CCXP 2020 | O maior evento de cultura pop do ano se torna virtual

A CCXP terá que acompanhar o movimento de interação virtual como qualquer outro evento de entretenimento da cultura pop em 2020, o ano que o corona vírus esfacelou qualquer pretensão de público em situações presenciais sociais físicas.

As dinâmicas da nova edição da CCXP em 2020 acontecerão no mundo virtual, e neste mês de agosto, os realizadores do evento devem fornecer mais detalhes a respeito de como isso irá acontecer.

Intitulado “CCXP Worlds: A Journey of Hope”, o evento afirma que vai extrapolar os limites da cidade de São Paulo para levar aos fãs do mundo inteiro a experiência épica do maior festival de cultura pop do planeta.

A organização do evento tinha grandes pretensões para a edição física, e “previa mais uma edição histórica, com inúmeras novidades e conteúdos diferenciados“.

Os realizadores discutiram seu formato nesses quatro meses de quarentena e distanciamento social, e afirmam que acompanham os pedidos do público nas redes sociais.

Por entender que o evento traz visitantes de todo o Brasil, e que seria imprudente reunir um número tão grande de pessoas diante da situação atual, a CCXP anuncia para o começo de dezembro sua primeira edição 100% virtual.”

As atrizes Jessica Chastian e Sophie Turner, no palco da CCXP 2018, para falar sobre X-Men Fênix Negra. Como que a CCXP 2020 falará sobre cinema com tão pouca produção veiculada neste ano de corona vírus? Foto do Facebook da CCXP

De acordo com CEO da CCXP, Pierre Mantovani, “não será uma simples live. Direcionamos todos os esforços para que cada parte da CCXP esteja presente na casa de milhares de pessoas, como um pedacinho da experiência, só que digital.

E justamente por ser digital, pela primeira vez na história, teremos um evento de escala global para a indústria do entretenimento.”

A intenção com o nome criado — “CCXP Worlds: A Journey of Hope” — segundo o release oficial, é trazer uma mensagem positiva após um período difícil para o mundo inteiro:

Vamos investir toda a nossa capacidade criativa e o alcance da nossa comunicação para trazer uma pauta positiva e construir um lugar para nos encontrarmos e para compartilhar o que cada um tem de melhor. Essa jornada de esperança busca um mundo mais justo, com oportunidades igualitárias e mais sustentável.“, diz Marcelo Forlani, head de cultura, diversidade e pertencimento da Omelete Company.

É um ponto de inflexão para os realizadores, tanto por terem a responsabilidade de fazer um dos maiores eventos de cobertura — e de muitas maneiras de própria produção e publicidade — dos variados aspectos da cultura pop, tanto como os artífices de todas essas obras.

Afinal, cinema, televisão, streaming, videogame, música, quadrinhos e outras engrenagens e mecanismos da máquina dessa indústria cultural também tiveram que se dobrar ao Covid-19.

O que será mostrado na CCXP 2020?
O que será essa “CCXP Worlds: A Journey of Hope”?

Quadrinhos, a gasolina que move a máquina

“Bang” é uma das onomatopeias mais célebres usadas nos quadrinhos americanos para designar o som de tiros. Qual som será a CCXP 2020? Foto da CCXP 2018, foto de Tom Rocha (este que vos escreve)

Parte do release considera como aspectos do evento acontecerão.
Mas… e o Artists’ Alley? E os encontros com celebridades? E os estúdios? E as fotos com os cosplayers? A experiência será gratuita?

Parte do que interessa ao blog Destrutor passa pela maior parte na área de quadrinhos. Faz boas duas décadas que o cinema bebe diretamente da fonte inesgotável de criatividade da arte de histórias em quadrinhos para tecer os lucros bilionários de Hollywood.

X-Men, de Bryan Singer, que completou 20 anos de lançamento neste ano, foi o pontapé inicial para que as telonas se permitissem super-heróis “de verdade” na tela — e eles mesmo ainda geram subgêneros.

É por conta dele que vimos e vemos nos cinemas obras distantes umas das outras como Estrada para Perdição (2002) a Azul é a Cor Mais Quente (2013), de Os Incríveis (2002) a Capitão América 2 – O Soldado Invernal, Deadpool e o primeiro Guardiões da Galáxia (todos de 2014).

Todos esses filmes são quadrinhos (Os Incríveis é depurado totalmente) com tramas tão diferentes umas das outras como água e fogo.

CCXP 2020
Frank Miller é um dos maiores artistas dos quadrinhos americanos. Arte promocional do Facebook da CCXP. Quem que será o superstarr da CCXP 2020?

A CXXP, que teve sua primeira edição em 2014, exatamente quando Capitão América 2, Deadpool e os Guardiões estavam nas telonas, se tornou célere em capturar esses momentos de importância, e o reformataram de modo bastante importante.

Com efeito, foi na CCXP 2017 que vimos os primeiros vislumbres de Os Novos Mutantes, filme que faz parte da franquia X-Men, todos então sob jurisdição da Fox.

Anos depois da compra pela Disney e incontáveis adiamentos, o filme ainda não viu a luz do dia, que promete bons tons escuros de terror no gênero — outra prova da qualidade elástica do poder dos quadrinhos no cinema.

E se eles se apropriaram assim do cinema, não é sem surpresa que na área de quadrinhos a CCXP se tornou a excelência a ser alcançada. A quantidade e riqueza de escritores e desenhistas que passaram pela CCXPs são estelares.

Em 2014, tivemos nomes como Scott Snyder, Sean Gordon Murphy, Andrew Robinson, José Luiz Garcia-Lopes, Klaus Janson, Ariel Olivetti, Don Rosa, Olivier Coipel e outros. No ano de 2015, vieram artistas como Frank Miller, Jim Lee, Esad Ribic, John Totleben, Mark Waid, Scott McCloud, Amy Chu e David Finch.

Em 2016, nas mesas encontrávamos Alan Davis, Brian Azzarelo, Bill Sienkiewicz, Paul Pope, Simon Bisley e Eduardo Risso. Em 2017, lá estavam Denys Cowan, Glenn Fabry, Ben Templesmith, David Mack, Gail Simone, Matteo Scalera e Arthur Adams.

Em 2018, vieram John Romita Jr., Peter Milligan, Lee Weeks, David Lloyd, Tom Grummet, John Cassady, Scott Lobdell e Joe Rubinstein.

E na última edição da CCXP estavam Neal Adams, Joelle Jones, Frank Quitely, Mikel Janin, Charlie Adlard, Tim Bradstreet, Gerardo Zaffino e outros.

CCXP 2020
Uma arte promocional do Facebook da CCXP. Joe Rubinstein artefinalizou a minisserie do Wolverine, escrita por Chris Claremont e ilustrada por Frank Miller. Um dos grandes clássicos dos quadrinhos dos anos 80. Como a CCXP 2020 fecharpa um time de tamanho igual?

Ainda faltam nomes na lista, fora as centenas de artistas independentes que formam o maravilhoso Beco dos Artistas — o Artists’ Alley da CCXP.

A dinâmica de encontrar os realizadores, ver o desenhista cara a cara, ter a chance de ter um desenho dele para guardar, tudo isso se perde sem a fisicalidade do evento. Será um desafio realmente para a “CCXP Worlds: A Journey of Hope”.

Tudo será melhor detalhado para o público a partir do dia 25 de agosto — data em que a CCXP realizará uma coletiva virtual para a imprensa e, em seguida, também começará a detalhar o evento em seus canais proprietários.

Os precedentes em 2020

Durante todo o ano de 2020, o blog Destrutor informa como alguns setores da cadeia produtiva da indústria cultural está se organizando para se sustentar e ainda promover seus eventos em meio a pandemia.

O festival francês de cinema de Cannes, o festival de cinema mais prestigiado do mundo, aconteceu online; a maior feira de música da América Latina, a Semana Internacional de Música – SIM, está em processo de reinvenção neste 2020, e os players dessa indústria, como artistas da música e mercado, tomam a posição de streaming para se sustentar, já que o Covid-19 dizimou o modelo presencial.

O corona inclusive impactará a própria produção cultural nesses tempos, como Ghost in The Shell, a adaptação de anime para os cinemas do mangá, fez em 1995.

Em acontecimentos recentes, o Eisner Awards, considerado o Oscar dos quadrinhos, aconteceu online, em meados de julho.

As mulheres levaram maioria dos prêmios na edição 2020: de 31 categorias, 17 foram vencidas por elas.

A artista brasileira Bilquis Evely teve indicação. Outros três foram divididos entre duplas autor/autora. Dos oito novos integrantes no Hall of Fame, quatro são autoras: Nell Brinkley, Alison Bechdel, Louise Simonson e Maggie Thompson.

Outros eventos simplesmente não sobreviveram e foram adiados até para além de 2021. A maior feira tecnológica do mundo, a Consumer Electronics Show (CES) acaba de ter sua edição física de 2021 oficialmente cancelada.

O evento anual, que é sediado em Las Vegas, reúne quase 200 mil pessoas ligadas à indústria tecnológica, e é a maior feira do segmento.

O site oficial tem uma nota que afirma que “A Consumer Technology Association (CTA) está reimaginando como conectar expositores, clientes, líderes de pensamento e mídia de todo o mundo, priorizando a saúde e a segurança. Portanto, estamos felizes em compartilhar que o CES 2021 será uma experiência totalmente digital”.

Um dos mais importantes festivais de cinema nos EUA, o Festival de Toronto (TIFF), será realizado de modo “misto”, entre os dias 10 e 19 de setembro, e abrirá com American Utopia, versão filmada de Spike Lee para o sucesso da Broadway inspirado pelo álbum de David Byrne.

Os realizadores anunciaram que sua edição de 2020 terá o recorde de presença de diretoras em uma só edição.

Segundo dados a Variety, 46% dos filmes que serão exibidos foram dirigidos por mulheres, o que representa um crescimento de 10% em relação ao ano anterior: filmes como Shadow in the Cloud (Roseanne Liang), Beans (Tracey Deer), Enemies of the State (Sonia Keenebeck), Nomadland (Chloé Zhao), Bruised (Halle Berry) e Regina King.

Para mostrar tudo isso, o TIFF 2020 terá sessões no cinema, sessões em drive-ins, sessões virtuais e até mesmo um “tapete vermelho digital” — sabe-se lá como.

/ CCXP 2019. Em 2019, a CCXP se consolidou como o maior festival de cultura pop do planeta, recebendo 280 mil visitantes em quatro dias. Aconteceram ativações de 15 estúdios de cinema e plataformas de streaming, 35 lojas especializadas em produtos com temática geek e 55 marcas.  O festival ainda foi palco da pré-estreia de Frozen 2, da divulgação do trailer de Viúva Negra, do teaser de Eternos e do aguardado trailer de Mulher-Maravilha 1984, que teve uma inédita transmissão global via Twitter. Esses três filmes nem estrearam ainda, exatamente por conta do corona vírus.

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