Jennifer Connelly filmou em 1992 seu primeiro longa-metragem dirigido por um cineasta brasileiro, Bruno Barreto, um filme para TV chamado O Coração da Justiça.
A beleza cada vez mais se equipara ao talento em Jennifer Connelly. Merecidamente, ela encarna pela primeira vez uma femme fatale.
Jennifer passa esse thriller noir inteiro de uma maneira, nos fazendo comprar certas impressões, e perto do final, em uma cena única e certeira, cria dúvidas em nossa cabeça. Ela tinha 21 anos na época das filmagens.
Coração da Justiça é um filme simples em seu formato, executado com planos americanos ordinários e sem grandes invenções. Um arroz com feijão cinematográfico, pois é assim que são os filmes feitos enlatados para TV. Mas, neste caso em especial, com temperos muito especiais, providenciado por participações de diversos atores de renome.
O Coração da Justiça
(The Heart of Justice, 1992, de Bruno Barreto)
Como Caim e Abel nos ensinaram, temas como ciúme, ambição e assassinato são universais para todos os seres humanos, e é nisso que Bruno trabalha.
O filme entra fácil na “categoria” Super Cine — sessão de filmes de suspense de sábado à noite da TV Globo — que Jennifer contribuiu em muito, com vários filmes, além desse.
Rocketeer não foi o tiro de bazuca que a Disney previu, com explosões aquém do esperado que o filme esperava provocar no terreno cinematográfico. Ironicamente, Jennifer parece ser uma das baixas dessas explosões comedidas, já que seu próximo trabalho, após uma indicação de melhor atriz no Saturn Awards, é esse filme para TV.
Talvez sua vontade em mudar o arquétipo de mulherão tenha relação direto com isso.
O longa foi é o último em que ator Vincent Price trabalhou, pois faleceu meses depois. Ele interpreta a si mesmo no filme.
O homem foi uma lenda do cinema, com protagonismo longevo em produções clássicas de terror. O filme também tem a presença de Dennis Hopper, que dirigiu Jennifer Connelly dois anos antes, em Hot Spot – Um Lugar Muito Quente.
O Coração de Jennifer Connelly
Aos 7 minutos de O Coração da Justiça, Jennifer Connelly aparece toda seduzente. Ela interpreta Emma Burgess, filha de uma família poderosa de advogados.
Tem um irmão, Elliot (interpretado por Dermot Mulroney, mesmo ator que atuou com Jennifer em Construindo Uma Carreira), um cara perturbador, assim como também é perturbadora sua fixação por ela.
O malucaço do Dennis Hopper interpreta o novelista Austin Blair, escritor policial que faz narrativas biográficas. E ele faz uma, de uma família muito poderosa, e que aparentemente aparece em um de seus livros com uma riqueza de detalhes nada lisonjeiros.
Dias depois, ele é baleado e morto por um atirador, que se mata em seguida. O repórter David Leader (Eric Stoltz) começa a cobrir o caso para o jornal New York Globe.
É um repórter dos mais escrotos: passa a mão na bunda das colegas, é folgado com o chefe, repassa trabalho que deveria fazer aos companheiros, segura pelo braço as pessoas que não querem dar entrevistas; não trata bem a esposa.
E é com ele que temos que conviver até o fim da produção, infelizmente.
A história não facilita com flashbacks das ações que ocorrem, e tudo segue sempre em frente, um grande mérito de Bruno na direção.
Jennifer Connelly, apesar de ser naturalmente sensual, e ter interpretado outras personagens sexy, usa explicitamente seu charme e dotes em O Coração da Justiça, mas sem cair no vulgar ou descarado.
Claro, Stoltz acaba envolvido por ela, e a narrativa se dá por esse relacionamento, com o repórter tentando descobrir o motivo do assassinato, e se envolvendo em Emma.
Flertando com drama psicológico, O Coração da Justiça entrega alguma emoção em seus momentos finais, fechando um ciclo de acontecimentos, e abrindo outros, que só quem consegue enfrentar os 1h27 de filme pode apreciar.
O fim acaba sendo interessante, com o personagem de William H. Macy (que fica com o cargo de Stoltz no jornal), estranhando a situação em que se encontra, tanto quanto nós ficamos, ao finalmente entender qual que é a da Emma Burgess na história toda.
Enquanto Jennifer Connelly estava na TV, nas telas do cinema em 1992 passava Aladdin, O Guarda-Costas, Esqueceram de Mim 2, Instinto Selvagem, Máquina Mortífera 3, Batman – O Retorno, Dracula de Bram Stoker.
O Brasil em Coração da Justiça da Jennifer Connelly
Bruno Barreto, o diretor de O Coração da Justiça, foi diretor de filmes como Dona Flor e Seus Dois Maridos (de 1977, que teve mais de 10 milhões de espectadores, recorde de público por muitos anos no Brasil); e O Que É Isso, Companheiro? (de 1997, um dos seletos longas do Brasil indicado ao Oscar de filme estrangeiro).
Seus pais eram produtores de cinema, e foram responsáveis por importantes filmes nacionais como Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias (1961), Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos (1963) e Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha.
Bruno é irmão de Fábio Barreto, diretor do também indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro por O Quatrilho, de 1995.
Com apenas 17 anos, Bruno filmou seu primeiro longa, Tati, A Garota, em 1972. Dirigiu atores experientes como Dina Sfat, Hugo Carvana e Wilson Grey.
Depois de 9 longas dirigidos no Brasil, Barreto partiu para os Estados Unidos em busca de uma carreira internacional. Nos anos 90, ao se casar com a atriz americana Amy Irving, começou uma carreira em Hollywood.
Fez a direção de A Show Of Force, de 1990, com Amy e Andy Garcia; The Heart of Justice, de 1992 (nome original do O Coração da Justiça); Carried Away, de 1995; e One Tough Cop, de 1998. Em 2003, filmou Voando Alto, protagonizado pela atriz Gwyneth Paltrow.
Sua carreira passa de 25 filmes. Em 2005, outro cineasta brasileiro dirigiria Jennifer Connelly. Walter Salles a escolheu como protagonista de seu Água Negra, a primeira experiência de Jennifer nos incessantes remakes de Hollywood de filmes de terror japonês dos anos 2000.
Femme Fatale
O termo femme fatale vem do francês, e significa mulher fatal. Essa mulher é a sensual e misteriosa encarnação da negação da confirmação do afeto, uma figura arquetípica feminina muito usada na literatura e do cinema de gênero policial.
Seduz os personagens bons e maus para sua lista de interesses pessoais. É o engano vestindo roupas pretas que obtém o que não queremos dar.
Nos anos 40, nascimento do cinema noir (escuro em francês), a femme fatale encontrou seu lugar perfeito na cultura de massa, e é item praticamente obrigatório no conjunto da obra.
Muitas linhas de estudo posicionam a figura de femme fatale em oposição ao feminismo que nascia no século XIX. Há livre arbítrio em suas ações, que descambam para a corrupção da alma que seus parceiros sofrem. Uma vampira sexual social não fica tão distante de uma explicação fácil e simples para o termo.
10º filme da Jennifer Connelly
O Coração da Justiça
Estados Unidos
Não foi possível achar o trailer do filme, já que é uma produção para TV. Mas esse vídeo alemão pode servir
/// A MARATONA JENNIFER CONNELLY.
1- Era Uma Vez na América (1984)
2- Phenomena (1985)
3- Sete Minutos Para o Paraíso (1985)
4- Labirinto – A Magia do Tempo (1986)
5- Essas Garotas (1988)
6- Etoile (1989)
7- Hot Spot – Um Local Muito Quente (1990)
8- Construindo Uma Carreira (1991)
9- Rocketeer (1991)
10- O Coração da Justiça (1992)
11- Do Amor e de Sombras (1994)
12- Duro Aprendizado (1994)
13- O Preço da Traição (1996)
14- Círculo das Vaidades (1996)
15- Círculo das Paixões (1997)
16- Cidade das Sombras (1998)
17- Amor Maior que a Vida (2000)
18- Réquiem Para um Sonho (2000)
19- Pollock (2000)
20- Uma Mente Brilhante (2001)
21- Hulk (2003)
22- A Casa de Areia e Névoa (2003)
23- Água Negra (2005)
24- Pecados Íntimos (2006)
25- Diamante de Sangue (2006)
26- Traídos pelo Destino (2007)
27- O Dia em que a Terra Parou (2008)
28- Coração de Tinta (2008)
29- Ele Não Está Tão a Fim de Você (2009)
30- 9 – A Salvação (2009)
31- Criação (2009)
32- Virginia (2010)
33- O Dilema (2011)
34- E…que Deus nos Ajude!!! (2011)
35- Ligados pelo Amor (2012)
36- Um Conto do Destino (2014)
37- Marcas do Passado (2014)
38- Noé (2014)
39- Viver Sem Endereço (2014)
40- Pastoral Americana (2016)
41- Homem-Aranha De Volta ao Lar (2017)
42- Homens de Coragem (2018)
43- Alita – Anjo de Batalha (2019)
/// SEM NOTAS. O site agregador de críticas da internet, Rotten Tomatoes, não pontua esse filme de Jennifer Connelly.
A idade de Jennifer Connelly em O Coração da Justiça é de 22 anos, e a atriz não tem Instagram nem outro perfil em redes sociais
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E obrigado por ler até o final =)
O filme anterior de Jennifer Connelly:
ROCKETEER | Jennifer Connelly e o primeiro filme de super-herói da Disney
O filme posterior de Jennifer Connelly:
DURO APRENDIZADO | Jennifer Connelly, John Singleton e o racismo nos EUA
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