Samson, personagem recorrente nas tramas do Hulk, o psiquiatra mais famoso do Universo Marvel.
Peter David saiu da revista por não aceitar interferências editorais, o que era um sério problema, devido ao enorme apelo e popularidade que os X-Men estavam tendo.
Eles eram muito mais famosos agora, com os X-Men de Chris Claremont e Jim Lee brilhando que nem ouro ao público, crítica e mercado financeiro — muito por mérito do lápis de Lee.
O desmonte anterior foi bem sucedido abrir terreno para mostrar duas novas divisões dos X-Men: a equipe azul e a equipe dourada.
Tudo que levava a marca X estavam com os holofotes em alta potência, e David não soube trabalhar com as interferências.
O que é uma pena, pois Destrutor poderia brilhar sob seu roteiro. Em vez disso, o herói foi cada vez mais massacrado por roteiristas ruins e sem criatividade. Destrutor ficou chato e carrancudo, e as tramas viraram uma dramalhão mexicano, como as revistas X ficariam conhecidas para sempre.
Quando o Homem-Múltiplo morreu, de vírus Legado, que matava mutantes e humanos, o drama não permitia espaço para mais nada.
Destrutor se afunda, perde o controle de seus poderes, vira vilão, luta contra sua equipe, contra aliados, contra vilões, contra o governo, e tenta até matar Ciclope.
Ele se alia ao Fera Negro, a contraparte maligna do gênio peludo, vinda da Era do Apocalipse (onde Destrutor já era um vilão) e cada vez mais as histórias acham um jeito de piorarem. Destrutor chegou a ser o líder da Irmandade, um novo grupo de terroristas mutantes.
O roteirista Howard Mackie acaba com tudo em X-Factor #149, de setembro de 1998.
O número seguinte traria apenas Destrutor, em seu primeiro e único título solo na Marvel Comics. Mutant X #1, de outubro de 1998, tinha roteiros de Mackie, e mostrava o espírito de Alex Summers, do universo regular da editora, chamado de Terra-616, tomando conta do corpo do Destrutor da Terra-1298.
Nesse mundo, ele era líder dos Seis, o grupo de heróis de maior prestígio dentre todos os outros. Ele era casado com Madelyne Pryor, tinha um filho, e comandava uma equipe formada por Bloodstorm, uma Tempestade vampira, Brute, a versão deles do Fera, Fallen, a identidade macabra de Warren Worthington III, o Arcanjo deles, e Ice-Man, o Homem de Gelo desse mundo.
A babá do filhinho de Madelyne e Alex era a Elektra. A revista Mutant X durou 32 edições, em um mercado mesmo saturado como estava os anos 90, e chegou até ao novo século, em 2001.
Espaço sideral
O fim de Mutant X de Howard Mackie não foi o fim do suplício de Destrutor nas mãos dos X-roteristas.
Alex Summers foi um dos escolhidos pelo roteirista Chuck Austen em seu run pelas edições dos X-Men. O espírito de Alex retorna para seu corpo em coma na Terra-616. Ele estava internado em um hospital, onde teve ajuda de um garoto mutante telepata, Carter Ghazikhanian, filho da enfermeira Annie, que cuidou do corpo de Alex durante todo esse tempo. Isso acontece em The Uncanny X-Men #411 (2002).
Austen faz dos dois um casal e enfia Polaris no rolo. Ela pede a mão de Alex em casamento, ele recusa e puxa Annie para o altar. Lorna pira e tenta matar a enfermeira, e só é parada por Fanático, na época, redimido de seus crimes e parte dos X-Men. Tudo só piorava.
Em uma trama confusa, o Destrutor do mundo de Mutant X surge na personalidade de Alex, que descobre que seu corpo é um nexo de todos os Alex Summers da existência (!?). Os Exilados, grupo de mutantes viajantes do tempo, tem que resolver a situação.
Uma saga escrita por Brian Michael Bendis e desenhada por Olivier Coipel em 2005, chamada Dinastia M, teria grande impacto no universo mutante. Foi quando a Feiticeira Escarlate retira os poderes de todos os mutantes do planeta — menos de 198.
Polaris perdeu seus poderes, mas Destrutor reteve. Annie, cansada dos constantes ataques que a mansão dos X-Men sofrem pelas mãos de seus inimigos, ainda mais agora, que a maioria está indefesa, abandona Destrutor.
Ele se reaproxima de Lorna, que sem poderes, prefere deixar os X-Men. Alex corre atrás dela, quando vê uma esfinge, e descobre que Lorna foi raptada. O vilão Apocalipse a transforma em uma dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse — Polaris se torna Pestilência. Gambit e Solaris também sofrem a transformação. Destrutor e os X-Men partem para enfrentar os vilões e recuperar seus amigos.
Em certo momento, Gabriel Summers aparece no mundo dos X-Men. De modo retroativo, foi estabelecido que o Professor Xavier, para salvar seus alunos originais, lá na aventura contra Krakoa vista em Giant Size X-Men (1975), enviou uma equipe anterior a dos Novos X-Men.
Ela era composta de outros mutantes, entre eles, Gabriel Summers. Como informado antes, Gabriel sobreviveu a abdução dos pais pelos Shi’ar. Mas ele foi envelhecido artificialmente, feito escravo, mas conseguiu escapar e voltar para a Terra.
O Professor Xavier descobre a identidade dele, mas prefere não revelá-la a Alex a Scott. Dono de um poder descomunal de controle de qualquer tipo de energia, ele adota o nome de Vulcano, se torna aluno secreto de Xavier, e parte para lutar contra Krakoa. Mas o grupo é derrotado, e Gabriel Summers é dado como morto.
Quando Krakoa foi lançada para o espaço, Gabe estava enterrado no meio dela. Ficou anos em estado de animação suspensa. Quando acorda, quer vingança contra tudo e contra todos.
Volta para a Terra, enfrenta a equipe atual dos X-Men, arrebenta todo mundo, mata Banshee, e parte para o espaço para aniquilar o Império Shi’ar. Tudo isso foi mostrado na minissérie especial Gênese Mortal, de 2006.
Xavier recruta uma equipe para parar Vulcano, e manda Destrutor, Polaris, Rachel Summers, Noturno, Apache e Darwin (um dos mutantes da equipe de Vulcano) para parar o jovem Summers.
É a deixa para que Destrutor viver inúmeras aventuras cósmicas na Marvel, em narrativas sem grandes atrativos, iguais a tantas outras já contadas em HQs de super-heróis.
Os roteiros tentam chocar, com Vulcano matando o próprio pai, Corsário, e Lilandra. Ele assume o trono dos Shi’ar, e segue em planos genocidas pela galáxia.
Destrutor assume a liderança dos Piratas Siderais e passa grande parte dessa narrativa lutando contra Vulcano. A história só encontra seu fim em 2009, com Guerra dos Reis, quando Vulcano morre em um confronto com Raio Negro, soberano dos Inumanos e Rei dos Krees.
Destrutor e os Vingadores
Em 2011, o evento Regenesis acontece nas revistas dos X-Men, que marca o retorno do X-Factor. Wolverine e Ciclope brigam por divergências em como conduzir as narrativas mutantes na dinâmica sócio-política do mundo, e formam equipes em separados.
Isso ficou conhecido como Cisma, e Regenesis é a tentativa de construir algo a partir disso tudo.
Quando Destrutor retorna do espaço, ele, Polaris e Rachel ficam do lado de Wolverine. O mutante peludo e sanguinário aparece em X-Factor #230 (2012), e introduz Destrutor na liderança de uma nova encarnação do X-Factor, posição que ele permanece até a chegada de Jamie Madrox, o Homem-Múltiplo, que todos pensavam estar morto.
A princípio, a liderança é dividida entre eles, mas não funciona. Alex quer deixar o grupo, mas Lorna não. Peter David não era o mesmo dos anos 90, e Madrox se tornou a estrela principal da série, e como qualquer rockstar, não permitia brilhos em paralelo. Por isso, Destrutor seguiu seu caminho.
Depois dos eventos vistos em Vingadores vs X-Men (2012), que culminou na morte do Professor Xavier, os heróis decidem criar o Esquadrão Unidade, um grupo formado por Vingadores e X-Men, na tentativa de criar mais união entre as equipes.
O Capitão América e Thor chamam para ser líder ninguém menos Destrutor. Wolverine, Vampira completam a equipe, junto com Vespa e Feiticeira Escarlate. Estão formados os Fabulosos Vingadores, liderados por Destrutor, em pleno impacto comercial do primeiro filme dos Vingadores nos cinemas.
A equipe teria outros membros dos X-Men e dos Vingadores, como Solaris e Magnum, e enfrentariam ameaças como Massacre Vermelho, a fusão de Massacre com o Caveira Vermelha, e Kang, o Conquistador que seria uma verdadeira pedra no sapato para Destrutor e sua equipe.
Novos Cavaleiros do Apocalipse surgem e dois deles são X-Men: Banshee, que tinha sido morto por Vulcano, e Daken, o filho de Wolverine, morto pelo próprio. Em uma das batalhas, Alex é desfigurado, e a chegada de dois protegidos de Kang, Eimon e Uriel, os Gêmeos Apocalipse, causa a devastação do mundo, que se torna o Planeta X, um paraíso apenas para mutantes que obedecem a Kang.
Destrutor e Janet Van Dyne, a Vespa, sobreviveram, criaram um relacionamento, e tiveram uma filha, Katie.
Mas viver nesse mundo horroroso não era o ideal, e eles retornam no tempo para impedir esses acontecimentos. Eventualmente, Katie morre quando a realidade do Planeta X é apagada.
Em 2014, a saga Eixo trouxe a proposta de inverter o caráter dos personagens Marvel. Quem era vilão, ficou bonzinho.
Quem era bonzinho, se tornou vilão. E para Destrutor, mal-tratado há tempos por roteiristas ineptos, não foi diferente. O Massacre Vermelho afeta Destrutor e ele se torna vilão.
Mesmo no fim da saga, com heróis e vilões retomando suas tendências naturais, alguns personagens permaneceram invertidos. E Destrutor foi um deles. O personagem passou a integrar equipes de vilões fascistas e encher o saco de outros heróis.
Ele abandona o Esquadrão Unidade, e somente em 2018, em uma história dos X-Men, pós-Death of X, saga em que Ciclope morre por conta da doença que as terras terrígenas inumanas provocam, é que Destrutor volta ao normal — a telepata Emma Frost cura sua mente, com a ajuda de Lorna Dane e suas memórias, e o mutante curandeiro Elixir restaura seu rosto. Isso foi mostrado em X-Men Blue #28 (2018).
Ignorando seu histórico de líder dos X-Men, X-Factor e Vingadores, outros heróis mutantes menosprezam Destrutor quando ele decide montar uma equipe por conta própria para caçar os Carniceiros, em uma trama bem simples e medíocre de Matthew Rosemberg, com desenhos de Greg Land, vista na revista The Astonishing X-Men #13 (2018), que ainda oferece aos leitores um Banshee zumbi.
Por mais quatro números, somos obrigados a ver um Destrutor infantiloide e completamente descaracterizado de suas experiências anteriores.
Destrutor tem sua última aventura nos anos 2010 com os X-Men quando salva seu irmão Ciclope — trazido de volta à vida — de uma grande explosão de energia, em uma história vista em The Uncanny X-Men #25, volume 5, de 2019, de novo escrita pelo fraco Matthew Rosemberg, dessa vez desenhada por Salvador Larroca.
Destrutor
Hox/PoX
Na nova dinâmica criada pelo roteirista Jonathan Hickman nas revistas que se seguiram, House of X e Power of X, os X-Men e o resto de toda a raça mutante finalmente tomam as rédeas do destino de raça homo sapiens superior e criam uma nação própria — literalmente sob o solo de Krakoa, tornada ilha novamente — com língua e leis próprias, em uma demonstração de força política e poder incomensurável a níveis nunca vistos
Todos os mutantes são bem vindos em Krakoa, onda não há morte.
O processo dos Cinco permite trazer a vida qualquer mutante já morto ou assassinado, e assim, Destrutor novamente está de volta aos X-Men.
A nova década começa promissora para os X-Men, sob as mãos de Hickman, mas ele não aproveitou Destrutor em seus roteiros.
Alex Summers retorna na revista Hellions #1, aparentemente mais violento do que o costume, e de novo sendo visto de cima para baixo por seus pares, que ignoram seus feitos anteriores, em um infeliz repeteco do que Rosenberg tinha feito.
O roteiro de Zeb Wells o torna um inútil que precisa de supervisão, e ele responde agora diretamente para sua antiga companheira Psylocke, em um grupo de vilões desajustados comandados pelo Senhor Sinistro, que conta ainda com o carrasco Caçador de Escalpos, o integrante da Tropa Alfa Selvagem, o satânico Empata, Babá e o Fabricante de Órfãos.
Como dito, os vilões agora fazem parte do line-up governamental dos X-Men na nação soberana mutante de Krakoa.
Um dos primeiros adversários que eles enfrentam são justamente os Carrascos, em mais uma leva de clones dos vilões, que Sinistro fez aos montes espalhados pelo mundo.
A publicação ainda marca o retorno de Madelyne Pryor, com sua persona de Rainha dos Duendes, e desejosa de tornar Destrutor novamente um vilão.
CRONOLOGIA
DESTRUTOR X-MEN
aventuras e roteiristas
Alexander Summers surge em The Uncanny X-Men#54, e segue em aventuras com os X-Men contra o Monolito Vivo, Sentinelas e Sauron, naquela que é uma das fases mais clássicas (e curtas) da equipe, por Roy Thomas e Neal Adams, até o número #66.
Ele torna a aparecer em #94-97, quando os Novos X-Men são introduzidos, após aparecerem em Giant Size X-Men (1975), onde estrearam Wolverine, Colossus, Noturno, Tempestade, Solaris, Banshee e Pássaro Trovejante.
Eles foram criados ainda sob a tutela do editor Roy Thomas, que também era o substituto de Stan Lee na Marvel Comics –, que somou esforços com os roteiristas Steve Gerber e Mike Friedrich, com designs do artista Dave Cockrum (recém-saído da do título da Legião dos Super-Heróis, da DC Comics), junto a Len Wein e Chris Claremont, responsáveis pelo roteiro da revista, que teve arte de Cockrum e edição do Marv Wolfman.
Essa revitalização dos X-Men em Giant Size X-Men, com um line-up poderoso de novos e consagrados personagens que fariam história na mitologia X (Wolverine já tinha sido introduzido por Wein em Incredible Hulk #180, de outubro de 1974, com desenhos de Herb Trimpe), mudariam a cara do Universo Marvel para sempre.
Destrutor é capa do número #97 da revista dos X-Men, quando está hipnotizado pelo vilão Eric Escarlate para enfrentar os mutantes, naquela que seria o começo de uma saga espacial dos mutantes com os Shiar, uma das raças mais relevantes do Universo Marvel, o que ocasionalmente daria na Saga da Fênix dos quadrinhos.
Destrutor ainda aparece auxiliando a equipe de alguma maneira, mas não é membro titular nos roteiros de Chirs Claremont e desenhos de Dave Cockrum, se mantendo à parte das atividades da equipe, residindo com Lorna em uma casa no deserto, onde exercem a profissão de geólogos.
Todas essas aventuras citadas se passaram durante o fim dos anos 1970.
Cabe dizer que durante essa época, o Destrutor teve participações especiais em outros títulos da Marvel, como Hulk #391 e Defensores #61-64.
O grande destaque foi em Captain America #175-177, no desfecho da saga que o Capitão América enfrenta o Império Secreto, onde descobre que o líder do cartel criminoso — que usaria mutantes como armas vivas, Destrutor entre eles, para dominar os Estados Unidos –, é a figura política mais importante dos EUA, o Presidente dos Estados Unidos (Richard Nixon no caso, que não tem sua face revelada na arte, por óbvio).
Dave Cockrum foi desenhista dos X-Men por 27 edições. Ele era diretor de arte de capas da Marvel Comics também, e fez a revista dos X-Men do número #94 ao #126 (1975-1979).
Pelo seu trabalho duplo, ele dividia a arte interna com o desenhista John Byrne, que em pouco tempo se tornaria um dos melhores roteiristas da equipe também.
Byrne esteve nas revista dos X-Men por 33 edições, do número #108 a #141 (1977-1981), e na maioria deles dividiu o argumento com o Claremont, naquela que se provou uma das melhores fases da equipe: aventuras com a Tropa Alfa; Magneto e a Terra Selvagem; Solaris e o Japão; o aumento de poderes de Jean Grey como Fênix; a estreia de Arcade; a estreia de Proteus, o filho de Moira MacTaggert, com a perda da inocência de Colossus (seu primeiro homicídio) e a primeira vez que vemos Wolverine com medo; a estreia de Cristal; a crescente valorização da periculosidade e mistérios em torno de Logan, o Wolverine; a introdução do Clube do Inferno (sociedade maçônica mutante sadomaso que pretende dominar o mundo), que estava aliado ao Mestre Mental, o que daria início à maior saga dos X-Men, a Saga da Fênix Negra; e a inesquecível e sempre copiada Dias de um Futuro Esquecido, que mostrou o futuro pós-apocalíptico da raça mutante no Universo Marvel.
Quando Byrne brigou com o editor Jim Shooter e foi para a DC Comics (onde revolucionaria o Superman no pós-Crise nas Infinitas Terras), Dave Cockrum retornou por um breve período (#145-164, de 1981 a 1982).
Dave foi sucedido pelo artista Paul Smith, que ficou por pouco tempo também (#165-175, 1983). Dele foram as artes de momentos importantes dos X-Men, como a tomada de liderança dos Morlocks por Tempestade, após uma luta com Callisto; a vinda de Vampira para a equipe, em uma sensacional história com o Wolverine; o casamento dele com Mariko Yashida, no qual o Mestre Mental interfere e o acaba antes de começar; e a introdução de Madelyne Pryor.
Após a rápida passagem de Smith, John Romita Jr. assumiu os desenhos da revista, do número #175 a 211 (1983-1986), naquela que seria a grande fase de Claremont em construir grandes sagas interligadas que revolucionariam os X-Men.
Romita Jr., abrilhantado pela linda arte-final de artistas como Al Williamson e Dan Green, fez história como a volta da Irmandade de Mutantes; a perda de poderes de Tempestade; a Guerra dos Espectros; a estreia de inimigos como Magus e Nimrod; a introdução de Rachel Summers e sua transformação em uma nova Fênix; o Julgamento de Magneto; a estreia da Força Federal, com a Irmandade reformada como operativos black ops do governo (antecede o Esquadrão Suicida de John Ostrander) e a saga Massacre de Mutantes.
Tanto na fase Cockrum, Byrne, Smith e Romita Jr., o Destrutor teve pouca relevância nos X-Men, ainda permanecendo nos bastidores.
Entre suas participações nos X-Men durante esses períodos, Destrutor foi capa do número #146, quando enfrenta o Arcade (Cockrum); conhece o pai, Christopher Summers, o Corsário, no #158 (Cockrum), e participa do casamento de seu irmão Scott com Madelyne Pryor em #175 (Smith). Na fase Romita Jr. nem apareceu.
Destrutor só seria usado por Chris Claremont a partir de The Uncanny X-Men #218 (1987), arte de Bret Blevins.
Ele volta ao radar por conta dos pós-eventos do Massacre de Mutantes. Lorna sumiu do lar do casal, deixando Alex desesperado, e ele vai para a Mansão X atrás dos X-Men, tendo que ficar com a equipe, que estava sendo caçada pelos Carrascos, responsáveis pelo Massacre de Mutantes (e também pelo sumiço de Lorna, que passaria um longo tempo dominada mentalmente pela mutante Maligna).
Em 1989, Destrutor estava popular o suficiente para ganhar uma longa minissérie publicada em Marvel Comics Presents, revista de antologia da editora, nos números #24-31, onde novamente se via em meio a inimigos relacionados ao Monolito Vivo.
Também foi o ano da sensacional minissérie Wolverine e Destrutor: Fusão, graphic novel pintada por Jon J. Muth e Kent Williams, escrita por Walt Simonson, um dos melhores quadrinhos da Marvel nos anos 1980.
Destrutor marcaria presença constante nos X-Men até The Uncanny X-Men #272 (1991).
Ele assumiria a liderança do X-Factor no número #71 (1991) do título em questão, como resultado da total reunificação dos X-Men e X-Factor depois da saga do Rei das Sombras na Ilha Muir.
A assistente presidencial para assuntos mutantes, Valerie Cooper, perdeu a Força Federal, e agora tentaria uma equipe oficial de heróis mutantes, totalmente sancionada pelo governo. E Alex Summers, o Destrutor, é indicado por Scott e o próprio Xavier para ser o líder.
Foram 64 edições de X-Factor que começaram muito bem com o roteirista Peter David, em aventuras cheias de ação e bom humor, como raramente se via nos quadrinhos.
Esse X-Factor é um dos melhores materiais X dos anos 90, período conhecido pela enorme quantidade de tranqueira produzida.
Mas depois de sua saída, o título sofreu do mesmo x-mal de novelera mexicana dos X-Men, com Scott Lobdell e Howard Mackie no comando do título, que fizeram aventuras modorrentas, irritantes, cheias de drama, e que destruíram com a personalidade de Alex Summers como Destrutor, que hora estava maligno, ora influenciado por vilões, ora anti-herói, sem nunca se estabelecer mais mentalmente.
E a Mackie foi dada a chance de escrever o primeiro título da Marvel dedicado totalmente ao Destrutor: Mutant X, uma revista que teve 22 edições, de 1998 a 2001.
Alex Summers, em sua última aventura com o X-Factor (como herói? como vilão? ninguém sabe), acaba sendo jogado em um mundo paralelo, onde descobre uma realidade de heróis e vilões bem diferentes dos quais conhecia.
Ele assume o corpo (será? ninguém sabe) do Destrutor dessa realidade, que é casado com Madelyne Pryor, e é líder dos Seis, uma equipe de “heróis” desse mundo.
Ele acaba retornando ao universo regular, e fica em coma até ser acordado na Escola Xavier. O roteirista Chuck Austen usa o herói no line-up dos X-Men que escrevia na época, a partir de The Uncanny X-Men #412 (2002).
Destrutor ficou na equipe até o #434, quando aos poucos começou a se envolver mais e mais no núcleo cósmico dos mutantes.
Em The Uncanny X-Men #475 (2005), Alex parte para o espaço junto com Polaris e outros heróis em aventuras com o Império Shiar, e se torna personagem recorrente nas sagas cósmicas da Marvel, como Guerra de Reis (2009) e outras.
Em X-Factor #230 (2012), o roteirista Peter David estava novamente no comando da equipe, que dessa vez era um grupo investigativo de crimes, uma verdadeira agência de x-detetives, comandado por Jamie Madrox, o Homem-Múltiplo. E Alex Summers e Lorna Dane voltam do espaço e entram na equipe. Mas ele ficariam pouco tempo.
Por conta dos eventos posteriores da saga Vingadores vs. X-Men, publicada no mesmo ano de 2012 pela Marvel, onde as duas equipes de heróis se confrontam barbaramente por conta da possibilidade de Hope Summers, a filha adotiva de Cable, se tornar uma nova Fênix, e salvar ou destruir o mundo, o Capitão América decide montar o Esquadrão Unidade, uma equipe mista de Vingadores e X-Men. E, novamente, Alex Summers, o Destrutor, é convidado para ser o co-líder do grupo, junto com o Capitão.
Os Fabulosos Vingadores duraram 22 edições, de 2012 a 2014. Foi talvez o momento de maior destaque do Destrutor nos quadrinhos, quando ficou lado a lado dos maiores heróis da Marvel Comics, como Capitão América e Thor, que estavam em grande momento de exposição nos cinemas: os filmes Vingadores (2012); Capitão América 2 – O Soldado Invernal (2014), simplesmente o melhor filme do Marvel Studios.
Durante suas aventuras com os Fabulosos Vingadores, Peter David chegou a usar o Destrutor em mais um título do X-Factor, o All New X-Factor, que agora era uma equipe privada empresarial, com Polaris entre seus membros. Alex era mostrado como ponte de troca de informações entre Mercúrio, membro da equipe também.
A X-Force nessa época era de novo liderada por Cable, e os Fabulosos Vingadores tiveram vários problemas com as ações secretas de sabotagem e terrorismo que ele provocava a fim de evitar várias tragédias previstas em seu futuro, com Destrutor pressionado pelos Vingadores a parar a ação de seu sobrinho (Cable é filho de Ciclope e Madelyne Pryor, criado num futuro dominado por Apocalipse).
No final do título dos Fabulosos Vingadores, Magneto mata o Caveira Vermelha, que ressuscita como Massacre Vermelho. Foi o início da saga Eixo (2014), quando o vilão inverteu as polaridades mentais de quase todo o mundo: quem era bonzinho, ficou do mal, e quem era do mal, ficou bonzinho. Sim, a Marvel meteu essa.
Claro que a saga foi um fracasso, e pra piorar, quando os heróis conseguem “reverter” todo mundo, Alex Summers ficou de fora (junto com o Dentes de Sabre, que agora era um Wolverine do bem, já que a Marvel tinha matado o herói nessa época), e novamente tivemos um Destrutor do mal solto por aí.
Ele ficou assim até ser reabilitado por Polaris e Emma Frost, que restauraram seu verdadeiro eu (e face). Os X-Men em geral vinham de uma fase não muito bem inspirada por Brian Michael Bendis — isso que ele é um dos melhores roteiristas da indústria — seguido de outros que pouco fizeram pelos mutantes.
Isso durou até a gigantesca reformulação que o escritor Jonathan Hickman promoveu nos X-Men com a megassaga House of X/Powers of X (2019), que estabeleceu os mutantes como uma poderosa força política como nação, em Krakoa, onde heróis e vilões do universo X caminham juntos, no qual Destrutor participa ativamente como membro dos Satânicos, longe de seus momentos de glória de outrora.
Arte promocional da Marvel para o Destrutor nos anos 1990. Arte de Jim Lee
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